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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Não filosofe sobre a minha alergia!

Quem sofre de alergia respiratória, em épocas de crise, precisa de corticóide e não de conselho. Você acorda com a lora (tadina) vários dias seguidos e acaba tendo que pegar a Neosa (Aldina) que o ajuda a sofrer menos com as dores de cabeça da alergia. Lembro uma vez que mal conseguia respirar e meu médico não estava em minha cidade. Meu peito chiava, eu tossia... Enfim, como sou homem e todo homem é dramático, eu tinha certeza de que iria morrer.  Daquela noite, eu não passava. Sai desesperado em direção ao hospital em busca de uma injeção de Diprospan. Na sala de espera, mal consegui a respirar e a garganta já doía horrores... Chegou minha vez de ser atendido. O médico sonolento olhou para mim e perguntou: tá sentindo alguma coisa?
Tive certeza que ele não tinha acordado de sua soneca no plantão e veio-me à ponta da língua de um alérgico mal humorada a frase: Não, doutor. Nada não. Estava em casa sozinho, precisava conversar com alguém  e pensei “vou acordar um médico só para sacanear o cara” Contive-me.
Relatei em detalhes o meu estado de moribundo e dei sinais bem visíveis de que eu estava mal mesmo e bem irritado. Dei o nome do meu médico (que ele conhecia bem), passei o telefone do médico, ofereci o meu celular para eles conversarem, descrevi o procedimento normal em caso de minhas crises respiratórias e terminei no pedido do Diprospan. Pois não é que o homem me ouviu, levantou da cadeira e me deu uma palestras sobre alergia e os males dos corticóides.  Falou sobre a vida, os amores, o imediatismo humano.. enfim, encheu meu saco durante uns 10 minutos. E nada do que eu pedi.
Meu peito já doía de tanto tossir e o que ganhei foi uma palestra. A crise alérgica chegara a meu saco e ele encheu, levantei e sai sem agradecer, afinal, eu queria uma receita de injeção e não uma palestra meia boca de um monte de coisa que eu já sei há uns 20 anos.
Os médicos deveriam saber que um alérgico com mais de 15 anos de crise sabe mais da alergia dele do que o médico. Salvo se o médico for alérgico também... Mas o fato é que naquela noite acessei meu caderno de telefones e fui salvo por um médico que, sendo alérgico, entedeu meu drama e resolveu meu problema. Sem filosofia, sem discursos, sem demora... injeção de diprospan, sussurava eu enquanto recebia a picada.. bendita injeção.
Não filosofe sobre minha alergia. Vá filosofar no quinto dos infernos!

sábado, 7 de novembro de 2009

A educação e as besteiras que a permeiam


A educação é uma das áreas em que permeia o maior número de modismos e baboseiras. Houve uma época em que não se podia corrigir o aluno, outra em que não se poderia corrigir com caneta vermelha, pois isso  traumatizava e a aluno e criava um indivíduo desequilibrado para o resto da vida (O maníaco do parque só era corrigido com caneta vermelha. Viu? Deu no que deu... ) Certa vez, proibiu-se que corrigissem qualquer coisa, pois isso inibia o indivíduo. "Deixa errar, uma hora ele aprende." Aí, veio a moda do "não chamar de tia". Isso atrapalhava a relação com o professor. Outro dia, ouvi a besteira mais nova, pequenos palcos em sala de aula (aqueles de faculdade que servem para aumentar a visibilidade do professor em turmas grandes) inibem o aluno e o fazem se sentir diminuído.
Eu sugiro, então, novas modas. O aluno não deve ir à aula, pois isso inibe o seu direito de escolha. Ele deve buscar a escola espontaneamente e não devemos interferir. E, se o aluno for, não devemos submetê-lo a nenhum tipo de avaliação, pois isso o expõe e afeta sua dignidade como ser humano. O processo de aprendizagem deve ser em local em que o aluno se sinta bem e de sua escolha e a avaliação deve ser do jeito que o aluno queira. Não se deve violar o tempo de cada um, mesmo que isso custe décadas. O aluno sempre busca aprender, quem atrapalha é o professor.
Devemos retirar todas as palavras com "não" ou prefixos negativos do vocabulário para não criar um ambiente de negatividade e opressão ao educando. Se o aluno começar a falar ou mesmo a se manifestar fisicamente na sala, mesmo que em hora inadequada, devemos permitir como parte de uma manifestação legítima de expressão humana. Na verdade, nós, professores, é que somos inadequados no tempo do aluno.
Enfim, só ironizando é que conseguimos entender o ponto a que chegamos na educação brasileira. É só assim que percebemos o ridículo que nos conduz ao abismo.
Senhor, tende piedade de nós...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O mito do traficante filósofo e outros textos apócrifos



Vez por outra aparece um mito novo na internet. Um dos que me chamaram mais atenção foi uma entrevista que li de, supostamente, um líder uma organização criminosa paulista (leia mais). Durante a entrevista, ele apresenta um grau de reflexão sobre a sociedade, sobre filosofia, sobre sociologia, apresenta uma leitura sociológica do processo de empobrecimento decorrente da má distribuição de renda e o agravamento da pobreza por causa dos fluxos migratórios irregulares no passado.
O líder da organização, embora cite não haver saída (santa incoerência), faz considerações sobre a necessidade de reestruturação do sistema penal com ares de jurista e estudioso do histórico do setor carcerário brasileiro. E sentencia a aporia (sentimento de ausência de saída). Entre um termo técnico da área de economia, política ou de sociologia, insere-se uma gíria que destoa (incoerência vocabular para quem tem um nível de leitura e reflexão desses) do texto e das análises políticas, sociais e filosóficas. Ao final da entrevista (sic), ficamos pensando que este cara deveria estar em uma cátedra de uma universidade e não numa cela.
Mas o fato é que a isso damos o nome de texto apócrifo (sem autoria confirmada). Assim como em um evangelho que apresenta textos apócrifos, a internet virou um paraíso para textos sem endereço e sem pai. Normalmente, são caracterizados por ausência de fonte específica, linguagem incompatível com o enunciador do discurso e grau de reflexão improcedente para os atos praticados pelo mesmo. Além da clássica incoerência interna do texto...
E o cara termina citando Dante em Italiano... "deixai toda a esperança vós que entrais"...
É... deixai mesmo.

sábado, 1 de novembro de 2008

Frases e frases.. e eu não entendi...

A minha grande implicância com ideologias políticas ou religiosas são as frases. Pois é, elas mesmas. As pessoas assumem uma ideologia ou aceitam uma religião e enchem o mundo de frases tiradas de seus livros doutrinários que, não sabem eles, fora de seu contexto, servem para tudo. Ou para nada, como queiram...

"...concentra na manhã e no fim de tarde"

A partir daí, encontraremos adesivos de carros, camisetas, campanhas que mobilizarão grupos em torno da frase. Se tornará uma palavra de ordem, retrato de toda uma maneira de ver o mundo, hino de uma só oração que será entoado e seguido por milhares de fiéis ideológicos ou religiosos. Pois, nas sagradas palavras, "concentra na manhã e no fim de tarde" é a única saída para aqueles que já estão descrentes de um mundo melhor.

Livros serão escritos, as palavras serão atribuídas a profetas ou a filósofos. A constestação da profética mensagem será vista como um crime contra o universo. Estudos serão feitos sobre o que está na entrelinha disso tudo. Divergências surgirão e os carros circularão com a frase estampada em seus vidros traseiros como um talismã que o qualifica como alguém altamente especial.

Até que eu lhe digo que o som profético dessas palavras foram tirados da VEJA Rio, 22 de outubro, página 43 em uma reportagem com Eduardo Paes, candidato a prefeitura do Rio, que dizia que sua agenda concentra atividades na manhã e no fim de tarde.

Mas as palavras são sagradas, muitos não irão crer que tamanha sabedoria tenha brotado em algo tão banal. Com certeza, o autor desse texto está blefando porque é um cético, descrente, infiel... Essas palavras foram retiradas, com certeza, de algum livro sagrado, encontrado escrito em sânscrito numa tumba de um profeta que acredita-se ser contemporâneo de Moisés.

"...concentra na manhã e no fim de tarde"
E conhecereis a verdade...

(com direito ao verbo flexionado na 2ª pessoa do plural... chique, né?)



terça-feira, 29 de julho de 2008

O Saco falou, todos repetiram sem pensar – Volume I

Só sei que nada sei”, concluiu Sócrates.

Continuação da história...

O pessoal na praça de Atenas se retirou subitamente e todos cochicavam entre si:

- Vão bora, gente! O cara não sabe nada, na verdade, nem isso... estamos perdendo tempo aqui.

E o chapéu do filósofo não recebeu uma moeda naquele dia.
Sozinho pensou o Sócrates:

Porra, não devia ter dito aquilo

A partir dali, precisou rever a sua estratégia de marketing pessoal.