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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Medicina: vocação hereditária?


Nessa época, eu sempre penso na multidão de rapazes e moças que entram nas salas de aula para fazerem o vestibular de instituições privadas pelo país afora. O curso mais procurado ainda é o de Medicina por cujas razões que nem mesmo os alunos sabem ao certo. Já ouvi todos os argumentos possíveis: “porque dá mais dinheiro”, “porque meu pai quer um filho doutor”, “porque minha família só tem médico” e “porque eu sempre quis desde criança”.
Vamos desmistificar as coisas. Primeiro, trabalhei com colegas médicos e percebi que muitos tinham uma vida digna, mas uma carga de trabalho bem pesada e tinham sua vida pessoal, muitas vezes, comprometida por isso. Os meninos sonham é serem dermatologistas de luxo na Barra da Tijuca...
Segundo, o que os pais querem, acreditem, nem sempre é o melhor para você. A não ser que o que ele quer é que você seja saudável e feliz.. Em termos de profissão não se deve permitir que os pais repassem as frustrações para os filhos tornando o que eles não foram.
Terceiro, se todo mundo na sua família é médico, bom para eles. Que tal ser diferente se já tem tanta gente igual? Vai ser advogado, professor, dentista, engenheiro, designer ou nem faça um curso superior já que, acredite, sua felicidade e sucesso não dependem unicamente disso.
Quarto, desde criança você quis ser médico, policial, bombeiro, cantor, artista, super herói, astronauta, cowboy, palhaço, soldado... Você até não lembra, mas quis. Entretanto, as pessoas mudam e esse argumento é fraco para justificar um curso de 6 anos e um investimento de vida desse montante.
É por causa dessa falta de reposta razoável para essa pergunta que temos uma multidão de pessoas sem vocação nenhuma para o exercício de uma profissão que se encontra no limiar do leito e do túmulo, com a vida nossa e de quem amamos nas mãos todos os dias.

Eles ainda não encontraram a resposta para a pergunta...
Enquanto isso... 

Senhor, tende piedade de nós!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Educação e realidades

Nós nos propomos a fazer uma educação humanística de ensino médio e formamos marcadores de cruzinhas. Não discordo de que haja matérias como sociologia, filosofia ou mesmo a proposta de psicologia para alunos de ensino médio, mas fico me perguntando se devemos entender que a educação oferecida ao caboclo da Amazônia em uma escola de noturno deva ser a mesma de um aluno de classe média da Barra da Tijuca. Cada realidade pede suas necessidades.

Minha visão aponta para uma educação utilitária/otimizada. Senso crítico e formação geral são coisas que devem ser adquiridas depois que o indivíduo tiver a oportunidade de garantir o seu sustento com o próprio trabalho e assim garantir sua dignidade como cidadão dentro de uma cadeia produtiva. Aí sim, teremos uma busca mais legítima do que a artificialidade de algumas aulas nas escolas, que, na palavra de muitos alunos, nada mais é do que uma enrolação sem fim.

Penso uma escola que prepare o aluno para uma atuação profissional e produtiva na sociedade. Não é viável economicamente manter um profissional estudando 3 anos, com uma formação extremamente genérica, para que ele vá pensando no que vai fazer quando terminar a sua formação em marcador de cruzinhas. Ótimo. Para quê? A que custo?

Talvez devêssemos adotar o modelo francês ou como era, no Brasil, há uns 30 ou 40 anos atrás. Quem sabe um Ensino Médio dividido em HUMANAS, BIOMÉDICAS e EXATAS e com um grau de encaminhamento profissional em um quarto ano. Não sei. Talvez fosse por aí. A verdade é que no formato que temos, estamos perdendo tempo e dinheiro: nosso, contribuinte e professor, e dos alunos.

Muitos alegarão que aos 15 anos é muito cedo para se decidir por uma área de interesse, mas aos 16 já se é maduro o suficiente para decidir quem deve ser o presidente do país. Então que decida por sua área aos 16. Corremos o risco de criar uma geração que, sentada na sala jogando video game, ainda está decidindo o que vai ser... aos 30 anos.
Mas será que o menino está maduro o suficiente... será que não podemos esperar mais um pouquinho?

Não no sofá lá de casa, véi, não lá...


Em tempo:
Antes que eu me esqueça.... Feliz Natal!

sábado, 25 de outubro de 2008

Um país de diplomados desempregados...

Na infância, norteamos nossas escolhas profissionais por duas razões: o heróico ou o mimético. Queremos ser policial ou bombeiro porque o vemos como um herói ou queremos ser médico porque o nosso pai é médico. Na adolescência, o tempo de escolha vai encolhendo e ganhando ares de seriedade. Passamos a pensar em mercado de trabalho quando o único mercado que conhecíamos era o de fazer compras do mês. Aí é que entra a questão: vocação ou salário?

No Brasil, criou-se o mito de que
o único caminho que temos para a realização profissional é a faculdade e as pessoas se amontoam em vestibulares semestrais. De um lado o aluno que quer entrar, de outro o governo que quer que o aluno tenha curso superior e de outro a Instituição, na maioria das vezes, particular que precisa de volume de alunos para manter sua estrutura funcionando. Esta combinação dá no que dá. Milhares de jovens em bancos de curso superior, sem vontade, sem dinheiro e sem condições mínimas, mas realizando o sonho da família em festas chatíssimas de formaturas ao final do curso.

Amontoamos o mercado com professores, pedagogos, advogados, economistas cada vez mais e a cada ano, mais e mais. Um curso de Pedagogia, por exemplo, com uma turma 50 alunos/semestre, injeta 100 profissionais por ano no mercado de trabalho, ao final de 5 anos são 500 profissionais. Só que não é só uma faculdade. Na região em que vivo (sul do estado do Rio de Janeiro), há 8 cursos de pedagogia num raio de 90 quilômetros e aproximadamente uma população de 800 mil pessoas.

Dessa forma, 8 cursos lançam aproximadamente 4.000 profissionais a cada cinco anos. Em dez anos, serão 8 mil pedagogos. Não precisa ser um gênio da matemática para perceber que há um gargalo. Muitos vão trabalhar em outras atividades que nada tem a ver com o glamour das formaturas do curso que fizeram. E este raciocínio serve para outras áreas de graduações.

Por outro lado, os setores de serviços padecem com a falta de profissionais. Se você precisa de um técnico eletricista, padece para conseguir um bom. E um pedreiro? E um bom encanador? Jardineiros de qualidade? Pintores? Fico pensando em que momento perdemos o trem da história e rotulamos estas profissões como menos dignas. Em que momento escrevemos a história de um país de doutores em casas com torneiras pingando?