sábado, 21 de novembro de 2009

Corrupção de cada dia não nos deis hoje... nem em tempo algum.


Incomoda-me o político que recebe dinheiro para liberar projetos, que emprega parentes e correligionários, aquele que pede parte de uma verba para facilitar as coisas e vem com a história de quem quer rir tem que fazer rir. Tenho profundo nojo dessa frase.
Mas o fato é que construímos um país de alma corrupta nas pequenas coisas e não nas grandes canetadas. Construímos um país corrupto quando colamos na escola ou na faculdade e fraudamos na prova para tirar proveito da mentira.  Ou então, quando oferecemos dinheiro ao policial para fugir da multa. Atingimos nosso ápice quando achamos que a faixa seletiva é do tamanho da nossa certeza de que estamos corretos e argumentamos que todo mundo faz, mas que nos pegaram para Cristo. "Vai prender traficante, bandidos e assaltantes, não cidadão honesto... como eu".
Extrapolamos a decência mínima para convivência social quando alegamos que nossos erros não deveriam ser punidos, pois tem gente que faz coisa tão pior. Corrompemo-nos quando buscamos soluções fáceis e compráveis para coisas que não são simples de resolver. Pervertemo-nos quando perdemos a vergonha por trás do argumento de que “todo mundo faz” e se eu não fizer passo por bobo.
Uma vez cometi uma infração de trânsito e fui parado por um policial rodoviário que, depois de pedir minha a carteira, documento do carro e ver que estava tudo ok, soltou um “e então, como ficamos”. Não pensei duas vezes:
- Bem, o senhor eu não sei, mas acho que eu fico multado, né?
O homem ficou tão desarmado de sugestões a fazer, não esperava ouvir isso. Acredito sinceramente que não estava acostumado a ouvir isso. Acabou rindo, perguntou de onde eu era e me liberou com a recomendação de que não desse mais bobeira.
Sei qual é o jogo proposto, mas não quero participar dele. Não é esse o país em que acredito e não quero que seja isso que deixo para meu filho.