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sexta-feira, 7 de março de 2014

Requeijão vencido

Mesa do café da manhã. Mulher serve o café de roupão e senta à mesa. O marido pega o requeijão e nota que tem bolor no requeijão e que está velho. 

- Amor, é impressionante! Você compra queijo, requeijão, presunto.. não dá conta de comer tudo e acaba estragando. Você ainda não percebeu que é muita coisa e sempre estraga uma...
- Está estragado não...
- Tá sim... tem uns bolores meio verdes nele.
- Ih.. tem mesmo e o pior é que nem vi e estou comendo isso desde ontem. (cara de nojo)

- Pois é. Eu falo. Eu até li outro dia na internet que esses bolores do requeijão dão alucinação, delírio.. esse troço pira a cabeça do cara. É.. meio droga, meio chá de cogumelo.. bolor alucinógeno... Argh!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar?

Um dos grandes segredos da convivência humana é entender o que podemos pedir do outro. Em estados de entorpecimentos de paixões, perde-se completamente a noção do outro como um individualidade plena de qualidades e defeitos. 
Daí decorre, obviamente, a decepção pelo outro não ser exatamente aquilo que se queria que ele fosse. É engraçado, mas, em 90% das vezes, as pessoas se decepcionam não com as pessoas mas com a imagens que fazem das pessoas para si. A imagem construída de um ser humano é produto das nossas carências e não do que realmente ela é. É resultado nebuloso de uma série de fragilidades nossas que projetamos no outro. 
Dessa forma, por razonabilidade, deveríamos nos decepcionar com nós mesmos e não com os outros. Os outros são os outros e só. Nós esperamos demais, projetamos demais, idealizamos demais... Lembro de uma música do Djavan (Esquinas) em que ele solta a angústia de quem se vê idealizado no processo de percepção humana e diz: “sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar
Eis o desabafo de quem está na outra ponta. A ponta do idealizado, aquele que sabe que tem que ter pra dar, mas não tem o que dar. O fluxo de decepções é mútuo. De um lado, o que espera olhando aquele que é aguardado. E o peso dessa espera que consome os dois lados quando eles se dão conta desse jogo de gato e rato, sem gatos e nem ratos.

domingo, 7 de março de 2010

Diálogos circulares.

- Arnaldo, tava pensando em sair. Sei lá... dar uma volta.
- Onde você quer ir?
- Ah sei lá.. qualquer lugar. Tô tão sem ideia
- Não tenho idéia também.
- Qualquer lugar mesmo. Escolhe aí.
- Vamos a um cinema, deve ter um filme legal.
- Ah, não! Cinema... não. Prefiro alugar e ver em casa.
- Teatro...
- para ver o que? Tá tão sem peça interessante.
- Ué. Então escolhe qualquer lugar.
- Não escolhe você. Tô sem idéia.
- Huuumm. Vamos a um motel.
- Ai. Você só pensa nisso...
...
- Vamos ao shopping....
- Essa hora não tem mais nada para ver.
- Vamos ao zoo...
- Huum... Que programa de criança!
- Pois é... estou ficando sem idéia
- Sei lá, amor, uma coisa divertida...pensa aí.
- Futebol?
- Não tenho paciência pra estádio.
- Um restaurante?
- É talvez.. escolhe aí...
- Uma pizzaria?
- Ah, não massa não. Eu estou uma anta de gorda...
- Churrascaria?
- Não agüento aquela barulheira.. Vai escolhe aí.. qualquer lugar eu topo. Tô tão sem idéia...
- Lanchonete?
- Não.. Muito chulezinho.. queria uma coisa mais interessante que justificasse eu me arrumar. Eu não me arrumo nunca, né...

Meia hora depois...

- Sabe qual é o nosso problema, Arnaldo? Eu fico nessa casa, trancada, não saio nunca. Você não. Você sai, vai para o trabalho, vê pessoas diferentes... A gente precisa sair, passear.. sugere um lugar.. sei lá,... qualquer um.. me diz e eu topo. Tô tão sem idéia. Se não eu dava uma sugestão, mas poxa, Arnaldo, agora é com você. Eu não tenho que decidir tudo sempre, né

E Arnaldo espumava verde no canto da boca com o corpo largado sobre o sofá.

***

[Em homenagem ao dia 8 de março e à minha esposa Camilla que me tortura com essas coisas, mas por quem eu sou apaixonado e não vivo sem a ela]