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segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Calças rasgadas

Fui comprar uma calça outro dia no shopping e a mocinha vendedora (olha como estou velho que chamo de mocinha...) me trouxe uma calça manchada, rasgada, debotada, meio amarrotada e "de marca".
Surpreendemente, era muito mais cara do que uma calça em estado de integridade melhor e não com aparência que tinha sido usada durante anos por um crackudo que vivia nas ruas.
Eu olhei para ela e comentei: nossa, como os tempos mudaram. Na minha época, quando uma calça nossa chegava nesse estado a gente ia à loja, comprava uma nova e doávamos para a população de rua a que estava assim.

Hoje, as lojas compram as calças que doávamos e tentam nos revender.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A exposição e o espectador

Outro dia me perguntaram se eu havia visto a exposição do patrocinada do Santander que causou polêmica no Rio Grande do Sul e o que eu achava. Na verdade, não vi porque fica em Porto Alegre e não vou lá por aquelas bandas há um tempo. Mas enfim... Aí vem a discussão. Vi na internet as imagens que, sinceramente, são grosseiras como a pintura de um cara transando com um bicho, uma criança com os dizeres criança viada etc... Sinceramente, tenho dificuldade de entender o propósito da amostra além de chocar as pessoas que sejam mais suscetíveis. O que não é o meu caso. Não me afeta esse tipo manifestação. Olho, penso: "putz, que troço escroto" e sigo em frente.

Mas há duas coisas em jogo: a liberdade de expressão e a responsabilidade jurídica sobre seus atos. Se considero escrota essa forma de expressão que só serve para dar votos a uma direita radical que cresce no Brasil (sim.. esse tiro sai pela culatra e elege os conservadores), também penso ser absurda qualquer forma de censura. Deixa fazer, se o fato caracterizar algum tipo de violação ou apologia a ato ilegal, que se aplique a lei. Não sei, mas expor como forma de arte, ou de certa forma, conteúdo formador de opinião, pedofilia ou zoofilia, creio eu violar de alguma forma as leis brasileiras e comprometer a segurança de alguém (no caso, crianças e animais). Não sei... isso é papo para os juristas.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Tem "caboco" que polemiza tudo

Moro na divisa com Minas Gerais, mas minha cidade fica no Estado do Rio de Janeiro, Valença. Por aqui, somos mais mineiros do que fluminenses (aquele que nasce no Estado do Rio), e isso, longe de ser um problema, é uma característica que define nossa identidade cultural de forma bem marcante.
Comemos/fazemos comida mineira, temos uma arquitetura semelhante à de cidades mineiras e sotaque semelhante aos dos vizinhos do outro lado da fronteira. Meu /s/é sibilante, tão sopradinho que, às vezes, parece que a gente sopra vela de aniversário quando está falando. Tive um colega de trabalho que dizia que quando via Valença-RJ, pensava ser incoerente. Ele achava que caía melhor se fosse Valença-MG. Concordo com ele.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Um é artista é um artista e ponto final

Na década de 60, surgiu o mito da arte engajada. Uma ideia meio torta de que a arte só é válida se possui um vínculo político, um comprometimento com a mudança e os ideais revolucionários (sic). As pessoas esquecem que o revolucionário de hoje nada mais é do que um reacionário que ainda não teve sua vez de cultivar suas ojerizas às mudanças. Afinal, outros revolucionários sempre virão para se opor aos velhos que se tornarão os reacionários de então.
Mas não estou aqui para isso. Sempre fui meio parnasiano e admiro a arte pela arte, Ars gratia Artis. Admiro pelo poder contemplativo que ela tem de me remeter a um estado de êxtase que não se compromete com nada a não ser com o momento em que me sequestra da realidade.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O mal resolvido - o dilema do macho da espécie

A autoestima masculina não nasce necessariamente no mesmo lugar que nasce a da mulher. Fomos educados para sermos os donos do poder, o mantenedor, a viga mestra da sociedade. Somos "o todo poderoso macho adulto".
Nem tão poderoso, pois estamos submetidos a todas as intempéries de todos os mortais sejam homens ou mulheres. O poder representado pelo dinheiro e pela dominação sexual pode se esvair com muito mais facilidade do que imaginamos e perdê-los implica um ataque arrasador à autoestima masculina.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Valei-me, meu São Cristóvão! Quem deu a carteira a essa criatura?


Hoje é dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas. Muita gente não sabe, mas eu tenho como hobby a hagiologia, estudo da história da vida de homens santos de acordo com a tradição católica. O que isso tem a ver? Ah sim.. Tem a ver que São Cristóvão tem uma história linguística interessante.  
Assim como muitos santos, talvez ele não tenha existido de fato, mas ficaram como bons exemplos de comportamento cristão em seu personagem pelas lendas que atravessaram o tempo. E talvez, se tenha existido mesmo, não tenha se chamado Cristóvão. 
Cristóvão tem origem no grego em Άγιος Χριστόφορος (alguém consegue ler isso?), e, posteriormente, possui seu correspondente em latim Christophorus, que, numa análise etimológica significa “aquele que leva (faros) Cristo (Christo) em seu coração”. Uma referência óbvia a seu comportamento cristão. Mais tarde, o santo passa a ser representado com o menino Jesus no ombro (assim como muitas imagens trazem-no junto a si para simbolizar o fato de levar Cristo consigo.. Lembra de Santo Antônio?). Da metáfora  de “levar Cristo no coração” para carregar Cristo de um lado para outro surgiu a sua referência de como aquele que conduz alguém fisicamente. Logo, padroeiro dos motoristas. Enfim, é isso. 
No sincretismo religioso das culturas afro, o santo corresponde a Xangô, que até onde sei não tem muita a ver com motoristas ou coisa parecida. Até por que diriam que representar o orixá associado a um motorista de ônibus por exemplo, seria preconceito, discriminação... Uma besteira dos tempo modernos.
Em tempo de engarrafamentos, brigas de trânsito e tanto estresse, precisamos mais de proteção do que nunca. E como dizia a vovó, se canja de galinha e reza nunca fez mal a ninguém, abençoai-nos, São Cristóvão.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Doutor é quem fez doutorado... às vezes...


Ter uma graduação antigamente era coisa de luxo. Logo após, ter especialização é que era o bicho. Mas a coisa banalizou e, na década de 90, o governo decidiu deixar correr solto a tal da especialização e focar a atenção no mestrado e doutorado. Aí a coisa ficou séria mesmo. A CAPES apertou até o pescoço e criou um sistema bem rigoroso de controle disso.
Entrar em um Mestrado ou Doutorado na final da década de 90 era o cão chupando manga. Entrentanto, como nem tudo que reluz é ouro, o governo se viu forçado a ampliar o número de vagas e receber todo tipo de trabalho para aumentar o número de mestres e doutores. E aí é que a coisa não fica mais muito séria...
pipocam teses e dissertações apresentadas Brasil afora com temas do tipo: A sexualidade dialética defronte a aporia pós-moderna da legitimação da identidade etno cultural: um estudo do símbolico do mítico regional". Ou seja, enfim,... talvez, sei lá.. bacana...legal né... huummm O trabalho trata de... enfim. sei lá.. porranenhuma. Mas o título é complexo para caramba e quem escreveu deve ser culto e inteligente de montão. Basta isso para o autor já se sentir realizado.
Quando estava no meio acadêmico com mais frequência eu costumava dizer que era a síndrome de carnavalesco cuja fantasia intitula-se "Alegria e glória, apogeu e ascensão apoteótica do deus sol athualpanah na terra dos sacríficios e louvores de Shmirraarum do Império, Arkaraam do oriente."
Enfim, significa... bem..o cara é culto para caramba e deve saber o que está falando.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Esperteza demais atrapalha


Assisti à final do mundial de clubes com a sensação de que não daria para Santos mesmo diante do Barcelona. Como não torço nem para um nem para outro, dessa forma, não faria diferença o resultado do jogo para mim. No fundo, eu sabia que seria um jogo bom de se ver para quem gosta de futebol.
O jogo seguia dando o previsto “ferro no Santos” e um show de bola do Barcelona com Messi à frente da tropa e eu pensava como ainda somos prepotentes quando se fala em futebol por aqui. Os telejornais insistiam em mostrar o retrospecto brasileiro (como se isso influenciasse alguma coisa) e comparar o time do Santos como do São Paulo (1992) e o do Internacional (2006) que, particularmente, eu acho bem superiores ao time do Santos atual. Mas, enfim, mídia é mídia e fazem de tudo para ganhar o torcedor.
Mas o que me chamou mais a atenção foi um lance do jogo, o quarto gol do Barcelona. Messi recebeu a bola, viu-se de cara com o goleiro do Santos e suas pernas se aproximando famintas no lance e teve milésimos de segundos para pensar “toco por baixo e driblo” ou “Me jogo e saio rolando pelo chão da grande área esperando o pênalti”.. Sinceramente, acho que essa segunda possibilidade não lhe passou pela cabeça. Driblou bonito, pulou, mandou para dentro. 4 X 0... Jogo terminado.
Cansei de ver no campeonato brasileiro, jogadores apostando na “caidinha na área”, “roladinha no chão”, “sentadinha com os braços abertos”, “companheiros correndo cima do juiz”. E quando o juiz não caía no golpe, saía sacudindo a cabeça de forma resignada.

Eis o jeitinho brasileiro que, apesar de não dar certo há décadas, ainda vigora por aqui.