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domingo, 19 de agosto de 2012

A prática do ócio produtivo


Um sociólogo italiano chamado Domenico De Masi, escreveu há alguns anos um livro intitulado "O ócio criativo" e,  nele, defendia o ócio como ambiente de criatividade uma vez que o trabalho contínuo e metódico conduzem ao desgaste e a pouca produtividade. Li esse livro na época e entendi a mensagem como um alerta para aqueles que acham que produzem alguma coisa porque trabalham 14 horas por dia. E, na época, eu estava entre esse iludidos.
Empresas como a Microsoft ou a Google já entenderam que a capacidade de trabalho de um homem se mede por sua produtividade e essa não tem nada a ver com o tempo que ele fica sentado em um escritório. Veja que posso ter um funcionário que fica 8 horas dia no trabalho (jogando paciência ou lendo facebook) produzindo menos do que outro que fica 3 horas e trabalha com metas de produtividade definidas. 
Vou além. Defendo o ócio "produtivo" não na acepção exata de De Masi, mas no sentido de abrir pequenos momentos e atitudes ócio que funcionam como válvulas de escape (como as válvulas das panelas de pressão). Por exemplo, no meio do trabalho, fazer coisas como jogar paciência, bater papo ou navegar no facebook funciona como uma maneira de aumentar a produtividade pelo alívio da pressão contínua. 
Lógico, não se trata de uma política da empresa incentivar o funcionário a ficar à toa, mas fazê-lo entender que ele vale pelo que produz e não pelo tempo que fica entre ponto de entrada e saída. Por fim, isso é uma postura que devemos adotar para  nosso dia-a-dia. Fazer nada de vez em quando é uma maneira interessante de se fazer alguma coisa. Falta encontrar o equilíbrio nisso e aprender a nos permitir.

sábado, 2 de abril de 2011

Uma franquia dos infernos

Pensava o Diabo uma maneira de ampliar os seus negócios na terra.  Reunido com sua equipe de demônios-assessores ouviu um deles dizer que o negócio agora era o mercado de franquia. Entretanto, criar uma franquia com a marca Satanás não seria uma boa, o nome está gasto, a marca está batida e mal afamada. O negócio seria criar contratar uma franquia que tivesse boa aceitação. - Jesus... Disse um deles. - Vire essa boca para lá, rapaz. Rebateu outro demoniozinho assessor.
- Não. Ponderou o Tinhoso. Sabe que é uma boa ideia. O investimento inicial é pequeno, não paga imposto, a matéria prima do que se vende é gratuita e, normalmente, quem compra, vai por impulso ou desespero. Não pensa, por que se pensar demais não compra.
- Mas chefe, já existe essa franquia, observou um advogado do diabo.
- E daí, abrimos, espalhamos, captamos dinheiro e eles que entrem na justiça.
- No caso, a divina, não é? Completou um capetinha trainee.
- Que seja!
O negócio prospera a olhos vistos em cada esquina.

Enquanto isso o processo de uso de imagem movida pelo céu rola na justiça eterna.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A milenar arte de contornar o incontornável

Lidar com gente que é essencialmente "do contra" é uma arte, vale uns 10 pontos no ranking para ir ao céu. Se o cara é seu superior hierárquico na empresa e você é obrigado a praticar essa arte todos os dias, o fator paciência lhe garante mais 1500 pontos, o que em termos de pontuação para ir ao céu já lhe garante uma vaguinha certa perto da casa de algum santo ou no mesmo condomínio em que Jesus tem casa de praia. Daí surgirem as estratégias para contornar o incontornável. Se você quer que uma coisa saia, diga que aquilo não é importante e não precisa sair... para contrariar e fazer valer a autoridade, ele dirá que é importante e precisa sair o mais breve. Pronto! A ideia era implantar determinada coisa, está feita. Se você cair na besteira de enfatizar a importância, aquilo não vai sair, porque ele não foi o autor da consideração. Chamo a isso de síndrome de Julien (o rei lêmure da desenho Pinguins de Madagascar). 
Outra estratégia é a ação do espelho. Construa um discurso de modo que a sua estrutura remeta sutilmente ao fato de que foi ele quem deu a ideia e, no final, utilize um mesmo tempo gasto no discurso para elogiar as intercessões dele no projeto (mesmo que toscas e irrelevantes). Faça o discurso parecer que é dele. Engolido pela própria vaidade, ele vai se empenhar na execução das coisas, pois é como um filho para ele ou uma gueixa a lhe acariciar e massagear seu ego.

Conclusão: Contornar o incontornável é difícil, mas sempre temos a nosso favor a vaidade que emburrece e cega.
Tenha uma boa semana!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ode ao puxa-saco

Trabalhador incansável
Com o saco do patrão
Sempre com a mão ocupada
Se ele espirra, traz um lenço
Usando a outra mão
E de uma só sacada
Seca o ranho nessa ação.

Em Natal, festividades,
Sempre tem um presentinho
E pra manter sua sina
Baba os ovos direitinho.

Pergunta sobre a família
Pede notícias da sogra
Manda lembranças para filha
Bons augúrios lhe joga

Concorda sempre com o chefe
Discordar nem pensar
Aceita tudo que é dito
Morre de medo de suspeitar
Que o chefe tão amado
Pode vir a sonhar
Que ele, capacho querido
Resolveu raciocinar

Mas sempre mal entendido
Pelo resto dos colegas
Que o julgam só manter o emprego
Porque empenhou suas pregas

Mas no fundo poucos conhecem
O peso de sua labuta.
És tu, ó puxa-saco de merda...
Um tremendo injustiçado.

P.S.: Pensou que eu iria dizer "filho da puta" hein?
Não disse, mas serve. Fique à vontade para rimar.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O intermediário do chefe - o caminho mais curto entre o céu e a terra

Pouca gente se dá conta que, em toda empresa, há uma figura digna de menção nos anais do mundo corporativo, o intermediário do chefe. Ele funciona assim como uma espécie de santo que opera os pedidos que lhe fazemos junto ao Senhor Todo Poderoso que fez o céu, a terra e paga os salários de todos nós. Amém.
Ele não pode ser caracterizado como um puxa-saco. É muito simplista essa visão. Ele é muito mais do que isso, é aquele que fala com o chefe. Aquele que comunica as boas e más notícias, que oferece as boas ideias que lhe dão como se dele tivessem brotado. Esse é o emissário de tudo. Se queremos fazer um pedido, fazemo-lo ao emissário e ele passará ao chefe em uma língua que vai além da nossa capacidade de mortal de entender. 
Ele traduz nossos anseios, transfere nossos questionamentos e esperamos seu retorno do Olimpo de onde ele chega com as boas novas escritas ou faladas. Como Moisés que retorna do monte com os mandamentos escritos em pedra. Se perguntamos a ele: - falou aquele assunto com o chefe?
Ele nos olha com benevolência e piedade face a nossa condição de mortal e diz: - infelizmente, não foi dessa vez. Não houve oportunidade.
E retornamos para nossa mesa com a questão pendente enquanto o intermediário do chefe, esse ser que domina a língua dos homens e dos anjos, repousa em sua mesa e mantém devidamente afastado do chefe todo aquele que queira burlar a ordem natural das espécies e se atreva a dirigir a palavra ao grande líder.
Toda empresa tem isso. É impressionante.


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Mundo corporativo - o caminho avesso do sucesso

Costuma-se dizer que a grande escola que se tem são a dos piores líderes/chefes com quem se trabalha, a quem se deve o eterno agradecimento por tudo que ensinam a não fazer. Um dia, quando você olhar para trás, verá as grandes lições de inaptidão, despreparo e vaidade oferecidas que, se não mostram o caminho a ser trilhado, indicam a certeza do rumo para o desastre administrativo. Sendo assim, eis 11 dicas de como gerir um negócio em direção à derrocada.

1. Não ouça as pessoas que trabalham sob seu comando. Afinal, o chefe é você;
2. Seja intransigente. Ponto de vista... só existe o seu;
3. Adote o critério amizade e nunca competência para montar sua equipe;
4. Retire a autonomia dos setores totalmente. Até para ir ao banheiro solicitem autorização sua;
5. Aja sem planejar, fale sem pensar, decida sem projetar efeitos...
6. Ouça as fofocas e maledicências com se fossem uma fonte de informação legítima;
7. Trate os que lhe respondem com a altivez e arrogância de um rei;
8. Gaste com o que sua consciência mandar e poupe onde/quando achar melhor;
9. Nunca caminhe pelos seus domínios para que não percebam "os seus súditos" sua face mortal;
10. Ignore qualquer cumplicidade, você não precisa dos outros. Você se basta;
11. Decida sozinho. Afinal, você é o chefe;


domingo, 28 de março de 2010

Série - Mundo corporativo, a vida na empresa - Capítulo I - O messias

"Aquele que crê em mim viverá."
De tempos em tempos, surgem nas empresas, principalmente, nas que estão em crise, os espíritos messiânicos. São consultores, executores, planejadores (sic) e outros -ores que são contratados pela alta chefia para resolver todos os problemas que se arrastam há anos e que todo mundo sabe quais são as atitudes necessárias para resolvê-los. Conclusão, trata-se de pessoas que nos dirão tudo aquilo que já estamos carecas de saber, mas que precisamos que venha alguém de fora dizer para que a gente continue não fazendo. Complicado? É. É sim. Os primeiros momentos dos -ores deixam a chefia encantada com tanta sabedoria, tanta perspicácia, tanta astúcia e experiência em espírito tão genial. Mas com o passar do tempo chega-se a estranha conclusão de que o cara era um bundão, criou mais problemas do que soluções e o dinheiro que economizou gastou-se  pagando a ele. Ou seja, zero a zero. 
As melhores soluções de uma empresa estão nas decisões em conjunto e na capacidade dos líderes em fazer do problema da empresa um problema de todos. Mas isso demanda tempo e habilidade de negociação muito grande e ninguém tem mais tempo para isso. Daí, contratamos nossos personais-messias que chegam com ares de "eu sou a verdade e aquele que crê em mim viverá", ou pelo menos não será mandado embora durante seu reinado.
E os messias se vão depois de se constatarem na empresa que eles não andaram sobre as águas, não multiplicaram nada, não fizeram de água vinho, enfim.. sem milagres rumo a outras bandas onde por alguns meses serão deuses na terra até concluírem por lá o mesmo que se concluiu de onde ele veio. Messias corporativos são eternos nômades.

P.S.: Só me ressinto é de não podermos crucificá-los no final da história... faria de sua passagem, apesar de pouco produtiva, mais divertida para a gente.