Uma das frases mais eficientes para matar qualquer boa vontade futura é essa: não fez mais do que a obrigação (normalmente, falada às escondidas após o favor prestado). Muitas vezes, esquecemos que ainda que seja obrigação é algo que poderia não ser feito e nos deixar numa situação complicada.
Há ainda outro fator agravante. A ideia de obrigação envolve desde o conceito de função profissional até a tênue ideia de gratidão (ou suposta gratidão que deveria existir por algo feito com interesse de retorno). Um funcionário público que o atende e demonstra interesse em resolver o seu problema cumpre sua obrigação até o momento em que ele o atende. A parte do interesse dele deve ser vista como o excedente da obrigação, afinal, o problema é seu, não dele.
O colega que lhe presta um favor está excedendo a sua obrigação ainda que você tenha salvo sua vida de terríveis dragões assassinos que o cercaram em uma esquina escura. Lembre-se, a função de seu colega não é prestar favores, nem a sua de salvar pessoas de dragões assassinos que existem em todas as esquinas.
O grande mal das pessoas é fazer e usar tudo como moeda de troca. A partir daí, decorrem as decepções e desentendimentos. Frases do tipo “eu fiz tudo por fulano e quando precisei ele me negou ajuda”. Pois é.. é exatamente isso. Avisasse então, olha, estou lhe fazendo esse favor e ele equivale a X, por isso, faça o favor, assine essa promissória, quando você quitar eu dou baixa.
Não conte nunca com a consciência humana. Faça as coisa pela sua consciência e você vai se poupar muitas decepções desnecessárias.