Mostrando postagens com marcador discussão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador discussão. Mostrar todas as postagens

sábado, 6 de fevereiro de 2021

"Aí é totalmente diferente"... O que isso significa?


A comunicação é um processo que se dá entre alguém que quer se fazer entender e outro que quer entender. Esse é princípio básico expresso por H.P. Grice quando começa a falar sobre comunicação. Se um dos lados falhar, não existe comunicação. Existem duas pessoas falando para si mesmas. Isso não é comunicação.

Vivemos um tempo em que os únicos argumentos bons são aqueles que servem para provar aquilo que cegamente acreditamos e, se os fatos contradizem os argumentos, há algo de errado com os fatos. Exclua-os

Um exemplo é a falácia ad lapidem "Aí é totalmente diferente..." Normalmente, essa falácia encerra uma discussão com as reticências porque em 99,9% das vezes não vêm a explicação de por que razão é "totalmente diferente". Até porque a razão é: "porque esse argumento não me serve para mostrar por que você está tão errado e eu estou tão certo". E se tem uma coisa que as pessoas mais odeiam do que não ter dinheiro ou saúde é não ter razão. Abrir mão da razão é um desapego que só chega muito tardiamente com a maturidade.

As pessoas desaprenderam a troca ideias e a preocupação mais básica hoje é ouvir (quando ouvem) o outro para  mostrar o quanto o outro está errado. Em momento algum, cogita-se a possibilidade de que, talvez, haja algo interessante na argumentação do outro e que deva ser levado me conta na maneira de pensar uma questão. Os diálogos, viraram, na maioria das vezes um campo de batalha para o vencedor erguer o seu troféu de palha e gritar para o mundo que venceu uma discussão no facebook ou em outra rede social.

Vencer uma discussão em rede social, por exemplo, é como ficar milionário... jogando Monopólio, o nosso Banco imobiliário.

Aí, aqueles amantes dos bate-bocas vão dizer... não... "Aí é totalmente diferente...""

É... réplica esperada.



segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

De boas, fessô. :-)

Uma vez um aluno comentou comigo: Poxa, professor. Já te conheço há algum tempo e nunca te vi perder a linha, bater boca com aluno, tretar, enfim.. Você é muito zen. E riu.
Aí eu expliquei para ele o seguinte. 

Se eu bato boca com um aluno, eu sou imaturo e ele, um adolescente de 15 anos;
Se eu bato boca com um aluno e jogo na cara que ele não tem leitura para discutir comigo, estou sendo imaturo e arrogante e ele, um adolescente de 15 anos;
Se eu bato boca com um aluno e jogo na cara que ele não tem leitura para discutir, que não é capaz de sustentar uma discussão comigo, estou sendo imaturo, arrogante, prepotente e ele, um adolescente de 15 anos;
Se eu bato boca com um aluno e jogo na cara dele que não tem leitura para discutir, que não é capaz de sustentar uma discussão comigo, que ele tem que amadurecer e pensar mais, estou sendo imaturo, arrogante, prepotente e cego...
- Cego? Interrompeu-me ele.
- Pois é... É que, nesse momento, não consigo ver que, naquela hora, quem está agindo de forma inadequada com a idade sou eu e não ele, que continua sendo um adolescente de 15 anos. Concluí.

O rapazinho riu.
- Fessô, 'cê é "de boas"

É, acho que é por aí mesmo.. concordei.

domingo, 17 de março de 2013

Nosso desgaste de cada dia... o desnecessário permanente.


Gosto de me reler. Olhar para trás e tentar ver tudo pelo que lutei e avaliar o quanto cada gota de suor valeu a pena ou não. Nesse processo, mergulho numa viagem de critérios e julgamentos pessoais para constatar quase sempre a mesma coisa: muito pouca coisa vale a pena.
As discussões que poderiam ser evitadas, as desavenças que poderiam ser contornadas, os dissabores que custaram a dissolver na boca. Tudo isso, fruto de uma necessidade estranha de nos posicionar, ou de posicionar as coisas em um mundo em que tudo assume a ordem decorrente do balanço da terra. Você pode até colocar no lugar, mas quando girar, muda tudo.
Hoje entendo melhor as pessoas e fico assistindo às lutas tão iguais e tão diferentes das minhas. Penso que eu poderia dizer o quanto aquilo não vale a pena, mas entendo que, assim como aconteceu comigo, só o tempo faz entender.
Atualmente, penso muito nisso toda vez que vejo esse embate entre religiosos e grupo de defesas dos direitos dos homossexuais e simpatizantes da causa. Não me encontro em nenhuma das duas categorias e, por isso, consigo ver a questão de ângulo claro o suficiente para afirmar: quanta perda de energia, quanto desgaste desnecessário… E, quanto tempo será necessário para que percebam isso?

Que tal cada um na sua cuidando de sua vida e seguindo em frente cada um com seu "cada um"? Um declaração simples:


Religiosos: Olha gente, a gente não concorda com o que vocês fazem, mas como cada um sabe de si, então, vamos seguir em frente gastar energia com o que é realmente importante. Deixa quieto.

Grupos GLBT: Pois é. Não restringindo nosso direito como cidadão. Tudo bem. Vocês podem pensar o que quiserem ainda que não concordemos em nada com isso.

Pronto. Resolvido.


As pessoas não fazem ideia de como essa existência é curta... Mas farão um dia. E, nesse turbilhão todo, sempre fico pensando quanto de coisas que não valem a pena tenho eu vivido agora e que só o tempo vai me mostrar.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

De Discussões e vaidades

Quem se diz muito perfeito/Na certa encontrou um jeito insosso/Pra não ser de carne e osso, pra não ser carne e osso (Carne e osso - Zélia Duncam e Moska)



A vida me ensinou que gozei de melhor conceito quando me mantive calado do que quando falei alguma coisa. Opinião é coisa que só se dá quando se pede, senão fede. Uma vez, ouvi isso de um colega e achei engraçado o jogo de rimas e verdadeiro o jogo de lógica.
Muitas vezes, fico ouvindo duas pessoas discutirem para tentar entender onde elas discordam e já não é surpresa quando constato que as duas concordam em quase tudo, mas estão num jogo cabo de guerra para ver quem leva a paternidade da criança (idéia) que, muitas vezes, nem é tão bonita assim.
Durante certo tempo, interferi dizendo: - olha, mas o que vocês estão falando é a mesma coisa. Hoje, não faço mais isso e procuro me divertir com a vaidade humana. Em uma discussão, surge a curiosa necessidade de, se ambos estiverem certos, um estar mais certo do que o outro. Ainda que isso não traga nenhum benefício além de deitar na cama no final da noite e ter a sensação de ter sido per-fei-to.
As pessoas ainda não perceberam que o tempero da coisa é ser imperfeito. É errar, é estar errado e saber mudar de idéia, é aceitar que o outro pode ver coisas que não vemos e deitar a cabeça no travesseiro com a certeza de seremos amanhã diferente do que fomos hoje porque aprendemos coisas novas, inclusive que o universo não gira em torno de nós.