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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Sobre a oportunidade de ser vítima


Existe uma diferença entre ser vítima e fazer-se de vítima. O primeiro caso decorre de ser atingido por algo alheio a nossa vontade e estar passível a danos decorrentes disso, o segundo trata de obter situação proveitosa da condição de paciente escondendo a inércia que caracteriza o ser humano no geral. Enfim, não queria ter sido vítima. Claro! Ninguém o quer, mas se gera dividendos aproveitemos o momento.

Toda vítima carece de nosso apoio no momento em que sofre os efeitos do que lhe ocorreu. Esse suporte dura o tempo da recuperação para que se retome o caminho. O tempo deve ser sempre o estritamente necessário para não permitir que do fato se brote o vício. Aquele que se faz de vítima nada mais merece do que o desprezo que se dá aos oportunistas que veem a sua grande virtude no fato de ser atingido por um infortúnio e não poder "fazer nada" (sic). O eterno conforto de atribuir a tudo e todos a responsabilidade de seus azares. Eles se tornam, assim, atores co-adjuvantes de sua própria história. Sempre terceiras pessoas em um discurso que deveria ser em primeira.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Adesivos no carro: foi Deus quem me deu e família feliz...


Pessoalmente, eu detesto adesivos no meu carro. No meu, só tem os do estacionamento dos locais onde eu trabalho senão eles não me deixam entrar ou pior, toda vez, tenho que ficar explicando porque meu carro não tem adesivo. 
Quando a gente compra um produto da Apple, ganha uma maçãzinha para colar em algum lugar. Já vi gente que comprou a maçãzinha no camelô só para colar em algum lugar e todos pensarem que ele tem alguma coisa Apple. Nem que seja só a vontade de ter um produto da Apple.
Os adesivos religiosos é que ganharam espaço. Em época de crise, o camarada sai agarrando até em fio desencapado e isso fica claro no vidro do seu carro. Deus é fiel, Foi Deus quem me deu,, o Senhor é meu pastor e vai por aí. Há também os adesivos de apoio político que, muitas vezes, refletem uma procupação em não perder alguma vantagem ou mesmo a expectativa de obter alguma no futuro.
Temos também o adesivo da família feliz. Aquele com papai, mamãe, filhinho, filhinha e animais de estimação. Acho esse informação muito útil. É legal saber que o cara da frente tem 3 filhos, uma esposa, um cachorro, um gato e um papagaio e coloca todo mundo dentro daquele Pálio duas portas. Como ele faz isso? Sei lá.
O nome disso é efeito manada. Ou seja, um cola, todo mundo cola. Sinceramente, essa manada não me leva. O ser humano tende a agir assim. É como se houvesse um comportamento padrão a ser promovido pelo seu meio ao estilo “faça o que o seu mestre/vizinho mandar/fizer”.
Sinceramente, não critico, não sou ranzina, sou observador e observar minha espécie é a maneira mais interessante de entender o comportamento que leva desde os grandes fracassos de mobilização em massa até o grande sucesso de alguns regimes autoritários. Todos seguindo atrás de algo sem pensar, mas movido pelo fato de que o cara da frente está indo. E o cara da frente indo porque tem um à frente dele indo também...

Eis o homem...

sábado, 20 de novembro de 2010

Manifesto do homem branco quarentão classe média

Fala-se de crise da menopausa para mulheres, fala-se de direitos da infância e defende-se com afinco os idosos. Luta pelos direitos dos animais, dos sem terra, dos índios, dos afrodescentes, das ararinhas azuis e do jacaré de papo amarelo. Mas o fato é que há uma espécie que, entra ano sai ano, entre governo e sai governo, tem o seu couro arrancado para manter partidos políticos no poder: é o homem branco quarentão de classe média, doravante, HBQCM. 
Normalmente com um bom nível de formação, o HBQCM é encontrado trabalhando durante o dia e alguns durante a noite também. Possuem hábitos poucos saudáveis e por conta da jornada de trabalho pesada para ganhar dinheiro e ainda sustentar a carga tributária do Estado, ele está sujeito a problemas cardíacos que costumam a encurtar sua existência de contribuinte mais cedo.
Quando conseguem tempo para fazer exercício, são desprovidos de preocupações estéticas, fazem-no para evitar o infarto. Eles têm dentro da sociedade nossa dois direitos bem definidos e defendido por todos: o direito de trabalhar em 3 turnos sempre que possível e o direito de pagar 1/3 do que ganham para o Estado. Sendo esse segundo, um direito pessoal e intransferível.
Se divertem pouco, não tem direito a vagas especiais nem cota de nada em lugar algum. Não podem furar fila, nem seus processos são julgados com nenhuma prioridade. Aposentam-se mais tarde do que todos, se viverem até lá, e, se tiverem sorte, conseguem tocar o barco até o fim de seus dias em sua casa financiada pela caixa em suaves 240 prestações.
O HBQCM é encontrado em saunas de clubes e peladas de fim de semana. Com suas barriguinhas estilo caneta de liquid paper bebem água resfolegando no intervalo de uma pelada e outra e acabam indo para o bola murcha do fantástico um dia.
O HBQCM que cai na real aprende que duas garotas de 18 ou19 anos olhando para ele de longe é sinal de que elas estão achando-o com cara de pai/tio de alguma amiga delas ou, se você é professor, você deu aulas  para elas e não está lembrando. Se houver uma abordagem de conotação sexual, prepare para ouvir as palavras: "completa é 200 reais e não beijo na boca de cliente, tio."
Enfim, o HBQCM, esse injustiçado e esquecido da sociedade cuja lembrança do governo por ele só se dá uma vez por ano e tem prazo até abril, senão paga multa sobre o imposto devido.

Marcelo
39 anos, 5 meses.
HBQCM assumido de uma vez

sábado, 13 de dezembro de 2008

Todo mundo quer ficar bem com todo mundo o tempo todo.

Bom... Não dá. Isso não dá mesmo.
A necessidade de aceitação que as pessoas têm faz com que elas ajam de maneira completamente estúpida e queiram estar bem com todo mundo o tempo todo.
Olha... Desista. Isso não dá.
Vejo muito isso na faculdade, mas o aluno sempre acha que a gente não vê. Os trabalhos em grupos são sempre marcados por uma figura única: o sanguessuga. O sanguessuga é um cara legal. Normalmente se esconde por trás das seguintes desculpas: trabalho excessivo, problema de saúde, limitações pessoais. O que ele quer é um grupo bem esperto para fazer o trabalho para ele e, quando muito, ele se encarrega de passar a limpo um texto sobre um assunto que ele não faz idéia do que se trata. E assim, normalmente, ele se forma.
Mas e quem diz isso para o cara? Todo mundo quer ficar bem com todo mundo. Ah sim... Toda solidariedade cai por terra quando o grupo tira uma nota baixa e saem botando culpa em todo mundo que não ajudou... Aí é roupa suja para todo lado.
Já conheci casos de alunos que, vivendo tanto nas costas dos outros, tinham que pensar duas vezes para responder que curso faziam. Pensei até um dia de ouvir: fulano, que curso a gente faz mesmo? Ainda não duvido dessa hipótese.
Queremos ser gentil também quando dizemos: aí, passa lá em casa. Isso é entendido pela maioria das pessoas como um figura retórica característica do discurso de gentileza. Pois é, a maioria entende assim. Não todos. E depois fazemos o quê? Agüentamos para não ficar mal com a pessoa.
Eu mesmo, por exemplo, durante anos tive problema com carona. Sempre sentia que dando carona a alguém na estrada eu estaria abrindo um precedente cruel (tenho um post sobre isso aqui). Entenda: se não conheço o cara, não fica chato passar direto e não dar carona, mas se eu dou carona uma vez, já se caracteriza como um conhecido....
Veja só. Aí vem o drama de consciência...Que canalha sou eu ao não dar carona a um conhecido!? Do outro lado, o caroneiro ficará chateado comigo: poxa vida! O cara me conhece e nem parou...
Dessa forma, prefiro não criar contatos, prefiro não nos conhecermos... Melhor para nós dois. Seremos mais felizes assim.
Mas mesmo assim, assumida essa postura, durante muito tempo, eu me senti na obrigação de justificar que não daria carona com o movimento de mão indicando que iria entrar logo adiante...
Foi aí que eu pensei:
- Cara, para que justificar uma coisa para uma pessoa que você nem conhece, para a qual não deve nada e não tem qualquer vínculo ou interesse? Caiu-me a ficha de que eu estava justificando para mim mesmo. Justificando para a nossa eterna necessidade humana de ficar bem com todo mundo o tempo todo.
Não dá. Definitivamente, não dá.


terça-feira, 28 de outubro de 2008

Poemeto limítrofe das nossas percepções de mundo.

Quais os limites
Para as ações justificadas pela fé?
Um poço fundo que nunca dá pé?

E as fronteiras entre a barbárie e o cultural.
Até que o raio caia em nosso quintal?

Qual o caminho para ser mais esperto?
Assumir o que se pensa...
Ou repetir o politicamente correto?