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domingo, 2 de agosto de 2015

Meu ideal também seria fazer isso, Mestre Rubem..

Em 1967, Rubem Braga publicou uma crônica chamada “Meu ideal seria escrever” que reflete todo o anseio daquele que quer mudar alguma coisa no mundo. Não se trata de mudar o mundo já que isso é de uma pretensão absurda, uma vez quem nem mesmo conseguimos mudar pequenos maus hábitos de nós mesmo. Mudar algo no mundo é alterar o espírito de certas coisas que, por fim, gerariam uma reação em cadeia mudando o espírito de outras e outras e outras.
Pois eu também tenho como ideal escrever uma história tão engraçada e espirituosa que aquela moça que está lendo da tela do smartphone dentro do ônibus, cansada, estressada, além da idade do viço da juventude e ainda amargando a solidão de um jantar com comida de microondas, esquecesse os amores que se foram, que não deram certo e abrisse um sorriso leve que a libertaria por alguns instantes de um gosto de fel nas memórias.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Filosofia popular pela metade... Daí...

Alguns autores de linguística dizem que não existe o texto incoerente, nós é que não conseguimos ancorar a compreensão no plano em que o enunciado se origina.
Sei não...
Não que eu discorde totalmente, mas acho que tem gente que abusa desse argumento, às vezes, sem ao menos saber que ele existe.
Conheci uma senhora que adorava ilustrar os seus discursos com um dito popular que, vez por outra, não dizia nada com coisa nenhuma. Certa vez, contando-lhe o caso de um rapaz que estava namorando uma moça que era encrenca pura ela disse: é isso aí, o bom filho a casa torna. Outra vez, uma pessoa próxima lhe narrou um caso de um homem que traiu a mulher, morreu na casa da amante e foi a mulher que teve que buscar o seu corpo. E ela concluiu: Em casa de ferreiro, o espeto é de pau.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A palavra escrota é muito escrota

Escrota é a palavra mais escrota que eu conheço. Sempre fiquei pensando se não é pela associação do sentido ao referente. Afinal, escroto é um negócio escroto. Aliás, órgãos sexuais são coisas que ficam bem escondidinhas exatamente por sua carência de atributos estéticos. Beleza fica no corpo como um todo, no rosto e não lá, embaixo, escondido. Onde deus definitivamente optou pelo funcional e não pelo estético, dispensou o arquiteto e deixou o engenheiro por conta da obra.
De outra forma, se primasse pela beleza, ficaria onde fica hoje o seu rosto e estaria em sua carteira de identidade estampada, lá.. para todo mundo ver. Mas o fato é que a palavra escroto ganhou uma conotação tão genérica que se expandiu para categorias. Outro dia eu ouvi o termo, fulano é um subescroto (sem hífen mesmo). Caramba, imagina o que é ser subescroto. É ser algo (ou alguma coisa) que precisa se esforçar para ser escroto quando melhorar de padrão existencial. Enfim, é o fim.
Eu gosto mesmo é da palavra coisa. Serve para qualquer coisa (viu). Expressa ideias quando temos uma coisa a dizer ou vira objetos quando perdemos uma coisa ou compramos uma coisa. São sentimentos quando dá uma coisa dentro do peito ou vira verbo quando vemos alguém com um negocinho (essa é minha segunda palavra preferida) na mão coisando algo.
Enfim, coisa é tudo que precisamos quando vamos dizer uma coisa. Coisa é a coisa mais útil que existe.
Só não me agradam as coisas escrotas... essas não.

P.S.: As bochechas do Fofão sempre pareceram indecentes...rs Escroto, né...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Significado das expressões I - pregar a palavra de Deus

A insistência incômoda de alguns religiosos em nos converter nos dão a ideia mais exata da expressão “pregar a palavra de Deus.” Um prego, um martelo, uma superfície sólida e a ideia fixa de que uma coisa vai entrar dentro de outra nem que seja à base de muita porrada.

sábado, 23 de janeiro de 2010

As coisas não precisam ter sempre sentido


Um dia eu estava assistindo a uma entrevista e o cara falava sobre o significado de alguns nomes. Lembrei dos filmes de caubóis em que o índio se chamava, Chero-toko, e os seus sempre explicavam que aquele nome significava “guerreiro selvagem que luta na lua com honra e perseverança”. E eu ficava pensando. Caramba, que poder de síntese.. tudo isso numa palavra pequeninha.
Acho que foi por conta desse poder de síntese que algumas tribos entraram em extinção. Explico. Chegou-se a um ponto tal que para o líder da tribo dar uma bronca o cara só olhava e falava: Ó...! e todos já entendiam seu sermão sobre a virtude, a honra, a sensatez e a presença de um deus imenso e bondoso que cuidava de todos. Num estágio evolutivo posterior, era só uma levantada de sobrancelha e os demais se prostravam de joelhos. Era um silêncio ensurdecedor.
Com o passar do tempo, todos morreram.. de tédio.
Mas, tudo isso é para falar que nessa busca por explicar os nomes surgem coisas absurdas e que me fizeram perder o gosto por etimologia (estudo da origem das palavras) muito cedo. Vez por outra aparece um a jornalista (sic) explicando que uma palavra se origina em uma outra expressão ou apresentando uma história mirabolante de um vocábulo. No fundo, é um chute atrás do outro, mas que é tão bem bolado que a gente sai repetindo por aí com ares de verdade universal.
Bom, salvo raríssimas exceções, me esquivo de etimologias e assumo que uma palavra significa o que ela quer dizer. Já gostei de contar que morcego vem do latim mus (rato) e cecus (cego) porque os antigos romanos acreditavam que morcegos eram ratos que envelheceram e criaram asas, mas, hoje, isso nem tanto. me agrada.
Continuo gostando das historinhas, mas para mim, morcego é um mamífero que parece com o rato e que voa. (ponto final)

P.S.: A coisa mais absurda que já ouvi foi que a expressão cuspido e escarrado para referir-se a semelhança entre pessoas vinha do termo “esculpido em carrara”. E desde quando quando alguém é igual ao outro parece com uma estátua de mármore carrara. A idéia é esculpido (semelhante fisicamente) e encarnado (semelhante no jeito de ser).

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Digo, mas não tem conteúdo...

Vivemos em tempos de mudanças... essa frase é bem tola. Afinal sempre está mudando alguma coisa. Nem que sejam as células do corpo. O país não fugirá ao seu destino... nem o país, nem as moscas. Brasil é o país do futuro... Tirando a possibilidade de morrer amanhã, o que não é do futuro? È importante um abordagem holística... holística é falar de tudo, tudo não é nada definido. Então é falar de nada? Só sei que nada sei. Se ele não sabia nada como é que sabia isso?
Outro dia andei pensando sobre estas coisas tolas que a gente ouve todos os dias e cheguei à conclusão de que as pessoas não só não falam o que pensam (disso já sabíamos), mas o que mais me assusta é que não pensam no que falam.
Pense nisso, pelo menos antes de falar.

Imagem da semana



Encontrei este cartaz na internet e achei interessante... Morena, com marquinha, peladinha e ainda disseram que é maior galinha.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Você é fogo, eu sou paixão...

Existe uma coisa chamada Noa. Um professor meu da PUC/MINAS, lá nos anos 90, me falou, certa vez, que isso é um termo usado para definir tabus lexicais, ou melhor, palavras que são carregadas de preconceito nos meios sociais. É aquele caso de pessoas que não falam a palavra desgraça ou câncer, por exemplo. As pessoas substituem os nomes como se fosse uma maneira de as coisas desaparecerem... Mas não desaparecem, pois nomes são rótulos. E só. O conteúdo é o que os define.
Tudo que se refere a sexo é cercado de Noas. Uma das expressões que mais criam inconvenientes é aquela que usamos quando queremos ter um momento de carinhos mais íntimos com a nossa parceira. Transar é um termo muito adolescente, fazer sexo parece coisa de biólogo, bimbar parece coisa de funkeiro, trepar parece coisa de ator pornô, ter relações parece coisa escusa, ilegal... ir para cama parece coisa de gente antiga, brincar parece coisa de Macunaíma...
Resta ainda o suave e meigo fazer amor. Acho que é um termo muito amplo para definir somente o sexo. Até porque nem sempre fazemos amor e sexo ao mesmo tempo. E, de mais a mais, o Vando acabou com o meu romantismo da coisa com aquela história de quando tão louca, me beija na boca, me ama no chão.
Daquela época em diante, nunca mais consegui ouvir essa expressão e não imaginar uma cama redonda, luzes vermelhas na parede, luzinhas de neon no chão, colcha de oncinha, almofadas em formato de coração, espelho no teto e uma radio bem chulé tocando “meu iaiá, meu ioiô...”

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

As coisas e os sentidos das coisas

Um dia, eu estava assistindo a uma entrevista na TV e o cara falava sobre o significado de alguns nomes próprios. Lembrei dos filmes de caubóis em que o índio se chamava, Chewabo, e os seus pares sempre explicavam que aquele nome significava “guerreiro bravo e selvagem que luta sem armas na lua cheia e/ou minguante com honra e perseverança por uma causa nobre dos seus irmãos que morreram em outras batalhas”. E eu ficava pensando:
- Caramba, que poder de síntese.. !!
Tudo isso numa palavra só.
Acho que foi por conta desse poder de síntese que algumas tribos entraram em extinção.
Explico...
Chegou-se a um ponto tal que, para o líder da tribo dar uma bronca, ele só olhava e falava: Ó...! e todos já entendiam seu sermão sobre a virtude, a honra, a sensatez e a presença de um deus imenso e bondoso que cuidava de todos. Num estágio evolutivo posterior, era só uma levantada de sobrancelha e os demais se prostravam de joelhos.

Era um silêncio ensurdecedor.
Com o passar do tempo, sem ter muito o que falar, ou quando se tinha resumia-se a tão pouco que todos morreram.. de tédio.
Mas, tudo isso é para falar que, nessa busca por explicar os nomes, surgem coisas absurdas e que me fizeram perder um pouco do gosto por etimologia (estudo da origem das palavras) muito cedo. Vez por outra aparece um jornalista explicando que uma palavra se origina em uma outra expressão ou apresentando uma história mirabolante de um vocábulo. No fundo, é um chute atrás do outro, mas que, às vezes, é uma historinha tão bem bolada que a gente sai repetindo por aí com ares de verdade universal.
Bom, salvo raríssimas exceções, esquivo-me com freqüência de etimologias e assumo que uma palavra significa o que ela quer dizer ali, no contexto. Já gostei de contar casos como o de morcego , que vem do latim mus (rato) e cecus (cego) porque os antigos romanos acreditavam que morcegos eram ratos que envelheceram e criaram asas . Mas, sabe de uma coisa? Enjoei.
Continuo gostando das historinhas, mas para mim, hoje, morcego é um mamífero que se parece com o rato e que voa. (ponto final)


P.S.: A coisa mais absurda que já ouvi foi que a expressão popular "cuspido e escarrado", usada para se referir à semelhança entre pessoas, vinha do termo “esculpido em carrara”. E aí eu pergunto: desde quando quando alguém que é igual ao outro parece com uma estátua de mármore carrara do outro? A idéia original é esculpido (semelhante fisicamente) e encarnado (semelhante no jeito de ser, na alma).. Por favor, sem cuspir ou escarrar em ninguém...

Aí... de lá para cá, perdi o gosto pela coisa.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Tempos e palavras mudam... amanhã tem mais saco. E novinho também...

Sou de um tempo em que ser lesado ou doente era algo digno de preocupação e não apelido elogioso. Tempo em que cachorras, ou eram fêmeas de cães, ou prostitutas. Lá, se foi a época em que sinistro era algo sombrio e chegava a assustar... e Velho era uma referência pop ao pai (Meu velho é gente fina!) Hoje, “véios” tem 14 anos e, muitas vezes, são também “malucos”

- Véi, maluco... Sinistro!

Sou de uma época que “um velho maluco sinistro” era uma figura sombria que tinha problemas com álcool, carregava um saco nas costas e nossas mães nos avisavam que se não fossemos obedientes, ele nos cataria para fazer sabão.
Ah sim,... e do tempo que Caracas era só a capital da Venezuela ou sujeira acumulada sobre a pele....

“Caracas, maluco”, então... Não fazia o menor sentido.
...
Se bem que Caracas e maluco, hoje, fazem tão mais sentido...

Benditas palavras que mudam sempre.