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segunda-feira, 14 de março de 2016

O texto, o contexto e a má fé

Certa vez, eu conversava com um colega sobre literatura e falava do quanto admirava obras de alguns autores como Nelson Rodrigues. Ele torceu a cara e disse, Nelson Rodrigues é um machista. Fiquei surpreso com a afirmativa, pois pensei que a contextualização do autor era óbvia. Ao que eu completei que sim, que ele era machista, inclusive que Monteiro Lobato, provavelmente, era racista, que Wagner (compositor) era antissemita (Nietzsche também...) e que a bíblia era homofóbica no velho testamento (ainda mais se você focar em Levíticos, um livro escrito no século XV a.C...) Ah sim.. e que Zumbi talvez tenha tido escravos. E qual o problema de se ter tido escravos no século XVII?
Pois é... Retirar o texto e o fato de seu contexto é a maneira mais cruel de não se entender nada e sair propagando sua bela consciência social que o torna o melhor dos seres humanos que já pisaram na terra. Ah sim... E se recusar a acessar a ler o livro por causa da capa.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O mal resolvido - o dilema do macho da espécie

A autoestima masculina não nasce necessariamente no mesmo lugar que nasce a da mulher. Fomos educados para sermos os donos do poder, o mantenedor, a viga mestra da sociedade. Somos "o todo poderoso macho adulto".
Nem tão poderoso, pois estamos submetidos a todas as intempéries de todos os mortais sejam homens ou mulheres. O poder representado pelo dinheiro e pela dominação sexual pode se esvair com muito mais facilidade do que imaginamos e perdê-los implica um ataque arrasador à autoestima masculina.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

O tolo orgulho de macho. Episódio: O Mirradinho


Com o esfriar do casamento e o amornar da cama, Ariovaldo começara há algum tempo com propostas quase perversas para sua esposa. Lá pelas tantas, dera de insistir em variar, buscar caminhos e entradas diferentes para o prazer. (Se é que você me entende) O excesso de filmes pornográficos estava virando sua cabeça e vez por outra ele retornava ao assunto. 
- E aí? Vamos tentar hoje?
- Ariovaldo, não inventa. Não quero. Não gosto.
- Opa! Isso eu não sabia. Como assim “não gosto”? Então você já experimentou com outro?
E as insistências de Ariovaldo prosseguiam nos dias seguintes.
- Quer dizer que com outro pode. Comigo, que sou marido, não pode? É... Veja como são as coisas...
E toda noite era a mesma novela.
- Amor, se doer eu paro.
- Nãããõoo! Já falei.
Ele fazia muxoxo e ficava de bico durante dias.
Um dia, numa insistência daquelas, ela disparou.
- Olha, Ariovaldo. Não quero fazer com você porque tenho medo. Você é muito grande, longo, avantajado.. enfim.. Tenho muito medo disso. O meu ex era mirradinho, curto, fino.. não me assustava em nada.
O marido ficou parado por uns instantes. Assimilou cada palavra daquela revelação tão íntima. Virou para o lado e dormiu com um sorriso discreto. 
Durante meses não tocou mais no assunto. Certo dia, após ser demitido do emprego, chegou em casa com a autoestima em baixa, sentia-se o menor dos homens. Estranhamente voltou a insistir com a mulher de novo naquela tara. Queria porque queria. A mulher percebeu a intenção e repetiu o não seguido das justificativas dadas antes.. 
Ele se virou para o lado e dormiu com um sorriso no rosto. Coitado do mirradinho.... “mirradinho”, pensava com tom de desdém, ele, o grande, o longo, a avantajado.
E ela também dormia... aliviada.