terça-feira, 31 de julho de 2012

Todo mundo sempre acha que vale mais


Quando vejo uma greve na TV, sempre penso que ali está um momento desses. Não é dizer que não valemos o que achamos, longe disso, mas é um momento em que, de um lado da mesa, o chefe; de outro, o empregado, disputam os dilemas de quanto você vale, quanto você pensa que vale e quanto os outros acham que você vale.
Ainda sou daqueles que creem que se as pessoas valessem o que pensam, valeria muito a pena comprá-las pelo que valem e vendê-las pelo que acreditam... Ganharíamos uma fortuna em cada negociação. 
O fato é que nessa negociação tem o cara que sabe que você nem vale aquilo tudo, mas lhe convence do contrário e assume seu papel de reinvidicar o seu (o seu leitor) valor. E o que ele ganha com isso? Ganha um aumento no valor dele como defensor das causas de sua classe de valorização do profissional. Esse título lhe oferece uma projeção política, passa a ideia de que ele se preocupa com alguém (além dele, é claro) e lhe bonifica com um cargo poílitico de vereador, deputado ou outra função que lhe permite manter-se bem longe do que ele mais detesta na vida: trabalhar. Afinal, ele nasceu para a política... (sic)
E o mais interessante é que desde que o mundo é mundo sempre foi assim e as pessoas compram esse pacote com a certeza de que ele é o candidato que se preocupa com a causa. Com o tempo, as intenções se revelam, as pessoas se decepcionam e elegem outro mártir da causa que com o tempo se revela e aí.. bom, e aí vocês sabem o resto. 
Enfim, verdade é aquilo em que nos convém acreditar, não é mesmo?

sábado, 28 de julho de 2012

Automedicação: o que há por trás da bondade de branco


O governo, primeiro, proibiu que remédios básicos como análgésicos, antitérmicos, antiácidos etc ficassem mais acessíveís ao consumidor nas gôndolas de farmácia. Tudo isso para evitar a automedicação o grande mal (segundo eles) de todos os males da modernidade. Um hábito terível que mata milhares e milhares de pessoas todos os dias, ou seja, algo muito pior do que as guerras, a AIDS ou o mesmo o câncer... (??).
Nessa semana que passou, a ANVISA voltou atrás. Podem colocar as Aspirinas em local acessível, pois a lei anterior não reduziu o mal do século XXI. E os homens de branco gritaram: isso é um retrocesso, milhões morreram por se automedicarem com seus comprimidos para azia. E os laxantes então.. Isso vai dar merda!
A verdade é que qualquer droga (manipulada ou natural) pode matar. De um quimioterápico a um comprimido de Melhoral ou um chá de boldo, estamos lidando com substâncias que pode levar o indivíduo à morte. Mas fazer uma tempestade em copo d´água por causa disso para obrigar que um enjoo matinal, por exemplo, o leve ao médico me causa mais estranheza do que me percepção de zelo. Imagina se todas as vezes que tivéssemos uma dor de cabeça fossemos ao médico? É lógico, dores persistentes, pedem isso, mas não é esse o caso. Cada enjoo, médico.. cada azia, médico... iria faltar médico.
Essa indignação com o uso de medicamentos simples (não estou falando de antibióticos ou coisas parecidas, claro), as proibições e os discursos inflamados parecem atender muito mais ao fortalecimento do ego e do poder corporativo de uma classe do que de qualquer preocupação com a saúde das pessoas. Parece reforçar aquilo que muitos médicos repetem a seus pacientes, ainda que, muitas vezes, não com essas palavras: Creiam em mim. Eu sou a verdade e a luz e aquele que crê viverá. Eu estou imune a erro e sou a única pessoa no universo capaz de saber o que é bom ou mau para você.
Desculpem, mas isso não cola e essa é uma dor de cabeça com que a classe médica vai ter que conviver para sempre...
Nesse caso, sugiro uma Neosoldina... mas se persistirem os sintomas procurem um médico, tá!?

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Valei-me, meu São Cristóvão! Quem deu a carteira a essa criatura?


Hoje é dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas. Muita gente não sabe, mas eu tenho como hobby a hagiologia, estudo da história da vida de homens santos de acordo com a tradição católica. O que isso tem a ver? Ah sim.. Tem a ver que São Cristóvão tem uma história linguística interessante.  
Assim como muitos santos, talvez ele não tenha existido de fato, mas ficaram como bons exemplos de comportamento cristão em seu personagem pelas lendas que atravessaram o tempo. E talvez, se tenha existido mesmo, não tenha se chamado Cristóvão. 
Cristóvão tem origem no grego em Άγιος Χριστόφορος (alguém consegue ler isso?), e, posteriormente, possui seu correspondente em latim Christophorus, que, numa análise etimológica significa “aquele que leva (faros) Cristo (Christo) em seu coração”. Uma referência óbvia a seu comportamento cristão. Mais tarde, o santo passa a ser representado com o menino Jesus no ombro (assim como muitas imagens trazem-no junto a si para simbolizar o fato de levar Cristo consigo.. Lembra de Santo Antônio?). Da metáfora  de “levar Cristo no coração” para carregar Cristo de um lado para outro surgiu a sua referência de como aquele que conduz alguém fisicamente. Logo, padroeiro dos motoristas. Enfim, é isso. 
No sincretismo religioso das culturas afro, o santo corresponde a Xangô, que até onde sei não tem muita a ver com motoristas ou coisa parecida. Até por que diriam que representar o orixá associado a um motorista de ônibus por exemplo, seria preconceito, discriminação... Uma besteira dos tempo modernos.
Em tempo de engarrafamentos, brigas de trânsito e tanto estresse, precisamos mais de proteção do que nunca. E como dizia a vovó, se canja de galinha e reza nunca fez mal a ninguém, abençoai-nos, São Cristóvão.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Feliz dia do EX-amigo.... Ué? Por que não?


Hoje, se comemorou do dia do amigo. No facebook, pipocaram mensagens de “meus amigos são loucos e não vivo sem eles”, “são irmãos que a vida me deu”, são isso, são aquilo. Fico feliz que as pessoas tenham tantos amigos para sempre ainda que saibamos que o pra sempre sempre acaba. E essa é a única certeza que a vida nos dá.
Entretanto, seguindo minha tradição de pensar diferente para não correr o risco de não estar pensando quando todos pensam igual, quero comemorar o dia do EX-amigo. Esse grande professor que nos ensinou que, por mais que confiemos, por mais que amemos, sempre há um limite para tudo e que interesses pessoais, desejo por poder, dinheiro ou outro símbolo de status são capazes de reverter completamente qualquer valor ético menos sólido. 
O EX-amigo, cujo padroeiro poderia ser São Judas Escariotes, nos deu lições de que nada é eterno e, em condição de encarnado, interesses diversos conspiram para que as pessoas ajam em função de seus interesses pessoais e atropelem todos e tudo que veem pela frente.
Deste grande professor, o EX-amigo, não devemos guardar mágoa, mas uma gratidão por tudo que aprendemos com ele. E, obviamente, a devida distância para que ele não nos dê uma revisão de conteúdo compulsória de tudo que ele é capaz de fazer. 
Lembremos que perdoar é um dever cristão, mas esquecer é uma estupidez humana. 
E viva o EX-amigo!

terça-feira, 17 de julho de 2012

A nossa idade é a idade que a gente tem... e não sejamos ridículos.


Eu ouvi , durante a vida toda, as pessoas dizendo que a idade está na cabeça de cada um. Afirmação que dava a condição de uma pessoa de 40 anos agir como um garoto de 17, pois ele tinha uma cabeça jovem. Quando jovem, eu tinha pouca condição de contestar essa afirmativa assim como outras sem sentido do tipo a voz do povo é a voz de Deus (Acho que só Barrabás achou sensata essa afirmativa). Hoje, aos 41 sinto-me com uma cabeça de 41 dentro de um corpo de 41, vestido como um homem de 41 e fazendo coisas que um homem de 41 que tem dois filhos, esposa e contas faz.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O que faltou aos japoneses nos sobra, cara de pau


O governo japonês divulgou hoje um relatório final sobre os acidentes na usina de Fukushima e o que me impressionou foi a maneira como eles conduziram o processo. Enquanto averiguavam as causas (não para encontrar alguém para Cristo, como fazemos aqui) reconstruíam o país. Reerguiam cidades, estradas, logradouros em geral sem a tradicional roubalheira, burocracia e má fé característica de países como o nosso. Aqui, quando ocorre uma desgraça (como aconteceu em Petrópolis e Friburgo ano passado), os políticos esfregam as mãos e comemoram: - oba! É verba sem licitação para a gente "se arrumar"! E os comerciantes eufóricos sorriem de orelha a orelha: - oba! Vamos vender galões de água de 5 reais por 50.. oba.. Vamos ficar ricos...
Mas enfim....Os japoneses chegaram a conclusão que houve falha humana "cultural" no processo que envolveu as condutas durante o acidente. Concluíram que o Tsunami não pode ser responsabilizado (Como assim??? No Brasil, a seca e as chuvas são as únicas culpadas de tudo. Esses caras têm muito que aprender com o nosso povo...) e que o problema foi cultural mesmo, pois os japoneses são educados para não questionar as ordens de seus superiores, ainda que essa conduza ao desastre.
Enfim, eles teriam que aprender a questionar, ir de choque a uma questão cultural nipônica, a obediência.
Pois bem... Se o tsunami tivesse passado por aqui já teríamos resolvido o problema. O culpado era o Tsunami, as verbas já teriam todas sido desviadas e ajudariam na reeleição dos prefeitos e governadores para os próximos anos, seria aberta uma CPI que os deputados usariam para se promover como bastiões da ordem e moral, mas que não daria em nada e acharíamos um empresário para Cristo que seria demonizado pela imprensa e logo após esquecido. E, por fim, questionar é fácil para a gente. Ainda mais se envolve a ruptura com a inércia decorrente de nossa indolência natural, uma espécie de doença da alma comum por aqui. 
Afinal, para nossa desgraça, isso também é uma questão cultural.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

As pessoas e as outras pessoas


As pessoas querem que a gente odeie outros times que não sejam o nosso, mas não consigo ver inimigos a serem odiados e humilhados, mas gostos diferentes. As pessoas precisam que você compartilhe o que eles consideram belo justo, mas poucas vezes, lhe perguntam qual a sua ideia de belo e justo. As pessoas sentem necessidade de demonstrar algo que nem de longe sejam, mas se esquecem de saber se eu quero ver já que acreditar nem mesmo elas o fazem. As pessoas nos cansam e nem aceitam nosso pedido de tempo para descanso... Só no Vôlei  alguém nos leva a sério.
Acho que no facebook ou no mundo real, cada vez menos presente na vida social de tanta gente, as pessoas desejam que as conheçamos melhor e, para isso, se mostram no que são cada vez menos.
É isso. As pessoas investem para que sejamos cada vez mais idiotas perfeitos, mas esquecem que ninguém é perfeito. Logo, seremos falhos até em nossa estupidez.
E isso talvez ainda seja a esperança que nos resta.