Ai que saudades que tenho dos meus 30 anos. Naquele época, eu tinha certeza de qual era o melhor sistema de governo, qual era a filosofia que salvaria o mundo. Eu sabia como salvar a economia e construir uma sociedade igualitária. Trazia comigo a convicção das estratégias de lutas para salvar meu povo da opressão. Não vacilava ao indicar com total segurança quem eram os mocinhos e os bandidos no quadro nacional. E a mídia, essa mídia, o nascedouro de todo o mal, maldita manipuladora. O universo poderia ser resolvido pela união das pessoas e ideologias redentoras que fariam um mundo em que todos seriam iguais, todos com a mesma quantidade de dinheiro, de saúde, de consciência, um unipensar redentor e messianista da humanidade. Ai meus 30 anos.... (suspiro)
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quinta-feira, 19 de novembro de 2015
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Dúvidas, certezas e outras dúvidas...

- A conta é de 65 reais. Apresenta o garçom.
-Olha seu garçom, dinheiro eu não tenho, mas sou uma pessoa excelente, de caráter, honesta, sincera... espero que o senhor leve isso em conta. Ou melhor.. leve à conta isso.
E a história terminaria com seu pai o pegando na delegacia. O silêncio no carro de volta para casa vai traduzindo a vontade que seu pai tem de estrangulá-lo por causa da vergonha que o fez passar.
O caso é que achamos que, quando formos adultos tudo vai melhorar, mas não sabemos que , quando chegarmos a idade adulta, passaremos a achar que tempo de bom era a adolescência e que tudo não mudou muito, vantagens e desvantagens foram substituídas.
Aos 16, achamos que ninguém nos entende e que o mundo não é justo. Quando adultos, temos certeza disso. O mais legal é que, aos 16, não se imagina como essa certeza é confortante.
Quando somos teens, os pais pagam nossas contas e achamos que não fazem mais do que sua obrigação, quando adultos, pagamos nossas contas e os credores têm a certeza de que não fazemos mais do que nossa obrigação. Porque, de fato, não o fazemos mesmo.
Aos 18, temos a certeza de que vamos mudar o mundo nem que seja à porrada. Aos 40, descobrimos que o mundo nos deu tanta porrada que nós mudamos.
Passamos a vida substituindo dúvidas por certezas e estas por outras dúvidas... a graça da coisa está aí. Pelo menos, é o que acho até agora... Mas por hora, deixo aberta essa certeza para substitui-las por algumas dúvidas... amanhã
quarta-feira, 25 de março de 2009
Números e fatos: apologia à dúvida

A vida me deu mais dúvidas do que certezas e, quando vejo alguém amparado em tanta certeza ao falar alguma coisa, eu sinto até, por que não, uma ponta de inveja. Certeza de quem fez o universo, certeza de que um problema complexo pode ter soluções simples, certeza de que alguém é incapaz de fazer algo, certeza de que amanhã vai ser outro dia... e eu vou estar lá. Tem certeza? Eu tive um amigo que dizia que só os tolos têm certeza e disso ele tinha certeza.. nunca mais me esqueci desse jogo de idéias que ele fazia. Acho que ele está certo, mas só acho. Não sei se tenho certeza disso.
Pois sim. Cresci em uma geração que aprendeu a associar a violência ao meio e através disso tentou-se justificar toda barbárie em nome de uma sociedade que fez o bandido ser o que ele é. Há a inversão dos papéis e o indivíduo que toma um tiro na cabeça em um sinal é o culpado disso, pois não deu oportunidade ao pivete que empunhava a arma. O moleque sem oportunidades só fez isso porque não lhe ofereceram outro caminho na vida que lhe deram. Na favelas não há opção de vida melhor.
O fato é que uma favela como a Rocinha possui aproximadamente 200 mil pessoas e, segundo estimativas, 22% vivendo em situação de miséria, ou seja 44 mil pessoas. Em atividades ligadas ao tráfico diretamente, não existem mais do que 200 pessoas que controlam a venda de drogas no local, ou seja, menos de 0,23% dos miseráveis e menos de 0,05 da população total se dedicam ao crime. Se o meio é responsável pela decisão (ou falta de de opção) do indivíduo entrar no mundo da criminalidade, fica a dúvida:
"Por que existe uma população de 99, 95% local que trabalha, paga impostos e sofre com a violência da mesma maneira que os outros?" Se todos vivem no mesmo, meio por que não temos pelo menos 50% de bandidos numa favela?
Os argumentos sociológicos são belos, mas esbarram em números e me dão cada dia menos certeza... Eu queria ter certezas...
Há que se oferecer oportunidades a todos, mas, enquanto isso não vem, não adianta ficar buscando explicações para o que não se resume a tão pouco.
sábado, 6 de setembro de 2008
Quando somos adolescentes achamos...

- A conta é de 65 reais. Apresenta o garçom.
-Olha seu garçom, dinheiro eu não tenho, mas sou uma pessoa excelente, de caráter, honesta, sincera... espero que o senhor leve isso em conta. Ou melhor.. leve à conta isso.
E a história termina com seu pai o pegando na delegacia. O silêncio no carro de volta para casa vai traduzindo a vontade que seu pai tem de estrangulá-lo por causa da vergonha que o fez passar.
O caso é que achamos que, quando formos adultos tudo vai melhorar, mas não sabemos que , quando chegarmos a idade adulta, passaremos achando que tempo de curtição era a adolescência.
Aos 16, achamos que ninguém nos entende e que o mundo não é justo. Quando adultos, temos certeza disso. O mais legal é que, aos 16, não se imagina como essa certeza é confortante.
Quando somos teens, os pais pagam nossas contas e achamos que não fazem mais do que sua obrigação, quando adultos, pagamos nossas contas e os credores têm a certeza de que não fazemos mais do que nossa obrigação. Porque, de fato, não o fazemos mesmo.
Aos 18, temos a certeza de que vamos mudar o mundo nem que seja a porrada. Aos 37, descobrimos que o mundo nos deu tanta porrada que nós mudamos.
Passamos a vida substituindo dúvidas por certezas e estas por outras dúvidas... a graça da coisa está aí.
Pelo menos, é o que acho até agora... Deixo aberto para minhas futuras mudanças de opinião. Esta crônica é uma obra em aberto... Amanhã, acho outras coisas e assumo novas certezas.
Até amanhã.
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