segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A milenar arte de contornar o incontornável

Lidar com gente que é essencialmente "do contra" é uma arte, vale uns 10 pontos no ranking para ir ao céu. Se o cara é seu superior hierárquico na empresa e você é obrigado a praticar essa arte todos os dias, o fator paciência lhe garante mais 1500 pontos, o que em termos de pontuação para ir ao céu já lhe garante uma vaguinha certa perto da casa de algum santo ou no mesmo condomínio em que Jesus tem casa de praia. Daí surgirem as estratégias para contornar o incontornável. Se você quer que uma coisa saia, diga que aquilo não é importante e não precisa sair... para contrariar e fazer valer a autoridade, ele dirá que é importante e precisa sair o mais breve. Pronto! A ideia era implantar determinada coisa, está feita. Se você cair na besteira de enfatizar a importância, aquilo não vai sair, porque ele não foi o autor da consideração. Chamo a isso de síndrome de Julien (o rei lêmure da desenho Pinguins de Madagascar). 
Outra estratégia é a ação do espelho. Construa um discurso de modo que a sua estrutura remeta sutilmente ao fato de que foi ele quem deu a ideia e, no final, utilize um mesmo tempo gasto no discurso para elogiar as intercessões dele no projeto (mesmo que toscas e irrelevantes). Faça o discurso parecer que é dele. Engolido pela própria vaidade, ele vai se empenhar na execução das coisas, pois é como um filho para ele ou uma gueixa a lhe acariciar e massagear seu ego.

Conclusão: Contornar o incontornável é difícil, mas sempre temos a nosso favor a vaidade que emburrece e cega.
Tenha uma boa semana!