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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

As coisas boas e o que realmente importa

Tenho um querido e velho amigo que a vida toda se especializou em fazer coisas que não dão dinheiro. Um dia comentei isso com ele que retrucou ironicamente (aliás, ele é um poço de ironia e bom humor): Pois saiba, meu caro, que agora eu aprimorei... Estou ficando bom em coisas que dão prejuízo (inclusive ele tem vários filhos... uma prova disso). Rimos juntos um bocado depois dessa tirada. 
Naquela época da minha vida, eu estava atolado de compromissos e ganhando, juntando e investindo dinheiro. Trabalhava adoidado (de segunda a segunda), tinha um relacionamento infeliz e seguia fazendo coisas que dão lucros. Seguia infeliz, mas lucrativamente infeliz. E lá se vão uns 10 anos....
Hoje, eu recebi uma ligação de uma pessoa que não conhecia e queria tirar dúvidas sobre um vídeo que fiz na internet sobre palavras e ideias-chave. Dei uma aula para ela e fiquei de fazer um vídeo explicando um pouco mais sobre um tema. Ela perguntou quanto seria o custo.. eu disse que nada e agradeci a oportunidade de ajudar. Mais uma vez, senti-me encher de alegria de fazer algo que não me dava dinheiro, mas me fazia tão pleno em ser útil.
Lembrei-me da primeira vez que entrei numa sala de aula como professor, recebendo salário. Eu pensei, cara, isso é bom demais e ainda me pagam por isso. Pois é... a vida é cheia de coisas boas que são boas porque são. Quando nos pagam por isso, é melhor ainda, mas quando não pagam, não deixam de ser coisas boas.
Não pretendo evoluir como meu amigo para a habilidade do prejuízo, mas entendi que o que o movia (e sempre foi assim, pois o conheço desde a adolescência) era fazer coisas boas. Coisas que o faziam feliz.
Hoje, vi um vídeo na internet e ele segue fazendo coisas boas, coisas que o fazem feliz. Afinal, quem precisa de muito dinheiro quando sabemos fazer tantas coisas boas...

Eu demorei mais de uma década para entender, mas agora, que tenho mais areia embaixo da ampulheta do que em cima, o que me move são as coisas boas. 

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O que você precisa saber para compor...

Bom, Dorival Caymmi se foi, Vinicius também... e nessa leva se foram Tom Jobim, Cazuza, Renato Russo, Raul Seixas entre outros tantos. Esses desfalques na MPB deixam o time mais fraco e com possibilidade de cairmos de série. Daqui a pouco vai haver tantos desfalques que já somos a MPB, ano que vem, disputaremos a série MPC. Queremos voltar para série A, queremos a MPA... Nós e o Vasco.

Mas nem tudo está perdido, para atender uma demanda de mercado, criamos o Compor é fácil, escreva você mesmo sua canção e faça sucesso. Um livro de auto-ajuda que ajuda quem quer compor e atrapalha quem gosta de ouvir.

Veja alguns exemplos...

Um pagode
Ingrediente: uma rima em –ão, uma em –or e uma em –ento...

Em todo pagode quando você cantar “e ficou a dor, desse grande ....” engate logo algo como amor. E prossiga: “Tive essa paixão em meu ....” Sabe que lá vem “coração”... “Não sei se aguento, esse ....”, sofrimento... Muito bem.. aqui o céu é o limite.

Um funk....
Ingrediente: Três verbos e a repetição silábica adequada:
Quero, quequero, quequero, quero, quequero, quero...
Dança, dandança, dandança, dança, quero, quequero você dançar..
Vai,... vaaaiiiii, vaaaii... (acrescente o movimento do quadril creu na velocidade 2 e aumente progressivamente)... Muita gírias e duplos sentidos...


Um heavy metal
Dispense os ingredientes e grite. Mas grite com vontade! Se você tem um instrumento, esquece essa história de nota e cifra, toque.. toque não, bata, mas bata com vontade nele.Ah... se você tem espaço para pular, pule... Ah sim, mas pule com vontade!


Um samba enredo:
Ingredientes: Tema (libertação dos escravos), palavras-chave (construir nação, negro, escravidão, sofrimento, liberdade), palavras-básica (avenida, alegria, emoção, carnaval), onomatopéias básicas (oooiiii, ihhhh, aaahhhh).

Misture as palavras com o mesmo ritmo de sempre (assista um desfile e entenderá que ritmo é esse). Ao final de cada frase, faça a divisão silábica da última palavra (ex.: e todo essa emoção... E–MO–ÇÃO. Ah sim prefiras as trissílabas... com polissílaba é mais difícil) Onde você não souber o que cantar, acrescente ôôôô... e termine sempre: vou cantando na avenida...

Sertanejo/brega/pop
Arrume uma mulher bem vagabunda, case-se, gaste dinheiro com ela, fique apaixonadinho, leve um par de chifres e um pé na bunda. Escreva um relato rimado com no máximo 60 palavras sobre o que aconteceu com você. Pronto. Agora, cante! Sempre em dupla é claro. É o corno e o amigo do corno.

Atenção! Ao final da frases faça "huuuuuummmm" com a boca fechada... Por exemplo, Meu coração(huuuummmm) ....

Rock Teen/emo
Ingredientes: incertezas, paixões perdidas, tédio e desilusões.

Aí você não compõe nada porque já tem demais disso na mídia. Mas se você curte, ligue o som com um conjunto desse, dance abraçando os próprios ombros na frente de um espelho com os olhos semi-cerrados, ouça, chore, jogue a franjinha para o lado e chore mais. Não se preocupe, sua mãe e seus parentes não vão achar que você é esquisitão.
Nessa altura do campeonato, eles já não acham mais nada... e evitam falar no assunto.

É isso, peça já..

Os primeiros 100 pedidos levam grátis, sem nenhum custo adicional o método “Agogô e triângulo sem mestre” nos níveis básico, médio e avançado...

sábado, 5 de março de 2016

Vampiros nas redes sociais

Há muitos anos, li sobre vampiros em um artigo de uma revista enquanto esperava em um consultório para ser atendido. Obviamente, não se tratava de sugadores de sangue noturnos das histórias. Era uma reportagem superficial que falava de pessoas que se alimentam da energia dos outros e nem se dão conta da vampirização que fazem. Procurei ler mais sobre o assunto depois daquele dia e comecei a perceber que, realmente, há pessoas que se alimentam da  nossa energia. 
Já percebeu que há pessoas que lhe causam intenso cansaço co breves períodos de convivência? Conversar com elas por 20 minutos equivale a horas de conversa pesada, tensa e terminamos como quem correu uma maratona?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Tretas no Face: um espelho da nossa vaidade

A medida da certeza das nossas ideias é proporcional ao desinteresse que temos de convencer os outros de que estamos certos. Explico. Quanto mais eu tenho certeza de alguma coisa e essa alguma coisa está bem resolvida na minha cabeça, todo discurso de convencimento é uma perda de tempo, ainda mais quando a outra pessoa não está disposta a ouvir (entenda ouvir como parar, pensar, relacionar, entender...)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Vida é curta para coisas diets

Sabe o que significa a frase Carpe Diem, de Horácio? Acho que todo mundo sabe. “Aproveite o dia”. Digo que sou de uma geração que, tendo sido obrigada a assistir ao filme Sociedade dos Poetas Mortos, aprendeu cedo. A ideia do poeta é aproveitar o dia. Mas o conceito é bem vago, uma vez que aproveitar é algo relativo. Alguns podem considerar aproveitar ao máximo, se entupir de alguma substância tóxica e ficar loucaço, outros, comendo desesperadamente, dormindo o tempo todo e não fazer nada. Mas isso não é aproveitar, isso é hedonismo destrutivo.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Etiquetas: Não. Não quero ser seu amigo.

Pessoalmente, não gosto dessa questão de etiqueta. Tanto as de roupas quanto aqueles padrões de comportamento (garfo de um lado, guardanapos de outro.. sabe?). As de roupa são uma ilusão. Trata-se de uma maneira de criar rótulos explícitos em suas vestimentas de que eu possuo mais poder econômico do que você. Logo, sou um homem (ou mulher) mais interessantes do que o resto do meu entorno. Sabe... EU posso.
Assumo publicamente que não compro roupa de marca.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Eu, o monstro - Bom dia!

Eu, aos 42 anos, me assumo como uma anomalia social, uma violação acintosa do senso comum, enfim, uma aberração. Isso custou a ser aceito por mim. O fato é que não consigo compactuar com certas coisas que parecem ser normais, daí, eu ser essa criatura bizarra. 
Bom, vamos lá. Acordo cedo e de excelente humor sempre. Durmo pouco (5 a 6 horas noite) e, sinceramente, detesto dormir muito. Gosto de segundas-feiras, não gosto é de domingo. Acho chato para caramba. 
Não gosto de férias prolongadas, prefiro 10 folgas de 3 dias a uma de 40. Lugar bom para mim é com pouca gente. Muita gente, muito barulho... Definitivamente, não gosto. Isso me cansa e me irrita. Não vou a festas e bebo porque acho que se a festa é legal, eu não preciso me drogar para curtir (ou suportar). Pela lógica, a gente deveria se drogar para suportar fila de banco e repartição pública, mas não coisas que são para serem legais.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar?

Um dos grandes segredos da convivência humana é entender o que podemos pedir do outro. Em estados de entorpecimentos de paixões, perde-se completamente a noção do outro como um individualidade plena de qualidades e defeitos. 
Daí decorre, obviamente, a decepção pelo outro não ser exatamente aquilo que se queria que ele fosse. É engraçado, mas, em 90% das vezes, as pessoas se decepcionam não com as pessoas mas com a imagens que fazem das pessoas para si. A imagem construída de um ser humano é produto das nossas carências e não do que realmente ela é. É resultado nebuloso de uma série de fragilidades nossas que projetamos no outro. 
Dessa forma, por razonabilidade, deveríamos nos decepcionar com nós mesmos e não com os outros. Os outros são os outros e só. Nós esperamos demais, projetamos demais, idealizamos demais... Lembro de uma música do Djavan (Esquinas) em que ele solta a angústia de quem se vê idealizado no processo de percepção humana e diz: “sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar
Eis o desabafo de quem está na outra ponta. A ponta do idealizado, aquele que sabe que tem que ter pra dar, mas não tem o que dar. O fluxo de decepções é mútuo. De um lado, o que espera olhando aquele que é aguardado. E o peso dessa espera que consome os dois lados quando eles se dão conta desse jogo de gato e rato, sem gatos e nem ratos.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

As pessoas e as outras pessoas


As pessoas querem que a gente odeie outros times que não sejam o nosso, mas não consigo ver inimigos a serem odiados e humilhados, mas gostos diferentes. As pessoas precisam que você compartilhe o que eles consideram belo justo, mas poucas vezes, lhe perguntam qual a sua ideia de belo e justo. As pessoas sentem necessidade de demonstrar algo que nem de longe sejam, mas se esquecem de saber se eu quero ver já que acreditar nem mesmo elas o fazem. As pessoas nos cansam e nem aceitam nosso pedido de tempo para descanso... Só no Vôlei  alguém nos leva a sério.
Acho que no facebook ou no mundo real, cada vez menos presente na vida social de tanta gente, as pessoas desejam que as conheçamos melhor e, para isso, se mostram no que são cada vez menos.
É isso. As pessoas investem para que sejamos cada vez mais idiotas perfeitos, mas esquecem que ninguém é perfeito. Logo, seremos falhos até em nossa estupidez.
E isso talvez ainda seja a esperança que nos resta.

sábado, 9 de junho de 2012

Liga dos anti-nada (eu sei que não se usa hífen aqui)


Vejo, nos últimos tempos, uma proliferação dos anti-qualquer-coisa: anti-flamenguistas, anti-vascaínos, anti-botafiguenses, anti-governo, anti-oposição, anti-ruralistas, anti-ambientalistas.. Enfim, no fundo, um monte de antipáticos com seus pensamentos antiquados. 
Ser anti-qualquer-coisa, ainda mais sendo anti-time de futebol é uma das coisas mais idiotas que uma pessoa pode encontrar para receber como rótulo. E olha que tem gente aos montes que cola imagem no facebook com seus gritos de ódio a isso, ódio àquilo etc. Só uma cabeça muito vazia e um intelecto muito limitado é capaz de se ocupar de fazer banner para chamar torcedor do fluminense de viado, flamenguista de negro, favelado e ladrão ou botafiguense de pobre, chorão e, esporadicamente, favelado.
É um agrupamento de preconceitos tão escrotos orquestrados por gente que soma à falta de o que fazer uma ausência total de reflexão e mesmo leitura de mundo. Pois é.. "os antis" são assim: cabeças vazias, mas  intestinos lotados que pensam por eles.
Entretanto, no embalo do modismo, deixei as críticas e minha implicância de lado e resolvi criar a liga dos anti-nada. Sou anti-nada, nada me incomoda, ou melhor, não sinto necessidade de externar nenhuma das minhas frustrações sobre ninguém que, com certeza, são do tamanho da minha capacidade de lidar com elas. 
Não sou "anti" nem aos imbecis que são anti-qualquer coisa, pois entendo que a ignorância de não se ter consciência do que se é torna-se uma bênção que a vida deu a algumas pessoas para amenizar a dor de ser o que se é.
___________________________
Ah sim... Só para constar. Fiz um uso bem particular do hífen (a ideia é enfatizar o prefixo) no texto por razões estilísticas, mas saiba que:


Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h (anti-horário), se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra (anti-inflacionário) ou se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por "r "ou "s", nesse caso, dobram-se essas letras (antissocial).

terça-feira, 17 de abril de 2012

O problema está com quem bate


Sempre ouvia minha amada e saudosa avó dizer que o mal feito fica pra quem faz e não para quem recebe. Lá na minha tenra idade, achava uma besteira isso. Afinal, a porrada dói em quem apanha e não em quem bate. Entretanto, foram necessários uns vinte a trinta anos para que entendesse que se dói em quem apanha, também cura em quem apanha. Já quem bate prossegue batendo. Acumulando desavenças, desforrando suas frustrações e suas doenças da alma nos outros. Quem bate segue doente, não cura.
O sujeito que ofende com palavras, com atitudes é assim por sua natureza. O ofendido é só mais um na sua lista, uma situação ocasional, esporádica. O ofensor não, ele prossegue sua rota de agressão, pois sua alma doente precisa agredir. A ferida que ele traz aberta não fecha, a doença que ele carrega não cura e ainda o consome sem ele perceber.
Achar que ele não é penalizado com isso é tolice. Ele é, só não o sabe. As pessoas se afastam, as pessoas o suportam, as pessoas só se aproximam por interesse já que se não for para se tirar um proveito, não vale a pena aguentá-lo. Os que ficam no seu entorno aguardam as viradas de mesa para, no devido momento, dar o troco, a porrada de volta. E assim perpetuam-se as eternas mazelas da alma humana.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Quem nunca fez que atire a primeira pedra..


  • Cantar músicas em inglês repetindo sons que nada se aproximam do que o cara da letra está dizendo;
  • Beber água no gargalo quando abre a geladeira e ninguém está por perto;
  • Soltar um pum dentro de carro fechado sozinho e bater arrependimento posterior ao fato;
  • Fingir que está dormindo quando alguém pergunta: fulano(a),cê tá dormindo?
  • (Homens)Ficar na expectativa de um movimento ideal de corpo para a plena visualização diante de um decote promissor;
  • Achar que é alguém muito azarado só porque na sua vez acabou o que estava sendo distribuído;
  • Disfarçar que nem notou o cacoete, dente sujo ou uma baita mancha cabeluda de alguma pessoa com quem se conversa;
  • Meter o dedo na boca quando ninguém vê para tirar um pedaço de milho de pipoca que está incomodando desde a saída do cinema;
  • Mentir para não ir à escola;
  • Fuçar no nariz quando ninguém está vendo;
  • Lamber a tampa do iogurte para aproveitar;
  • Mentir dizendo que está de saída ao telefone para encurtar a conversa;
  • Dizer para o cara do telemarketing que está dirigindo quando atende o celular, mesmo estando em casa sentado no sofá;
  • Dizer para a namorada/esposa que nem notou que a roupa da fulana deixava tudo a mostra;
  • Fuçar um machucado quase cicatrizado e atrapalhar todo o processo que já estava quase concluído;
  • (Homens) Ver uma mulher bonita chupando pirulito e pensar besteira (quase inevitável);
  • No restaurante, ficar tenso em como vai ser dividida aquela baita conta em que você só bebeu um guaraná e comeu alguns bolinhos de aipim e o povo todo todo tomou dezenas de cervejas e comeu dezenas de bolinhos de bacalhau;
  • Dizer: De nada. Não foi nada. Mesmo quando deu um baita trabalho para fazer aquilo que foi feito.

Enfim, a eterna arte de fazer uma baita cara pau e dizer: olha, nem notei. Quando todo mundo notou e constrangeu o protagonista do fato.

Conclusão: viver é a eterna arte do poker face.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A milenar arte de contornar o incontornável

Lidar com gente que é essencialmente "do contra" é uma arte, vale uns 10 pontos no ranking para ir ao céu. Se o cara é seu superior hierárquico na empresa e você é obrigado a praticar essa arte todos os dias, o fator paciência lhe garante mais 1500 pontos, o que em termos de pontuação para ir ao céu já lhe garante uma vaguinha certa perto da casa de algum santo ou no mesmo condomínio em que Jesus tem casa de praia. Daí surgirem as estratégias para contornar o incontornável. Se você quer que uma coisa saia, diga que aquilo não é importante e não precisa sair... para contrariar e fazer valer a autoridade, ele dirá que é importante e precisa sair o mais breve. Pronto! A ideia era implantar determinada coisa, está feita. Se você cair na besteira de enfatizar a importância, aquilo não vai sair, porque ele não foi o autor da consideração. Chamo a isso de síndrome de Julien (o rei lêmure da desenho Pinguins de Madagascar). 
Outra estratégia é a ação do espelho. Construa um discurso de modo que a sua estrutura remeta sutilmente ao fato de que foi ele quem deu a ideia e, no final, utilize um mesmo tempo gasto no discurso para elogiar as intercessões dele no projeto (mesmo que toscas e irrelevantes). Faça o discurso parecer que é dele. Engolido pela própria vaidade, ele vai se empenhar na execução das coisas, pois é como um filho para ele ou uma gueixa a lhe acariciar e massagear seu ego.

Conclusão: Contornar o incontornável é difícil, mas sempre temos a nosso favor a vaidade que emburrece e cega.
Tenha uma boa semana!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

O dom da ubiqüidade - o que é isso?

A palavra é difícil, mas o significado é legal. UBIQUIDADE tem origem no termo latino UBI que era utilizado como um pronome interrogativo (ONDE está você) ou mesmo como um pronome relativo (Eu vi ONDE ele estava). Mas o fato é que seja de um jeito ou de outro UBI se referia especificamente a um LUGAR. Logo, ubiqüidade é a "o dom" daquele que consegue estar em vários lugares ao mesmo tempo. Dizem que Santa Clara tinha esse dom, daí ser padroeira da televisão (uma imagem que está em vários lugares ao mesmo tempo). Tem a história, inclusive de Santo Antônio de Pádua, que teria, durante um culto, saído do corpo e ido até um local distante onde seu pai estava sendo julgado para ser punido com a forca. Daí a expressão "tirar o pai da forca".
Mas o que impressiona é que tenho sérias razões para crer que algumas coisas ainda guardam os segredos da ubiqüidade. Vejamos: Quando eu era aluno de graduação, lembro de um grupo de bolivianos tocando músicas com flautinha no pátio da minha faculdade, quando comecei a trabalhar em outra cidade (em outro estado), havia o mesmo grupo de bolivianos, nos meus tempos de Mestrado, eu sempre os via em algum lugar no Rio e, pasmem, quando estive nos EUA, pelos menos umas 3 vezes, lá estavam eles. Os mesmos bolivianos, com as mesmas flautinhas e com a mesma banquinha de CD. Em tempos diferentes, mas em vários lugares a um tempo.
Assim o são outras coisas também. Um flanelinha me parou em Fortaleza e falou: e aí tio, pode tomar conta? Quando estive em Curitiba, presenciei um garoto falando para o motorista que me conduzia: e aí Tio, posso tomar conta? Fiquei me coçando para perguntar se ele tinha parentes no Rio e em Fortaleza. A mesma cara, o mesmo jeitão e o mesmo: aí tio, posso tomar conta.
A partir daí passei a observar aqueles que vivem da ubiqüidade e constatei que McDonald é algo assustador. Os atendentes têm a mesma cara, pedimos do mesmo jeito, sempre há uma plaquinha de WET FLOOR (chão molhado) em todos os lugares do mundo. Será que é a mesma pessoa que coloca aquela plaquinha?
E, por fim, constatei apavorado que os chineses (desses, eu já suspeitava da ubiqüidade há tempos) são os grandes mestres dessa arte. Consigo ver um chinês na TV que treina para a abertura dos jogos olímpicos e o mesmo chinês, pasmem, no caixa da pastelaria em que como um pastel de carne toda semana. Há algo de estranho no ar. Será que os bolivianos, os funcionários de Mc Donald, os flanelinhas e os chineses são parte de algo que transcende a nossa compreensão.

Música de suspense, por favor...
Frase de arquivo X
The truth is out there" (A verdade está lá fora)