quarta-feira, 6 de julho de 2011

Prova da OAB: reprovações e reflexões

Quando um professor reprova 10% dos alunos em seu curso estamos em um índice quase normal considerando a diversidade das pessoas. Se esse percentual chega a 40%, pode ser que haja um baixo índice da turma e demande um cuidado como um nivelamento ou processos de avaliação diversificados. Entretanto se um professor reprova mais de 90% de uma turma, eu não tenho a menor dúvida de que o problema está com ele e com seus métodos. Salvo raríssimas exceções, é pouco provável que você tenha 90% de alunos que não tiveram aproveitamento mínimo nenhum. Eu disse difícil, não impossível.
Aí é que entra a OAB – Ordem dos Advogados do Brasil – e sua prova. Todo anos são divulgados índices de reprovação altíssimos e alardeados como um troféu para expor o rigor (sic) da Ordem e ao mesmo tempo as péssimas condições (sic) de ensino das instituições de ensino superior do Brasil. 
Sou avaliador do MEC há anos e sei muito bem as condições de ensino no Brasil nas quatro regiões onde, aliás, já estive a serviço do órgão e posso afirmar que se não estamos em um padrão de primeiro mundo, os índices da OAB não refletem nem de longe a realidade do ensino.
Aprendi como professor que a avaliação deve ser uma medida de aproveitamento que me sirva para o planejamento de minhas ações. O curso de Direito e o curso de Medicina, por exemplo, são tão focados pelo MEC que os parâmetros que avaliam os dois são diferenciados e mais rígidos do que o de outros cursos e isso já vem acontecendo há tempos. E, ainda assim, esses dois órgão de classe (OAB e Conselho Federal ou regionais de Medicina – que aliás não são órgãos de ensino, mas de classe) seguem aplicando seus exames e mostrando resultados cada dia piores. Caminhamos rumo ao zero absoluto. 
Lembremos sempre: órgão que regulamenta e fiscaliza ensino no Brasil é o MEC e os números não mostram essa espécie de apocalipse total na educação que os órgão de classe identificam com suas provas. Ficam então três perguntas:
Será que isso reflete a realidade?
Será que o problema está com os alunos?
A quem interessa que os resultados sejam progressivamente piores a cada ano?