domingo, 5 de setembro de 2021

Procrastinar é normal, mas...

Essa palavra se divide em 3 partes maiores: pro (movimento a/em direção a, no sentido de), cras (advérbio que significa "amanhã") e demais são afixos formadores de verbo. Ou seja, grosso modo, significa a ação de mover algo que deveria ser feito hoje para amanhã e assim indefinidamente. No dicionário resume-se assim: ato de transferir para outro dia ou deixar para depois; adiar, delongar, postergar, protrair. Para alguns religiosos, chega a ser um pecado associado à preguiça.

Temos que encarar que todos são passiveis desse mal, e, eventualmente, a gente fica adiando para depois e depois uma coisa que inevitavelmente deve ser feita. Normalmente, se trata de algo que não nos dá prazer imediato e, como seres hedonistas (movidos pelo prazer) que somos, adiamos com foco inconsciente no prazer momentâneo de não fazer algo que não dá prazer. Ou seja, o prazer de "não fazer" vence o desconforto de ter que fazer algo que não nos dá prazer imediato. Entendeu?

Mas os efeitos são muito nocivos e o maior deles é o fator cumulativo. Se você não queria fazer algo porque não te dava prazer e adiou, quando você adia outra tarefa, agora, você tem duas coisas que não te dão prazer na lista e, um dia, você vai ter que encarar uma lista bem grande de coisas que não te dão prazer. Você só está adiando o desconforto e acumulando mais coisas desconfortáveis de serem feitas. 

Dessa forma, podemos entender que procrastinar é algo movido pelo prazer imediato. Entretanto, que, como efeito rebote, vai provocar o desprazer a longo prazo. É exatamente essa visão que nos move.

Nesse meio século de vida, aprendi que a melhor a maneira de trabalhar com isso são as listas de tarefas. Sempre no início de semana faço uma lista de tarefas separadas por áreas, trabalho, casa, saúde etc. E, na medida em que as coisas vão andando, vou riscando da lista. No início da outra semana, refaço a lista começando com a cópia das coisas que deixei de fazer e colocando-as em primeiro na nova lista com um ponto de exclamação na frente.

Isso ajuda a visualizar aquelas coisas que não consegui fazer ou que procrastinei mesmo e, na medida em que os pontos de exclamação vão se acumulando, aquilo vai virando uma urgência. Isso, nesses últimos anos, me ajudou a medir o meu PPH, uma sigla que criei para o meu Potencial de Procrastinação Humana. Hoje em dia, o meu desafio é lidar com o PPH dos outros, mas aí já é outra história.

Em tempo: procrastinei algumas semanas para escrever esse texto...rs Afinal, summus homines