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domingo, 27 de junho de 2021

O que vejo e o que as coisas são

Nietzsche dizia que não temos acesso à verdade dos fatos, mas a narrativas. Mesmo aquilo que presenciamos, uma vez registrado no nosso universo de informação se torna uma narrativa e todas as vezes que retomamos o fato presenciado, retomamos a narrativa construída por nós mesmos. Sim.. Estamos diante de uma intangibilidade da verdade pura e uma multiplicidade de narrativas. Coisa doida, né? Pois é.

O fato é que enxergamos o mundo através de lentes que só permitem a visão do que elas filtram. Lentes formadas por nossa experiência pessoal, nossa formação cultural, nossos interesses pessoais e uma infinidade de fatores que me levam a crer que não enxergamos o mundo necessariamente por aquilo que queremos ver (como pensei muito tempo), mas por aquilo que conseguimos ver.

Assim como no livro O mágico de Oz (The Wonderful Wizard of Oz - romance de L. Frank Baum) que virou filme, em que havia a cidade das esmeraldas porque o mágico obrigava que todos usassem óculos de lentes verdes, vejo que, muitas vezes, o que as pessoas veem é aquilo que surge através de óculos verdes e acham que toda cidade é feita de esmeralda mesmo. 

Isso ajuda muito a entender a cegueira ideológica que temos hoje. Os radicais de esquerda, que, no fundo, são iguais aos radicais de direita, uma vez que são duas faces da mesma moeda, enxergam o mundo através de lentes muito pessoais e constroem narrativas que atendem ao conjunto de verdades que escolheram com base naquele mundo que conseguem enxergar. Aliás, um mundo pleno de uma lógica pessoal, própria e conveniente.

O meu medo é que, no desconhecimento dos óculos que carregam no rosto e que distorcem o mundo para caber nas suas crenças, os limites se esvaiam e as ações passem a ter o fim como justificativa suprema um bem maior. Os nazistas acreditavam nisso, os fascistas acreditavam nisso, Mao Tse tung acreditava nisso, os comunistas acreditavam nisso, todos traziam a certeza de estarem agindo pelo bem comum lutando por um mundo melhor. Os óculos que usavam só permitiam ver isso..

Podemos encerrar a discussão se nazismo é de direita ou de esquerda dizendo que, na verdade, no sentido metafórico da palavra (governo autoritário, opressivo, violento, ditatorial etc) ele é dos radicais de ambos os lados que seguem enxergando o mundo pelas suas lentes e elegendo como inimigos aqueles que não aceitam ver as coisas como eles veem. Isso gera inclusive, hoje em dia, o ódio ao "isentão", que é o nome que dão aquela pessoa que não quer assumir a ideologia dela. Já expliquei isso aqui no blog.

Abrir mão desses óculos de ver o mundo  nu e cru é quase impossível, mas é importante saber usar lentes multifocais e entender que o mundo não é um produto, mas um processo e sendo assim, nunca vemos o como É, mas o como ESTÁ.


***

Se gostou do texto, compartilhe. É sempre bom descobrir pessoas que param para pensar um pouco mais sobre essa loucura que é estar vivo no mundo atual.


sexta-feira, 8 de julho de 2016

A "celebridade" e a intolerância

"Ergo hypocisis sempre est peccatum mortale."
São Tomas de Aquino

Tempos atrás, houve um assunto nas redes sociais que causou grande “comoção” (Se bem que rede social é reduto de todo tipo de comoção ocasional: as pessoas ficam comovidas, engajadas, postam hashtags, mas em menos de duas semanas retomam sua indiferença e alienação) e não deveria ser levada em conta como referência para nada.
Mas o fato é que o ator Alexandre Frota foi recebido pelo ministro da educação (dia 25 de maio) para apresentar um projeto de escola sem partido.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Da barganha à pirraça - a torpe lógica humana

A relação que o homem possui com o conceito de divindade, muitas vezes, é oscilante entre a ingenuidade das cobranças (Poxa, Deus, eu fui tão bom, porque isso foi acontecer comigo. Fui tão fiel e ganhei isso em troca...) ou troca de favores (Se eu conseguir ganhar na loteria vou ajudar os necessitados, se eu ficar curado, vou à Aparecida do Norte a pé...) e a imaturidade de negação de uma criança contrariada pelos pais ou que, quando não vê as coisas do jeito que ela quer, faz pirraça e diz “eu te odeio”, no caso eu não acredito em você, Deus bobo, feio, cabeça de melão.

No primeiro caso, estão muitos religiosos que fazem de sua relação com a divindade um balcão de negócios. Através de promessas, negocia-se que, se o indivíduo obtiver uma graça, em troca, faz alguma coisa "boa". Por exemplo, se eu conseguir comprar minha casa própria, vou à igreja e acendo uma vela. Ou ainda, se eu conseguir um emprego, vou rezar uma novena durante 7 dias.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Fé customizada

Os católicos têm trabalhos de caridade e uma liturgia tão bonita. Já os evangélicos (os de verdade, não os da teologia da prosperidade) possuem uma ideia de reabilitar o indivíduo do vício, do mal que se aproxima bem do que eu entendo como Cristianismo. Pois é. O Cristianismo me fascina. Os protestantes me impressionam por sua coragem de, em um passado, peitar uma das maiores instituições da história e sobreviver. Os judeus me encantam por seus relatos de experiências na convivência entre humanos desde tempo imemoriais. Mas o Budismo também é muito interessantes com as ideias de alma, corpo, evolução espiritual, a ideia de Kharma me atrai e a inexistência exatamente de um Deus chefe geral e controlador de tudo e de todos atendendo a pedidos e punindo me soa interessante.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Um blefe por uma bela história? Negócio fechado.

Toda vez que lhe perguntavam seu nome ele respondia: 
- Shihum. 
As sobrancelhas se franziam e ele explicava que Shihum foi um guerreiro chinês da dinastia Ming que durante as lutas de libertação de seu povoado no ano de 1624, deparou-se com um dilema que o colocava entre lutar pela liberdade ou buscar abrigo para si e todos os seus nas montanhas. E cortado pela luz do por do sol, o guerreiro fez um belo discurso enfatizando que a uma vida sem liberdade e fugindo era por si só a morte. Depois disso, lançou-se de peito aberto contra os inimigos e como protegido pelos deuses derrubou uma tropa de mais de 100 guerreiros.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Todo mundo sempre acha que vale mais


Quando vejo uma greve na TV, sempre penso que ali está um momento desses. Não é dizer que não valemos o que achamos, longe disso, mas é um momento em que, de um lado da mesa, o chefe; de outro, o empregado, disputam os dilemas de quanto você vale, quanto você pensa que vale e quanto os outros acham que você vale.
Ainda sou daqueles que creem que se as pessoas valessem o que pensam, valeria muito a pena comprá-las pelo que valem e vendê-las pelo que acreditam... Ganharíamos uma fortuna em cada negociação. 
O fato é que nessa negociação tem o cara que sabe que você nem vale aquilo tudo, mas lhe convence do contrário e assume seu papel de reinvidicar o seu (o seu leitor) valor. E o que ele ganha com isso? Ganha um aumento no valor dele como defensor das causas de sua classe de valorização do profissional. Esse título lhe oferece uma projeção política, passa a ideia de que ele se preocupa com alguém (além dele, é claro) e lhe bonifica com um cargo poílitico de vereador, deputado ou outra função que lhe permite manter-se bem longe do que ele mais detesta na vida: trabalhar. Afinal, ele nasceu para a política... (sic)
E o mais interessante é que desde que o mundo é mundo sempre foi assim e as pessoas compram esse pacote com a certeza de que ele é o candidato que se preocupa com a causa. Com o tempo, as intenções se revelam, as pessoas se decepcionam e elegem outro mártir da causa que com o tempo se revela e aí.. bom, e aí vocês sabem o resto. 
Enfim, verdade é aquilo em que nos convém acreditar, não é mesmo?

sábado, 26 de setembro de 2009

À espera de D. Sebastião ou outro salvador da pátria.

Para quem não conhece, D. Sebastião foi um rei de Portugal que desapareceu em uma batalha no norte da África. Ele marcou o fim de uma dinastia lusitana de grande prosperidade nas artes, ciências, cultura, enfim, marcou o fim das vacas gordas. De lá para cá, vários povos de língua portuguesa (entre eles nós) passaram a esperar a volta do rei que traria consigo toda prosperidade passada. No Brasil, o caso mais interessante foi o de Canudos no Nordeste, mas há pequenos vilarejos no interior do país que ouviram a história por alto e ainda aguardam o bom rei.
O fato é que estamos sempre esperando o retorno de um rei que irá nos guiar, do messias que irá nos salvar, mas não vem ninguém. Acreditamos que já veio e que vai voltar para nos salvar, sei lá, alguém, um super homem, um rei, um mártir, um santo, um mutante.. qualquer coisa poderosa. A porta se bate todos os dias e ninguém entra. Mas, ainda assim, sustentamos a crença de que há alguém que sempre poderá surgir do nada e resolver nossos problemas de uma vez só, com um gesto mágico e sobrenatural.
Na política, acreditaram em Tancredo e choraram com a sua morte (lá se foi nosso salvador), se decepcionaram com Lula (ele não nos deu igualdade social plena) e esqueceram que eles, entre tantos homens, eram só homens que talvez esperassem também que, de algum lugar, viesse um salvador, um messias, um D. Sebastião que os salvasse, que os redimisse...

P.S.: Para desanuviar a decepção, lembremo-nos, nesse final de ano, daquele que, realmente, veio para nos salvar...

O 13º.
Amém.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Homem sem sonho não para em pé.

(Momento confessional. Não é a cara do saco de filó, mas é necessário agora)

Outro dia, eu estava em uma solenidade na instituição em que trabalho e, na mesa de autoridades, estava um senhor alto, de óculos, passado de seus 70 anos. O tema era a implantação de um CEFET pelo qual ele tanto lutou tanto. Na sua fala, havia as constatações da luta que lhe embargaram a voz, um homem menino que trazia consigo décadas de história e mantinha vivo todos sonhos a despeito dos contratempos da vida.
Sr. Miguel iniciou sua fala, embargou-a de emoção, por fim, concluindo-a. Seriam necessárias décadas para que eu pudesse lhe agradecer pelo modo como aquele recorte de tempo tocou o meu coração. Depois, no local de trabalho fiz questão de dizer isso a ele. Agradeci por me mostrar que o tempo não mata os sonhos... os homens é o matam e culpam o tempo.

Conheci também um rapaz, o Fernando. Ele entrou na minha sala com mais uma daquelas pessoas que vem oferecer algo para a instituição. Eu o recebi. No fluxo de suas palavras, havia muito mais do que uma proposta. Ali, fluíam sonhos. Não era conversa de vendedor, era alguém que acreditava em cada vírgula do que dizia. Enfim, era um projeto ousado de leitura chamado LIVRO SEM FRONTEIRA (Conheçam mais no site. Clique aqui. Vale a pena!) Abracei o projeto e colocamo-nos à disposição para ajudar no que estivesse ao nosso alcance.

Na semana anterior, eu já havia abraçado a causa dos colegas do SOS Serra dos Mascates (conheça mais sobre eles). A causa pela qual luta esse grupo tendo o André e o Victor como representante diretos que tratam comigo, encheu-me os olhos. Cresci aprendendo a amar aquela serra e tudo que representa para minha cidade.

E por fim, outro dia, eu falava com dois grandes alunos e amigos meus (Clarissa e Kenedy) sobre os meus sonhos e vi que os olhos deles brilhavam quando me ouviam. Eu os alimentava de sonhos. Como me alimentaram dias antes... A vida é assim. Um eterno ciclo... uma eterna cadeia alimentar de sonhos.

P.S.: Há um ano, a minha força de sonhar tinha se enfraquecido, mas a vida tem se encarregado de colocar pessoas e idéias em meu caminho para me mostrar que o tempo não mata o sonho, nós é que o matamos.

Tenham uma boa semana.

domingo, 14 de junho de 2009

Estou cansado de concreto e sangue... quero viver em HOGWARTS.

Outro dia eu saía de um shopping onde deixei meu carro logo pela manhã para um compromisso médico. Na saída, entravam vários funcionários para começar a jornada de trabalho. Um deles me chamou atenção, pois repetia várias vezes o sinal da cruz e parecia resmungar algo. Terminado o ritual, entrou e começo seu dia. Tive vontade de segui-lo para ver o que ele fazia lá, mas a pressa foi mais convincente e prossegui para meu compromisso.
À noite, passei por um grupo de pessoas que, vestidos de branco em uma rodovia que me leva até minha casa, colocavam comida, fitas, velas entre baforadas de charuto e alguns resmungos que me lembraram o homem da manhã. Longe de criticar qualquer coisa, senti-me um órfão do universo místico, uma espécie de ser condenado a um mundo de concreto e sangue. Um mundo em que não há resmungos, oferendas, sinais e imagens que te afastem do fatídico destino de toda a ação... o efeito desta.
Do sentimento de orfandade, migrei para a sensação de inveja. Uma inveja pálida e raquítica, mas ainda assim, inveja. Desejo de ter um cordãozinho que me protegesse, um palavra que repetida ad nauseam me desse a certeza de estar imune ou a segurança de delinear meu futuro e meus desejos a partir de uma série de ofertas e negociações que eu fizesse com algo fantástico que abriria os caminhos para mim. Mas não tenho.
Entretanto, encontro-me com outros como eu a quem as fichas só não caíram, mas o subconsciente se delicia com filmes como X-Men, Batman, Homem-Aranha, Harry Potter... Personagens de um mundo fantástico que nos dão a sensação de que há uma alternativa ao mundo de concreto e sangue, nas telas, mas que está lá durante 2 horas e nos permite viver em paz.

sábado, 1 de novembro de 2008

Frases e frases.. e eu não entendi...

A minha grande implicância com ideologias políticas ou religiosas são as frases. Pois é, elas mesmas. As pessoas assumem uma ideologia ou aceitam uma religião e enchem o mundo de frases tiradas de seus livros doutrinários que, não sabem eles, fora de seu contexto, servem para tudo. Ou para nada, como queiram...

"...concentra na manhã e no fim de tarde"

A partir daí, encontraremos adesivos de carros, camisetas, campanhas que mobilizarão grupos em torno da frase. Se tornará uma palavra de ordem, retrato de toda uma maneira de ver o mundo, hino de uma só oração que será entoado e seguido por milhares de fiéis ideológicos ou religiosos. Pois, nas sagradas palavras, "concentra na manhã e no fim de tarde" é a única saída para aqueles que já estão descrentes de um mundo melhor.

Livros serão escritos, as palavras serão atribuídas a profetas ou a filósofos. A constestação da profética mensagem será vista como um crime contra o universo. Estudos serão feitos sobre o que está na entrelinha disso tudo. Divergências surgirão e os carros circularão com a frase estampada em seus vidros traseiros como um talismã que o qualifica como alguém altamente especial.

Até que eu lhe digo que o som profético dessas palavras foram tirados da VEJA Rio, 22 de outubro, página 43 em uma reportagem com Eduardo Paes, candidato a prefeitura do Rio, que dizia que sua agenda concentra atividades na manhã e no fim de tarde.

Mas as palavras são sagradas, muitos não irão crer que tamanha sabedoria tenha brotado em algo tão banal. Com certeza, o autor desse texto está blefando porque é um cético, descrente, infiel... Essas palavras foram retiradas, com certeza, de algum livro sagrado, encontrado escrito em sânscrito numa tumba de um profeta que acredita-se ser contemporâneo de Moisés.

"...concentra na manhã e no fim de tarde"
E conhecereis a verdade...

(com direito ao verbo flexionado na 2ª pessoa do plural... chique, né?)