Para início de conversa, ele não é maluco. Esse rótulo só interessa ao advogado dele. Entende-se por louco uma pessoa que rompe com a realidade e passa a agir em função de um universo pessoal que se bate com o real. Ou seja, para o louco, dinheiro pode ser rasgado, cocô pode ser comido sem problemas, pois não se trata de atitudes que violem as leis naturais do universo dele. O que rege o universo do real não lhe importa, pois ele o nega e mesmo o desconhece.
O problema é que o terrorista atirador da Noruega representa uma parcela do pensamento direitista da Europa que acredita, mesmo contra todas as provas científicas que negros, mestiços, judeus e homossexuais são a causa de todas as desgraças do seu continente. Encontraram um culpado para seus problemas e batem nessa tecla há séculos. Esse pensamento já derrubou o velho continente e o enfiou em guerras dezenas de vezes.
Mas digo tudo isso por que o que me preocupa não é o maluco(sic) terrorista atirador da Noruega, nem o pensamento tacanho de uma extrema direita estúpida do velho mundo, mas o cidadão comum, classe média, nível de instrução média, raciocínio médio que compõe a imensa maioria de eleitores e que a cada ano aceita sem pensar a lógica perversa e torta do famoso aforismo “o inferno são os outros”.
O caso da Noruega destrói algumas vidas e expõe a ponta de um iceberg, o cidadão que aceita a extrema estupidez direita vota e destrói milhares de vidas, promove facínoras, legitima ditadores e sustenta os regimes autoritários que afundam as nações e a humanidade na escuridão e no atraso.