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domingo, 4 de julho de 2021

O mundo não muda no atacado

Quando somos jovens queremos mudar o mundo no atacado, de uma vez, em um golpe só. Achamos que basta nos unir que tudo vai mudar porque unidos somos mais fortes. Só esquecemos de perguntar se o outro quer se unir a nós e desconsideramos que pessoas possuem interesses diferentes, realidades diferentes e nem todo mundo está disposto a comprar nossa proposta para um mundo melhor. Pessoalmente, tenho muito medo de propostas que apresentam uma supervalorização do coletivo seguida da anulação do indivíduo.. Isso é problemático demais e arriscado demais.

Pois é.. a maturidade nos ensina que o mundo só muda no varejo. No fundo, sabemos disso intuitivamente, mas mudar o mundo começando a mudar a si mesmo é muito complicado e desgastante. Tudo isso implica em mudar condutas, pensamentos, atitudes cotidianas que mudam  efetivamente nosso mundo e, como nosso mundo faz parte de um universo de mundos. Automaticamente, muda o mundo.

Muita gente se pergunta como lidar com aquele que não quer mudar a si a mesmo e sua resistência mantém esse universo de mundos em desarmonia. Primeiramente, tudo se encontra em movimento e de alguma forma, até quem não quer mudar muda sim. Não no ritmo que desejamos, mas muda. E, em segundo lugar, a velocidade dos movimentos em direção às mudanças ocorre no ritmo do livre arbítrio de cada um e não segundo nosso desejo. Respeitar o tempo do outro é parte da nossa evolução também.

As ideologias que pregam as mobilizações e a supremacia do coletivo acreditam de verdade que as coisas mudam na base do tranco. Isso é um engano e gera uma legião de pessoas que assumem para si a missão messiânica de mudar o mundo convencendo o outro a mudar mundo… que irá convencer outros a mudarem o mundo. Isso é inócuo e, olhando de perto não faz o menor sentido. O mundo muda com 1% de ideias e 99% de atitudes. E muita gente não consegue sair do 1%.

Eis a razão pela que se engajar na luta pelas crianças desnutridas da África é mais interessante do que pelas crianças em família que passam por necessidade na periferia de sua cidade. A indignação rende discursos, textos no Facebook, vídeo curtos com o celular na vertical e morre ali. Não demanda ação alguma. Miseráveis de longe são ótimos para a promoção do marketing pessoal nas redes, já os da periferia custam tempo, dinheiro e estão perto demais da nossa realidade, longe demais das redes sociais.

Uma vez conversava com um colega me dizia que essas campanhas de alimento e agasalho, por exemplo, não resolve porque milhões de pessoas ainda seguem sentindo fome e frio (daí ele não ajudar em nada). Era assistencialismo barato da burguesia capitalista. E eu perguntei: Mas não ajuda a reduzir a carência da pessoa beneficiada? E ele respondeu: É... mais o problema ainda está lá no sistema.

Moral da história: se não for para mudar o mundo todo de uma vez, não faço nada. Se não for para beneficiar 100%, não faço nada para ninguém.

Ele não entendeu que o mundo não muda no atacado mesmo… ou entendeu.



***

Se gostou do texto, compartilhe. É sempre bom descobrir pessoas que param para pensar um pouco mais sobre essa loucura que é estar vivo no mundo atual.


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Sobrando de vítima das circunstâncias

É lógico que ninguém em sã consciência quer ser vítima de alguma coisa. Ninguém deseja adoecer, ser excluído, roubado, humilhado ou outra coisa que o exponha, limite e o diminua como pessoa. Isso é fato (Pode haver alguém que force a situação para ser agredido só para tirar benefícios da sua condição de vítima. Não acho impossível, mas acho pouco comum esse comportamento).

Mas a verdade é que, em algum momento da vida, Todos nós nos beneficiamos de sermos vítimas de alguma coisa deixando vazar aquele canalha que mora lá dentro de nós humanos. Sim... somos humanos, demasiadamente humanos e invocar para si a santidade e negar nossa essência de seres imperfeitos me parece uma das maiores canalhices que podemos demonstrar de nossa humanidade.

Pois então... quem nunca exagerou um sintoma de doença (normalmente dor de barriga) para não ir à aula? Quem nunca contou uma história que omite as razões e foca nas consequências que nos colocam como vítimas? Quem nunca invocou para si um direito ou benefício pela simples razão de ter sido vítima de algo? Quem nunca bateu no peito e disse que, na condição de vítima (sic) só queria o que lhe era de direito esquecendo que direito é um conceito legal e não necessariamente moral. 

Se fosse o direito um conceito essencialmente moral e não somente legal, homens como Hitler, Mussolini, Stalin e outros não poderiam ter feito metade das barbaridades que fizeram embasados por um "estado de direito" na época.

Então, existe uma tênue linha em que a vítima de fato migra para a vítima profissional, um gestor de oportunidades, ou seja, o oportunista, obtendo a piedade e benefício de ter sido vítima de algo. Nesse caso, existem dois benefícios, o benefício imediato e o benefício perene. Este constrói uma imagem de alguém quase inimputável, pois é um ser passivo de todo o universo, não se compromete porque não há ações dele, mas sobre ele, aquele porque pode reivindicar um benefício imediato em razão de sua passividade diante dos fatos.

É isso. Ser "vítima" tem um lado lucrativo que algumas pessoas exploram ao limite (ou passam dele) deixando o canalha que habita dentro de cada um nós vir a tona e assumir o controle.  Penso que uma sociedade que se propõe a combater tantos -ismos teria que colocar todos na mesa, não só os que lhes interessam ao marketing pessoal.

Atenção, este texto não tem exemplos. Isso fica por conta de cada leitor refletir. Não quis apontar dedos até porque, se tivesse tivesse que apontar começaria por nós dois... afinal, seguimos sendo humanos, demasiadamente humanos. Nada estranho....

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Triste é não ter e ter que ter pra dar

Tem uma música do Djavan chamada Esquinas que diz “sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar”. Acho que, quando a gente entende isso, alguma coisa muda por dentro realmente. 
Não receber quando se espera algo é dolorido, mas ter que ter para dar e não ter o que dar, tendo a consciência disso, é mais pesado ainda. A única vantagem de estar na posição de quem não tem pra dar é que, na imensa maioria das vezes, a vida poupa a pessoa da consciência dessa condição e, de certa forma, alivia o que seria uma dor e frustração maior do que a de quem não recebe.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Sabe como vai ser 2013?

Espere que vai ser um ano interessante. Você aprenderá muitas coisas e esquecerá outras tantas. Investirá em novos projetos e ideias e desistirá de outros tantos. Nesse ano, você irá conhecer novas pessoas e nunca mais ver outras. Alguns afetos se tornarão desafetos e você encontrará lealdade onde menos esperava. Assim como deslealdade onde não acreditava haver. Você ganhará dinheiro, mas perderá dinheiro pagando contas, impostos, tarifas, boletos etc. Haverá dias de chuva, outros de sol, engarrafamentos, trânsitos livre embora esses sejam cada dia mais escassos. Pessoas te admirarão, nem que seja por uns instantes e outras te detestaram, às vezes, mais do que por um instante. Falarão bem de você, mas também falarão mal e você irá ouvir pessoas falando bem e falando mal de outras pessoas como alguém falou de você. É um círculo.. é assim. Um ano interessante, mas com gosto de “déjà vu” 
Enfim, o ano de 2013 será exatamente igual a 2012, 2011, 2010, 2009 etc etc... O tempo não passa, nós passamos por ele. Quem entra no ano e sai diferente somos nós e a maneira com que encaramos sempre as mesmas situações. A vida nos dá repetidas oportunidade de aprender com as mesmas coisas sempre. Que seja um ano interessante então...

segunda-feira, 12 de março de 2012

Aprenda a amar sua solidão


Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite  
(Clarisse Lispector)

A solidão é a única coisa que nos é legítima e ainda assim, passamos a vida nos embriagando com a ideia de que temos amigos, temos família, temos lugar, temos rótulos que nos agregam e inserem em algum lugar, em algum grupo. Entretanto, a vida é um quarto escuro em que entramos sozinhos, somos tateados, abalroados, trombados, amparados por mão que não são nossas e que não possuem compromissos a não ser com elas mesmas. Quando chegamos à porta de saída, abrimo-la e batemo-la, sozinhos. Do jeito que entramos.
Aprendemos tudo, menos o fato de que a única companhia que nos será certa somos nós mesmos. Iludimo-nos. Amigo é questão de momento, conveniência e ocasião e os ventos mudam mais rápido do que imaginamos. Família são sócios nossos nessa prisão de carne chamada corpo, mas também comprometidos e presos as suas próprias celas de matéria orgânica. Lugares não são nossos, são do mundo. Ocupamo-los e temos que entrar praticando o cotidiano exercício de deixá-lo no minuto seguinte. E os rótulos, esses são as maiores ilusões, bastiões de toda vaidade e segregação. Iludem-nos com a ideia de que somos algo completamente diferente do que somos.
A vida é isso. Entrar e sair de uma porta. No mais, é ilusão. É uma imensa confusão nascida numa discussão esquizofrênica de quem somos, com quem pensamos que somos e com quem os outros imaginam que somos. 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Onde os "defensores dos direitos humanos (sic)" se perderam

Na década de 70, 80 e 90, os arautos dos direitos humanos (jornalistas, advogados, sociólogos, esquerdistas de toda ordem etc...) ganharam espaço na mídia com uma ferrenha oposição aos regimes autoritários. Os regimes caíram um após outro como num dominó. Depois vieram as mazelas sociais, que pipocaram na mídia quando o foco não era mais a repressão política. Mas o assunto bateu.
Era preciso fica na mídia e cumprir os 15 minutos de fama e, obviamente, projeção que gerava dinheiro.
Foi aí que se perderam, pois passaram a aparecer na mídia como paladinos da causa bandida e inverteram o discurso demonstrando (???) que se você parasse no sinal e tomasse um tiro na cabeça dado por um bandido a culpa era sua que não deu oportunidade aquela pessoa que, a exemplo mito do bom selvagem de Rousseau, era puro e bom, mas corrompido pelo meio que você criou e sustenta.
Só faltava ao final do discurso um “ bem feito” culpa sua. Ops...
Aí se perderam. A escalada da violência atingiu níveis absurdos na década de 90 capitaneada pelas drogas, pelos traficantes, pelos policiais e políticos corruptos e alimentadas pelos garotinhos de classe média que não eram viciados, fumavam maconha e cheiravam pó, mas podiam parar quando quisessem. Era uma versão ilegal do “bebo socialmente” e paro quando quiser.
Do Carandiru para cá, outros tantos massacres se seguiram sob o descaso da mídia, o desinteresse da classe política e anuência da sociedade. Sabe por que? Porque as pessoas atingiram um ponto de insensibilização. Ou seja, cansaram... E diante da notícia de mais X traficantes/bandidos (ou não) mortos em uma ação da polícia, respiram aliviadas e voltam ao jantar diante da TV.
E os defensores dos direitos humanos (sic) sem a mídia, perderam a razão e entenderam que deveriam ter buscado apoiar as famílias vítimas dos marginais. Isso talvez lhes garantisse, ainda hoje, mais alguns minutinhos de exposição nesse circo de horrores da vida real.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Precisamos passar por experiências idênticas para aprender?

Dizem que inteligente é quem aprende com os próprios erros e sábio é aquele que aprende com os erros dos outros. Escrevo isso por causa de um comentário de uma amiga de internet (Luisa) deixado no Saco de filó, outro dia, e que me fez pensar bastante. Dentre as palavras dela, uma frase me chamou atenção: "...é preciso passarmos por muitas experiências idênticas, para termos consciência..."
Pensei nisso, várias vezes no dia e constatei que é fato. Experiências são repetidas em sua essência. Não creio haver mais do que 2 ou 3 experiências diferentes em toda a vida quando se trata de sua essência. A traição, a mentira, o logro, a dano pessoal são formas de variantes de uma mesma ideia, tudo gira mais ou menos interligado entre si. Quando caímos no mesmo erro é porque ignoramos que, na essência, esse engano era igual ao outro que acabamos de cometer.
E a vida é engraçada, pois nos expõe repetidamente ao estímulo para que se fixe o entendimento. E quando superamos e achamos que cessou o processo, reinicia-se com uma nova variável do mesmo fato. Como se nos dissesse: olha, isso também pode acontecer do mesmo jeito por esse caminho, entendeu?
Sim. Entendemos. Só isso?
Não. Respire fundo que daqui a pouco tem mais. Uma (ou várias) oportunidades de aprender em um mesmo dia. Todas elas somadas nos dão a leitura do mundo e das coisas que são realmente relevantes durante essa curta passagem por aqui.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ECCE HOMO, Simplesmente o homem

A nossa sociedade se apóia sobre um princípio equivocado das coisas, a ideia de que coisas são somente boas ou ruins. As novelas acabam sendo um meio para enfatizar essas ideias. O homem mau é mau em tudo, já o bom, é tão bom que chega a ser idiota. Mocinhos são bons, mas ingênuos e tolos, vilões são muito maus, mas inteligentes e fascinantes. Fazer mocinho para um ator me parece uma espécie de castigo. Vilão, um prêmio.
O nome disso é maniqueísmo, filosofia sobre a qual se planta a sociedade moderna ocidental. É inconcebível pela nossa formação lidar com a ideia de que bem e mal não são atribuíveis a seres humanos, mas a ações que acabam gerando o efeito bom para uns e mau para outros. Como atribuir como maldade o ato de roubar mantimentos doados para vítimas da enchente, ou dos comerciantes que multiplicaram o preço da água por dez para aproveitar a demanda ocasionada pelo desastre. Eles simplesmente pensaram somente em si mesmos e na oportunidade de obter proveito do seu próximo. E a dor do próximo? Que próximo? Responderiam eles cegos aos que lhe rodeavam.
Enfim, aprendemos a ver o ser humano como uma embalagem com o rótulo que se encontra desvinculado de suas ações normais. Somos homens, nem bom nem maus, outrossim, egoístas. Movemos nossas ações em função de obter benefício próprio e daí a inobservância de que há outras pessoas no mundo que podem ser prejudicadas por nossos atos.
Eis o homem. Saramago define o homem como metade maldade, metade indiferença. Eu substituíra maldade por egoísmo.

Dica para o fim de semana:
Se você não assistiu ao filme Ensaio sobre a cegueira, assista. Se já assistiu, assista de novo.