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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O mito da mal amada - o drama feminino (e masculino)


Freud já dizia que o desejo do homem é ser objeto de desejo do outro e assim alimentamos nossa vaidade e direcionamos nossa libido. Com base nisso, é fácil entender a mal amada, ou para os mais curtos-e-grossos, a mal comida.
Elas se revelam em ambientes de trabalho ou acadêmicos, pois é o meio que lhes permite projecão e canalização da libido contida em outras áreas. Sendo assim, apesenta um comportamento obsessivo com perfeição e controle de tudo. Além é claro de uma tendência de agredir tudo aquilo que, de alguma formas, lhes ameaça o status ou o poder adquirido. Normalmente, são solteiras ou casadas frustradas e, normalmente, sem filhos...
Tudo isso nasce na rejeição sexual mesmo (no mal comida) uma vez que o sexo, para a mulher, tende a ser mais do que penetração. Envolve afeto e aceitação que passam pelo beijo, o toque de mão, uma conchinha depois da transa.. Sexo, nesse caso, é bem mais complexo do que para o homem que poderia ser reduzido, na maioria das vezes, como penetração, ejaculação e sono.
A mulher que tem essa parte mal resolvida sofre com a perda da autoestima de não se sentir desejada em uma sociedade "animal" em que, culturalmente, é a ela que compete o papel de rejeição do macho. Dessa vez, o macho não a quer. Ele a dispensa em uma inversão de papéis inconcebível.
A libido preciso ser direcionada para algum lugar, pois é uma energia que não se perde e seu compensatório deve ser feito. Dessa forma, toda aquela força se concentra em um aspecto, o profissional, e forma uma personalidade obsessiva e altamente tensional do ambiente. Eis o mal da "mal comida", explicado em parte.
Agora quando você encontrar com aquele pessoa do trabalho que apresenta esse comportamento será mais fácil entender o porquê de tanto azedume... Em parte, começou, em algum momento, na violação do axioma freudiano.

Próximo episódio: O macho mal resolvido 

terça-feira, 5 de junho de 2012

Facebook, minha carência agora é nossa.


Já reparou como as pessoas andam carentes? Principalmente, no Facebook. Como professor há muitos anos, tenho mais de 1500 contatos e vejo uma enxurrada de publicações de gente nova lamentando estar sozinha, sem ficar com ninguém, chorando por não saber o que é namorar no inverno, implorando por uma atenção, por um carinho ou, que seja, por um breve amasso (assim se dizia na minha época. Palavra velha, né?)
Esse público de choronas (e alguns poucos chorões) lamentosas é composto basicamente por meninas novas que poderiam bem estar longe do computador resolvendo esse problema. Mas não.. estão ali entre lamúrias e postagens de "como estou só... ninguém me quer... não estou pegando ninguém.. ai de mim.. coitada de mim.. não sei o que é um carinho
Entretanto, há também as revoltadas do afeto que dizem coisas do tipo: " estou sozinha porque quero", "estou sozinha porque não tem ninguém ao meu nível e por menos eu não quero". "Aguardo alguém que me mereça". Isso se trata, obviamente, de uma baita mentira e um grito de desespero final. Algo como se dissesse: S.O.S - pelo amor de Deus, me convence de que estou errada e ainda estou "pegável". Alguém, por favor, alguém....
Desculpe-me, mas isso é postagem predominante de moças, pois rapaz com esse papo é muito estranho. Imagine seu colega chegando perto de você, homem, e se abrindo:
- pô, cara, estou assim meio estranho, carente, sentindo falta de braços em torno do meu corpo, mãos dadas, sei lá... Há muito tempo que não fico com ninguém. Sinto falta de uma boca tocando a minha e de dormir de conchinha no inverno...
- Peraí, peraí.... "véi, cê tá dano", véi?
É o mínimo que o cara vai ouvir.

... Caramba! Ô terra de gente carente esse Facebook!

segunda-feira, 12 de março de 2012

Aprenda a amar sua solidão


Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite  
(Clarisse Lispector)

A solidão é a única coisa que nos é legítima e ainda assim, passamos a vida nos embriagando com a ideia de que temos amigos, temos família, temos lugar, temos rótulos que nos agregam e inserem em algum lugar, em algum grupo. Entretanto, a vida é um quarto escuro em que entramos sozinhos, somos tateados, abalroados, trombados, amparados por mão que não são nossas e que não possuem compromissos a não ser com elas mesmas. Quando chegamos à porta de saída, abrimo-la e batemo-la, sozinhos. Do jeito que entramos.
Aprendemos tudo, menos o fato de que a única companhia que nos será certa somos nós mesmos. Iludimo-nos. Amigo é questão de momento, conveniência e ocasião e os ventos mudam mais rápido do que imaginamos. Família são sócios nossos nessa prisão de carne chamada corpo, mas também comprometidos e presos as suas próprias celas de matéria orgânica. Lugares não são nossos, são do mundo. Ocupamo-los e temos que entrar praticando o cotidiano exercício de deixá-lo no minuto seguinte. E os rótulos, esses são as maiores ilusões, bastiões de toda vaidade e segregação. Iludem-nos com a ideia de que somos algo completamente diferente do que somos.
A vida é isso. Entrar e sair de uma porta. No mais, é ilusão. É uma imensa confusão nascida numa discussão esquizofrênica de quem somos, com quem pensamos que somos e com quem os outros imaginam que somos. 

sábado, 27 de agosto de 2011

Ninguém vai para o Panamá

Outro dia, no aeroporto, ele esperava seu horário de embarque e ficava distraído olhando os painéis de voos de tempo em tempo.  Entre nomes como Paris, Madrid, New York, Londres e outros, passava insistentemente a chamada do voo para a Cidade do Panamá. Quase como uma súplica. Nesse momento, atentou para o fato de que nunca conhecera ninguém tivesse ido para o Panamá. De lá, só temos notícias do chapéu do Panamá e do Canal do Panamá. Pensou, quem é que vai para o Panamá? Fazer o que no Panamá? Aliás, quem mora no Panamá? e o que estão esperando no Panamá? Lost seria perto do Panamá? Ou o próprio seria Lost?
Compadeceu-se do Panamá. Sentiu vontade e jurou que se tivesse dinheiro sobrando algum dia, iria ao Panamá. Fazer o quê? Sei lá. Dar um alô. Comprar um chapéu, tirar uma foto do canal e dizer: aí, na boa, amigos, vim dar só uma força pra vocês. 
E voltar imediatamente.
Aliás, achou que aquele voo que via no painel do Galeão, deveria ser um voo repleto por pessoas antecipando a essa minha missão humanitária.
Correu para trocar seu bilhete no balcão. Precisava fazer parte daquilo para se sentir melhor.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

De farmácias e de celulares... dos remédios aos SMS


Há tempo dizia-se por aqui que brotava uma fármácia em cada esquina. E, de fato, sem muito esforço, consigo listar umas 8 em um raio de menos de 300 m do centro da cidade. Além dali, deve haver umas 4 ou 5 mais na cidade onde moro. Mas, outro dia, tive prazer de ir a Juiz de Fora, Minas Gerais, cidade onde morei bons 3 anos de minha vida na década de 90 e constatei uma coisa interessante, a necessidade de se comunicar talvez seja maior do que a necessidade de tomar remédios, ou será que se comunicar talvez seja um outro tipo de remédio que anda curando a solidão, a distância, o silêncio das grandes cidades? Não sei.
Em um mesmo raio de 300 m do centro de JF, pude contar mais de 12 lojas de celular e, farmácias, não mais do que 6 das grandes, mas só seis. Lojas de celulares, não.. essas são pequeninas e se espalham por todos os lados...OI, CLARO, TIM, VIVO... para todo lado são celulares. Até as lojas que não são autorizadas oferecem aparelhos que aceitam todos os chips, tudo made in China. Bom, diz a lógica que a oferta é proporcional a procura, pois não sendo assim, a oferta diminui por processo natural de seleção. 
Mas as lojas de celulares não, pipocam, pululam, brotam e cada esquina que você passa. Juiz de Fora cresceu muito nessas últimas duas décadas e contraiu a doença das cidades grandes, para essa doença, talvez a proximidade dos celulares seja o melhor remédio. Saber que milhares de pessoas se encontram a 8 dígitos de distância, a pizzaria, o sanduíche de entrega, a fármácia, o mercado, as garotas de programa, a locadora, o encanador.. tudo ali. Escondido em um teclado à espera de oito toques alinhados e direcionados. Pronto. Chegou.
Minha cidade tem menos de 70 mil habitantes. As pessoas ainda se falam bastante pessoalmente, por isso talvez só tenhamos umas 3 no centro da cidade. É bem provável que um dia, ao nos tornarmos uma cidade grande, venham a surgir dezenas delas para curar a doença dos grandes centros modernos. E os donos de farmácia trocarão as bancas de comprimidos por vitrines com chips promocionais. 
É...
Quero as lojas de celular bem longe de mim... mas não menos as fármacias.


sábado, 22 de agosto de 2009

Solidão SA

Outro dia, vi em uma reportagem na TV (Profissão repórter) um serviço de acompanhante. Não se tratava de um serviço de sexo delivery, mas de amigo delivery. Um profissional oferecia para vender seu tempo como companhia a pessoas que, simplesmente, quisessem alguém para sair, jantar, conversar, dançar. Enfim, alguém para poder ter como amigo e companhia.
O que me chamou a atenção nisso tudo foi a dimensão do que se tornou a vida de algumas pessoas. Há uma impessoalização da existência que chegamos a ponto de contratar um amigo temporário em face do castelo de solidão que se formou em torno de nós. Os amigos de infância seguem seus caminhos, os filhos crescem e vão embora, os companheiros se afastam voluntariamente ou morrem e quando nos damos conta, eis a solidão que propicia um mercado de amigos de aluguel.
Não há espaço para se avaliar ou recriminar o que é isso, mas cabe uma reflexão de o que fizemos com nossa vida e, principalmente, em cidades grandes, como isso é tão comum, essa solidão SA. Cabe pensar até que ponto nos afastamos para nos proteger e nos isolamos do afeto do outro.
Moro em uma cidade pequena (75 mil habitantes) e ainda temos o costume de ir à casa de amigos a pé, de conversar nas calçadas, de ver o pessoal da terceira idade se aglomerando nas portas dos clubes para bailes. Ainda caminhamos nas ruas com os rótulos de filho do fulano, neto de sicrano... Essa sensação de identificação, parodiando Drummond, mesmo depois que a luz apagou, a festa acabou, acalmam os ânimos de qualquer José.
Dão uma identidade no meio da multidão e dispensam os amigos de aluguel.
Pelo menos por enquanto...