Consultório de médico, sala de espera de clínica médica, saguão de hospital... Já viu lugares mais preenchidos de tipos bizarros? Há aqueles que têm uma doença, aqueles que acham que tem uma doença e aqueles que gostariam de ter uma doença. Mas o tipo que mais me encanta é aquele que disputa doença e acha que sua doença é mais séria do que a de qualquer um. Sente-se ultrajado quando alguém relata uma doença pior que a sua, mas o pior é quando ele se vê diante de um colega que se vale da doença de outros para tripudiar sobre sua reputação de “o mais coitado”.
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sábado, 5 de dezembro de 2015
terça-feira, 5 de junho de 2012
Facebook, minha carência agora é nossa.
Já reparou como as pessoas andam carentes? Principalmente, no Facebook. Como professor há muitos anos, tenho mais de 1500 contatos e vejo uma enxurrada de publicações de gente nova lamentando estar sozinha, sem ficar com ninguém, chorando por não saber o que é namorar no inverno, implorando por uma atenção, por um carinho ou, que seja, por um breve amasso (assim se dizia na minha época. Palavra velha, né?)
Esse público de choronas (e alguns poucos chorões) lamentosas é composto basicamente por meninas novas que poderiam bem estar longe do computador resolvendo esse problema. Mas não.. estão ali entre lamúrias e postagens de "como estou só... ninguém me quer... não estou pegando ninguém.. ai de mim.. coitada de mim.. não sei o que é um carinho"
Entretanto, há também as revoltadas do afeto que dizem coisas do tipo: " estou sozinha porque quero", "estou sozinha porque não tem ninguém ao meu nível e por menos eu não quero". "Aguardo alguém que me mereça". Isso se trata, obviamente, de uma baita mentira e um grito de desespero final. Algo como se dissesse: S.O.S - pelo amor de Deus, me convence de que estou errada e ainda estou "pegável". Alguém, por favor, alguém....
Desculpe-me, mas isso é postagem predominante de moças, pois rapaz com esse papo é muito estranho. Imagine seu colega chegando perto de você, homem, e se abrindo:
- pô, cara, estou assim meio estranho, carente, sentindo falta de braços em torno do meu corpo, mãos dadas, sei lá... Há muito tempo que não fico com ninguém. Sinto falta de uma boca tocando a minha e de dormir de conchinha no inverno...
- Peraí, peraí.... "véi, cê tá dano", véi?
É o mínimo que o cara vai ouvir.
... Caramba! Ô terra de gente carente esse Facebook!
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terça-feira, 27 de março de 2012
A doença da carência (e, obviamente, da falta do que falar)
Acho interessantíssima uma sala de espera de consultório médico. É um lugar em que há a maior troca de carências que se pode imaginar. As pessoas sentam e se sentem na obrigação de conversar e mais, de relatar suas doenças, as doenças de seus parentes, enfim, a doença de qualquer um que inspire piedade. Alguém deveria dizer que, em sala de espera de consultório médico, pode-se falar de assunto que não seja doença. Acredite, pode-se falar de futebol, política e até sobre o BBB. Se bem que este último me deixa com vontade de ouvir falar sobre doença.
Outro dia, duas senhoras disputavam quem teria sofrido de mais moléstias. Uma apontava um cálculo renal e suas dores tão cantadas pelos quatro cantos do mundo. A outra, não se dando por vencida, disparou com uma úlcera gástrica. Dores, dores, dores e endoscopias. Sentindo que perderia terreno a primeira senhora pegou pesado e usou a doença de um parente distante, uma espécie de golpe baixo nesse tipo de disputa. Ela invocou um tio que morrera de câncer em apenas 1 mês... dores, dores, dores.. terríveis e fim.
Mas, por fim, uma senhorinha que, aparentemente, não morrera ainda por problemas auditivos, afinal, Deus já chamava há tempos, mas ela não ouvia, deu um golpe de misercórdia nas duas.
- Espinhela caída, sussurrou a senhora. Espinhela caída, repetiu.
Uma das senhoras se benzeu com o sinal da cruz. A outra colocou a mão na boca e ficou com os olhos marejados de lágrimas.
Afinal de contas, espinhela caída e vento virado, só benzendo. E como hoje não há mais benzedeiras como antigamente, é fatal.
O médico abriu a porta e as encontrou consternadas, pálidas...
Uma delas ousou inquirir:
- O senhor benze, não benze doutor?
Outro dia, duas senhoras disputavam quem teria sofrido de mais moléstias. Uma apontava um cálculo renal e suas dores tão cantadas pelos quatro cantos do mundo. A outra, não se dando por vencida, disparou com uma úlcera gástrica. Dores, dores, dores e endoscopias. Sentindo que perderia terreno a primeira senhora pegou pesado e usou a doença de um parente distante, uma espécie de golpe baixo nesse tipo de disputa. Ela invocou um tio que morrera de câncer em apenas 1 mês... dores, dores, dores.. terríveis e fim.
Mas, por fim, uma senhorinha que, aparentemente, não morrera ainda por problemas auditivos, afinal, Deus já chamava há tempos, mas ela não ouvia, deu um golpe de misercórdia nas duas.
- Espinhela caída, sussurrou a senhora. Espinhela caída, repetiu.
Uma das senhoras se benzeu com o sinal da cruz. A outra colocou a mão na boca e ficou com os olhos marejados de lágrimas.
Afinal de contas, espinhela caída e vento virado, só benzendo. E como hoje não há mais benzedeiras como antigamente, é fatal.
O médico abriu a porta e as encontrou consternadas, pálidas...
Uma delas ousou inquirir:
- O senhor benze, não benze doutor?
sábado, 2 de julho de 2011
Autoajuda até que ajuda quem precisa de ajuda
Outro dia um aluno veio me perguntar o que eu achava de autoajuda. Não sem primeiro descer a ripa em todo tipo de livro ou audio de autoajuda. Nunca levei a sério esse tipo de literatura talvez porque nunca tenha precisado de ser “autoajudado”. Tenho um psicanalista (e psiquiatra para me ajudar, sem auto, só ele mesmo). Mas fico pensando que há pessoas que não dispõem de tempo (ou tempo $$$) para ser auxiliado a superar suas paranoias do dia-a-dia e torná-los mentalmente mais saudáveis e, nessa hora, um livro em uma estante de banca escrito “Só é rico, bonito e sedutor quem quer: seja você agora” ou o “Sucesso em 10 lições” pode representar um grande auxílio. É uma questão de crer naquilo, pois as grandes mudanças ocorrem a partir daquilo em que nós cremos, de dentro para fora mesmo.
Normalmente, essa literatura é pobre de estrutura mais rica de lugares-comuns que precisamos ouvir como o destino conspira pelo seu sucesso ou o rio da vida impulsiona seu barco, use essa força, ou mesmo Deus te escolheu para ser feliz, seja! (Adoro esses imperativos. Fico até sem graça de dizer não).
Chegamos em um momento da existência humana que cultuamos o óbvio necessário diante da imensa estupidez das massas. O óbvio nos redime e nos remete ao eixo do pensamento. Dê limites aos seus filhos para que eles sejam pessoas melhores. ÓBVIO! Mas, agora precisa ser dito.
Não desmereço quem escreve, nem quem lê, nem quem crê. Há uma demanda por esse tipo de ideia nos tempos atuais e se há uma demanda é porque, de alguma forma ela é necessária. Então sejamos “autoajudados”..
Pelo menos quem o deseja.
P.S.: Mas por favor, não me mande arquivos de powerpoint com mensagens de qualquer coisa motivacional, principalmente, autoajuda. Fico desmotivado.
Ah sim.. Antes que me critiquem, a palavra autoajuda é grafada assim mesmo pelo novo acordo ortográfico. Prefixo AUTO + vogal diferente da que está no prefixo, não há hífen mais na palavra. Por exemplo, autoestima...
Ah sim.. Antes que me critiquem, a palavra autoajuda é grafada assim mesmo pelo novo acordo ortográfico. Prefixo AUTO + vogal diferente da que está no prefixo, não há hífen mais na palavra. Por exemplo, autoestima...
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