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domingo, 4 de abril de 2021

Não estamos no comando de quase nada

Isso para não dizer de nada mesmo e arruinar suas esperanças de uma vez. Estar vivo é não estar no comando de quase nada. Planejar não faz o menor sentido então? A resposta para isso é SIM e NÃO. Nós planejamos para saber onde mudar, mas planejar esperando que todo o universo conspire a seu favor é alimentar a frustração eterna em uma relação de troca que não existe. Você pode planejar tudo perfeitamente, mas um contratempo que acontecerá 1 minuto após ler esse texto mudar tudo. Aliás, mudar toda a sua vida.

Pronto. Joguei um balde de água fria em toda sua expectativa que os livros de autoajuda conspiraram para formar durante décadas em você como essa de um universo que conspira a nosso favor. Não. O universo não tem um acordo com você. 

Temos aqui o conceito de carma que precisa ser um pouco ajustado não para uma ideia de quem promove uma boa ação gera uma boa ação ou que uma má ação gere resultados nocivos para si. O que ocorre é que o fluxo das coisas no universo segue uma trajetória com vários fatores interveniente que não controlamos. É claro que uma boa ação, uma conduta honrada e digna lhe coloca numa trajetória em que as possibilidades de algo dar muito errado é bem reduzida, mas, lembre-se, isso não o torna jamais imune ao infortúnio. Afinal, ele atinge o ímpio e o justo, não é? O universo não barganha. Entenda sempre isso

Planeje e trace caminhos dignos, mas não espere receber o cordão da imunidade que lhe livrará de todos os males. Não. Não é assim que banda toca e entender isso é assumir que o bem que fazemos ou os planos que traçamos são nossos e não do universo. Quase 100% das boas ações e dos planos que fazemos ocorrem dentro da gente e não fora. E não queira que o mundo faça parte dos seus projetos, uma vez que, por mais que compartilhe com os outros, eles são, no fundo, só seus.

Somos só um humano vivendo dentro de um corpo humano em um universo com mais 7 bilhões de pessoas vivendo dentro de só um corpo humano cada um. Entendeu? Viu como é complicado se todo mundo tiver que ser cooptado pelos projetos alheios. Eu sei... É claro que existem projetos coletivos, mas por trás de todos os projetos coletivos há projetos individuais de existência. E isso não é ruim... isso é humano.

Dessa forma, planejar é uma maneira de gerir a sua existência com uma sensação mais segura (que não pode ser dispensada) de que algo segue sob controle, pois, o sentimento de estar feito pipa ao vento retira-nos a segurança e estabilidade emocional tornando-nos escravos do contexto (ainda vou falar sobre isso aqui). A zona de conforto é o nosso lugar de sonho. Apesar do discurso coach motivacional de que temos que sair da zona de conforto. A verdade é que praticamente ninguém quer largar seu emprego que o remunera justamente e lhe dá segurança para vender artesanato na rua… sem saber se o dinheiro que ganhou hoje paga o almoço de amanhã ou o lugar para dormir. O desconforto existencial, a incerteza absoluta (afinal tudo é de certa forma incerto) causam um desgaste absurdo no ser humano e reduzem a qualidade de vida. Pode ser romântico o largar tudo... mas são pouquíssimos que querem e menos ainda os que conseguem isso.

É claro que há exceções. Sim, elas existem. Mas de quantos estamos falando em 7 bilhões de pessoas? Convenhamos que essas exceções nem de longe configuram um mínimo padrão humano. O fato é que buscamos um certo controle de que nos próximos tempos teremos o que comer, onde dormir, onde ser tratado caso fiquemos doente, enfim, buscamos a zona de conforto para os próximos tempos mesmo sem saber se teremos os próximos tempos. Afinal não estamos no controle de quase nada… Lembra?

O que nos resta então? 

Resta localizarmo-nos no tempo em que estamos. No tempo da respiração, no tempo do batimento cardíaco, na pausa momentânea em que percebemos que estamos vivo. Coisa rara para a maioria das pessoas. Nesse momento, planejamos, desenhamos, avaliamos, mas depois de dada essa concessão, retornamos ao presente que, no final das contas, é a única coisa palpável que temos. Muitas pessoas vivem tanto no futuro que sofrem por coisas que talvez nunca venham a viver. Sofrem por um mundo que talvez nunca exista ou mesmo que nunca exista daquela forma.

Temos para nós, na verdade, um presente efêmero, quase imperceptível, fugaz, mas que verdadeiramente, é a única coisa que a vida nos permite acessar. Então... respire.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Saudades dos 30 anos

Ai que saudades que tenho dos meus 30 anos. Naquele época, eu tinha certeza de qual era o melhor sistema de governo, qual era a filosofia que salvaria o mundo. Eu sabia como salvar a economia e construir uma sociedade igualitária. Trazia comigo a convicção das estratégias de lutas para salvar meu povo da opressão. Não vacilava ao indicar com total segurança quem eram os mocinhos e os bandidos no quadro nacional. E a mídia, essa mídia, o nascedouro de todo o mal, maldita manipuladora. O universo poderia ser resolvido pela união das pessoas e ideologias redentoras que fariam um mundo em que todos seriam iguais, todos com a mesma quantidade de dinheiro, de saúde, de consciência, um unipensar redentor e messianista da humanidade. Ai meus 30 anos.... (suspiro)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O medo é o tempero de toda a prudência.


Aquele que diz que não tem medo de nada, ou é um idiota, ou é um mentiroso. Desde que nascemos, o medo é o sentimento mais presente  em nossa vida. A grande missão é a aprender a dominar essa avalanche de emoções e pensamentos decorrentes dele para que tal força não nos domine. 
Racionalizar é parte disso, mas o universo racional não afasta o sentimento de nós. Ele nos torna senhor da situação, mas não o elimina. Até porque o medo é o tempero de toda a prudência e, mesmo quando temos certeza de algo, até os últimos instantes, temos medo de que alguma coisa mude os rumos da história. Isso nos faz pisar com cuidado. Isso é bom..
Aquele soldado que, sabendo que iria morrer, levanta e corre de peito aberto contra o inimigo não é um herói, mas um fraco, pois não soube controlar a sensação do medo que nos move antes do desfecho de uma situação. Não soube esperar o fim, abreviou-o no desespero. Ele sabia que correr de peito aberto era a maneira mais rápida de encerrar a angústia, pois essa é a pior de todas as esperas e muitos sucumbem a ela e não ao final. Aguardar o fim é tortura da alma pior do que o próprio fim.
Por isso, não devemos odiar ou rejeitar nossos medos, medo de morrer, medo de fracassar, medo de não ser feliz, medo de... Enfim, medo de tudo aquilo que a vida nos ensina dia-a-dia que é inevitável e legítima a nossa existência.