domingo, 13 de junho de 2021

Ódio ao isento... Por quê?

Outro dia, uma pessoa conhecida destilou no Facebook todo seu ódio ao que chamou de isentão, pessoas que não querem tomar posição política publicamente, por exemplo. Ela dizia que pior de todos eram aqueles que não se posicionavam diante das questões. Por trás disso, existe a ideia desconfortavelmente autoritária de que quem não concorda comigo é ruim, mas quem não aceita concordar comigo é pior. Isso, porque se concordar com quem discorda de mim, se torna ruim, logo, só se torna bom aquele que concorda comigo. Entendeu?

Eu acho extremamente abusivas e autoritárias essas falas, já que retiram do indivíduo o direito de escolher não dizer o que pensa sobre um tema e que dá a falsa percepção de que ele não se posicionou quando, na maioria das vezes, ele se posicionou, mas não quer compartilhar com os outros a sua visão. Ou se trata de desinteresse em compartilhar com você, uma pessoa que a despeito da sua autoestima, ele considera alguém com quem não vale a pena compartilhar ideias. Doloroso para o ego imaginar isso, né? Mas acontece...

Pois é, mas nós não somos unanimidades e a maneira como nos veem nem sempre fechar com a maneira como nós pensamos que nos veem. Isso é o ponto de partida para lidar melhor com a ideia de que as pessoas podem ter um conceito não tão positivo a nosso respeito o quanto imaginamos que tenham. Daí, não terem o menor interesse em compartilhar suas opiniões com a gente. O que não quer dizer que elas são isentonas. Elas só não nos prezam o suficiente para investir seu tempo nos expondo suas opiniões. Foi duro entender isso, mas entendi e acho que um exercício de senso crítico ajuda bem nesse processo.

Sei que vivemos em grupo e as decisões de uns acabam afetando outros. Isso, inevitavelmente. Entretanto, antes de sermos grupos somos indivíduos dotados de interesses e escolhas. Isso deve ser respeitado, pois os grupos mudam e se desfazem, mas a individualidade só se dilui com a morte.

Acho preocupante toda ideologia que vise à anulação completa do indivíduo por um ideário comum e coletivo e, principalmente, dos meios que pretende para prevalecer isso.