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segunda-feira, 13 de maio de 2024

O que um coach milionário tem a ver com a lógica das redes sociais


 "Quando a eletricidade foi usada pela primeira vez na história da humanidade, Pablo Marçal foi o primeiro e postar sobre esse evento... no Instagram. E hoje, quando o Chat GPT não sabe alguma coisa, é com Pablo Marçal que ele tira suas dúvidas."

Com certeza você já ouviu uma dessas piadas ou viu algum vídeo debochando de Pablo Marçal, um goiano de 37 anos que faz muito sucesso na internet. Após construir uma gigantesca fortuna com suas dezenas de empresas multimilionárias (segundo ele) ele concentra suas atividades hoje em fazer Coach e vender almoços de estrogonofe por 5 mil reais. E tem quem pague. Acredite. Mas como dizia minha avó, enquanto houver cavalo, São Jorge não anda a pé.

Entretanto, o que aprendemos com Pablo Marçal? Em termos de acréscimo intelectual é algo próximo de zero, em termos de motivacional ele segue o mais do mesmo com eventuais esculachadas das pessoas para mostrar que elas não são ricas porque são preguiçosas, sem foco, limitadas em seus objetivos, escrotas mesmo e, deveria dizer, muito... (estou procurando uma palavra para não ser ofensivo, mas não acho. Então, complete você a lacuna) por ter pago uma fortuna para estarem ali e serem esculachadas. Ele não diz isso infelizmente. Mas então, o que aprendemos com ele?

Sim, ele é um mago da comunicação e ensina muito, mas de forma subliminar. Ele não fala literalmente, mas se você observar com calma, ele dá uma aula de o que é engajamento. E isto é o segredo da distribuição de qualquer conteúdo. As histórias não merecem o rótulo de ser verdade ou mentira. Afinal, às vezes, mentira é uma verdade que esqueceu de acontecer. E, se tratamos de Pablo de Marçal, ele não mente, é a realidade que falta com a verdade. 

Brincadeiras à parte. Cada história maravilhosa proferida pelo coach (desde um avião sendo salvo, até um helicóptero que depende dele para conseguir ficar seguro ou mesmo uma boa colocação em uma prova de natação por uma pessoa que não sabia nadar no dia anterior.) Cada barbaridade lógica repercute em dezenas e milhares de mensagens do Twitter (agora X), vídeos de paródias, vídeos de especialista sinalizando o absurdo da afirmação do coach, milhões de comentários e textos inclusive esse texto aqui. 

Chegamos ao ponto principal da questão: sabem quanto ele gastaria para ter esse nível de engajamento nas redes? E isso gera uma reação em cadeia... como uma reação de uma bomba atômica. Isso, de forma paga, custaria uma pequena fortuna. Mas entregaram para ele de graça. Só precisou de contar o dia em que salvou a terra se jogando contra um asteroide... Ops, espera aí.. esse é Bruce Willys em Armagedon... e outra coisa.. Se ele está falando, ele não morreu... Mas tudo bem.. Isso é Pablo Marçal e essa história vai gerar centenas de paródias, comentários de especialistas e piadas na internet fazendo o autor expandir sua palavra para milhões de pessoa em um marketing orgânico fantástico.

E o mais incrível, gerar uma legião de adoradores e haters que lhe dão a maior moeda que a internet pode gerar: engajamento. Que no final das contas vai virar dinheiro e prestígio em algum momento.

Eu não estou dizendo que você deve sair inventando todo tipo de história fantástica para ganhar engajamento. Acredite. Isso não é tão simples, pois envolve talento e disposição. Mas eu quero é dizer que estamos diante de um personagem na internet que, enquanto estiver em alta, vai se dar muito bem. Uma hora, ele, como tudo na internet, vai morrer. Morrer e cair no completo esquecimento sendo lembrado com o um patético meme (como foi o rei do camarote, por exemplo)

Mas enquanto esse dia não chegar, ele vai sendo, na minha opinião, considerado o maior fenômeno da internet atual, um gênio da comunicação que entendeu perfeitamente o que significa engajamento.

Aí as pabletes dizem: É, mas ele está ganhando milhões e você? 

Não estou nem perto dos milhões (aliás, muito longe e nem chegue perto), mas esse argumento não anula ou desmerece em nada o explicado no texto. Vamos trocá-lo pelo silêncio e melhorar o mundo.. pelo menos, mais inteligente.

Pega o drive.
Instala o código.


segunda-feira, 20 de junho de 2016

Meu adorável pleonasmo

(Escrevi este texto tempos atrás e vale a pena ser relido)

As pessoas se horrorizam com expressões como subir para cima, descer para baixo, entrar para dentro e vai por aí. Eu, sinceramente, não me assusto mais com nada. Nada do que é língua, me é estranho, parodio o filósofo.

Outro dia vi um homem furioso que gritava:
- Sai para fora.
Enquanto o outro, escondido dentro de um bar, a última coisa que pensava era no pleonasmo empregado. Ele gostaria até mesmo de ser paradoxal e sai para dentro.

Entretanto, o que ninguém vê é o nosso pleonasmo de cada dia. Aquele que entra e sai de nossas frases sem que a gente se dê conta e dão até uma sensação de que está tudo bem. Vocês já viram estudos sobre o meio ambiente, preservar o meio ambiente, cuidar do meio ambiente... Peraí. E existe algum ambiente que não é meio? Ou um meio que não é ambiente?

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Doutor é quem fez doutorado... às vezes...


Ter uma graduação antigamente era coisa de luxo. Logo após, ter especialização é que era o bicho. Mas a coisa banalizou e, na década de 90, o governo decidiu deixar correr solto a tal da especialização e focar a atenção no mestrado e doutorado. Aí a coisa ficou séria mesmo. A CAPES apertou até o pescoço e criou um sistema bem rigoroso de controle disso.
Entrar em um Mestrado ou Doutorado na final da década de 90 era o cão chupando manga. Entrentanto, como nem tudo que reluz é ouro, o governo se viu forçado a ampliar o número de vagas e receber todo tipo de trabalho para aumentar o número de mestres e doutores. E aí é que a coisa não fica mais muito séria...
pipocam teses e dissertações apresentadas Brasil afora com temas do tipo: A sexualidade dialética defronte a aporia pós-moderna da legitimação da identidade etno cultural: um estudo do símbolico do mítico regional". Ou seja, enfim,... talvez, sei lá.. bacana...legal né... huummm O trabalho trata de... enfim. sei lá.. porranenhuma. Mas o título é complexo para caramba e quem escreveu deve ser culto e inteligente de montão. Basta isso para o autor já se sentir realizado.
Quando estava no meio acadêmico com mais frequência eu costumava dizer que era a síndrome de carnavalesco cuja fantasia intitula-se "Alegria e glória, apogeu e ascensão apoteótica do deus sol athualpanah na terra dos sacríficios e louvores de Shmirraarum do Império, Arkaraam do oriente."
Enfim, significa... bem..o cara é culto para caramba e deve saber o que está falando.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Falar errado é certo, e certo é certo, certo? A polêmica do MEC e o tal livro didático....

Prometi a mim mesmo não me pronunciar sobre a polêmica do tal livro didático aprovado pelo MEC que trazia uma abordagem das variações da língua para apresentá-las como um contraste à norma culta. O ruim de ser especialista em um assunto é abrir um tema para discussão e expor- se aos argumentos de gente que, quando muito, foram alunos medianos na escola ou escreviam redações sobre minhas férias ao voltarem das aulas e, de lá para cá, pouco se acresceu a sua produção intelectual além disso.
Como dizia minha orientadora de doutorado, isso é café requentado. A imprensa escolheu um assunto para vir à tona que já é ponto pacífico entre quem estuda o idioma mesmo, de verdade. A língua possui variações que não podem ser ignoradas no processo de aprendizagem de um idioma. Em momento algum, pareceu-me que o livro ensina a falar assim, até por que, assim,  muita gente já vai para escola sabendo. Entretanto, fez-se uma tempestade em copo d'água com uma coisa que foi mal lida, mal interpretada e mal divulgada.
Pessoalmente, em um livro escrito por mim, eu não abordaria a variante popular para fins de contraste, mas isso seria uma opção minha como aquela foi a dos autores e considero-a legítima, pois trata-se de uma metodologia, uma abordagem com suas vantagens e desvantagens. Assim como a que eu adotaria se tratasse do caso em um trabalho meu.
Entre graduação até doutorado, tenho vinte anos de estudo intenso de Língua Portuguesa, sua gramática e variações e toda vez que se levanta uma questão linguística pela mídia vejo a coisa sendo discutida de forma tão imatura, tão sensacionalista, tão tola que opto por pegar meu tempo de estudo e meus títulos e deixá-los bem guardados. De onde só saem para os cerimonais das formaturas no final dos anos.
Acho que estou ficando velho, acho que estou ficando cada vez mais sem paciência.
***
Nesses anos todos, acostumei-me com a variação da língua, só não me acostumei com políticos que multiplicam seu patrimônio por vinte em apenas quatro anos... Sabe que isso é uma coisa com que ainda não me acostumei... Mas ainda sou novo (40 anos). Um dia, quem sabe, eu acabo achando normal.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Dicas de uma boa palestra - falando e sendo ouvido!



Palestra de mais de 60 minutos é um convite à dispersão e o pior é que o palestrante, muitas vezes, nem se dá conta disso. A comunicação oral é precedida de regras que a diferenciam de outras modalidades como a escrita. E, mesmo dentro da modalidade oral, ainda há distinções pois, uma apresentação de uma aula faz parte de um contexto imenso que ocupa um semestre ou um ano, já uma palestra para um público sobre um tema ocasional pede uma dinâmica muito mais ágil do que a usada em uma aula. O fato é que muita gente não sabe, ou ignora isso, fazendo de suas palestras uma tortura medieval que nos faz questionar que a morte não é a pior coisa do mundo. Mas eis que há cinco dicas para não ser o palestrante enquadrado no crime contra a humanidade (tortura).

1. Não abuse do tempo. 45 minutos é o mínimo, 60 minutos o ideal, 90 minutos é um exagero. Ninguém presta mais atenção e uma boa parte dos ouvintes já saiu para atender celular e não voltou mais. Observe.
2. Acredite. A sua platéia, principalmente em uma universidade, é alfabetizada. O que dispensa que você leia um papel para eles ou que fique lendo os slides de powerpoint que você está projetando.
3. Interaja com a platéia, exemplifique, mude o tom de voz. Uma pessoa falando, falando, falando... na sua frente de forma monotônica... sem retorno de quem ouve... dá um sono equivalente a uns 3 comprimidos de Alprazolan de 1 mg. Eu conheço esta experiência...
4. Seja espirituoso. Programa sua palestra para assumir tons de humor e provocar alguns risos. Rir libera endorfina, causa prazer, aumenta a memorização e cria empatia com seu público. Programe-se para fazer as pessoas se divertirem e aprenderem.
5. Evite apresentações teóricas para públicos ecléticos. As pessoas sabem que você sabe muito, por isso, pule essa etapa e vá direto a como a teoria se aplica ao dia-a-dia delas. Fale fácil, exempliqfique. Nunca se esqueça de que falar difícil é fácil. Difícil é falar fácil. 

Agora, na próxima palestra, você conseguirá entender melhor por que é tão pesado suportar certas pessoas falando e outras, quando termina a apresentação, dá um gostinho de “quero mais”.

sábado, 31 de outubro de 2009

Twitter veio para ficar - a síntese da construção da informação


Discordo do Saramago quando ele diz que o twitter é algo que nos coloca a um passo do grunhido. Pessoalmente, não gosto do jeito de ele escrever e acho que muita gente deve pensar barbaridades sobre aquele mania de não fazer parágrafo em seus livros. Minha relação com ele é a seguinte: gosto da história, não gosto da forma.
Uma vez já apontei aqui que o blogue é uma linguagem diferente e que encontra sua limitação nas barras de rolagem de um monitor. Textos muito longos, temática pesadas ainda são casos distantes da realidade dos leitores de tela. Há colegas que resolvem publicar capítulos de seus livros em blogues. Pessoalmente, isso não dá certo. Até porque há um ponto de saturação de leitura no monitor. Ninguém aguenta ficar lendo páginas e páginas, por horas, na frente de um monitor.
O blogue pede uma linguagem mais rápida e mais eficiente. Um uso adequado do hipertexto para não cansar o leitor. E onde o twitter entra nisso? Pois é... o Twitter é a síntese da informação que coloca o leitor direto no ponto para sair atrás da complementação que lhe interessa e assim cria um critério de triagem mais segmentarizado do que qualquer outro.
Tenho a convicção de que tudo que já havia para ser dito já o foi. Os blogues vêm nos ensinar como se diz isso na internet e o twitter nos mostrar como dizer o máximo com o mínimo de palavras. O mais, o leitor busca por si. Só apontamos o caminho.
Desculpe, Saramago... mas você está errado.
Aliás, você, leitor, já está seguindo o saco de filó no twitter?

Twitter Button from twitbuttons.com

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A arte do comentário I: As comunidades e seu funcionamento básico


Prefiro não comentar.
Copélia - Toma lá da cá


Pensei em abrir uma série sobre os aspectos textuais, pragmáticos e semânticos dos comentários. A idéia é responder o que vem a ser um bom comentário, quais as bases de um boa interferência textual e como fazer isso de forma natural e intuitiva. Dessa forma, resolvi começar de onde é feita boa parte dos comentários: as comunidades do Orkut.
O problema inicial é que as comunidades com tópicos do tipo “COMENTE O BLOG ACIMA” são uma fonte de esperança e frustração para os blogueiros que estão começando, pois eles saem comentando pra tudo que é lado em troca de retorno que, muitas vezes, dependendo do horário (acredite, tem horários péssimos para visitar estas comunidades), pegam uma galerinha ruim de jogo demais que, ora comenta KKKKKK legal seu blog, visite o meu, ora adorei seu texto bjx, visite o meu, ou nem comenta (o que, sinceramente, eu prefiro). Eu me pergunto se uma pessoa que insere um comentário desses acredita sinceramente que alguém vai visitá-la.
E sabe que o pior é que acredita.
Eu sempre sugiro: ative a moderação de comentários para que não encham seu blogue de porcarias. Outra dica é a de não insistir. Horário ruim, cai fora. Veja os usuários que estão na brincadeira antes de entrar nela. Tópico cheio de pessoas que não sabem brincar... ops! Mude de horário, essas pessoas não enganam a todos por muito tempo e acabam sendo excluídos pelo próprio grupo.
E por fim, não se faça de coitadinho!
Poxa, tomei calote de novo, coitadinho de mim, poxa, ninguém me ama... Por que eu, por que eu? Ó.. não me dá calote não, viu! Bobo, feio, cabeça de melão...

O mundo não gosta nem um pouco de coitadinhos.


Em tempo:
Desde o dia em que li uma postagem do Wander sobre comentários, fiquei com uma idéia me rodeando a cabeça. Sabemos que comentar é interagir lingüisticamente com o outro por via do que foi escrito, logo, toda interação pressupõe regras tácitas com as quais concordamos logo de início (ou não???).
Com os comentários não é diferente e, após anos estudando autores da semântica, da pragmática e da lingüística textual, resolvi abrir uma série denominada "A arte do comentário", em que vamos apresentar o que vai além da web etiqueta. Trata-se do universo textual, pragmático e semântico dos textos que deixam em comentários de postagens de blogues. No saco de filó já passamos nesse um ano de vida a marca dos 3000 comentários, tenho muito material e experiência com isso, mas optei por não fazer as referências diretas para não melindrar ninguém.