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terça-feira, 21 de agosto de 2018

O Picasso de Realengo...

A mulher chega esbaforida e vai logo falando:
- Dr. Delegado, eu fui enganada. Olha minha bunda..
E mostra a bunda que parecia a cara do antigo fofão só que muito assimétrica. Parece que haviam implodido um prédio, mas metade não desceu.
- Mas minha senhora....
E a mulher o interrompe.
- Não tem mais, Dr. Eu fui naquela clínica, mas não era uma clínica. Acredita? Eu podia jurar que aquele porão de uma oficina de bicicleta tinha o maior jeito de clínica de cirurgia plástica.. Então, ele tinha uma ajudante que eu acho que a conhecia porque ela vendia biscoito globo no sinal nas horas vagas ali na Av. Brasil. E o material cirúrgico? Tudo limpinho com uma estopa novinha guardado dentro de um tupperware... Quem olhasse jamais diria que era tudo um engano...
- Mas minha senhora...
Tenta interromper o homem...
- Não tem "mas", doutor. Eu paguei o procedimento com dificuldade... foram quase todos meus vales transporte, meu cartão de auxílio alimentação e ainda 230 reais... isso 230....
- Mas minha senhora.. eu quero dizer.
O homem tentou mais uma vez interrompê-la.
- Não, doutor.. tudo era muito bem maquiado para parecer realmente.. Valdinele, Claudinette, Katmilene Suelen, Lorrane.. todas as minhas vizinhas já tinham ido e deu tudo certo... Mas na minha vez.. fiquei com essa bunda que parece que sofreu um derrame. E começou a chorar...
[silêncio]
- Mas minha senhora, aqui não é a delegacia... é uma casa lotérica...
A mulher levantou a cabeça, olhou em volta e respirou... Não se deu por vencida.

- Mas, Doutor, aqui está tão bem disfarçado, tudo bem maquiado para parecer realmente... é perto da minha casa, tudo azulzinho igual a viatura da polícia... Quem olha jamais diria que é tudo um engano...
Levantou-se e saiu com a bunda pendendo fortemente para um dos lados o que causaria com o tempo sérios problemas de coluna.
O homem olhava desolado aquela bunda desenhada pelo Dr. Bundinha... o Picasso de Olaria.

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O mais curioso é que ela se surpreendeu que deu errado enquanto, na verdade, o supreendente é que desse certo..

terça-feira, 7 de julho de 2015

As veias sutis da estátua

As pessoas, atualmente, possuem uma maneira muito sórdida de alardear suas virtudes, ou pseudovirtudes. Outro dia, postei algo sobre como são sensatas e inteligentes aqueles que concordam com a gente para chamar a atenção das pessoas a essa vaidade idiota dos tempos modernos. Entretanto, dirigindo para o trabalho e digerindo as ideias, cheguei à conclusão de que, quando acentuamos as virtudes daqueles que concordam com a gente, estamos, na verdade, em um ato de narcisismo absoluto elogiando a nós mesmos.
É como se disséssemos: olha como ele é o espelho do que eu sou, se ele é sensato e virtuoso e ele me reflete, logo, eu sou sensato e virtuoso.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Rótulos, para que te quero?


Vejo como é engraçada essa necessidade do ser humano de identificação com alguma coisa, uma ideologia, um grupo, uma tendência, enfim, uma qualquer coisa que o torne diferente, fazendo-o igual aos outros. Eis o grande paradoxo: a buscar da diferenciação sendo cada vez mais igual aos outros.
E batem no peito: sou comunista, sou capitalista, sou ateu, sou cristão, sou negro, sou branco, sou homo, sou hetero, sou um time de futebol, sou X, mas não sou Y. Y são errados de acordo com o que pensam o Xs como eu. Os Xs estão certos por isso sou um X.
As pessoas não esquecem que não somos nada, estamos tudo. Somos um processo e nunca um produto finalizado. Mas mesmo assim, para alimentar sua arrogância continuam batendo no peito e colando seu rótulo favorito. Isso quando não se contentam com ele e dedicam sua vida a enaltecer seu rótulo pela depreciação do outro. O que constitui exercício cotidiano na grande maioria.
Esse é o ponto que em que a prepotência engole a maturidade, pois quanto mais amadurecemos passamos a entender melhor o outro, suas necessidades e dores. Assim como as nossas dores. A maturidade nos dispensa da necessidade de convencer o outro de que o que ele acredite que está errado e de que o que nos acreditamos é o único correto pensar.
O problema é que a vida traz dias e dias só trazem aprendizagem e crescimento quando nos dispomos a recebê-los. A maturidade não é compulsória, é opcional.

Ah sim... antes que me esqueça... O nosso único rótulo legítimo e inalienável é "futura comida de vermes".

domingo, 8 de abril de 2012

Vaidades das vaidades.. tudo é vaidade


Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol? 
Eclesiastes 1:3

O vaidoso é um idiota (no sentido helênico da palavra aquele que só pensa em si mesmo) por natureza. Não falo da vaidade que quer deixar a si mesmo mais bonito, mais novo, mais forte, mais chique, enfim, mais qualquer coisa que agrade aos olhos. Falo do vaidoso estúpido que faz tudo na espera do agradecimento, do reconhecimento, das placas, dos títulos, das honras... Trabalhei em lugares em que as pessoas faziam lobby para colocarem seus nomes em prédios e salas antes de terem ao menos morrido.  Coisa que aliás, por desfeita, não fizeram até hoje para se fazer jus à homenagem. Conheci, na minha vida, pessoas que adulavam chefes para receberem um título qualquer de qualquer coisa só para ter uma cerimônia de honra e entrega de plaquinhas. Lidei com professores que adotavam uma postura de bajulação com alunos para não ficarem de fora das homenagens das festas de formaturas... Ao fim, plaquinhas, musiquinha “ao mestre com carinho”...
Vi, nesse mundo, almas que se alimentam de elogios, nomes, títulos e pompas que escondem o imenso vazio que trazem. Muitos desses, por essas terras andam, deixam seus nomes em prédios, ruas, estabelecimentos, praças e até cidades e, nesse rastro de suas vaidades, nos fazem até esquecer os canalhas que foram em vida. Afinal, a morte redime a tudo, já diziam os romanos.
Sem estender-me em elucubrações, talvez essa seja a real intenção em vida de sua sede por notoriedade e reconhecimento. Cobrir com placas e louvores tudo que ele não fez, tudo que ele não foi.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

No fundo, no fundo.. e daí?


Sabe o que é legal com o tempo? Pois é, tem coisa legal em envelhecer. Todo mundo pensa que só tem coisa ruim como perder o cabelo, rugas, ficar grisalho (se não perder todos os cabelos, claro), digerir mal alguns alimentos, sentir cansaço mais intensamente e optar por uma cama a uma balada, enfim, parece que é o fim que se aproxima.
Mas não. O mais legal depois dos 40 é a ausência de necessidade de ficar dizendo quem somos e no que cremos o tempo todo. Tenho alguns colegas no facebook que me fazem ver essa linha do tempo com uma nitidez extraordinária. Por serem mais novos, sentem uma necessidade de gritar o tempo todo que são comunistas, de esquerda, evangélicos, católicos, gays, torcedores fanáticos de um time, tementes a Deus, engraçados, descrentes etc. Trata-se de um grito de desespero de que eu sou alguém, creio em algumas coisas e sou diferente de todos os outros.
Outros quem? Milhares de pessoas gritam a mesma coisa em um surdo coro de mesmice. Tentam ser diferentes sendo exatamente iguais a todo mundo. É esse o grande paradoxo da era moderna. Ser diferente, mas tão diferente que acaba sendo igual a todos que querem ser diferentes.
A maturidade traz isso de legal. A ausência absoluta dessa necessidade de gritar quem se é, onde se está, o que o faz diferente de todo mundo. O risco que existe é de que ninguém saiba quem você é, mas, a certa altura da vida, sabe de uma coisa, do fundo do meu coração...
E daí?

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Luciano Huck e o senso estético em “Lata Velha”


Vez por outra vejo o programa do caldeirão do Huck aos sábados e sempre me pergunto se aqueles caras que ganham os carros consertados tem cara de andar com aquilo na rua.
O sujeito tem um Opala 76 cheio de plastic, enferrujado, banco quebrado, sujeira dentro, motor acabadaço, sem vidro traseiro e só funciona empurrando. O Luciano Huck faz o cara pagar um mico (até aí tudo bem) e entrega o carro reformado. Novinho em folha, motor novo, limpinho, com vidro, pintura nova, pneus novos , vidro fumê, bancos de couro.. MAS (como tudo sempre tem um MAS) o carro vem com som escandaloso, pintado de amarelo canário e verde-limão com labaredas de fogo desenhada no capô, roda de liga leve rebaixadas e luz azul no fundo do carro, farol de milha em cima, do lado e embaixo do carro, bancos de cores diferentes (azul, rosa, lilás e verde limão), alavanca de siri, tapete de bolinhas para o banco do motorista, DVD interno que pisca dezenas de luzes com tela retrátil, vidros laterais com luzes coloridas, luz internas cores lilás, rosa e estroboscópica, adesivos escrito Barretão 2011 - eu vou e A força do meu sucesso é a velocidade da sua inveja ou Não me inveje, trabalhe.
Percebi que, no momento da entrega do carro, um velhinho chorava compulsivamente depois de ter dançando Conga, Conga, Conga vestido de Fred Mercury no palco caldeirão. Era um velhinho pipoqueiro que morava em Nova Iguaçu que não usava o carro por falta de condições e que agora dificilmente poderia usar o carro...
Dessa vez, por falta de condições mesmo.

P.S.: Ao que se sabe o velhinho nunca mais saiu de casa. A Globo não divulgou que teria sido uma súbita crise de pânico que o acometeu. Afinal, pânico é da rede TV e não da Globo.

sábado, 7 de maio de 2011

As ideias do chefe

Todas as propostas naquela empresa passavam pela quarentena (sic) de 60 dias. A ideia era dada, o chefe, quando ouvia, rejeitava. Às vezes, nem ouvia. 60 dias depois, o patrão convocava uma reunião e apresentava a ideia (dele) genial que havia sido rejeitada 60 dias antes. O defeito principal da ideia apresentada anteriormente ficava claro, a idéia não era a mesma porque, na época, não tinha sido formulada por ele. Esse era o grande pecado que fazia uma estupidez de dois meses atrás ficar a genialidade de hoje.
As sugestões assim se faziam dentro de um cronograma. Se uma coisa era para começar ser implantada em agosto, apresentava-se a idéia dois meses antes, final de maio ou início de junho. Era batata. Em agosto havia a tal reunião em que o chefe apresentaria a ideia que tinha sido rejeitada há dois meses.
Um dia, do nada, consumido pelo estresse, o chefe infartou. Sentiu um formigamento no braço, dor no peito e tchum. Lá se foi o Narciso da corporação. 
Os funcionários que viram o seu corpo sobre a mesa, frio e inerte, não pensaram duas vezes. Acharam a ideia tão boa que resolveram fazer o enterro de imediato, na verdade, houve uma cremação do corpo. 
Afinal, vai que ele resolve ressuscitar daqui a sessenta dias.

sábado, 9 de abril de 2011

Uma história cabeluda

Zenilda comprava creme, fazia escova, hidratação e tantas coisas mais para ficar com o cabelo liso e brilhante. A natureza lhe fora injusta e, por causa disso, gastava quase todo seu ordenado com a manutenção de um estado apresentável de seu cabelo. O marido não podia fazer-lhe cafuné,  chuva a apavorava mais do que um tiro e uma estranha toca lhe protegia durante o sono de algum amassado ou suor incomodo que botasse a perder as horas de tratamento.
Um dia, em frente a seção de xampus, ela lia o que vinha escrito na parte de trás da embalagem de um deles: Xampu para cabelos crespos, tingidos, quebradiços, ressecados, com pontas, queimados pelo sol, opacos e danificados produtos químicos....
Era esse o shampoo com que ela tanto sonhara....
Mais abaixo, um recado em letras muito pequenas, quase imperceptíveis....
Tem certeza que vale gastar esse dinheiro com um cabelo nesse estado?

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A milenar arte de contornar o incontornável

Lidar com gente que é essencialmente "do contra" é uma arte, vale uns 10 pontos no ranking para ir ao céu. Se o cara é seu superior hierárquico na empresa e você é obrigado a praticar essa arte todos os dias, o fator paciência lhe garante mais 1500 pontos, o que em termos de pontuação para ir ao céu já lhe garante uma vaguinha certa perto da casa de algum santo ou no mesmo condomínio em que Jesus tem casa de praia. Daí surgirem as estratégias para contornar o incontornável. Se você quer que uma coisa saia, diga que aquilo não é importante e não precisa sair... para contrariar e fazer valer a autoridade, ele dirá que é importante e precisa sair o mais breve. Pronto! A ideia era implantar determinada coisa, está feita. Se você cair na besteira de enfatizar a importância, aquilo não vai sair, porque ele não foi o autor da consideração. Chamo a isso de síndrome de Julien (o rei lêmure da desenho Pinguins de Madagascar). 
Outra estratégia é a ação do espelho. Construa um discurso de modo que a sua estrutura remeta sutilmente ao fato de que foi ele quem deu a ideia e, no final, utilize um mesmo tempo gasto no discurso para elogiar as intercessões dele no projeto (mesmo que toscas e irrelevantes). Faça o discurso parecer que é dele. Engolido pela própria vaidade, ele vai se empenhar na execução das coisas, pois é como um filho para ele ou uma gueixa a lhe acariciar e massagear seu ego.

Conclusão: Contornar o incontornável é difícil, mas sempre temos a nosso favor a vaidade que emburrece e cega.
Tenha uma boa semana!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

De Discussões e vaidades

Quem se diz muito perfeito/Na certa encontrou um jeito insosso/Pra não ser de carne e osso, pra não ser carne e osso (Carne e osso - Zélia Duncam e Moska)



A vida me ensinou que gozei de melhor conceito quando me mantive calado do que quando falei alguma coisa. Opinião é coisa que só se dá quando se pede, senão fede. Uma vez, ouvi isso de um colega e achei engraçado o jogo de rimas e verdadeiro o jogo de lógica.
Muitas vezes, fico ouvindo duas pessoas discutirem para tentar entender onde elas discordam e já não é surpresa quando constato que as duas concordam em quase tudo, mas estão num jogo cabo de guerra para ver quem leva a paternidade da criança (idéia) que, muitas vezes, nem é tão bonita assim.
Durante certo tempo, interferi dizendo: - olha, mas o que vocês estão falando é a mesma coisa. Hoje, não faço mais isso e procuro me divertir com a vaidade humana. Em uma discussão, surge a curiosa necessidade de, se ambos estiverem certos, um estar mais certo do que o outro. Ainda que isso não traga nenhum benefício além de deitar na cama no final da noite e ter a sensação de ter sido per-fei-to.
As pessoas ainda não perceberam que o tempero da coisa é ser imperfeito. É errar, é estar errado e saber mudar de idéia, é aceitar que o outro pode ver coisas que não vemos e deitar a cabeça no travesseiro com a certeza de seremos amanhã diferente do que fomos hoje porque aprendemos coisas novas, inclusive que o universo não gira em torno de nós.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A vaidade e a estupidez humana

A vaidade é o portal de todas as fraquezas, pois conduz a estupidez entorpecendo a capacidade de análise. Já trabalhei com pessoas que, em troca de elogios e reverências, mantinham ao redor de si a nata do despreparo, mas uma "nata" (sic) que se apresentava sempre pronta para lhes reverenciar aplausos e louvores ao menor sinal de suas presenças.
O risco que corre o vaidoso é o de construir uma mansão sobre varas de uma palafita e lhe foge a percepção de que, quem vende os elogios e admiração os faz a ele ou a qualquer outro que se encontre no alto da montanha. Até que a montanha venha a ruir e se torne uma planície. E, as pessoas se esquecem de que até as montanhas podem passar por esse processo.
O mais difícil para a maioria das pessoas é realmente, no topo da montanha, não deixar se seduzir pelos alisadores de ego. Eles vivem disso e é isso que os mantém onde estão. São como carpideiras, choram, mas porque são pagos para tal. E se trocam o defunto, choram de novo, pois essa é a sua função.
Somente a elevação e o desprendimento do espírito nos tornam imunes a isso. A experiência pela dor e o desprendimento do espírito como caminho de uns poucos afortunados. Eu não conheço nenhum ainda, mas sei que deve existir (ou já existiu). 
Sou da filosofia de que espírito é igual a aço de espada. Forja-se com muito fogo e muita porrada de martelo em cima.