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domingo, 11 de julho de 2021

E la nave va… toca o barco

Dizem, antes dos 20, se não somos revolucionários somos insensíveis e depois dos 40, se o somos, somos insensatos. Isso tem um fundo de verdade. Nesse período de 20 aos 40, a vida se encarrega de nos fornecer um choque de realidade e nos mostrar dia a dia que não é bem assim que a banda toca que as coisas não mudam no atacado, segundo a nossa vontade e nosso tempo. Sim. As coisas mudam, mas isso se dá no tempo das coisas e não no seu.

A verdade é que, nesse período, para a marioria das pessoas, chegam as contas, acumulam-se decepções (essas acumulam-se a vida toda), vemos que muitos rótulos de ideologias são bandeiras úteis para quem, no fundo, quer poder, dinheiro, prestígio e …. mudar o mundo? Não. Nem pensar. Ele não vai querer mudar o mundo logo na hora que conseguir se beneficiar das regras. Ninguém quer eu o bolinho acabe logo na sua vez na fila..

Acabamos depois de certa idade nos acomodando  numa tênue e confortável hipocrisia de saber que aquilo não funciona assim, mas muitos seguem sustentando um discurso que os legitima como alguém consciente, comprometido, engajado com algo nobre. Talvez, queiram mudar o mundo ainda, mas se envolve sair do sofá e do teclado do computador, vai se esperar um pouco. Afinal, em certa fase da vida, sabe-se o mundo vai mudar no fluxo dele e não no seu.

Muito poucas são as pessoas rompem essa inércia quase absoluta para mudar qualquer coisa, esses snao espíritos sui generis, pontos fora da curva. Não é a regra. A miséria do mundo a incomoda, mas os sem teto de sua cidade, seguem nessa miséria, mas essa não incomoda. Só a do mundo. Essa não, essa é culpa do estado opressor capitalista conservador.

As injustiças e desigualdades causam horror, mas se não te toca, tudo bem. É só um cartaz numa passeata eventual contra o sistema ou um discurso cheio de clichês. Voltamos todos para casa e postamos imagens no Facebook e Instagram para que vejam como somos politizados e do bem.

A corrupção enoja até que você ou alguém próximo querido (sua mãe, por exemplo) receba um cargo de um político corrupto e se beneficie disso. Afinal, se você não aceitar, outro vai aceitar. E de dentro do sistema você consegue agir melhor contra ele. Mentira… e não são sinceras. Logo, não me interessam.

Assisti a um filme outro dia chamado Um Bom homem (direção de Vicente Amorim e roteiro de John Wrathall) 2008 que conta a história de um professor que se vê no dilema de usufruir benefícios de um sistema com o qual não concorda (o Nazismo da Alemanha nos anos 30). Não vou dar spoiler, mas é fácil imaginar que rumo essa história leva.

O fato é que não se atenta contra o próprio status quo. Isso é humano. Queremos que o mundo mude, mas não queremos que mexam no nosso queijo. São muito poucos aqueles que se encontram dispostos a abrir mão de algo que afete o seu padrão de vida em nome de igualdade, justiça social etc.

Enfim, a maioria das pessoas quer um mundo melhor mesmo, mas não querem agir no varejo para melhorar esse mundo, querem um mundo mais justo, mas não estão dispostas a comprometer o seu padrão social, querem resumir toda a mudança a uma gritaria eventual, muitas vezes, paga em passeata ou ao clique de uma tecla.

Mas enfim, como dizia Terêncio (163 d.c) Homo sum; humani nil a me alienum puto, ou seja,  Sou humano, nada do que é humano me é estranho.

E la nave va… toca o barco


segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Minhas ideias goela abaixo para o bem do mundo

Antes de começar digo que isso aqui são só reflexões de um indivíduo que não consegue se enquadrar em nenhuma ideologia de forma imersa e plena. Cada uma delas tem alguma coisa que me atrai e outras que me repelem. E assim, nos mantemos a uma distância segura e relativamente livre de sua manipulação.
Sei que corro o risco de reprovação (E talvez textões, essa espécie de diarréia verbal do mundo virtual e de suas redes), mas me arrisco a pensar fora de um X-ista qualquer. Normalmente, esses episódios de verborragia são produtos de uma séria deficiência de leitura, logo, não merecem resposta, mas ajuda... Ah sim... não a minha. 
Creio que parte dessa confusão começou em uma leitura facciosa da declaração dos direitos do homem e do cidadão (1789).

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Devemos ter medo é dos conceitos de bem

Antes de começar digo que isso aqui são só reflexões de um indivíduo que não consegue se enquadrar em nenhuma ideologia de forma imersa e plena. Cada uma delas tem alguma coisa que me atrai e outra que me repele. E assim, nos mantemos a uma distância segura e relativamente livre de sua manipulação.
Sei que corro o risco de reprovação (E talvez textões, essa espécie de diarréia verbal do mundo virtual e de suas redes), mas me arrisco a pensar fora de um X-ista qualquer. Normalmente, esses episódios de verborragia são produtos de uma séria deficiência de leitura, logo, não merecem resposta, mas ajuda... Ah sim... não a minha. 
Creio que parte dessa confusão começou em uma leitura facciosa da declaração dos direitos do homem e do cidadão (1789).

sexta-feira, 8 de julho de 2016

A "celebridade" e a intolerância

"Ergo hypocisis sempre est peccatum mortale."
São Tomas de Aquino

Tempos atrás, houve um assunto nas redes sociais que causou grande “comoção” (Se bem que rede social é reduto de todo tipo de comoção ocasional: as pessoas ficam comovidas, engajadas, postam hashtags, mas em menos de duas semanas retomam sua indiferença e alienação) e não deveria ser levada em conta como referência para nada.
Mas o fato é que o ator Alexandre Frota foi recebido pelo ministro da educação (dia 25 de maio) para apresentar um projeto de escola sem partido.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Hipocrisia, cigarros e outras coisas

Sempre achei que a hipocrisia é um bem social.
Proibimos a maconha, liberamos o cigarro, condenamos a cocaína, aceitamos o álcool. Achamos até engraçado um personagem humorístico que cai pelos cantos e fala besteiras fazendo piadas com a própria desgraça (não a do ator, mas a do personagem). O ministério da justiça reclassifica a novela porque aparece uma moça seminua dançando numa boate às 21 horas. Enquanto isso, o senado libera um senador que comprou empresas usando laranjas, dinheiro sujo, pagou uma amante (aliás, com quem teve uma filha) com dinheiro de empreiteiro e isso passa no jornal das 13 horas.
Não defendo a liberação das drogas, mas a questão é pensar: o que faz o álcool menos droga do que a cocaína e o que faz o cigarro menos droga do que a maconha? Talvez dados técnicos apresentem distinções, mas essas se contrastam com a realidade de que o cigarro e a bebida são muito mais socialmente nocivas do que os seus concorrentes vendidos nas bocas de fumo dos morros (e, hoje, até por playboys de classe média).
Mas, seguindo assim, punindo os peitinhos na TV, liberando as putarias dos políticos não vejo muito perspectiva para aposentar a falsidade (ou pelo menos, dar umas férias sem vencimento para ela). Achando normal o garotinho de 15 anos com o cigarro no dedo que chega a casa bêbado depois da balada e se horrorizando com os garotos de zona sul preso com drogas seguimos rumo ao nada, ou pior, ao tudo de ruim.
Não tenho esperança de que as coisas mudem muito com a liberação das drogas ou mesmo com a proibição do álcool. Acho que tudo demanda uma reformulação de mentalidade que terá como fim tirar nosso rosto de trás dessa máscara chamada HIPOCRISIA.
Certa vez, quando eu dava aulas em ensino médio em uma escola da rede privada, lá pelos idos de 1999, uma vez me vi no meio de uma roda de alunos de 1º ano que contavam sobre um churrasco. A conversa descambou para porres homéricos (papo comum nessa idade). Daí, começaram a relatar os porres de seus pais. Um deles disse:

Caraca, maluco, aí quando eu vi, meu velho tava todo vomitado no churrasco da minha tia. Levamos o cara para o chuveiro e demos um banho daqueles... caraca, maluco. Muita doideira.

Imaginei-me naquela situação, jamais vivida por mim, com meu pai e deprimi só de pensar. Esse fato narrado vindo de um adolescente é normal, pois a idade prima por pouco senso crítico, mas essa atitude vinda de um pai dispensa comentários e se torna autoexplicativa para o que vemos.
Ave, hipocrisia!

domingo, 22 de novembro de 2015

Diário de um revolucionário de Facebook

Aí o cara liga o computador pela manhã e pensa: qual é a minha desgraça favorita? Os atentados em Paris estão mais atuais, me fazem mais cosmopolita. A bandeirinha da França é um charme. Todos vão olhar e pensar "nossa, como ele é antenado com o mundo.
Descendo a página do Facebook, ele vê o desastre ambiental em Mariana-MG e pensa que seria mais patriota. Um perfil marronzinho ou uma bandeira do Brasil em cor de lama... isso, isso mesmo. Pensa satisfeito.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Sobre a oportunidade de ser vítima


Existe uma diferença entre ser vítima e fazer-se de vítima. O primeiro caso decorre de ser atingido por algo alheio a nossa vontade e estar passível a danos decorrentes disso, o segundo trata de obter situação proveitosa da condição de paciente escondendo a inércia que caracteriza o ser humano no geral. Enfim, não queria ter sido vítima. Claro! Ninguém o quer, mas se gera dividendos aproveitemos o momento.

Toda vítima carece de nosso apoio no momento em que sofre os efeitos do que lhe ocorreu. Esse suporte dura o tempo da recuperação para que se retome o caminho. O tempo deve ser sempre o estritamente necessário para não permitir que do fato se brote o vício. Aquele que se faz de vítima nada mais merece do que o desprezo que se dá aos oportunistas que veem a sua grande virtude no fato de ser atingido por um infortúnio e não poder "fazer nada" (sic). O eterno conforto de atribuir a tudo e todos a responsabilidade de seus azares. Eles se tornam, assim, atores co-adjuvantes de sua própria história. Sempre terceiras pessoas em um discurso que deveria ser em primeira.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Beija-flor: da miséria africana aos dentes de ouro de Auschwitz

O título desse post poderia até ser enredo de escola de samba... E de certa forma é.
Sempre foi claro desde o princípio dos tempos que não se pode servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. É também claro e nítido que, nessa terra, se serve mais ao dinheiro do que a outra coisa qual seja ela. E aí, surge o horror de saber que a escola de samba Beija-flor recebeu 10 milhões de dólares da Guiné Equatorial, um país marcado por miséria, violência, exploração sexual, desrespeito aos direitos humanos, guerra de tribos, ou seja, "degustando a versão gourmet" de tudo que temos de podre na nossa espécie. O desfile foi bacana e com um tom realista, pois trazia um leve odor de desigualdade. Mas desigualdade, a gente já conhece o cheiro e está acostumado.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Bem no meio do seu...

Outro dia, eu passava pela porta dos Correios de minha cidade e ouvi duas senhoras de uma certa idade (mais de 65, elas tinham com certeza) conversarem. Eu ia subindo a ladeira logo atrás delas enquanto a mais exaltada contava uma história que não entendi direito, mas ouvia aos pedaços. Só peguei a parte em que ela dizia: - Aí, eu disse a ela, quer bem, não quer vai tomar bem no meio do seu c*!
Fiquei com aquilo na cabeça. Quem despertava tamanha ira naquela senhora que deveria ir tomar bem no meio do seu c*.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Todo imbecil....

Todo imbecil se pergunta por que ajudar pessoas que moram tão longe atingidas por catástrofes quando há pessoas por perto precisando de ajuda. Todo idiota acredita que postar meme sobre meio ambiente, causas sociais ou pregação ideológica no facebook o torna alguém melhor. Todo babaca se pergunta por que se preocupar com animais se há pessoas sofrendo. Embora ele mesmo não faça nada nem pelos animais, nem pelas pessoas. Todo boçal acredita que palavras bonitas substituem ações. Todo ignorante tem certeza de que há um Deus que ama aquele que reza todos os dias, mas não faz nada pelo próximo. Ama e privilegia aquele que tira um dia para rezar/louvar/orar e se nega a tirar o mesmo dia para amenizar a dor de quem sofre ou dar atenção a quem precisa. Esquece em sua cegueira que  a mais bela das orações são as suas ações que ecoam pelo universo e realmente mudam as histórias.

sábado, 4 de agosto de 2012

Quando a ideologia legitima a violência...

Quando os argumentos cessam,
a violência convence.

Cresci em uma geração que aprendeu que violência de direita é crime, de esquerda, é luta por igualdade. Uma geração que trazia ídolos como Che guevara em uma camiseta de malha vermelha e se esqueciam de que aquela história de endurecer sem perder a ternura era conversa mole para boi dormir, pois, no paredão, chefiado por ele em Cuba, não havia ternura, mas ódio, revanchismo e loucura doutrinária. 
Falo isso, pois toda vez que vejo uma greve como foi a dos caminhoneiros recentemente, fico incomodado com os métodos de “convencimento”. Reinvidicar seus direitos, sejam eles justos ou não (não entro no mérito da questão aqui), é um direito seu, mas até que ponto o exercício do seu direito permite o cerceamento do meu. Vi na TV vários caminhoneiros (contrários à greve) que queriam trabalhar, mas tiveram o caminho bloqueado, o vidro do caminhão quebrado e sofreram ameaças físicas... E viva a democracia autoritarista que é professada pelo sindicatos há décadas. Você tem o direito de participar da greve e se não o exercer, nós o enchemos de porrada e tacamos fogo no seu caminhão... O que você escolhe? Nada como poder escolher, não é não?
Se a polícia tivesse intervindo e baixado a porrada nos líderes do movimento era um ato de violência e autoritarismo, mas se os líderes do movimento obrigam a adesão por meio de violência e coerção, não se trata de uma violência, mas de uma luta por direitos que conduzirão a conquistas para o bem comum... Sim. Entendi.
Quer dizer que dar um murro na cara de alguém não é violência, mas seu um homem de farda da um murro na cara de alguém é... Entendi.
Mas preferiria não ter entendido.

P.S.: E as viúvas do muro de Berlim retrucam que isso foi o que a TV mostra para desmoralizar os mártires do movimento. É verdade, esqueci que as TVs só mostram mentiras. Os únicos meios de comunicação que dizem a mais absoluta verdade são os jornaizinhos do PSOL, do PCB, do PC do B e dos sindicatos.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O peso da autoridade moral


Uma autoridade moral

Sempre senti falta de uma autoridade moral em ambientes sociais como trabalho, comunidade religiosa, escola, enfim, no convívio externo ao lar. Autoridade moral é aquela que se constrói em uma carreira, em uma vida, pedra por pedra erguendo uma imensa estrutura sem uma mácula. Constatei cedo que em meio que há disputa de poder e dinheiro isso é muito difícil, mas, espero eu, não impossível.
Uma autoridade concedida por força da lei ou de conchavos é sempre olhada com desdém e desconfiança. Ao deixar o cargo, torna-se alvo das pedras que guardavam caprichosamente para ela. Já a autoridade moral não. Ela inspira e conquista o respeito não pelo que se lhe foi atribuído, mas pelo que ela é.
Muitas vezes, vejo pessoas dizerem que eram só humanos e não santos, daí os desvios. Esse argumento é fraco, pois ninguém esperava dele(a) santidade, mas dignidade no exercício que a vida lhe incumbiu. Isso é o mínimo.
Conviver com essa hipocrisia é uma arte da tolerância das mazelas humana. Suportar o discurso de honestidade da boca de quem faz acordo para roubar; apertar as mãos de que as usa para apropriar-se do que não lhe pertence; sorrir simpático para quem lhe vê como uma presa a ser devorada, um otário em potencial... isso sim, trata-se do exercício da tolerância com tudo de ruim que os outros nos têm para oferecer.
O grande desafio é mais do que tolerar, é não devolver na mesma moeda para que um dia pessoas não tenham que tolerar nossa convivência.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A pirataria e a hipocrisia nossa de cada dia


A hipocrisia é o que torna suportável a convivência entre humanos e, ao mesmo tempo, o que nos torna mais humanos na acepção mais plena da palavra. Nos últimos tempos, vejo alguns colegas de internet, internautas comuns, assumirem uma postura radical contra tudo que se copia da internet sem pagar direitos autorais, de um programa a uma foto. Comparam a pirataria a um crime como tráfico de drogas, contrabando, roubo a mão armada ou coisa parecida.
Eu me pergunto se houvesse um programa que destruísse todos computadores que possuem algum software pirata ou uma música ou imagem que não recolheu direitos autorais quantos computadores restariam na internet? 
É importante, antes de começar a conversar sobre pirataria, definir o que é pirataria. Pessoalmente, entendo como o uso de produto intelectual que não é de sua autoria para obter dinheiro decorrente de venda a terceiros. Ou seja, o colega que me passa um arquivo de mp3 não é um perigoso pirata que a ameaça o planeta e a sociedade judaico-cristã-ocidental. Ele não está lucrando com isso. Esse é o problema número um: controlar o conceito de pirataria.
Outra coisa, cópia incomoda porque não arrecada. Por conta de alguns, a ideia seria que pagássemos uma taxa cada vez que ouvíssemos uma música. Alegam que tira emprego do músico copiar. Tira não. Músico ganha mesmo é com show, muitos músicos menos conhecidos nunca viram a cor de direitos autorais ou viram uma pequena parcela do que tinham direito. Isso tira é arrecadação fiscal num país que acha normal vender um CD por mais de 25 reais.
Não estou defendendo cópia ilegal. Estou chamando você à reflexão.
Para aqueles que assumem um discurso radical contra toda e qualquer forma de pirataria, torçam para que nunca inventem um programa destruidor de computadores como eu falei.

Ah sim... Dentro da lógica vigente, quando comentar esse texto, uma produção intelectual de minha autoria, solicito que façam a citação e depositem em minha conta o valor de 0,50 por comentário falado e 1,00 por formato escrito. Os meus direitos autorais agradecem.

Em tempo: Pirataria sozinha não tira emprego. O que tira emprego é juros altos, carga tributária abusiva, mau uso do dinheiro público, corrupção, encargos trabalhistas pesados... enfim, há mais coisas na lista dos vilões.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Disso fomos feitos


Outro dia eu tive a oportunidade de conhecer um trabalho chamado “the n**u project” por intermédio de um amigo meu, o fotógrafo Igor Alecsander, o profissional/artista mais sensível e competente do mundo da fotografia que eu tive o prazer de conhecer pessoalmente. Sugiro que acesso o site para entender melhor o que eu tenho a dizer nas linhas que se seguem (www.thenuproject.com). 
Os ensaios fotográficos são feitos com pessoas, mais exatamente, mulheres. Entretanto, existe um aspecto especial que torna o trabalho impecavelmente perfeito, são mulheres normais. Brancas, negras, morenas, velhas, novas, com cabelos lisos, outras crespos, rijas, flácidas, magras, gordinhas.. enfim, seres humanos normais que se distanciam do padrão mídia de beleza, um padrão efêmero que não nos informa que aquele é um ideal venal do corpo humano. 
Precisamos de trabalhos como esse para lembrar o que somos. Tenho certeza que se os defeitos da alma aflorassem no corpo como as rugas, celulites e estrias, as pessoas se cuidariam muito mais quando agem em seu meio, quando cultivam sentimentos mesquinhos e destrutivos, quando se inebriam de poder e agem como senhores da verdade, deuses na terra. Mas eles não aparecem e ficam ocultos por trás do belo rosto, do corpo duro, das formas rijas...
Enquanto isso, acreditamos no que vemos.
Muitos diriam que é fácil dizer isso quando se passou dos quarenta e o processo de envelhecimento é  visível e irreversível. Eu jamais refutaria tal argumento e ainda o completo: mais fácil do que dizer é entender e isso é um coisa que por mais que eu lhe diga, só o tempo irá lhe ajudar fazê-lo.

***

Em tempo
E por falar em hipocrisia, a palavra n**u deve ser lida sem os asteriscos que constituem um recurso para driblar o rastreamento de "imoralidades" do Dihitt... aliás todo o texto foi alterado para isso, pois foi bloqueado na primeira vez que foi postado. Como se vê, poucas vezes, você puderam ver um post tão pornográfico e imoral como esse.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Natal é tempo de... ter paciência e relaxar


O mundo é um imenso mais do mesmo, mas sempre com sabor diferente. Natal é um exemplo disso. Salvo as confraternizações de final do ano em empresa, gosto de quase tudo. E, mesmo assim, a minha implicância com essas festas é em decorrência da inversão da ordem das coisas. Colegas de trabalho que passam o ano todo te ferrando (tem um termo melhor, mas é grosseiro demais aqui), depois, te oferecem vinho e um jantar. Como assim??? Não é o contrário, primeiro vem o vinho e o jantar e depois.. enfim. Sou muito tradicionalista nessas coisas de relações sociais.
Mas se prepara que aí vem... Roberto Carlos, Xuxa, especiais da TV, árvores iluminadas sendo filmadas, ceias e festas nas novelas e até na Turma (argh!) do Didi. Quando você pensa que acabou, lá vem o ano novo com Faustão, Ivete Sangalo, pessoas de branco, taças de champanha, retrospectiva, fogos em Copacabana, promessas que não serão cumpridas e a virada do ano em várias partes do mundo como se você estivesse realmente interessado em saber como foi a passagem de ano em Sidney que não é a capital da Austrália como muita gente pensa.
E como golpe de misericórdia, começamos o ano na expectativa do Carnaval com os seus pré e pós-embalos carnavalescos dos quais somos salvos somente pelo coelho da Páscoa mais de um mês depois. Serão dias de muito axé, receitas para curar ressaca no jornal Hoje, coberturas do carnaval de rua no Nordeste e desfile no Rio e em São Paulo com um tradicional quebra-pau depois do resultado na terra da garoa onde o couro come antes, durante e depois da festa.
Mas é isso. Eis mais um ano que será do tamanho de sua capacidade de suportar e que trará acima de tudo, oportunidades única de aprender a sobreviver a mais um ano. Tudo isso porque, apesar de tudo, estar por aqui ainda vale bem a pena.
Aproveite!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Passeatas contra a corrupção: circo sem pão no país do rei bufão


Ontem (15/11), em vários lugares do Brasil, ocorreu, mais uma  vez, a passeata contra corrupção que as TVs insistem em focalizar em ângulo fechado para não dar dimensão da vergonha que é isso toda vez que acontece. Meia dúzia de gatos pingados com fantasias simbólicas como roupas pretas, máscaras e, claro estátuas da justiça com dinheiro na mão em uma clara metáfora da corrupção no judiciário.

Mas sabe por que isso não funciona no Brasil e provoca risos histéricos nos corruptos como um grotesco festival de circo decadente?  Não? 

Somos um país corrupto até a raiz dos cabelos, temos a desonestidade entranhada em nosso DNA e cabe a alguns, sonhadores e “insensatos” (talvez), lutar contra essa genética maldita de séculos. A verdade que ninguém quer ouvir ou dizer é que somos um país em que a corrupção incomoda até o ponto em que não somos beneficiados por ela. Todo mundo gostaria de um empreguinho na assembleia legislativa de 8 mil mês para nem dar as caras lá e só receber, todo mundo gostaria de ganhar um concorrenciazinha fácil, todo mundo gostaria de um empreguinho para o filho na prefeitura, tudo em trocar de um apoio político ou de uma boca fechada.

Na iniciativa  privada ou no poder público, erro, no Brasil, não é roubar, erro é não dividir com as pessoas certas. Erro não é fraudar, erro é fazer mal feito. O mundo dos pequenos crimes cotidianos legitimam beber e dirigir, dar dinheiro para policial, comprar recibos para IR, pagar e receber por fora e vai por aí. Tudo plenamente justificado pelo “todo mundo faz assim” ou “ah.. mas se você não fizer assim você não sobrevive”

Em 40 anos de vida, vi pessoas se venderem por tão pouco. Eu mesmo, embora nunca tenha participado dos saques, calei-me sempre para manter um confortável emprego. Ou seja, fui parte de tudo que denigre e destrói o meu país por conta da omissão em nome do meu conforto. Mea culpa... mea maxima culpa. Sou parte disso. Agora, que atirem a primeira pedra....

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Hipocrisia e cigarro - tudo a ver

Sempre achei que a hipocrisia é um bem social.
Proibimos a maconha, liberamos o cigarro, condenamos a cocaína, aceitamos o álcool. Achamos até engraçado um personagem humorístico que cai pelos cantos e fala besteiras fazendo piadas com a própria desgraça (não a do ator, mas a do personagem). O Ministério da Justiça reclassifica a novela porque aparece uma moça seminua dançando numa boate às 21 horas. Enquanto isso, o senado libera um senador que comprou empresas usando laranjas, dinheiro sujo, pagou uma amante (aliás, com quem teve uma filha) com dinheiro de empreiteiro e isso passa no jornal das 13 horas.
Não defendo a liberação das drogas, mas a questão é pensar: o que faz o álcool menos droga do que a cocaína e o que faz o cigarro menos droga do que a maconha? Talvez dados técnicos apresentem distinções, mas estas se contrastam com a realidade de que o cigarro e a bebida são muito mais socialmente nocivas do que os seus concorrentes vendidos nas bocas de fumo dos morros (e, hoje, até por playboys de classe média).
Mas, seguindo assim, punindo os peitinhos na TV, liberando as putarias dos políticos não vejo muito perspectiva para aposentar a falsidade (ou pelo menos, dar umas férias sem vencimento para ela). Achando normal o garotinho de 15 anos com o cigarro no dedo que chega a casa bêbado depois da balada e se horrorizando com os garotos de zona sul preso com drogas seguimos rumo ao nada, ou pior, ao tudo de ruim.
Não tenho esperança de que as coisas mudem muito com a liberação das drogas ou mesmo com a proibição do álcool. Acho que tudo demanda uma reformulação de mentalidade que terá como fim tirar nosso rosto de trás dessa mascara chamada HIPOCRISIA.
Quando eu dava aulas em ensino médio, uma vez me vi no meio de uma roda de alunos de 1º ano que contavam sobre um churrasco. A conversa descambou para porres homéricos (papo comum nessa idade). Daí, começaram a relatar os porres de seus pais. Um deles disse:

Caraca, maluco, aí quando eu vi, meu velho tava todo vomitado no churrasco da minha tia. Levamos o cara para o chuveiro e demos um banho daqueles... caraca, maluco. Muita doideira.

Imaginei-me naquela situação, jamais vivida por mim, com meu pai e deprimi só de pensar. Esse fato narrado vindo de um adolescente é normal, pois a idade prima por pouco senso crítico, mas essa atitude vinda de um pai dispensa comentários e se torna autoexplicativa para o que vemos.
Ave, hipocrisia!

sábado, 28 de maio de 2011

Kit-Gay(?): Tudo é uma questão de como se fala

A polêmica da semana foi o veto da presidente Dilma ao Kit educacional contra a homofobia, logo apelidado de Kit-Gay. Acho que se o objetivo era escrachar, chegamos a um passo de denominar o material de Kit-Viado, Kit-Bicha ou mesmo Kit-Baitola para atender ao regionalismo que o termo tem e não excluir os nossos amigos do Nordeste. 
O problema em questão, definitivamente, não é o que se fala, mas como se fala e a quem se fala. No meio da discussão não me ficou claro a quem se destinava propriamente o Kit. A Crianças? Aos adolescentes? Aos professores e educadores? Não entendi direito e por isso não me perderia em especulações sobre o público-alvo do material. Vou à questão central: o que se fala.
Acho que devemos abordar todos os assuntos na escola: homossexualismo, drogas, pedofilia, crise econômica. Enfim, escola é espaço de livre pensamento e formação. O problema é a maneira como isso está sendo abordado: "- Olha, hoje, vamos falar sobre os homossexuais." "Olha, Não pode discriminar, não pode debochar, não pode olhar estranho, pois eles são seres humanos..."
Não conheço o kit muito além do que a mídia apresentou, como já disse antes, mas essa me parece a pior metodologia para se abordar a questão. O tema tem que surgir espontaneamente e abrir o debate que não deve se estender como um gancho para o professor de uma matéria ou de outra em seu conteúdo. Todavia, a questão é: Como lidar com isso quando muitos dos professores trazem consigo um baita preconceito porque sua religião ou seja lá o que for diz que Deus disse (em pessoa para um cara que escreveu isso em um livro) que homossexuais são anormais? Ou quando o aluno chega em casa e vê o pai emitindo esse tipo de opinião?
Desse jeito, não dá. O preconceito tende a diminuir sim (como tem sido desde que eu lembro em minha adolescência até hoje, já há uns 30 anos nisso), mas reduziu na medida em que fatos relacionados ao tema começaram a emergir na mídia e no dia-a-dia das pessoas. O debate brota naturalmente disso e aí está a deixa para se falar naturalmente do fato.
E, para aqueles que abominam o homossexualismo, vai uma dica: - Olha, se seu filho (ou filha) tiver tendências homossexuais, ele(a) será, independente de você querer ou não. 
Dessa forma, trabalhe para que ele não seja um canalha ou para que não julgue as pessoas por sua cor, religião ou opção sexual. No mais, não podemos interferir muito.


sábado, 23 de abril de 2011

Democracia tutelada é a mais escrota das ditaduras


Eu assistia a um documentário outro dia no History Channel sobre as democracias tuteladas da america latina. Achei essa terminologia ótima para se referir a uma ditadura negociada. Se é que se pode dizer que isso exista mesmo. Tenho cá para mim que ditadura é ditadura e ponto final. Muitas se disfarçam de estados legítimos democráticos, mas se valem do poder econômico para perpetuar o poder. Um exemplo que me chama a atenção é a Venezuela.
Um líder que se elege a custo de poder econômico uma vez que detém a máquina do estado e dela faz o que bem entende, controla a impressa que considera golpista quando discorda dele (impressa golpista... parece que já ouvi isso por aqui no Brasil há bem pouco tempo atrás...) e assume uma postura de candidato a martir de um comunismo morto e enterrado há mais de 20 anos...
Enfim, não existe democracia tutelada. Democracia tutelada é ditadura legitimada.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Fuçar no nariz e outras esquisitices: tudo normal

Lembro que, na época da Copa de 2010, causou um grande furor a imagem de um técnico (acho que da Alemanha) tirando meleca do nariz. Foi um frisson terrível, “Olha, ele tirou meleca!”, “Nossa, ele tem meleca no nariz”, “celebridades têm meleca...” Aí, um dia, eu questionei dizendo que todo mundo tem meleca, todo mundo tira meleca... Logo, fui rebatido com um “Nossa, mas na frente de todo mundo? Que nojeira!” 
Bom, deixa eu entender. Quer dizer que meleca na frente dos outros é nojeira. Fechou a porta do banheiro, tirou meleca não é mais nojeira? Dizem que o cara comeu depois.. isso é também outra questão. Sei lá...
Outra coisa foi a questão Sandy no Carnaval. Houve uma indignação coletiva de vê-la como garota propaganda da cerveja Devassa. Tudo bem, eu preferia a Paris Hilton até pelo seu currículo com direito a vídeo na web e tudo mais. Entretanto, gente, a ideia é “todo mundo tem um lado Devassa”. Vai que até gente como a Sandy tem. Achei legal. Criaram em torno da Sandy uma aura de pureza.. sei lá. Vai que ela é normal como todo mundo e além de fazer cocô, xixi, arrotar e soltar pum, ela tem um lado devassa e curte menage a trois, sexo grupal, exibicionismo, lesbianismo, ver vídeo pornográfico hard core... sei lá.. Vai saber.
Afinal, todo mundo tem um lado devasso mesmo que, por mais que se esconda, acaba surgindo sorrateiramente, ainda que seja depois que se fecha a porta do banheiro.