Sou o tipo de público de teatro mais ranzinza que conheço. E olha que eu já fiz de tudo para melhorar. De uns anos para cá, com o advento do stand up comedy, acho que fiquei mais enjoado ainda. Nesse tipo de espetáculo, o ator tem que ser muito criativo e o humor é descartável... Ninguém agüenta ver duas vezes. Sinceramente, eu não sei como é que uma pessoa consegue achar graça em humorista que faz personagem de bêbado, conta piada de sogra e história de corno.
Estive em um show de humor certa vez e os três esquetes eram: um bêbado; acho deprimente e não sei como alguém consegue rir de um cara imitando alguém embriagado, falando confuso, caindo pelas beiradas e que, na minha concepção, é um doente grave. Soa-me mais ou menos como rir de alguém com câncer terminal. Não é má vontade minha não, mas está cada dia mais difícil ser educado nessas situações.
Depois, entra outro cara contando piadas de sogra. Bom, simplificando e encurtando a história. Sogra boa é sogra morta, sogra é bruxa, sogra tem que sofrer... Não tenho nada contra minha sogra, até que acho uma pessoa bem legal, mas sinto que se manifestar meu ponto de vista com um cara daquele, vou ser espancado. E pasmem, a piada mais nova é do tempo da antiga TV Tupi e ainda tem um filho da mãe na platéia que ri.
E, finalmente, as piadas de corno. As famosas listinhas de tipos de corno (Isso era para ser proibido por lei de tão gasto e repetitivo). O cara entrou, e, antes da primeira piada, perguntou: vocês conhecem um corno?
E, no silêncio de minha cabeça, pensei: corno eu não sei, mas um idiota que perdeu 10 reais e uma hora e dez minutos do seu tempo sentado aqui... esse eu conheço.
Muito prazer, Marcelo!