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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O mito de narciso e a formação de opinião

Estou na magistério há mais de 24 anos e sempre ouvi falar em formar alunos críticos, desenvolver o senso crítico, enfim, isso, para mim, é o discurso do avesso, porque pouca coisa incomoda tanto a alguém quanto dar armas para outro para que possa vir a discordar dele. Afinal, como alguém pode discordar de você se suas ideias são tão boas?
São mais de duas décadas em que vejo que a ideia de formarmos pessoas que pensem com o nosso senso crítico, o senso do professor que traz o seu histórico, suas vivências e que acredita ser o melhor que há. Desculpem, mas não... não é.
Uma educação formadora de senso crítico seria aquela que apresentasse o ponto de vista de A, B e C (e se tiver mais letras, que sejam apresentadas) ensinando a pensar e deixemos que os alunos cheguem as suas conclusões. Se estiverem errados, terão a oportunidade de um dia mudar de opinião assim como nós o tivemos. 
Uma educação em que o sujeito se isentasse o máximo possível (sei que é difícil, mas em nome de uma ética deveria ser uma tentativa válida) e tentasse não emitir juízo de valor rotulando direta ou indiretamente de "isso é bom", "aquilo é mau", quem concorda comigo é do bem, quem discorda é do mal. Isso não é formar senso crítico é manipular pensamento com fins doutrinários.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Senso crítico? Pra quê? - Um novo ensaio sobre a cegueira.

Em 2010, eu vi a consolidação de um fanatismo que me assustou: o fanatismo político. As pessoas estão encarando partidos como se fossem uma doutrina de vida a ser seguida cegamente. Fazem discurso sustentando o insustentável e nomeiam inimigos com base em divergências de opiniões. Vi colegas com boa formação e inteligentes se dedicarem ao spam de emails com os louvores de um partido e de um líder. Vi a cegueira como creio muitos viram durante a ascensão do nazismo e do fascismo no século passado. Vi liberdade de imprensa ser combatida com o rótulo de "imprensa golpista". Esqueceram que em um regime democrática, resposta a imprensa se dá na justiça comum e não por tentativas de decretos de censura.
Vivemos em tempos democráticos e isso me dá uma certa tranquilidade nessa questão, pois não vislumbro um golpe de estado no horizonte. Entretanto, impressionou-me o número de pessoas inteligentes (sic - muitos mestres e doutores em suas áreas de conhecimento) que abriram mão do pensamento e do senso crítica para defender posturas e ações de um partido X como se só houvesse uma verdade. Uma única maneira de pensar, a do partido, e quem crê nos programas sociais e doutrinários do partido encontrará a luz. Salve, ó grande lider, que é a verdade e a luz, e aquele que crê em ti viverá para sempre. O mais é "imprensa golpista" e elementos subversivos reacionários que querem corromper a ordem de um estado perfeito. Inimigos da nação.. Brasil, ame-o ou deixe-o. Eu já ouvi esse discurso, mas não dessas bocas.
Isso me assusta na medida em que vejo pessoas abrindo mão do seu senso crítico. A história nos mostra que essas histerias coletivas só conduziram as nações à ruína. Não creio que será nossa caso, mas, por via das dúvidas, vamos seguir as palavras do Zeca Pagodinho: É um olho no gato e outro no peixe fritando.


sábado, 13 de novembro de 2010

O que aprendi com atual pax romana

De uns tempos para cá, está cada vez mais difícil falar de qualquer coisa em uma postagem, pois existe uma polícia ideológico-partidária que está sempre pronta a explodir em agressividade com comentários que começam com observações do tipo: quem é você? Burguês revoltado, você não sabe o que fala, você não sabe o que é voltar a comer carne depois de anos (sic),... Enfim, qualquer manifestação de pensamento crítico é atacada com ferocidade, ódio e passionalidade exacerbada.
Tempos difíceis de obscurantismo e restrição de senso crítico. Tempos de uma só opinião, de uma só verdade e de cegueira. Nem no período das ditaduras se viu tamanha guerra santa contra qualquer um que pense o contrário do pensamento dominante.
A coisa assumiu uma proporção que me amedronta. Evito todas as postagens que toquem em questão política, mas a polícia ideológica cerca as palavras proibidas (por eles) e sempre encontra no meio do texto algo que possa ser apontado como ofensivo ao pensamento dominante e à essência do neobolivarianismo verde e amarelo. Hoje, só se pode pensar e viver conforme o que determina a vigilância ideológica. Não duvido que, em breve, livros que trazem “heresias” contra o pensar determinado sejam queimados em praça pública e milícias se promovam caça aos hereges que tentam subverte a ordem pensando o contrário do que se determina.
Tenho medo das nuvens que se aproximam e, por conta disso, a partir da agora, só falo de amenidades, de barquinhos, violões, mar...

Em tempo: Desculpem pelo meu passado burguês, amigos da polícia ideológica, vocês estão certos em tudo. Eu me converti e na crença que vocês querem que eu tenha encontrei a verdade e a luz. Vida longa ao grande líder, vida longa ao partido.