Há muitos anos comprei uma esteira ergométrica. É.. daquelas esteiras elétricas que lhe dão a sensação de fila de banco, você anda, mas não sai do lugar. Usei um tempo, cansei, abandonei na casa dos meus pais. Tempos depois trouxe para minha casa onde minha esposa usava com frequência. Ela quebrou, comprei outra que também quebrou.
As esteiras ajudaram muito as minhas roupas ficarem menos amassadas e, no tempo que tive uma em casa, andei consideravelmente menos amarrotado. Abandonei-a solenemente. Entretanto, devido a problemas de saúde no início do ano, acabei tendo que voltar à rotina de esteiras. Desta vez, em uma academia em minha cidade. Cansei entulhar minha casa com esteiras.
O que eu desprezei durante tanto tempo é o papel da esteira nas nossas reflexões. Na esteira, pensamos coisas, organizamos as ideias, fazemos planejamentos e até escrevemos coisas que mais tarde vão virar postagens em blogues. Tudo isso para esquecer que estamos ali. Isso, até hoje, pelo menos para mim, é a melhor estratégia para fazer essa rotina de exercício físicos e romper o sedentarismo.
São 60 minutos de reflexões e abstrações. É mais ou menos como se eu deixasse o corpo lá fazendo caminhada e levasse a alma para um local mais agradável como a cadeira na frente do computador, por exemplo. Enfim, já dominei a técnica e fiquei bom nisso.
Mas sabe que, no fim das contas, quando volto para meu corpo e o encontro suado e cansado, pego-o de volta como uma bolsa que deixei no guarda volumes, vou para casa, tomo um banho e começo meu dia... livre e leve, com quilos e quilos a menos de peso na minha consciência.
Estranho, mas sabe que a perda de peso mais significativa foi essa. Perdi muitos e muitos quilos de peso na consciência de sedentario rumo a um infarto ou a uma doença que me incapacitaria. Emagrecimento de consciência é uma espécie de efeito colateral das esteiras.