Mostrando postagens com marcador política. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador política. Mostrar todas as postagens

domingo, 18 de abril de 2021

Quem e não o que se diz incomoda, eis o problema

O mundo não possui uma essência, nós é que  atribuímos às coisas uma essência que surge das nossas experiências pessoais e do meio em que vivemos e podemos entender isso como a explicação por que as pessoas se incomodam com o que uns dizem e a mesma fala vinda de outro não causa desconforto algum.

Venho pensando nisso há algum tempo. Primeiramente, considerei hipocrisia, o que se mostrou uma leitura muito superficial das coisas. Quando mergulhei no entendimento da radicalização das ideias comecei a perceber uma coisa: esse processo decorre de se assumir que uma ideologia é 100% digna de ser aderida (o que não é verdade com nenhuma delas no planeta até). A partir dali, o indivíduo passa a "vestir uma roupa" e construir um mundo que se adeque a sua roupa/ideologia. Todos que vestem a mesma roupa são dignos de seu mundo e a eles tudo é lícito porque são representantes do bem e do belo.

Dessa forma, se eles falam uma besteira (um comentário machista ou mesmo racista) há um silêncio de seu grupo. Não há repreensão e, logo, vêm as justificativas de que não se trata disso porque foi colocado fora do contexto, porque as pessoas entenderam errado, porque quem o crítica está fazendo um ataque pessoal… enfim, aos que vestem a mesma roupa que eu, tudo é lícito, uma vez que tudo é justificável pelo contexto, possível distorção ou má fé de quem ouve. 

Entretanto, aquele que não veste a mesma roupa é um inimigo em potencial ao bem e ao belo e contra ele tudo é permitido. Os nazistas pensavam isso com relação aos judeus. Nesse caso, se o cara disse Bom dia, isso é visto como uma alienação contra aqueles que não tem um bom dia, e que vivem assim, assado… "dar bom dia" é um ato opressor e excludente dos que sofrem com um dia ruim. Bom, não chegamos a esse ponto… ainda. Mas estamos caminhando a passos largos.

A questão é que há muito tempo "o que" se diz perdeu a relevância para o "quem diz". Isso gera uma leitura distorcida e partidária do mundo modulando o conceito de certo de pessoa para pessoa de acordo com sua aderência a uma ideologia.

Esse texto nasceu de uma postagem no facebook em que uma pessoa colocou a foto da menina Greta, aquela que o Bolsonaro chamou de pirralha e um mensagem dizendo: Com essa crise toda no mundo (uma crise de gestão também), cadê a menina dizendo que roubaram seu futuro? Logo, alguém postou que era uma exposição desnecessária da menina esquecendo que ela já foi extremamente exposta pelos grupos de interesse politico-partidário anteriomente. Isso ilustra bem a ideia de que não importa o que é feito, mas quem o faz. Agora, era uma exposição desnecessária, antes um ato na luta com a opressão, ainda que fossem o mesmo ato de exposição. Tempos atrás, um famoso ator cuspiu em uma mulher no aeroporto em uma discussão. Ninguém de sua aderência ideológica viu nisso agressão, misogenia ou machismo. Ou se viu optou por não vir as redes sociais pedindo o cancelamento dele…. Afinal, foi um momento de fúria e descontrole que a ele é permitido. Mas e se não fosse ele, mas alguém que diverge ideologicamente dele, que veste outra roupa. Seria assim a interpretação?

Os inteligentinhos de plantão defensores dos transgressores do bem diriam: Não, mas aí é completamente diferente. Sim, sempre é. Eu sei .. Sempre é completamente diferente quando a leitura dos fatos não atende aos nossos propósitos. Somos humanos e é assim que funciona.

Enfim, não há uma essência no mundo, nós a atribuímos às coisas e aos fatos. Por isso, o que opera como desrespeito, aos olhos de outro, pode ser atribuída uma essência bela e nobre por outro. Assim, criamos os escravos das ideologias que seguem cada vez mais enxergando somente a cor que lhes convém, entendo o mundo que reforça o que querem acreditar.

Ainda que os fatos sejam um espelho invertido de sua realidade.


domingo, 21 de outubro de 2018

A lógica (política) da janela e do peitoral

Os políticos, grandes mestres na arte de iludir (como se diz na música e adapatando: como pode querer que o político vá viver se mentir), são supremos na arte de nos quebrar as pernas e doar-nos muletas como uma benção de sua maravilhosa gestão. Mas outra habilidade deles é trocar o sofá da sala em que a mulher o trai e continuar com a mulher.
Por exemplo, consideramos que existam 100 pessoas na linha de pobreza ou seja, com uma renda familiar menor do que R$ 387,07. Isso é um "valor índice" referencial. Vamos então à solução do político: 1. Reduzir o índice alegando que houve ganhos sociais não monetizados diretamente e instabilidade econômica que asseguraram a ampliação do poder econômico das famílias. Isso justifica a revisão do chamado índice de pobreza.  Se o estado lhe oferece (sic) uma série de coisas que seriam compradas com dinheiro, logo, não precisa dispensar dinheiro com aquilo, logo, teoricamente, o que você ganha se amplia. É como alguém que ganha 1000 reais, mas que o pai paga a maioria de suas contas; quer dizer, teoricamente, ele ganha mais do que o cara que ganha 2000 reais, mas que tem 1500 reais de seu salário comprometido com dívidas. Dessa forma, altera-se o índice para baixo e, independente disso, se 50% das pessoas ganham 10 reais a menos do que 387, acabamos de tirar uma galera da linha de pobreza, mas que continua pobreza, Enfim, deixando-os miseráveis como sempre.
A outra maneira é oferecer algum benefício financeiro governamental (bolsas, auxílios etc). um benefício de 40 reais que se destine a uma família de 5 pessoas representa uma elevação de 8 reais na renda média mensal de uma família que estava abaixo da linha de pobreza (386, por exemplo) para 394,00. Pronto, eis uma política que tirou mais uma galera que estava abaixo da linha de pobreza.
Aplique essas estratégias maquiavélica e cálculos tortuosos a milhões de pessoas e potencialize a desgraça, faça essas pessoas se convencerem disso repetindo exaustivamente o tom messiânico da mentira. 
O cenário é o mesmo de antes, a janela mostra mesma cena, mas com o peitoral reformado.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O mito de narciso e a formação de opinião

Estou na magistério há mais de 24 anos e sempre ouvi falar em formar alunos críticos, desenvolver o senso crítico, enfim, isso, para mim, é o discurso do avesso, porque pouca coisa incomoda tanto a alguém quanto dar armas para outro para que possa vir a discordar dele. Afinal, como alguém pode discordar de você se suas ideias são tão boas?
São mais de duas décadas em que vejo que a ideia de formarmos pessoas que pensem com o nosso senso crítico, o senso do professor que traz o seu histórico, suas vivências e que acredita ser o melhor que há. Desculpem, mas não... não é.
Uma educação formadora de senso crítico seria aquela que apresentasse o ponto de vista de A, B e C (e se tiver mais letras, que sejam apresentadas) ensinando a pensar e deixemos que os alunos cheguem as suas conclusões. Se estiverem errados, terão a oportunidade de um dia mudar de opinião assim como nós o tivemos. 
Uma educação em que o sujeito se isentasse o máximo possível (sei que é difícil, mas em nome de uma ética deveria ser uma tentativa válida) e tentasse não emitir juízo de valor rotulando direta ou indiretamente de "isso é bom", "aquilo é mau", quem concorda comigo é do bem, quem discorda é do mal. Isso não é formar senso crítico é manipular pensamento com fins doutrinários.

domingo, 2 de outubro de 2016

Eleições 2016: de volta ao trabalho...


Depois da festa da democracia, a ressaca pós-urnas. Nesse domingo (02/10), foi eleição e muitos colegas de outras cidades estão relatando casos de vereadores que estavam no 3º, 4º ou 5º mandato e que agora não vão mais ususfruir da vereança pelos próximos anos. Em 4 anos não sei, mas, por hora, voltam à condição de mortais, sem foro privilegiado.  
Parece que realmente, alguma coisa está mudando na cabeça de quem vota... Há, pelo menos no que se refere ao legislativo, um modelo antigo que vai se desconstruindo aos poucos. Obviamente, em um ritmo muito mais lento do que gostaríamos, mas que se desconstrói.
[modo ironia ON]
Todavia, a minha preocupação é onde vamos encaixar esses colegas que viveram tantos anos nessa condição parasitária. Seria necessária uma readaptação à sociedade produtiva. Mas que seja algo suave e sem mudanças bruscas. Um emprego de meio período 3 vezes por semana, logo a seguir, um de meio período até sexta. Alguns meses depois, um período de 8 horas diário e, com sorte, poderíamos expô-los até a uma carteira de trabalho novamente. Não podemos prometer nada... Mas isso vai depender muito como ele vai reagir no processo inicial de adaptação. Penso que grupos de apoio seriam de grande valia nesse momento.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

É tudo "parça", os inimigos são vocês...

Uma cena que marcou essa semana foi a imagem dos senadores, ex-ministros, acusados, acusadores, todos, nos bastidores do impeachment se descontraindo. 
Quando ligavam as câmeras, eles destilavam venenos e agressões verbais, provocações e ataques. Tínhamos a sensação de estar diante de inimigos mortais e que, se não fosse a intercessão de outros, eles se matariam e esquartejariam os corpos dos vencidos com as próprias mãos. 
Quando as câmeras desligavam, todos se confraternizavam como se fossem parceiros de longa data. Como diria a garotada, é tudo parça.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Deixa ver se eu entendi...

Dúvidas 1
Eu pago imposto, o governo pega o meu dinheiro para construir uma estrada, constrói. Pronto, até aqui tudo bem. Aí, ele cede a concessão para uma empresa particular, eu continuo pagando imposto. Bom, até aqui foi. E aí, a empresa cobra para eu usar uma coisa pela qual já paguei e continuo pagando. Certo? É. Acho que eu entendi. Só não achei bacana.

Mas entendi.

Dúvidas 2
Bom, eu posso abater meus gastos com saúde no Imposto de Renda. Aí eu vou ao médico, ele me cobra 80 reais de consulta. Saio de lá com uma lista de remédios. Legal, acho que até aqui deu para acompanhar. Vou a uma farmácia, compro os remédios e gasto 450 reais. Tudo bem?! Bem, aí eu só posso abater os 80 já que os 450 não são vistos como despesas médicas, gastos com saúde. Huuummm... Entendi de novo, mas continuo não gostando.

Dúvidas 3
O problema é o número de reprovações no ensino fundamental na rede pública, certo? Bom, aí o governo aprova uma lei que proíbe reprovar. Ok, até aqui foi. Aí, uma vez que não se pode reprovar, todos são aprovados... É isso mesmo? Bem, então, acabou o problema com alunos reprovados no ensino público. Certo?



P.S.: Cansei de entender. Estou começando a preferir a ignorância.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

E aí, quando você pensa que está pensando....

É muita ingenuidade do homem comum imaginar que a luta do político é por dinheiro, dinheiro e mais dinheiro. Aí é que está. A luta pelo dinheiro é um delírio mesquinho da classe média. O que está em jogo nas esferas onde já se tem o dinheiro é algo muito maior. Trata-se do poder e da perpetuação do mesmo. George Orwell dizia que ninguém toma o poder com intenção de abandoná-lo, provavelmente disse isso, sem as devidas citações, baseando-se no que fala Maquiavel ao dizer que o objetivo do príncipe é permanecer no poder.. Até quando? Não sei, mas nada menos do que o sempre.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Os nós do bem comum

Como nós somos pessoas boas! Como nossas intenções são nobres. Já viu quando contamos uma história de alguém que se desentendeu com a gente? Nosso tom de voz é sempre sereno, equilibrado, sábio... A voz do outro em um falsete distorcido sempre traz a discórdia. Nós não. O mundo não precisa de anjos, precisa de pessoas como nós. Nossos ideias políticos são um reflexo da consciência social da igualdade, um produto de espíritos elevados que enxergam o coletivo e o bem comum. Os outros não, principalmente, aqueles que discordam de nós, huuum esses são o mal em pessoa e a causa de o mundo estar como está.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Minha verdade pessoal. E ai de você se discordar...

Todo mundo fala de fundamentalismo islâmico hoje em dia (principalmente depois do atentado ao Charlie Hebdo, em Paris), criticam também o radicalismo evangélico, mas vejo que algumas pessoas que falam disso são como os macacos da história que sentam em cima do rabo e ficam rindo do rabo dos outros. Tanto no facebook quanto no dia-a-dia, o que tenho visto é o radicalismo que cega por causa da política. Sem citar nomes ou partidos, a coisa funciona assim:

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Um é artista é um artista e ponto final

Na década de 60, surgiu o mito da arte engajada. Uma ideia meio torta de que a arte só é válida se possui um vínculo político, um comprometimento com a mudança e os ideais revolucionários (sic). As pessoas esquecem que o revolucionário de hoje nada mais é do que um reacionário que ainda não teve sua vez de cultivar suas ojerizas às mudanças. Afinal, outros revolucionários sempre virão para se opor aos velhos que se tornarão os reacionários de então.
Mas não estou aqui para isso. Sempre fui meio parnasiano e admiro a arte pela arte, Ars gratia Artis. Admiro pelo poder contemplativo que ela tem de me remeter a um estado de êxtase que não se compromete com nada a não ser com o momento em que me sequestra da realidade.

sábado, 20 de julho de 2013

O papa é um cara legal.

O papa é um cara legal. Não é franciscano, símbolo da simplicidade, mas adotou o nome de Francisco. Mal entrou no cargo e já chamou o pessoal da administração do Vaticano de jeito, cortou privilégios e deu uma arrumada administrativa na casa. Ele é visivelmente austero com gastos e não compactua com luxos e privilégios. A começar pelos que lhe são concedidos.. Isso é liderar pelo exemplo.
Para os argentinos que queriam ver sua posse no vaticano, pediu que usassem o dinheiro na caridade e não em uma viagem só para vê-lo. Recentemente, pediu que retirassem uma estátua que fizeram dele em tamanho natural. O papa tem aversão ao culto a personalidade. Coisa que quem está no poder adora… fotos, estátuas e nomes…

sábado, 20 de outubro de 2012

Triste (e trágica) sina de um país sem heróis


Corre sob os olhos do país o julgamento do mensalão (aquele que o Lula diz que nunca existiu) e, como em um ringue de boxe, de um lado, estão os bandidos, José Dirceu, Marco Valério e seus comparsas, de outro lado, os ministros do supremo. E mesmo dentre eles ainda há os mocinhos e os bandidos. Se é que é possível falar nisso com fronteiras tão claras hoje em dia.
Mas, enfim, desenrola-se a versão judicial dos antigos telecatches, aquelas lutas em que os resultados eram mais ou menos previstos e os narradores definiam quem era o mocinho, aplaudido e amado e os bandidos, odiados e vaiados.
Surge nesse cenário a figura de Joaquim Barbosa, uma espécie de batman afrodescendente brasileiro como o grande herói da mídia (quem tem facebook sabe o que é isso). Um self-made-man, uma história de sucesso apesar de todas as adversidades enfrentadas. Um homem que será louvado per secula seculorum porque condenou uma quadrilha que lesou o país e propagou sua bandalheira aos olhos vistos na certeza de impunidade que viria em razão de seus membros serem amigos do presidente.
Mas, espera aí... Essa não é a função mínima e esperada de um ministro do supremo tribunal do país? Afinal esse é o cargo cargo máximo da Justiça ao qual faz jus por sua moral ilibada, competência notória e pelo qual recebe (e receberá até o final da vida) muito bem... Parece que, no Brasil, isso não é a regra, mas a exceção e por isso, deve ser louvado como suprema virtude um um homem, fazer o que era o mínimo esperado que se fizesse.
Essa é a triste e trágica sina de um país sem heróis, a de louvar o mínimo de alguém no exercício desejado, esperado de sua função. Essa é a triste sina de um país que adota a dignidade como artigo de luxo das cracolândias ao supremo...

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Cego e o oportunista

Sempre digo aos meus alunos que verdade não é nada mais senão aquilo em que a gente resolveu acreditar. Por conta desse movimento de eleições, particularmente, o que considero uma detestável necessidade, mas enfim, uma imprescindível necessidade, vimos essa máxima gritar na nossa cara todos os dias. Para ilustrar isso, sempre uso a ideia de que se alguém olha para o sol e o enxerga verde, ainda que todos ao seu redor demonstrem por A + B que não é verde, seus olhos continuarão a vislumbrar um intenso verde. 
Por vezes, as pessoas seguem vendo verde onde é vermelho, laranja, preto etc, porque, no fundo, para ela é verde e ponto final. Seus olhos não mentem. Entre aceitar o que você diz e o que os olhos dela veem, fica com seus olhos, pois o que você diz é o que o "seus" olhos veem e não os dela. Quem me garante que você não está vendo errado? 
Muitas vezes, quando alguém levanta suas armas para defender um notório canalha (coisa que não é rara na política) esta pessoa está movida por dois sentimentos: o oportunismo, afinal, no geral, ela costuma a ser tão canalha quanto seu defendido ou as coisas que seus olhos veem. Não se trata, nesse último caso, de um mentiroso, mas de alguém que está enxergando exatamente o que ele diz e não adianta fazê-lo retroceder. O seu candidato é do bem, tem boas intenções, não mente, é honesto. Os outros são do mal... enfim... Tudo aquilo que faz parte de sua verdade pessoal, as coisas em que ele optou por acreditar porque essa é a única realidade que consegue ver. 
Àqueles que enxergam (ou pensam que enxergam) caberá sempre a incerteza eterna de saber se o que vemos é o que as coisas são ou o que os nossos olhos insistem em nos mostram que sejam. Caberá sempre a dúvida de qual é o tamanho da nossa cegueira.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sobre números e fatos


Números são feitos para demonstrarem os fatos, mas não são os fatos. Além disso, são resultados da leituras que um ser humano faz dos fatos. Sendo assim, são demonstrações de fatos resultantes de uma leitura possível de alguém. Eu sei disso e os políticos também.
Você quer saber como vai a educação? Converse com professores. Tem curiosidade sobre a situação da saúde? Bata um papo com médicos e enfermeiros. Quer mesmo ver como vai a economia? Pergunte aos comerciantes sobre suas vendas, compras e contratações. Essas sim são termômetros legítimos da economia.
Os números interessam aos partidos e a quem fica escondido por trás de telas de computador ou folhas de jornais vendo o que querem que ele veja, ouvindo o desejado e falando o esperado.
Em um mundo de mídias, perdemos o hábito de sentir o universo que nos cerca e oferecemos essa tarefa a outros para que sintam o mundo por nós. Dessa forma, evitamos a fadiga mental.. Terceirizamos a sensibilidade em nome do tempo curto dos tempos modernos e, logo, terceirizaremos a consciência em nome das ideologias pré-montadas e pré-moldadas ao nosso gosto.
Acredito que é interessante vermos os números, mas nunca devemos esquecer que eles não são os fatos. Ainda mais quando divulgados por veículos oficiais... 
Professores, médicos, enfermeiros, comerciantes são os fatos. Conversar com eles é a melhor maneira de entender o que significam os índices, se são relatos ou engodos.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Do fanatismo à cegueira - uma rota clássica


Verdade é aquilo em que nos convém acreditar e não necessariamente o que a lógica e os fatos nos mostram. Toda vez que me aventurei a questionar qualquer coisa ou situação relacionada à situação política brasileira atual, sempre recebo emails ou comentários que me chamam de alienado, desinformado e parceiro da imprensa golpista. Tenho impressão que se fosse em outra época eu seria preso, torturado e morto... Por isso, prefiro os emails desaforados de hoje.
Aliás, assim como nos regimes totalitários, hoje, no Brasil,qualquer posição contrária ao poder estabelecido deve ser combatida ao máximo. Brasil, ame-o ou deixe-o... Não era assim no tempo das fardas e coturnos? Ideologicamente, não é muito diferente hoje. O problema é que não existe a legitimação do Estado (bem que o Estado tentou com leis com a de imprensa, mas não colou).
Vejo assustado que se fosse possível haveria grupos de juventude recrutados pelo governo que usariam uniformes simulando macacões de proletariado com estrelas vermelhas no braço e queimariam livros, destruiriam jornais e rádios que ousassem questionar a grande revolução dos últimos 10 anos(???) que nos tornou a 6ª economia, um Estado que durará mil anos.. Assim como o 3º Reich na Alemanha nazista, mas que não durou duas décadas.
Teríamos crianças cantando o hino do partido nas escolas e encenando todo ano, em um dia cívico, a vinda de seu grande líder de uma cidade do nordeste para salvar o país das garras dos malvados capitalistas do norte. Jovens marchariam na rua e agrediriam "legitimamente" aqueles que fossem inimigos da revolução e, por conseguinte, do povo.
Já vimos essa história tantas vezes e teimamos em querer repetir...
Tenho medo de todo fanatismo, tenho medo de toda cegueira.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Brasil, a 6ª economia do m(f)undo!


Os jornais divulgaram eufóricos, nessa segunda-feira (26), que somos a 6ª economia do mundo. Estamos à frente de países como a Inglaterra, Dinamarca, Suécia, Canadá, Suíça e outros países que deixamos para trás no ranking dos que produzem mais riquezas. Sabe o que isso quer dizer? Que somos a 6ª nação no mundo em capacidade de produção.
Isso também nos coloca no ranking das mais desiguais, já que o crescimento econômico nem de longe acompanha os ganhos sociais em um país que ainda acredita que com esmola se constrói a dignidade de um povo. Bolsas, vales, cotas e outras tantas maneiras de perpetuar políticos em seus cargos junto com suas quadrilhas continuam sendo recurso legítimo por aqui.
A educação, única via para o crescimento e redução das desigualdades, permanece nas mãos de partidos lotedas por aqueles que precisam vender a alma para o capeta a fim de manter o poder. A saúde se arrasta com falta de médico, medicamentos, hospitais, a eterna má distribuição de recursos, desvios, golpes... A segurança cambaleia e obriga a criação da fortalezas nas grandes cidades para que o cidadão possa se encarcerar.
Produzir riquezas sem promover ganhos sociais é o mesmo que não produzir riquezas mantendo a miséria. O Brasil não é o Sudeste de smartphone caro na mão, o sul loirinho de roupas folclóricas e rostinho rosado ou ainda, o centroeste de pickup caras com agroboys curtindo a vida. Olhem para interior do nordeste, de Minas, do Amazonas, do Acre, enfim, olhemos para além dos nossos umbigos para enxergar o Brasil do 6º PIB do planeta.

Por hora, olhemos e oremos pela Inglaterra, pela Suiça, pela Dinamarca, pela Suécia, pelo Canadá que não conseguem produzir mais riquezas do que esse gigante deitado eternamente em berço esplêndido.

Alguma coisa está realmente fora da ordem...

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Só não me ensinaram o essencial..


Ensinaram-me, na escola, que a esquerda era correta, mas a direita era corrupta. Disseram-me que os livros e os autores de esquerda traziam a verdade sobre os fatos que a direita tentava esconder. Contaram-me que quem matava, torturava, prendia e aterrorizava era a direita, a esquerda agia heroicamente por uma causa, independente de quê e de quem fosse essa causa. E mesmo do que fosse necessário fazer.
Diziam-me que, quando a esquerda chegasse ao poder, aí sim, teríamos igualdade social e um governo atuando pelos interesses do povo. Aí sim, teríamos o retorno ao Éden, mas, dessa vez, sem cobras e sem a impetuosidade da Eva. 
Doutrinaram-me, na escola, a crer que a única salvação era a esquerda. Diziam que os jornais como os da Globo são propagadores da mentira e da infâmia. Entretanto, eu poderia encontrar a verdade nos folhetos mimeografados dos movimentos estudantis ou dos partidos de esquerda. Lá sim, estava a verdade e aquele que a aceitasse teria a vida eterna e poderia carregar um crachá de intelectual.. Mesmo que nunca tivesse lido um livro sequer.
Enfim, incutiram-me a ideia de que só havia inteligência na esquerda. A direita era burra e truculenta.

Só não me ensinaram quem era a esquerda e quem era a direita.

domingo, 14 de agosto de 2011

Policiais, Ministério Público e a lógica da presidente

Na semana passada, a presidente Dilma, diante de inúmeros escândalos de corrupção no Ministério do Turismo, disparou em seu pronunciamento que era preciso apurar a ação da Polícia Federal nessas investigações. (Hã..?? Como assim?)
Talvez a presidente tenha razão. Os caras roubaram, desviaram, fraudaram e faziam isso há um tempaço. Vivíamos bem sem saber disso. Veio a danada da Polícia Federal e do Ministério Público e expuseram desnecessariamente as pessoas por uma coisa que poderia ser resolvida nos gabinetes e dar no mesmo que vai dar agora. Ou seja, em nada, pois, muitos deles fazem parte da articulação que constitui e mantém o poder hoje.
Ah... Polícia Federal e Ministério Público (isso sem falar na imprensa golpista e subversiva) que insistem em se meter em assuntos dos outros. Era o dinheiro de vocês que estava sendo desviado? (não me venham com essa história de dinheiro público. Vocês sabem que ele não é de vocês) Vocês deixaram de receber salário por causa da ação deles alguma vez? Não. Então sosseguem nos seus bons proventos e se preocupem com coisas mais relevantes. Com tantos traficantes, assassinos, contrabandistas e outros criminosos perigosos soltos e vocês atrás dos rapazes do turismo que só pecaram pela boa fé de confiar em quem não devia. Tenham paciência!
Como em um caso de adultério, o marido, tecnicamente, não é corno até que se saiba. Aí vem alguém e fala... A culpa é da esposa adúltera? Não. É de quem falou.
Fecho com a presidente. Vamos apurar o que andaram fazendo esses caras da PF e do MP. Vamos decretar prisão de preventiva de todos eles e mantê-los afastados da ordem que conduz ao progresso deste país.
Policiais e promotores na cadeia, políticos corruptos do lado de fora... Reina a ordem e a paz na terra de Cabral.

Por favor, agora é sério, parem o mundo que eu quero descer!

sábado, 21 de maio de 2011

Palocci e o milagre da multiplicação dos "peixes"

A semana começou agitada com a reportagem nos jornais de que o ministro da casa civil , Antônio Palocci, aumentou seu patrimônio em 20 vezes nos últimos 4 anos. Os leitores de pouca fé (conhecidos como bules - trocadilho escrotinho, né!) logo se revoltaram e levantaram suspeitas sobre a idoneidade de nosso ministro sobre o qual pesa uma ou outra denúncia de irregularidade. Mas nada que tenha dado em alguma coisa. Ora, ora... Há precedentes na história. Cristo multiplicou os peixes e ninguém ficou levantando acusações de que tenha conseguido tais peixes com tráfico de influência. Nem se cogitou em CPI, pois para Deus, as explicações de Cristo de que o dinheiro dos peixes fora adquirido com palestras e consultoria em Jerusalém foram plenamente satisfatórias. E agora querem pegar o Palocci para Cristo? Ai, Jesus!
Convenhamos, nada mais normal do que multiplicar 20 vezes o patrimônio em 4 anos. Há livros que ajudam a fazer isso como “Ganhe o seu primeiro milhão”, “Fique milionário”, “Pai rico, filho miolionário e ministro com grana para caralho”... Podemos condenar uma pessoa só porque ela lê livros de auto-ajuda? Até devíamos, mas não podemos. Isso é um fato.
Entretanto, tudo se esclarecerá e o ministro aparecerá com todas as notas de recebimento dos últimos 4 anos que explicam a ampliação de patrimônio e cujas cópias servirão para passar na cara daqueles que levantam a suspeita de que esse dinheiro veio de tráfico de influência e mais um tanto de atividades ilícitas. Por enquanto, sua palavra basta para equipe do governo. E essa corja de maledicentes que aguardam o aparecimento de todas as notas, uma a uma servirão de chicote a eles... aguardem.
Mas sugiro que aguardem sentados, pois, de pé, cansa.

P.S.: Aí você vem e diz: - mas peraí, Cristo multiplicou os peixes para dividir, o Palocci multiplicou e ficou com tudo para ele... E eu respondo: Lá vem você com detalhes, hein! Lá vem você... 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Senso crítico? Pra quê? - Um novo ensaio sobre a cegueira.

Em 2010, eu vi a consolidação de um fanatismo que me assustou: o fanatismo político. As pessoas estão encarando partidos como se fossem uma doutrina de vida a ser seguida cegamente. Fazem discurso sustentando o insustentável e nomeiam inimigos com base em divergências de opiniões. Vi colegas com boa formação e inteligentes se dedicarem ao spam de emails com os louvores de um partido e de um líder. Vi a cegueira como creio muitos viram durante a ascensão do nazismo e do fascismo no século passado. Vi liberdade de imprensa ser combatida com o rótulo de "imprensa golpista". Esqueceram que em um regime democrática, resposta a imprensa se dá na justiça comum e não por tentativas de decretos de censura.
Vivemos em tempos democráticos e isso me dá uma certa tranquilidade nessa questão, pois não vislumbro um golpe de estado no horizonte. Entretanto, impressionou-me o número de pessoas inteligentes (sic - muitos mestres e doutores em suas áreas de conhecimento) que abriram mão do pensamento e do senso crítica para defender posturas e ações de um partido X como se só houvesse uma verdade. Uma única maneira de pensar, a do partido, e quem crê nos programas sociais e doutrinários do partido encontrará a luz. Salve, ó grande lider, que é a verdade e a luz, e aquele que crê em ti viverá para sempre. O mais é "imprensa golpista" e elementos subversivos reacionários que querem corromper a ordem de um estado perfeito. Inimigos da nação.. Brasil, ame-o ou deixe-o. Eu já ouvi esse discurso, mas não dessas bocas.
Isso me assusta na medida em que vejo pessoas abrindo mão do seu senso crítico. A história nos mostra que essas histerias coletivas só conduziram as nações à ruína. Não creio que será nossa caso, mas, por via das dúvidas, vamos seguir as palavras do Zeca Pagodinho: É um olho no gato e outro no peixe fritando.