Mostrando postagens com marcador convivência. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador convivência. Mostrar todas as postagens

domingo, 21 de março de 2021

O que te ofende de fato?

Existem, no mínimo, 3 EUs na gente que precisam afinar sua convivência: quem eu sou, quem eu penso que sou e quem as pessoas pensam que eu sou

Hoje, as pessoas alimentam as redes sociais com um marketing contínuo para fazer com que o terceiro EU adquira força, o quem pensam que sou. Esse EU é politicamente correto, socialmente engajado, sensível e que tem uma vida no instagram abençoda por Deus… O fato é que, atualmente, há uma conduta obsessiva em vender quem nós queremos que os outros pensem que somos. Isso não é uma crítica, é uma constatação. Afinal cada um sabe de si, cada um sabe onde o sapato aperta.

Mas tudo isso nasce no que pensamos que somos. Na verdade, a imagem que temos do que pensamos que somos. Não. Não somos necessariamente aquilo que queremos que os outros pensam que somos, aquilo é o marketing. Quando estamos conosco, normalmente, o dia todo, nos conhecemos além das postagens. Nas coisinhas do dia a dia, nos nossos atos, nossas decisões, nossas palavras nos mostram parte do que somos e parte do que pensamos que somos. Muitas vezes, violentamo-nos em nossas decisões para agradar os outros… É isso. Aquele ali é o que pensamos que somos. Não somos aquilo.. Aquilo é um misto do que pensamos e do que queremos que alimente aquilo que os outros pensam sobre nós.

No primeiro caso, pagamos um preço por viver um personagem para alimentar um EU fake para nós mesmos e em segundo perdemos a dimensão de que agindo nesse intuito não temos necessariamente o resultado que esperamos. Podemos nos "violentar" 99 vezes para alimentar nosso marketing, mas se falharmos (não atendermos a expectativa do outro) 1 vez, seremos julgados pela falha não pelo conjunto da obra. Diga 99 sim, mas não esqueça que o pode definir seu julgamento pelo outro será um Não que disse.

Costumo dizer que as pessoas só precisam de uma coisa para que você seja odiado, que você exista. Logo, não deixe que o que você pensa que é nem o que deseja que os outros pensem assumam o comando das decisões que movem sua vida. 

E lá no fundo da gaveta, está o EU que você é. Humano, demasiadamente humano que age de acordo com seus interesses, movido por seus anseios (muitas vezes causando repulsa e repreensão dos outros EUs)... Esse EU nada tem a ver com o conceito freudiano de ID. É só um EU legítimo, porém sociável, mas cheio de defeitos, que te critica, que te ofende, que deprime, que o faz se sentir ora fracassado, ora um Deus… Esse Eu é o seu maior amigo e o maior cruel inimigo... esse eu é você mesmo. 

A dor que temos quando nos ofendem chamando de inconsequente, irresponsável, limitado, desonesto, provém muito mais do arranhão que causam nos outros dois EUs do que nesse terceiro, que chamaremos de o EU de FATO. Esse, ouve, ignora quando é mentira ou se cala quando é verdade como se alguém lhe anunciasse o óbvio. A ofensa só reverbera quando ameaça os EUs que vendemos aos outros, inclusive a nós mesmos porque temos medo que mais pessoas (inclusive nós) se convençam daquilo com que nos atacam e desconstruam o que construímos todos os dias com atitudes que contradizem nossos desejos ou com toneladas de fotos nas redes sociais. Anos e anos e trabalho montando um outdoor do que queremos que vejam… Aí vem a indignação com a ofensa e muitas vezes gastamos tempo de vida contra-argumentando com uma pessoa que sabemos não ter o menor controle do que ela  (nem ninguém) pensa sobre nós… podemos falar dias e dias que, se ele não quiser acreditar, vai continuar na mesma. E nós? Bem… Nós perdemos tempo de vida com absolutamente nada e para nada… porque, muitas vezes, sabemos (lá no fundo) que ficamos procurando argumentos para demonstrar o que sabemos não ser verdade mesmo.

O EU de FATO não se ofende nunca porque ele sabe realmente quem somos e que as críticas se dividem entre o óbvio e a calúnia. Ambos inócuos no papel de construir o que de fato ele é.  

A grande busca consiste em encontrar esse EU de FATO, sentar com ele e o assumir com todos os defeitos e qualidade que ele tem, ouvir o que tem a dizer e se aceitar como um ser cheio de imperfeições e que realmente não possui controle sobre o que vão pensar de si independente de o que quer que se faça. 

A grande viagem nossa se dá para dentro de nós. Que se torne um hábito sentar para tomar um café com nosso EU de FATO e entender um pouquinho mais desse que mora dentro de nós e nos faz humano.. demasiadamente humano. Menos escravos do pensar alheio, mais íntegros e verdadeiros.

 

sábado, 6 de fevereiro de 2021

"Aí é totalmente diferente"... O que isso significa?


A comunicação é um processo que se dá entre alguém que quer se fazer entender e outro que quer entender. Esse é princípio básico expresso por H.P. Grice quando começa a falar sobre comunicação. Se um dos lados falhar, não existe comunicação. Existem duas pessoas falando para si mesmas. Isso não é comunicação.

Vivemos um tempo em que os únicos argumentos bons são aqueles que servem para provar aquilo que cegamente acreditamos e, se os fatos contradizem os argumentos, há algo de errado com os fatos. Exclua-os

Um exemplo é a falácia ad lapidem "Aí é totalmente diferente..." Normalmente, essa falácia encerra uma discussão com as reticências porque em 99,9% das vezes não vêm a explicação de por que razão é "totalmente diferente". Até porque a razão é: "porque esse argumento não me serve para mostrar por que você está tão errado e eu estou tão certo". E se tem uma coisa que as pessoas mais odeiam do que não ter dinheiro ou saúde é não ter razão. Abrir mão da razão é um desapego que só chega muito tardiamente com a maturidade.

As pessoas desaprenderam a troca ideias e a preocupação mais básica hoje é ouvir (quando ouvem) o outro para  mostrar o quanto o outro está errado. Em momento algum, cogita-se a possibilidade de que, talvez, haja algo interessante na argumentação do outro e que deva ser levado me conta na maneira de pensar uma questão. Os diálogos, viraram, na maioria das vezes um campo de batalha para o vencedor erguer o seu troféu de palha e gritar para o mundo que venceu uma discussão no facebook ou em outra rede social.

Vencer uma discussão em rede social, por exemplo, é como ficar milionário... jogando Monopólio, o nosso Banco imobiliário.

Aí, aqueles amantes dos bate-bocas vão dizer... não... "Aí é totalmente diferente...""

É... réplica esperada.



quarta-feira, 20 de junho de 2018

Ignorando em 3, 2,1... E seja feliz!

Outro dia li um texto sobre a necessidade de ignorarmos as pessoas que nos intoxicam de alguma forma, por exemplo, com seu radicalismo, com sua cegueira ideológica, com sua necessidade de convencer o mundo de que estão certas e, obviamente, de que são fodásticas. Ou, simplesmente, porque gostam de reclamar, fazer fofoca, encher o saco de alguma forma. Enfim, pessoas chatas para cacete que, muitas vezes, nos pulam na frente no dia a dia e com que teremos que lidar porque, de alguma forma, convivemos com elas em casa, no trabalho ou em grupos sociais diversos.
O texto é genial, mas deixa uma coisa no ar, como ignorar sem parecer rude. A vontade que eu tive durante anos era olhar para essas pessoas e dizer: desculpe, mas eu não pedi sua opinião, guarde para você ou para quem quer ouvi-la. Mas isso, reconheço é demasiadamente, rude. Dessa forma, seguem algumas sugestões que podem tornar sua vida mais leve. Pelos menos, funcionou comigo.... e ah, sim... aceito sugestões também.

1. Evite o contato visual ou criar situações interativas de comunicação com o inconveniente. Não quer dizer dar um gelo, não é isso. Fale com ele o mínimo. Cumprimente e seja gentil. Trata-se de não permitir que se crie o canal de comunicação que, muitas vezes, começa no visual e em cumprimentos mais longos. Se ocorrer da passagem em movimento no local onde convivem, acelere o passo. Pressa é sempre uma desculpa tácita.

2. Não adianta expor ao inconveniente o que você pensa sobre ele. Ele não vai mudar porque você pensa que ele é um pé-no-saco. E ainda vai criar um ambiente de animosidade desnecessário e contraproducente. Guarde o que você pensa sobre o cara para você. Evite até de compartilhar com outros colegas.  Até porque, de certa forma, podemos ser chatos para alguém e eu, pelo menos, não estou interessado no que outro pensa sobre mim uma vez que isso é um problema dele e não meu.

3. Fuja dos holofotes. Em caso de reunião, pense muito antes de falar. Veja se alguém não falou o que você iria dizer (repetir o que já falaram só para aparecer é bem escroto) ou se o que você tem a dizer é realmente MUITO necessário. Ir para o holofote atrai a atenção do chato igual a mosca na luz.

4. Só abra algum tipo de conflito quando for EXTRAMENTE necessário. Por exemplo, que envolva um prejuízo financeiro que lhe possa ocorrer ou um grande dano ao seu projeto profissional. Nesses casos, projete 30% dos conflitos ali, mas o grande choque deve ser nos bastidores e não no conflito direto.

5. Aprenda a ficar em silêncio e desenvolver uma vida interior de discussão mais rica. Saiba que da mesma forma que você não tem paciência com algumas pessoas. Pode haver pessoas que o acham desagradável também. Eu nunca perdi por calar na hora em que não deveria falar. Não fale só para pensarem que você é inteligente. Se você precisa disso para que elas se convençam, provavelmente, não o seja.

6. Na interação compulsoriamente  presencial oral, esquive-se. Nada incomoda mais alguém que quer aparecer em cima de você do que fazer uma interação, ser ouvido e, logo após, haver uma mudança brusca de assunto. Mas primeiro ouça. Depois viole máxima de relevância com outra pessoa envolvida na interação. Se está só você e o inconveniente, ouça (quanto mais falar, melhor) e ao final diga algo como: Então tá. 'té mais. Quem fala muito espera retorno proporcional, ser lacônico mata de raiva. Adoro essa técnica...

7. Na interação em redes sociais, ignore com seus recursos nativos. Às vezes, o inconveniente acha que sua Timeline é vitrine do ego dele. Aí resta apagar os comentários que é como dizer de forma sutil: não lhe perguntei nada. Guarde sua opinião para quando eu quiser ouvir ou insira em sua Timeline onde seus amigos quererão ler. Em segundo nível, crie uma lista e exclua da suas publicações o indesejável. E, em última instância, bloqueie. A primeira bloqueada é meio traumática, mas depois é até gostoso.

Ninguém diz que é fácil, mas toda prática requer tempo. Às vezes, coçamos de vontade de responder a altura coisas idiotas ou desagradáveis que ouvimos, mas pense: vai mudar o mundo? Não. Vai mudar pessoa? Não mesmo. Vai mudar a situação para melhor? Acredito que não. Se você respondeu sim a todas as perguntas, provavelmente o chato é você.

É claro que há casos e casos, mas, sinceramente, 95% das vezes entramos em tretas que não vão se resolver dessa forma e com pessoas com quem não vale nada a pena. Perda de tempo absurda como se o tempo fosse algo inesgotável.


E se a pessoa chegou até esse fim de texto e comentará: ignorando o texto em 3, 2, 1..., não entendeu  que é ignorar. Uma das definições do que é ignorar é não tomar conhecimento por ter desprezo ou indiferença. Aliás, por favor, nesse caso, se pretende isso, ignore. Farei o mesmo.

sábado, 2 de agosto de 2014

Em tempos de guerra e eleição, a primeira vítima é sempre a verdade.

Ô coisa difícil (para a maioria das pessoas) é pensar. Ainda mais em tempos de eleição... 
No geral, há 3 coisas que motivam fortemente o ser humano em aderir um uma campanha de um partido/candidato X ou Y: 1. Interesse pessoal. Você é um profissional que trabalha com o partido ou o candidato, obtém proveitos pessoais em conseqüência disso e é natural que defenda seus interesses; 2. Ingenuidade. Você acredita que fulano vai mudar alguma coisa, que tem boas intenções que quer um mundo melhor além dos vídeos de campanha em que ele mostra jovens balançando bandeiras nas ruas e sorrindo. 3. Parasitismo. Esse caso não trabalha com o candidato e nem quer isso. Ele vive às custas do poder político há décadas não necessariamente com emprego mas com situações de intermediário em processos bem lucrativos para ele. Precisa do político para manter e expandir o seu parasitismo.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O mal resolvido - o dilema do macho


A autoestima masculina não nasce necessariamente no mesmo lugar em que nasce a da mulher. Fomos educados para sermos os donos do poder, o mantenedor, a viga mestra da sociedade. Somos o todo poderoso macho adulto.
Nem tão poderoso, pois estamos submetidos a todas as inetempéries de todos os mortais sejam homens ou mulheres. O poder representado pelo dinheiro e pela dominação sexual pode se esvair com muito mais facilidade do que imaginamos e perdê-los implica um ataque arrasador à autoestima masculina.
Entretanto, muitas vezes, o dilema é a causa da grande perturbação. O dilema de perder o dinheiro, mais palpável, ou o dilema da sexualidade. A sociedade esperava que ele crescesse, casasse, arrumasse filhos e fosse aos domingos almoçar na casa da sogra. Mas nem sempre é assim que funciona. Ele até cresceu, mas juntou com o namorado, criam um Poodle e pensam em adotar uma criança. Bomba!
Quando o homem tem bem resolvida essa questão na sua cabeça, a coisa flui de maneira maravilhosa e não há problemas. Tive colegas de trabalho homossexuais que sempre foram pessoas e profissinais excelentes, não por sua opção, mas porque ela era bem clara para eles. Estava tudo bem resolvido.
Já os mal resolvidos que conheci se tornavam pessoas agressivas, competetivas ao extremo, fofoqueiros, enfim, conseguiam agredir o mundo inteiro porque, no fundo, queriam era se agredir. Não ser o que a mamãe sonhou doía mais nele do que em qualquer outra pessoa.
Enfim, o problema não é a opção sexual, mas a maneira como lidamos com ela. Agora, quando você ouvir um comentário que termina com "bicha enrustida, é foda!"
Isso tem um fundo de verdade inimaginável. 
É foda mesmo.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

O peso da autoridade moral


Uma autoridade moral

Sempre senti falta de uma autoridade moral em ambientes sociais como trabalho, comunidade religiosa, escola, enfim, no convívio externo ao lar. Autoridade moral é aquela que se constrói em uma carreira, em uma vida, pedra por pedra erguendo uma imensa estrutura sem uma mácula. Constatei cedo que em meio que há disputa de poder e dinheiro isso é muito difícil, mas, espero eu, não impossível.
Uma autoridade concedida por força da lei ou de conchavos é sempre olhada com desdém e desconfiança. Ao deixar o cargo, torna-se alvo das pedras que guardavam caprichosamente para ela. Já a autoridade moral não. Ela inspira e conquista o respeito não pelo que se lhe foi atribuído, mas pelo que ela é.
Muitas vezes, vejo pessoas dizerem que eram só humanos e não santos, daí os desvios. Esse argumento é fraco, pois ninguém esperava dele(a) santidade, mas dignidade no exercício que a vida lhe incumbiu. Isso é o mínimo.
Conviver com essa hipocrisia é uma arte da tolerância das mazelas humana. Suportar o discurso de honestidade da boca de quem faz acordo para roubar; apertar as mãos de que as usa para apropriar-se do que não lhe pertence; sorrir simpático para quem lhe vê como uma presa a ser devorada, um otário em potencial... isso sim, trata-se do exercício da tolerância com tudo de ruim que os outros nos têm para oferecer.
O grande desafio é mais do que tolerar, é não devolver na mesma moeda para que um dia pessoas não tenham que tolerar nossa convivência.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Generosidade como exercício de vida: o bumerangue

Meu filho mudou recentemente de uma escola privada para uma escola pública de excelência em minha cidade. Tudo por insistência de minha esposa que temia não encontrar vagas lá para ele mais à frente. Decidimos, então, transferi-lo da escola, aliás, muito boa, em que ele estava para essa outra. Todos os procedimentos seguiram bem, mas na hora de contribuir com a Caixa Escolar, uma de caixinha da escola para pequenas despesas, fiquei hesitante. Procurei saber quanto era a média e me informaram que não havia máximo, mas um dos valores sugeridos era 2, 5 ou 10 reais por mês.
Acostumado com escola privada em que cada vez que eu abria o talão ficava um cheque de mais de 250 reais por mês, fiquei até meio envergonhado com as quantias. Disse, sem titubear, que contribuiria com 10 reais, o máximo das três opções, paguei o ano todo e enquanto esperava um recibo ou algo assim, vi os nomes de outras crianças e das contribuições de seus pais. Fiquei surpreso ao ver que havia muita gente com o mesmo padrão de vida ou até maior do que o meu que contribuíam com 2 ou 5 reais e, mesmo assim, pagando mês a mês... Acho que eles não entenderam o intuito da coisa.
Eu não estou contribuindo para ajudar o meu filho, que aliás não precisa daquilo, mas para ajudar aqueles que estudam com o meu filho e talvez venham a precisar. Algumas pessoas não entendem que dar é a melhor maneira de receber de volta, que generosidade é um bumerangue. A gente joga, ela dá uma volta e vem para a gente de novo.
Saí dali, me sentindo uma pessoa mais leve. Espero que, um dia, o meu filho tenha as mesmas sensações que tive nesse dia.