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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O mito de narciso e a formação de opinião

Estou na magistério há mais de 24 anos e sempre ouvi falar em formar alunos críticos, desenvolver o senso crítico, enfim, isso, para mim, é o discurso do avesso, porque pouca coisa incomoda tanto a alguém quanto dar armas para outro para que possa vir a discordar dele. Afinal, como alguém pode discordar de você se suas ideias são tão boas?
São mais de duas décadas em que vejo que a ideia de formarmos pessoas que pensem com o nosso senso crítico, o senso do professor que traz o seu histórico, suas vivências e que acredita ser o melhor que há. Desculpem, mas não... não é.
Uma educação formadora de senso crítico seria aquela que apresentasse o ponto de vista de A, B e C (e se tiver mais letras, que sejam apresentadas) ensinando a pensar e deixemos que os alunos cheguem as suas conclusões. Se estiverem errados, terão a oportunidade de um dia mudar de opinião assim como nós o tivemos. 
Uma educação em que o sujeito se isentasse o máximo possível (sei que é difícil, mas em nome de uma ética deveria ser uma tentativa válida) e tentasse não emitir juízo de valor rotulando direta ou indiretamente de "isso é bom", "aquilo é mau", quem concorda comigo é do bem, quem discorda é do mal. Isso não é formar senso crítico é manipular pensamento com fins doutrinários.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Educação é o que mesmo?

Uma vez me perguntaram por que ser professor. Disse, sem titubear, que era porque acredito na Educação. Não só na Educação Pública, mas na Educação Privada, na Educação Familiar, enfim, em qualquer Educação de qualidade e que vise ao bem do indivíduo e ao de seus pares. 
Penso que o estado tem em sua razão de ser a obrigação da oferta de uma Educação Pública de qualidade e isso não passa necessariamente pela meritocracia do dinheiro no fim do mês para quem aprova mais. Isso, definitivamente, não é qualidade, é conveniência estatística que atende muito mais aos interesses dos políticos do que da sociedade como um todo.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Eu queria ser só professor

Educadores são masoquistas por natureza.
Na maioria das vezes, eu queria ser só professor. Sabe, como aquele cara que é de outro ofício e dá aulas por bico, para completar a renda. Mas a vida é assim. Muitas vezes, é impositiva nos seus caminhos. A gente nasce e se forma professor, mas tem gente que teima em ser educador. Ser educador é ruim, porque educador apanha, se frustra, sofre, e lima e sua e teima... e cansa.. Não. Aí é que está o problema, apanha, mas não cansa. Fica doendo e a alma nem acabou de doer da pancada anterior e lá vem outra.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Quanto vale o profissional?


Outro dia um colega do curso de enfermagem, onde leciono comunicação e expressão, estava indignado. Ele dizia ter um processo trabalhista contra determinada empresa e que o advogado lhe cobrara 30% do que ele iria receber e explicou que isso era padrão. Dias depois o advogado lhe procurou para pedir se ele conseguia uns exames para ele (o advogado), obviamente, de graça. Ele não pensou duas vezes e disse:
- Olha, de graça não dá. Mas o que eu posso fazer é o seguinte: uma pessoa normal tem 70 quilos, você tem uns 110, eu faço um cálculo proporcional e te cobro com base no que uma pessoa do seu peso pagaria.
Ao que o advogado retrucou:
Ué, mas não é o mesmo exame?
E ele respondeu:
- Sim.. mas não era o mesmo processo?

Na verdade, não fica uma crítica ao advogado, mas um questionamento de quão pouco a saúde e a educação valem nesse país. Imagina se o professor cobrasse em função da limitação do aluno. Olha, você sabe muito pouco do conteúdo, vou ter que cobrar mais caro. Claro que seria um absurdo, mas a questão é: Por que dois setores de vital importância em uma sociedade são tão desmerecidos?
São quarenta anos de estrada e sinto-me seguro para dizer que educação e saúde são as duas coisas mais esculhambadas nesse país.
São temáticas bissextas... aparecem de quatro em quatro anos e logo desaparecem para reaparecer daqui a 4 anos.

Nível federal, estadual e municipal... Brasil , alcançando a isonomia da esculhambação!

domingo, 16 de dezembro de 2012

Brasil, um dos piores sistemas de educação do mundo


O Brasil, no critério educação, está em penúltimo lugar em um ranking de 40 países. Atrás de nós só a Indonésia... Foi o que mostrou uma pesquisa encomendada à consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), pela Pearson, empresa que fabrica sistemas de aprendizado e vende seus produtos a vários países.
Toda vez que alguma agência internacional aponta nosso fracasso em algumas áreas como educação e saúde, logo alguns pesquisadores brasileiros se oriçam e saem em defesa do indefensável. Perguntam como foi feita a pesquisa, quais as fontes, quais as bases, isso não tem validade.. enfim... Há uma preocupação maior em atacar quem fez a pesquisa do que mostrar que eles estão equivocados. Até porque não estão...
Contra fatos não há argumentos.
As perguntas diante dessas situações não devem ser feitas contra as empresas que fazem as pesquisas, mas sim ao nosso governo. Por que nosso professor é tão mal remunerado? Por que não existe uma regularidade de capacitação docente? Por que as escolas têm uma estrutura tão precária? Por que os alunos passam um tempo tão pequeno na escola? Por que escola não oferece atividades que favoreçam a formaçao humana e profissional? Por que os governos que começam se preocupam mais em destruir o que foi feito do que dar continuidade ao que deu certo? Enfim.. por que?
Somos, por fim, um fracasso educacional que os indíces do governo não conseguem camuflar? Esses sim, obscuros, discutíveis e carentes de base que os comprovem face a realidade do nosso ensino. Atingimos essa situação, inclusive, porque nos preocupamos muito mais em encontrar culpados do que solucionar problemas.

Mas ainda nos resta dizer "Chupa, Indonésia" em tom irônico e, no fundo, lastimoso.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Bach, as estradas para a criação


Existem homens que conseguiram um canal com a criação, com o infinito, com a espiritualidade ou seja lá qual é o nome que se venha a dar a um nível existencial que vai além da matéria e que ultrapassa o tempo e o espaço. Eles não precisam orar, pedir, agradecer, porque sua criatividade produzia obras que abriam um canal, com se fosse uma via alternativa para conhecer o paraíso.
No momento em que escrevo essas linhas, ouço as variações Goldberg, de Bach que me inspira e me eleva. Nessa hora, penso no que move o espírito para criar um conjunto de sons que tem o poder de entrar nos seus ouvidos e atingir o coração com o efeito de uma droga que congela o tempo, que quebra o espaço que desprende a alma e, por uns instantes, nos integra de uma forma indissociável ao universo. Que magia é essa?
Assisti recentemente a um filme chamado o silêncio que antecede Bach e vi cenas de pessoas executando obras desse compositor em todos os lugares, com um gaita em um caminhão ou mesmo com uma orquestra de violoncelos dentro do metro. 
Tenho para mim que o violoncelo é o instrumento dos anjos e quando eles se apresentam nas orquestras do céu, ocorre um minuto de silêncio em respeito ao que virá na primeira descida do arco junto as cordas. Esse é o silêncio que antecede a eternidade.
Lamento que as escolas, no geral reduto controverso da "educação", não apresente essas vias para o aluno que acaba tendo sua formação intelectual ocupada por MCs e DJs de todo o gênero com seu bate-estaca tribal...
Constato que a junk music, ou música lixo, não é uma opção. É o lugar que a cultura deixou vazio e a educação tradicional conseguiu preencher. E, enquanto este lugar não for preenchido, as pessoas continuaram querendo tchu, querendo tcha e achando que a avó está maluca porque comprou uma peruca. 
Como diz a garotada hoje, “na boa, véi, que merda é essa?!”

sábado, 24 de março de 2012

Pesos e medidas - Quanto vale o profissional?


Outro dia um colega do curso de enfermagem, onde leciono comunicação e expressão, estava indignado. Ele dizia ter um processo trabalhista contra determinada empresa e que o advogado lhe cobrara 30% do que ele iria receber e explicou que isso era padrão. Dias depois o advogado lhe procurou para pedir se ele conseguia uns exames para ele (o advogado), obviamente, de graça. Ele não pensou duas vezes e disse:
- Olha, de graça não dá. Mas o que eu posso fazer é o seguinte: uma pessoa normal tem 70 quilos, você tem uns 110, eu faço um cálculo proporcional e te cobro com base no que uma pessoa do seu peso pagaria.
Ao que o advogado retrucou:
Ué, mas não é o mesmo exame?
E ele respondeu:
- Sim.. mas não é o mesmo processo.

Na verdade, não fica uma crítica ao advogado, mas um questionamento de quão pouco a saúde e a educação valem nesse país. Imagina se o professor cobrasse em função da limitação do aluno. Olha, você sabe muito pouco do conteúdo, vou ter que cobrar mais caro. Claro que seria um absurdo, mas a questão é: Por que dois setores de vital importância em uma sociedade são tão desmerecidos?
São quarenta anos de estrada e sinto-me seguro para dizer que educação e saúde são as duas coisas mais esculhambadas nesse país.
São temáticas bissextas... aparecem de quatro em quatro anos e logo desaparecem para reaparecer daqui a 4 anos.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A flexibilidade moral e os canalhas de ocasião

Outra dia eu assistia a um filme interessante, Obrigado por fumar (quem não viu, veja!) em que um indivíduo que chefiava o lobby da indústria de tabaco nos EUA vive entre defender o indefensável e a convivência com o filho que começa a construir valores que levará para toda vida. O que me agrada nesse filme é o seu tom nada moralista e sem os finais previsíveis das histórias edificadoras do cinema puritano de alguns diretores americanos. Em determinado momento o filho pergunta ao pai como se pode fazer o que ele faz e se ele (o filho) seria capaz de fazer o mesmo. O pai o responde dizendo que é necessário haver uma certa flexibilidade moral para exercer sua profissão. Essa foi a maneira mais sutil de se referir à falta de caráter que os interesses pessoais nos projetam. Justificar seus atos com a flexibilidade de conceitos inflexíveis é, no mínimo, amoral. Mas não imoral. 
Há coisa na vida que não comportam o meio termo e essa é uma dessas coisas. É como aquele famoso jeito de dizer... “Ele é meio gay”. Desculpem. Mas não dá... Ou melhor. Dá mais não se assume. 
Todos somos canalhas de ocasião, agimos como canalhas em um momento outro da vida e, quando temos o discernimento, procuramos que isso seja a exceção e não a regra de nosso comportamento. Isso sim, nos torna mais humanos e nos dispensa de encontrar em nós uma moral que se flexibiliza e nos torna menos ordinários.  
É como naquela música em que se diz que “quem se diz muito perfeito, na certa encontrou um jeito insosso para não ser de carne e osso”. Afinal de contas, somos humanos e nada do que é humano nos deve ser estranho (Terêncio)

sábado, 5 de março de 2011

O inusitado do inusitado, colocando toda uma geração a perder

Minha profissão me traz coisas interessantes e quando acho que já vi de tudo, sempre tem um pouco mais para se ver. Quando acho que esgotou o repertório de coisas esdrúxulas, eis que vem sempre mais uma. Sou professor e diretor em uma instituição de ensino superior. Lido com alunos de diversos níveis sociais e origens e o que mais me chama a atenção é como estamos educando uma classe média alta que chega aos cursos para aqueles de maior poder aquisitivo.
Encaram jogar tinta e intoxicar um colega que vai parar no hospital como normal, uma brincadeira. Veem como uma farra saudável (sic) passar fezes e urina com água de esgoto na cara dos calouros, pois é assim mesmo que se faz com quem entra. Acham bacana ameaçar alunos novos de agressão exigindo dinheiro... Acham a barbárie normal e parte da sociedade. Roubar e extorquir é parte da tradição.
Entender isso demanda entender a origem desses alunos. Não é raro o caso de pais que vem aos diretores pedir o que se pode fazer pelo seu filho que ficou reprovado porque apesar de só estudar e ter dinheiro dos pais à vontade, além de, normalmente, um carro novo, não consegue fazer com o mínimo de decência e dignidade a única tarefa que lhe compete na vida, naquele momemnto, e ficam reprovados ou em dependência. Entendo isso como algo ligado a duas razões: falta de caráter, pois não dá valor a oportunidade que tem ou burrice mesmo. Qualquer uma das duas o deveria excluir do lugar que ocupa.
Já vi situações de pais que foram atrás de policiais para oferecer dinheiro para não autuar os filhos por algum crime num insensato ato de demonstração de que a lei é para o pobres, a eles, filhos do dinheiro, tudo pode. Essa é a elite de nosso pais, os futuros médicos, dentistas, veterinários.... Lamentavelmente, assisto a essa nau de insensatos impotente, com a depressão dos que veem as coisas rumarem para o pior dos caminhos.

domingo, 29 de agosto de 2010

Oração singela de um pai apaixonado (e preocupado)

Peço a vida sabedoria
Sabedoria para ser digno da vida que me confiaram
Para ser justo sem ser rígido
Para dobrar quando necessário for
E manter-me firme mesmo quando o coração vacilar


Para que eu crie um homem

Um homem digno
E que empregue suas mãos no trabalho
Sua consciência no outro
E, na sua alma, se talhe o mais sólido caráter

Que eu dê a essa vida que me entregaram
A dignidade e a crença
Não a fé cega que cala o homem e escraviza
Mas a fé no homem
Que ergue o mundo e faz dele um lugar melhor
Amém


P.S.Retornei a essa questão porque tenho visto tanta coisa desanimadora como educador. Meninos riquinhos achando que, porque pagam faculdade cara, podem tudo com qualquer um. E pais endossando o discurso da barbárie, dando dinheiro para policial para alimentar a impunidade dos monstros que pariram, desculpando a desonestidade e estupidez de suas crias, acreditando que o mundo só serve para servi-los. E os filhos reproduzem esse discurso porque são o espelho da imbecilidade dos pais.. Tenho andado desanimado... muito desanimado... Olho meu pequeno Daniel, penso em tudo que estou passando para ele e esbarro no medo, no medo do ser humano que estão deixando para o mundo. Não sei se teremos um mundo melhor, mas acho pouco provável com tantas pessoas piores que tenho visto. Não volto mais a esse assunto. Já deu.. Foi só um desabafo final.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Palmadas são a solução? Palmadas não são a solução?

O projeto de lei Nº 2654 /2003 da deputada Maria do Rosário prevê a proibição de castigos corporais mediante qualquer pretexto. É a famosa lei contra a palmada. Isso suscita a discussão sobre a validade dessas ações no processo de educação. De um lado, os radicais da educação pregam que palmada traumatiza e cria monstros. 
Não vejo esse argumento como válido, pois eu tomei algumas e boas palmadas na minha infância, assim como boa parte da minha geração, e, até hoje, não senti vontade de ter uma amante atriz pornô, engravidá-la, matá-la e sumir com o corpo. É, mas argumentam, que teve gente que já fez isso... E possivelmente pelos traumas das palmadas.  
Não acredito que violência seja a solução para nada, mas como diz minha tia: pé de galinha nunca matou pinto (salvo se a galinha tiver o sobrenome Nardoni) E, ainda mais, acho muito difícil argumentar com um garotinho de 4 anos sobre a importância de não se arremessar coisas do 3º andar de um prédio, mas há de ter uma solução para isso que não passe só pelos tapas.
O meu medo é o precedente que essa lei abre: a ingerência do estado sobre aspectos da vida particular. Tenho medo que vire moda e o estado passe a estabelecer o tempo que devo deixar meu filho vendo TV ou jogando vídeo game. Ou ainda, que o estado estabeleça o tipo de alimento de terei que dar a ele sob pena de prisão em caso de descumprimento. Entendo que há limites que devemos estabelecer para os filhos e que, mais do que nunca, há limites que devemos estabelecer sobre o terreno em que o estado deve legislar.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O fracasso de uma geração de pais


Não há uma receita para educar um filho, mas existem milhões de exemplos do que não fazer. Como pais, não devemos ter a ilusão de que nunca vamos errar, mas pelo menos que sirvam de exemplo para nós os erros que vemos no dia-a-dia.
Digo isso porque tomei conhecimento de um caso que deve ser modelo do que não se fazer com os filhos. O fato foi que um menino foi pego colando na escola e foram tomadas as devidas providências; confisco da prova, zero e ele foi para prova final. Os pais procuraram a escola para tomar uma atitude. Contra o filho que foi desonesto? Não. Contra a escola. Acentuaram em seu discurso que a escola foi severa demais, ameaçaram de processo, questionaram a professora, questionaram a escola, alegaram que todo mundo faz, mas pegaram o coitadinho para Cristo. Quer saber como essa história termina?
A curto prazo o menino continua com zero e de prova final e, a longo prazo, os pais dele vão saber e pagar um preço que vai fazê-los desejar voltar no tempo em que, um dia, eles lhe ensinaram que leis e regras são para serem burladas, que punições só se aplicam aos filhos dos outros e que limites é ele quem define para o mundo.
Mas o tempo não volta... não volta mesmo e eles não sabem a lição de vida que perderam a oportunidade de dar para seu filho.

sábado, 7 de novembro de 2009

A educação e as besteiras que a permeiam


A educação é uma das áreas em que permeia o maior número de modismos e baboseiras. Houve uma época em que não se podia corrigir o aluno, outra em que não se poderia corrigir com caneta vermelha, pois isso  traumatizava e a aluno e criava um indivíduo desequilibrado para o resto da vida (O maníaco do parque só era corrigido com caneta vermelha. Viu? Deu no que deu... ) Certa vez, proibiu-se que corrigissem qualquer coisa, pois isso inibia o indivíduo. "Deixa errar, uma hora ele aprende." Aí, veio a moda do "não chamar de tia". Isso atrapalhava a relação com o professor. Outro dia, ouvi a besteira mais nova, pequenos palcos em sala de aula (aqueles de faculdade que servem para aumentar a visibilidade do professor em turmas grandes) inibem o aluno e o fazem se sentir diminuído.
Eu sugiro, então, novas modas. O aluno não deve ir à aula, pois isso inibe o seu direito de escolha. Ele deve buscar a escola espontaneamente e não devemos interferir. E, se o aluno for, não devemos submetê-lo a nenhum tipo de avaliação, pois isso o expõe e afeta sua dignidade como ser humano. O processo de aprendizagem deve ser em local em que o aluno se sinta bem e de sua escolha e a avaliação deve ser do jeito que o aluno queira. Não se deve violar o tempo de cada um, mesmo que isso custe décadas. O aluno sempre busca aprender, quem atrapalha é o professor.
Devemos retirar todas as palavras com "não" ou prefixos negativos do vocabulário para não criar um ambiente de negatividade e opressão ao educando. Se o aluno começar a falar ou mesmo a se manifestar fisicamente na sala, mesmo que em hora inadequada, devemos permitir como parte de uma manifestação legítima de expressão humana. Na verdade, nós, professores, é que somos inadequados no tempo do aluno.
Enfim, só ironizando é que conseguimos entender o ponto a que chegamos na educação brasileira. É só assim que percebemos o ridículo que nos conduz ao abismo.
Senhor, tende piedade de nós...

sábado, 10 de outubro de 2009

Educação e limites não são antônimos

Vez por outra aparece um guru da educação anunciando o óbvio. Brada-se uma tautologia como se enunciasse a mais nova descoberta. É aí que tenho a sensação de que tudo que havia de inteligente a ser dito, já o foi. Resta agora proclamar a obviedade em tons de sentença bíblica. O homem deve seguir o seu destino.... e alguém pensou que não devesse. Sim... mas que destino é esse? A educação legítima é aquela que liberta. Tá bom... me mostra o cara que disse que a legítima é a que aprisiona que eu dou uma coça nele. O saber é O SABER.. vixe! Isso é gastroentestinalmente profundo.
Educar é dar limites...
Isso é o obvio do óbvio e o que mais me assusta é que um cara tem que escrever um livro para as pessoas deixarem cair essa ficha... Quem foi que disse que dar limites é oprimir? Dar limites é ensinar as regras do jogo, é preparar o indivíduo para saber até onde ele pode ir e como essa consciência lhe permite tirar o máximo de proveito da sua relação em seu meio. Não dar limites sim, isso (paradoxalmente) é oprimir, é encarcerar o indivíduo e torná-lo escravo dentro da sua própria impulsividade.
Escravo de seus instintos mais bestiais.


domingo, 7 de junho de 2009

Educando às avessas

Há o torpe raciocínio de que inserindo a obrigatoriedade de cantar o hino nacional e proibindo de usar boné nas escolas teremos um país mais patriota e organizado. Nas escolas do município do Rio de Janeiro, por exemplo, o professor ganha um lap top, mas se precisar de uma cópia de texto por aluno para trabalhar todas as semanas, não pode. Sabe onde eu quero chegar com esse papo?
São quase 20 anos de educação e eu vi inserirem disciplinas, retirarem disciplinas, modificarem currículos, mas algumas coisas são imutáveis: o professor continua sendo mal remunerado, mal capacitado e a escola continua restrita a um tempo comprovadamente insuficiente para oferecer o mínimo aos alunos. 
Na leva de um ensino sucateado, vieram as promoções automáticas, os sistemas de cotas e outros paleativos que buscam resolver na canetada o que, na verdade, custa dinheiro, planejamento e tempo. Surgiram até os amigos da escola, uma iniciativa louvável, mas que merecia uma orientação mais política e menos tapa-buraco. Se quer ajudar, por que não se movimentar como organização não-governamental para pressionar os políticos a definirem uma postura efetiva e planejada para a educação. 
Desculpe-me a secura face às boas intenções, mas entrar em escola para dar aula de capoeira de graça ao invés de pressionar as autoridades a capacitarem os profissionais já existentes para isso é resolver o problema de uma unidade de ensino. Somente uma...
Mas aí você diz, mas e a história do beija-flor? Lembra? Ele está fazendo a parte dele e você?
Pois é, são séculos de trabalho de beija-flor para chegar no pé que estamos... Não está na hora de parar com esse jogo de contente e admitir que os beija-flores podem ser bem intencionados em suas ações, mas um fracasso na capacidade de mobilizar forças em torno de uma causa? 

Em tempo:
Ah sim...
Só não terminaram de dizer que, na história do beija-flor, ele morreu queimado e a floresta ardeu em chamas até a última tora.

A floresta ainda está ardendo em chamas enquanto as crianças cantam o hino nacional enfileiradas nos pátios.... todas sem bonés.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Educação e realidades

Nós nos propomos a fazer uma educação humanística de ensino médio e formamos marcadores de cruzinhas. Não discordo de que haja matérias como sociologia, filosofia ou mesmo a proposta de psicologia para alunos de ensino médio, mas fico me perguntando se devemos entender que a educação oferecida ao caboclo da Amazônia em uma escola de noturno deva ser a mesma de um aluno de classe média da Barra da Tijuca. Cada realidade pede suas necessidades.

Minha visão aponta para uma educação utilitária/otimizada. Senso crítico e formação geral são coisas que devem ser adquiridas depois que o indivíduo tiver a oportunidade de garantir o seu sustento com o próprio trabalho e assim garantir sua dignidade como cidadão dentro de uma cadeia produtiva. Aí sim, teremos uma busca mais legítima do que a artificialidade de algumas aulas nas escolas, que, na palavra de muitos alunos, nada mais é do que uma enrolação sem fim.

Penso uma escola que prepare o aluno para uma atuação profissional e produtiva na sociedade. Não é viável economicamente manter um profissional estudando 3 anos, com uma formação extremamente genérica, para que ele vá pensando no que vai fazer quando terminar a sua formação em marcador de cruzinhas. Ótimo. Para quê? A que custo?

Talvez devêssemos adotar o modelo francês ou como era, no Brasil, há uns 30 ou 40 anos atrás. Quem sabe um Ensino Médio dividido em HUMANAS, BIOMÉDICAS e EXATAS e com um grau de encaminhamento profissional em um quarto ano. Não sei. Talvez fosse por aí. A verdade é que no formato que temos, estamos perdendo tempo e dinheiro: nosso, contribuinte e professor, e dos alunos.

Muitos alegarão que aos 15 anos é muito cedo para se decidir por uma área de interesse, mas aos 16 já se é maduro o suficiente para decidir quem deve ser o presidente do país. Então que decida por sua área aos 16. Corremos o risco de criar uma geração que, sentada na sala jogando video game, ainda está decidindo o que vai ser... aos 30 anos.
Mas será que o menino está maduro o suficiente... será que não podemos esperar mais um pouquinho?

Não no sofá lá de casa, véi, não lá...


Em tempo:
Antes que eu me esqueça.... Feliz Natal!