sábado, 30 de janeiro de 2010

O dia em que as coisas perdem a graça

Acabei de vir da pracinha com meu filho. Ao redor havia muitos pais e mães que conduziam seus filhos de um brinquedo a outro. Eu empurrava o balanço do meu garotinho que seguia aquele movimento de vai-e-vem até parar por falta de impulso. Saí de um balanço e fui para outro do lado e fiz a mesma coisa. Meu filho dava risada durante o balançar e quando diminuia gritava: "qué". Para eu continuar dando embalo ao movimento.
Saímos dali e fomos para um brinquedo que rodava e ficava assim o tempo todo. As crianças faziam fila. Depois, passamos para uma gangorra e logo mais um escorregador. As trajetórias se repetiam inúmeras vezes. Um brinquedo balançava, outro girava, outro subia e descia... o outro.. era uma rampa em que se descia escorregando. Para mim, banal e repetitivo, para meu filho o ponto máximo de diversão de seu dia. De uma forma ou de outra, eu me divertia. Não com o brinquedo, mas com a felicidade dele.
Penso que a gente envelhece não é quando o tempo passa, quando o corpo enfraquece, quando as rugas aparecem. Envelhecemos quando as coisas perdem a graça e os brinquedos se tornam meros objetos de movimento circular, semi-circular, rampas deslizantes e vai por aí.
Reaprendi a graça que isso tem de novo, hoje, com os olhos do meu menininho.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Não tentem fazer isso em casa


Outro dia vi um daqueles mágicos que fazem e explicam a mágica (êta coisa sem graça!) fazer um truque em que havia uma caixa no meio de duas rampas. De um lado havia uma serra circular de uns 120 cm de diâmetro, de outro, outra serra do mesmo porte. À frente, havia um grande maçarico e, em cima, uma bigorna. O cara entraria na caixa, as serras desceriam dos lados, a bigorna cairia e o maçarico queimaria as laterais mostrando o mágico que não teria sofrido nada.
Antes de começar o truque, o locutor avisou:
- Não tentem fazer isso em casa!

Um aviso muito prudente e bem apropriado, já que a coisa mais comum é uma pessoa ter em casa, duas serras circulares de 120 cm de diâmetro, um maçarico, uma bigorna, duas rampas e uma caixa de madeira do tamanho de uma geladeira...
Eu, por exemplo, guardo essas minhas coisas sempre longe do alcance das crianças, perto dos remédios e dos produtos de limpeza.


sábado, 23 de janeiro de 2010

As coisas não precisam ter sempre sentido


Um dia eu estava assistindo a uma entrevista e o cara falava sobre o significado de alguns nomes. Lembrei dos filmes de caubóis em que o índio se chamava, Chero-toko, e os seus sempre explicavam que aquele nome significava “guerreiro selvagem que luta na lua com honra e perseverança”. E eu ficava pensando. Caramba, que poder de síntese.. tudo isso numa palavra pequeninha.
Acho que foi por conta desse poder de síntese que algumas tribos entraram em extinção. Explico. Chegou-se a um ponto tal que para o líder da tribo dar uma bronca o cara só olhava e falava: Ó...! e todos já entendiam seu sermão sobre a virtude, a honra, a sensatez e a presença de um deus imenso e bondoso que cuidava de todos. Num estágio evolutivo posterior, era só uma levantada de sobrancelha e os demais se prostravam de joelhos. Era um silêncio ensurdecedor.
Com o passar do tempo, todos morreram.. de tédio.
Mas, tudo isso é para falar que nessa busca por explicar os nomes surgem coisas absurdas e que me fizeram perder o gosto por etimologia (estudo da origem das palavras) muito cedo. Vez por outra aparece um a jornalista (sic) explicando que uma palavra se origina em uma outra expressão ou apresentando uma história mirabolante de um vocábulo. No fundo, é um chute atrás do outro, mas que é tão bem bolado que a gente sai repetindo por aí com ares de verdade universal.
Bom, salvo raríssimas exceções, me esquivo de etimologias e assumo que uma palavra significa o que ela quer dizer. Já gostei de contar que morcego vem do latim mus (rato) e cecus (cego) porque os antigos romanos acreditavam que morcegos eram ratos que envelheceram e criaram asas, mas, hoje, isso nem tanto. me agrada.
Continuo gostando das historinhas, mas para mim, morcego é um mamífero que parece com o rato e que voa. (ponto final)

P.S.: A coisa mais absurda que já ouvi foi que a expressão cuspido e escarrado para referir-se a semelhança entre pessoas vinha do termo “esculpido em carrara”. E desde quando quando alguém é igual ao outro parece com uma estátua de mármore carrara. A idéia é esculpido (semelhante fisicamente) e encarnado (semelhante no jeito de ser).

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Digo, mas não tem conteúdo...

Vivemos em tempos de mudanças... essa frase é bem tola. Afinal sempre está mudando alguma coisa. Nem que sejam as células do corpo. O país não fugirá ao seu destino... nem o país, nem as moscas. Brasil é o país do futuro... Tirando a possibilidade de morrer amanhã, o que não é do futuro? È importante um abordagem holística... holística é falar de tudo, tudo não é nada definido. Então é falar de nada? Só sei que nada sei. Se ele não sabia nada como é que sabia isso?
Outro dia andei pensando sobre estas coisas tolas que a gente ouve todos os dias e cheguei à conclusão de que as pessoas não só não falam o que pensam (disso já sabíamos), mas o que mais me assusta é que não pensam no que falam.
Pense nisso, pelo menos antes de falar.

Imagem da semana



Encontrei este cartaz na internet e achei interessante... Morena, com marquinha, peladinha e ainda disseram que é maior galinha.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Sempre atual.. BBB de novo, tudo igual de novo...


Como construir um discurso do Bial de eliminação em paredão.
Curso prático em uma lição

Depois de vários contatos dos brothers com as famílias via TV de LCD (comprei uma daquela) e ver que os caras repetirem sempre as mesmas coisas: ó, a tia lalá, O Zecão... caraca!.. Meu pai, minha mãe, a Aninha... caraca! O Alfredo, o Jão, o Pepe...caraca... (preste atenção que eles colocam a mão boca sempre que apontam para a TV. Será isso um sinal?), chega o Bial com um discurso que segue um padrão. Eis aqui a fórmula do mais do mesmo de sempre:

1. Adote a seqüência aleatória para comunicar. Tente ser imprevisível, mesmo quando só há duas opções : O ELIMINADO e o QUE FICA. O QUE FICA e o ELIMINADO. Nunca permita que saibam quem é o eliminado no início do discurso. Desvie com elogios aos dois... Isso sempre confunde.

2. Reúna considerações pessoais de cunho poético e com metáforas de efeito.
Ex.: E você, Fulana, que veio como um furacão e como um brisa se foi. Em alguns momentos explode em ímpetos, em outros deságua de ternura... E você, beltrana, uma flor que chegou em botão e desabrochou na convivência com os brothers. (Observe a carinha de idiota que as pessoas fazem quando ouvem isso, a cabecinha sempre vira para um lado, como se tombasse levemente)

3. Faça citações literárias que já se tornaram lugares-comuns, com interações a elas:
Ex.: Tudo vale a pena se alma não é pequena, mas a sua alma não foi pequena.
Tinha uma pedra no meio do caminho, entretato, o que é uma pedra para um guerreiro.
Amor é fogo que arde sem ver, mas esse você viu arder e se esvair nas cinzas.
(Caramba ele conhece Fernando Pessoa, Drummond e Camões.. putz é muito crânio! Muito culto! - Acredita que eu já ouvi isso?)

4. Afunile o discurso. Faça o processo na ordem inversa, ou seja, afunile o discurso no oponente que fica e rompa a expectativa ou afunile no eliminado. Encha de frases feitas de uso popular.
Ex.: Mas quem muito procura acha, e você procurou... o eliminado de hoje é você, Fulano.
Água mole em pedra dura, tanto bate... o eliminado de hoje é você.

É isso aí.
Agora, na hora de dispensar alguém (namorado(a), empregado(a)... ), você já tem estilo BBB.

Em Breve...
Como fazer piadinhas
Por Fausto Silva


Como fazer novelas que só se passam no Leblon
Por Manoel Carlos

Fazendo pessoas rirem por educação

Por Renato Aragão

sábado, 9 de janeiro de 2010

Violência é um recurso lamentavelmente legítimo


Outro dia eu corrigia redações do ENEM e um menino cujo título da redação era "ética, paz e direitos humanos", lá pelas tantas no seu texto, dizia que era um absurdo mantermos vivos vivendo às custas do estado um sujeito como o Fernandinho Beiramar. Onde é que estavam as autoridades que não mataram esse cara ainda (sic)...
Obviamente, ele não atentou para o fato de haver um incoerência entre seu título e suas ideias, mas me despertou para o fato de que, inconscientemente, isso é um sentimento comum. Percebo que a violência se justifica para coibir a violência. Lembro das greves que defendem os direitos dos trabalhadores restringindo e limitando (inclusive com violência) o direito de quem não quer ou não pode protestar. Os piquetes são a maior antítese dos sistemas democráticos. Quando a polícia usa violência contra os grevistas as imagens mostradas assustam, mas e quando os grevistas usam violência contra outros colegas que optam por não fazer greve, o que pensar disso?
Parece aquele discurso do vamos acabar com a violência nem que seja a porrada e vamos dar um basta nessa mentirada nem que a gente tenha que inventar qualquer história.


Somos feitos de silêncio e som... de luz e escuridão... hegelianamente humanos. Não vejo uma alternativa para lidar com isso, tento me acostumar. Tento entender menos...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A história que a bíblia não terminou de contar


"Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi.

Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás tu dentre todos os animais domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida."
Genesis 3

Um silêncio tomou conta do paraíso enquanto Adão, Eva e a serpente saiam pela porta dos fundos.Diferente do Big Brother, não havia o Bial para dizer: aí vem nossos heróis ou mesmo a família com camisetas e cartazes para saudá-los. Até que adão rompeu o silêncio. 


- Você acha que ele falou sério, serpente?
- Não. Não vou ser maldita.. ele ainda vai inventar a mosca, o aedes aegypti, a barata...
Adão fica em silêncio.
- Ele te chamou de animal doméstico...?
- É, né.
- Falou que você irá comer pó todo dia...
- Adão, pó não se come, e cheira... Não deve ser ruim, pergunte ao Maradona.
Adão fica pensativo
- Andar sobre o ventre não é rastejar?
- É Adão... é. Responde a serpente impaciente.
- Mas você já não...
Interrompe bruscamente a serpente.
- Cala a boca, Adão, que daqui ainda dá para ele ouvir a gente conversando... Só porque você se ferrou vai querer ferrar os outros também, pô.
Silêncio de longos minutos.
- Acho que essa praga sua caberia melhor num cachorro...
- CALA A BOCA, ADÃO, gritam a serpente e Eva que já estavam sem paciência com o cara.
***
Séculos depois, a serpente só se ressente é dos trocadilhos que fazem como seu nome.
***
Em tempo:
Eva e Adão também foram penalizados com trocadilhos infames por toda a eternidade...


sábado, 2 de janeiro de 2010

A verdade que ninguém quer admitir


Primeiramente, quero dizer que toda iniciativa no sentido de amenizar o impacto da nossa existência no planeta é válida, mas sinceramente, estamos falando em amenizar. Evitar o impacto de sermos seres que poluem, que respiram, que destroem, que mudam o meio em que vivem, isso é impossível.
Para atingir a meta poluição zero deveríamos deixar de comer e andar nus. Somos seres que soltam pum... mais de cinco bilhões de puns... se cada um soltar 5 por dia, são 25 bilhões de puns. Isso sem contar nas vacas, bois, elefantes, cachorros, gatos.... Isso sem contar em tudo que morre e libera gases de decomposição. O fato é que a poluição está diretamente ligada a nossa existência. Existimos, logo, poluímos.
Podemos reduzir o impacto de nossa existência no meio ambiente, mas evitar isso é utopia. Quer saber a verdade que ninguém quer falar. Temos que educar as gerações futuras para poluir menos e reaproveitar mais, mas o planeta vai aquecer, as águas vão subir, cidades vão inundar e nós vamos , assim como o fizemos nós ultimos 100 mil anos, nos adaptar ao calor, ao nível do mar, às mudanças climáticas. Sabe por quê? Porque somos a espécie mais adaptável do mundo e se um dia tudo acabar sobraremos nós e as baratas.
Isso se as baratas não nos ameaçarem.
Se isso acontecer, acabaremos com as baratas e só sobraremos nós.