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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Hipocrisia, cigarros e outras coisas

Sempre achei que a hipocrisia é um bem social.
Proibimos a maconha, liberamos o cigarro, condenamos a cocaína, aceitamos o álcool. Achamos até engraçado um personagem humorístico que cai pelos cantos e fala besteiras fazendo piadas com a própria desgraça (não a do ator, mas a do personagem). O ministério da justiça reclassifica a novela porque aparece uma moça seminua dançando numa boate às 21 horas. Enquanto isso, o senado libera um senador que comprou empresas usando laranjas, dinheiro sujo, pagou uma amante (aliás, com quem teve uma filha) com dinheiro de empreiteiro e isso passa no jornal das 13 horas.
Não defendo a liberação das drogas, mas a questão é pensar: o que faz o álcool menos droga do que a cocaína e o que faz o cigarro menos droga do que a maconha? Talvez dados técnicos apresentem distinções, mas essas se contrastam com a realidade de que o cigarro e a bebida são muito mais socialmente nocivas do que os seus concorrentes vendidos nas bocas de fumo dos morros (e, hoje, até por playboys de classe média).
Mas, seguindo assim, punindo os peitinhos na TV, liberando as putarias dos políticos não vejo muito perspectiva para aposentar a falsidade (ou pelo menos, dar umas férias sem vencimento para ela). Achando normal o garotinho de 15 anos com o cigarro no dedo que chega a casa bêbado depois da balada e se horrorizando com os garotos de zona sul preso com drogas seguimos rumo ao nada, ou pior, ao tudo de ruim.
Não tenho esperança de que as coisas mudem muito com a liberação das drogas ou mesmo com a proibição do álcool. Acho que tudo demanda uma reformulação de mentalidade que terá como fim tirar nosso rosto de trás dessa máscara chamada HIPOCRISIA.
Certa vez, quando eu dava aulas em ensino médio em uma escola da rede privada, lá pelos idos de 1999, uma vez me vi no meio de uma roda de alunos de 1º ano que contavam sobre um churrasco. A conversa descambou para porres homéricos (papo comum nessa idade). Daí, começaram a relatar os porres de seus pais. Um deles disse:

Caraca, maluco, aí quando eu vi, meu velho tava todo vomitado no churrasco da minha tia. Levamos o cara para o chuveiro e demos um banho daqueles... caraca, maluco. Muita doideira.

Imaginei-me naquela situação, jamais vivida por mim, com meu pai e deprimi só de pensar. Esse fato narrado vindo de um adolescente é normal, pois a idade prima por pouco senso crítico, mas essa atitude vinda de um pai dispensa comentários e se torna autoexplicativa para o que vemos.
Ave, hipocrisia!

quinta-feira, 12 de março de 2015

Minha nova velha escola

Depois de mais de 12 anos longe do ensino médio e só trabalhando com ensino superior, retornei em 2014 para trabalhar em uma unidade federal  (IFRJ - Pinheiral). De início, tive até um certo receio de não gostar e cair no piloto automático (não gosto de piloto automático. Gosto de fazer as coisas com gosto de primeira vez. Gosto da profissão que escolhi há 25 anos). 
Entretanto, hoje, 5 meses depois de começar no novo emprego, vejo que tem sido uma experiência tão gratificante! (tenho sido muito feliz e ainda posso trabalhar de bermuda! Odeio calças compridas)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Dúvidas, certezas e outras dúvidas...

Quando somos jovens, trazemos conosco a certeza de que aquela menina linda e supersensual da escola não sai com a gente só porque não temos carro, não temos dinheiro, não temos condição de levá-la a um local que preste para comer algo e bater papo. O tempo é sábio e nos traz a consciência de que tudo aquilo que pensávamos, no fundo, era verdade. A maturidade nos faz perceber que, se fôssemos mulher e nos olhássemos naquelas circunstâncias, também não teríamos razão nenhuma para sair com a gente. E não venha com o papo de riqueza interior. Imagina:

-
A conta é de 65 reais. Apresenta o garçom.
-
Olha seu garçom, dinheiro eu não tenho, mas sou uma pessoa excelente, de caráter, honesta, sincera... espero que o senhor leve isso em conta. Ou melhor.. leve à conta isso.

E a história terminaria com seu pai o pegando na delegacia. O silêncio no carro de volta para casa vai traduzindo a vontade que seu pai tem de estrangulá-lo por causa da vergonha que o fez passar.
O caso é que achamos que, quando formos adultos tudo vai melhorar, mas não sabemos que , quando chegarmos a idade adulta, passaremos a achar que tempo de bom era a adolescência e que tudo não mudou muito, vantagens e desvantagens foram substituídas.
Aos 16, achamos que ninguém nos entende e que o mundo não é justo. Quando adultos, temos certeza disso. O mais legal é que, aos 16, não se imagina como essa certeza é confortante.
Quando somos
teens, os pais pagam nossas contas e achamos que não fazem mais do que sua obrigação, quando adultos, pagamos nossas contas e os credores têm a certeza de que não fazemos mais do que nossa obrigação. Porque, de fato, não o fazemos mesmo.
Aos 18, temos a certeza de que vamos mudar o mundo nem que seja à porrada. Aos 40, descobrimos que o mundo nos deu tanta porrada que nós mudamos.
Passamos a vida substituindo dúvidas por certezas e estas por outras dúvidas... a graça da coisa está aí. Pelo menos, é o que acho até agora... Mas por hora, deixo aberta essa certeza para substitui-las por algumas dúvidas... amanhã

domingo, 23 de setembro de 2012

O filme para adultos (sem noção) ou adolescentes (desesperados)

Sempre gostei muito de cinema. De tudo em cinema mesmo e desde sempre. Quando eu tinha uns 16 anos, a tecnologia de ponta eram os videocassetes com duas ou mais cabeças de leitura e gravação. Para quem não sabe isso era uma espécie de versão pré-histórica dos blue rays de hoje. 
Para um adolescente da época (déc. 80) não havia maior transgressão do que assistir a um filme pornô, na época era, simplesmente, filme de "sacanagem", no vídeocassete. Hoje, esse termo caiu em desuso, pois só se refere ao que é exibido pela TV câmara ou a TV senado, o reduto da mais devassa sacanagem no país. Um dia eu tive essa oportunidade e, meio às escondidas, aluguei um fime nacional que me parecia bem interessante, pois tinha uma história que dava moldura à sacanagem toda. Mais ou menos como, hoje, são os depoimentos de CPI. 
O filme começava com um monte de gente dentro de uma Variant velha meio bege indo para um sítio, o motorista dava trancos violentos no volante e gritava alguns palavrões. Ao chegar no sítio, havia a carcaça de um animal morto e um dos “atores” abaixou ao lado, tirou uma flautinha doce de plástico e começou a tocar. Tocava mal pra cacete e aí percebi que aquele filme era de sacanagem mesmo. Chegando à casa do sítio, um lugar meio lúgubre, começou o rala-e-rola. Quando os caras e as mulheres tiraram a roupa, eu poderia jurar que eles estavam fazendo aquilo por necessidade, que o cachê ali era um café com leite e um pão com manteiga. As moças eram de uma magreza e uma feiúra de dar dó, Já os rapazes, era o contrário, eram de uma feiúra e uma magreza de dar dó. Uma das moças era tão peluda que parece que escondia um gato angorá nos suvacos e na virilha. Eram momentos de horror. Poucas vezes na minha vida vi uma coisa daquele jeito e repetia para mim: caramba, gastei meu dinheiro com essa merda! Sacanagem, sacanagem...! Assisti a mais alguns minutos de filme o suficiente para não entrar em depressão profunda e ao mesmo tempo ter certeza de que aquilo era "aquilo" mesmo. As revistinhas não se mexiam, mas eram mais agradáveis de se ver, pensei. Por muito anos levei esse trauma comigo e perdi completamente o interesse pelos filmes do gênero. Fui superar isso anos depois, mas mesmo assim, ainda sou capaz de apostar que tem gente que ainda trabalha por um lanchinho e pelo vale-transporte.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Facebook, minha carência agora é nossa.


Já reparou como as pessoas andam carentes? Principalmente, no Facebook. Como professor há muitos anos, tenho mais de 1500 contatos e vejo uma enxurrada de publicações de gente nova lamentando estar sozinha, sem ficar com ninguém, chorando por não saber o que é namorar no inverno, implorando por uma atenção, por um carinho ou, que seja, por um breve amasso (assim se dizia na minha época. Palavra velha, né?)
Esse público de choronas (e alguns poucos chorões) lamentosas é composto basicamente por meninas novas que poderiam bem estar longe do computador resolvendo esse problema. Mas não.. estão ali entre lamúrias e postagens de "como estou só... ninguém me quer... não estou pegando ninguém.. ai de mim.. coitada de mim.. não sei o que é um carinho
Entretanto, há também as revoltadas do afeto que dizem coisas do tipo: " estou sozinha porque quero", "estou sozinha porque não tem ninguém ao meu nível e por menos eu não quero". "Aguardo alguém que me mereça". Isso se trata, obviamente, de uma baita mentira e um grito de desespero final. Algo como se dissesse: S.O.S - pelo amor de Deus, me convence de que estou errada e ainda estou "pegável". Alguém, por favor, alguém....
Desculpe-me, mas isso é postagem predominante de moças, pois rapaz com esse papo é muito estranho. Imagine seu colega chegando perto de você, homem, e se abrindo:
- pô, cara, estou assim meio estranho, carente, sentindo falta de braços em torno do meu corpo, mãos dadas, sei lá... Há muito tempo que não fico com ninguém. Sinto falta de uma boca tocando a minha e de dormir de conchinha no inverno...
- Peraí, peraí.... "véi, cê tá dano", véi?
É o mínimo que o cara vai ouvir.

... Caramba! Ô terra de gente carente esse Facebook!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Que me desculpe povo "Teen", mas Crepúsculo é uma porcaria.

Estreia nos cinemas o mais novo episódio da saga Crepúsculo que promete, assim como os anteriores ser uma porcaria. Poucas vezes, fui tão direto ao ponto em um texto, mas não consigo me conter diante dessas fórmulas batidíssimas de romance gótico teen. Sinceramente, não encontrei as meias palavras. É ruim pra caramba... No primeiro, aquela cena em que a menina é socorrida pelo vampiro "The flash" de ser atropelada por um carro me arrancou risadas ótimas. Só que, creio eu, a ideia dos autores não era ser cômico. Mas enfim.. Outro dia fui entender o porque de parecer tão patético para mim e ser um sucesso entre o público adolescente quando lia um artigo sobre os conflitos na adolescência.
Na verdade, os personagens do filme, vampiros, atuam fortemente no imaginário dos jovens, pois representam o estereótipo da exclusão, do outsider social. Uma sensação comum nessa época da vida. A força, a imortalidade e os superpoderes são uma projeção de sentimentos que temos, muitas vezes, inconscientes nessa fase da vida onde tudo é intenso, somos imortais, incompreendidos, marginais de uma infância que nos deixou e de uma vida adulta que ainda não nos acolheu, Vivemos em um espécie de limbo etário. O vampiro é a constituição plena de um alterego do adolescente, daí toda as paixões despertadas por esse tipo de produção cinematográfica. Isso me ajuda muito a entender as coisas...
O que não faz com que eu deixe de achar a saga uma porcaria... eu, um homem de quase 40 anos, mas o eu, um adolescente de 16 acha o máximo... 

sábado, 6 de setembro de 2008

Quando somos adolescentes achamos...

Quando somos jovens, trazemos conosco a certeza de que aquela menina linda e supersensual da escola não sai com a gente só porque não temos carro, não temos dinheiro, não temos condição de levá-la a um local que preste para comer algo e bater papo. A maturidade é sábia e nos traz a percepção de que tudo aquilo que acreditávamos, no fundo, era verdade. A maturidade nos faz perceber que se fôssemos mulher e nos olhássemos naquelas circunstâncias não teríamos razão nenhuma para sair com a gente. E não venha com o papo de riqueza interior. Imagina:

-
A conta é de 65 reais. Apresenta o garçom.
-
Olha seu garçom, dinheiro eu não tenho, mas sou uma pessoa excelente, de caráter, honesta, sincera... espero que o senhor leve isso em conta. Ou melhor.. leve à conta isso.

E a história termina com seu pai o pegando na delegacia. O silêncio no carro de volta para casa vai traduzindo a vontade que seu pai tem de estrangulá-lo por causa da vergonha que o fez passar.
O caso é que achamos que, quando formos adultos tudo vai melhorar, mas não sabemos que , quando chegarmos a idade adulta, passaremos achando que tempo de curtição era a adolescência.
Aos 16, achamos que ninguém nos entende e que o mundo não é justo. Quando adultos, temos certeza disso. O mais legal é que, aos 16, não se imagina como essa certeza é confortante.
Quando somos
teens, os pais pagam nossas contas e achamos que não fazem mais do que sua obrigação, quando adultos, pagamos nossas contas e os credores têm a certeza de que não fazemos mais do que nossa obrigação. Porque, de fato, não o fazemos mesmo.
Aos 18, temos a certeza de que vamos mudar o mundo nem que seja a porrada. Aos 37, descobrimos que o mundo nos deu tanta porrada que nós mudamos.
Passamos a vida substituindo dúvidas por certezas e estas por outras dúvidas... a graça da coisa está aí.
Pelo menos, é o que acho até agora... Deixo aberto para minhas futuras mudanças de opinião. Esta crônica é uma obra em aberto... Amanhã, acho outras coisas e assumo novas certezas.
Até amanhã.