Costumo dizer que, quando saio com meus três filhos, saio com 5 (o mais velho, Daniel, o do meio, Bruno e o pequeno, Lucas, que vale por 3, logo, 5). Então, deixo os outros dois mais à vontade e saio atrás do pequeno que se encarrega de subir em tudo, puxar tudo, correr, tropeçar. Mantenho uma distância de não mais de alguns passos para que eu consiga interceder em qualquer possível dano a ele ou ao meio em que ele se encontra.
Percebi, então, que ele dispara correndo, mas de tempos em tempos, olha para trás e me procura. A 3 passos ou a 20 metros, ele me caça buscando a segurança que lhe permite prosseguir. Ele corre, tropeça em uma raiz do jardim, cai. E com rapidez vira o corpo limpa a roupa e quando olha, ali estou eu, antes a 10 metros, agora a poucos centímetros. Ajudando-o a levantar, limpando a calça, verificando se as mãos ficaram esfoliadas com o tombo e ele me olha com a segurança de que nada tem a temer, me olha para me tranquilizar e diz: "maçucô" não, papai!
Olho os outros dois a distância. Se afastam mais, mas sempre me buscam quando querem ir um pouco além de onde estão. Eles me veem, esperam minha aprovação e com o olhar entendem que digo “pode ir filho, vou sempre estar aqui”
Esse é o sentido de ser pai, mesmo de longe.
A vida nos coloca em caminhos distantes, adultos tomam decisões, crianças pagam as contas, mas mesmo na distância que hoje me separa deles, sei que a cada passo que derem vão olhar para trás e ver que eu vou sempre estar lá, para limpar a calça de poeira, ver se a mão está arranhada e fazer ele se sentir seguro para prosseguir.
Afinal, qualquer 1000 km vão virar alguns metros sempre que eles precisarem. Sempre em busca de ouvir um "maçucô" não, papai.
E se ele machucar ser permitido a mim ajudar a suportar as dores.
Entendi, hoje, que ser pai não e evitar os tombos, mas dar a eles a certeza de que qualquer que seja a queda, basta me procurar em volta que eu vou estar ali.
Até quando não mais estiver aqui.