Outro dia eu saía de um shopping onde deixei meu carro logo pela manhã para um compromisso médico. Na saída, entravam vários funcionários para começar a jornada de trabalho. Um deles me chamou atenção, pois repetia várias vezes o sinal da cruz e parecia resmungar algo. Terminado o ritual, entrou e começo seu dia. Tive vontade de segui-lo para ver o que ele fazia lá, mas a pressa foi mais convincente e prossegui para meu compromisso.
À noite, passei por um grupo de pessoas que, vestidos de branco em uma rodovia que me leva até minha casa, colocavam comida, fitas, velas entre baforadas de charuto e alguns resmungos que me lembraram o homem da manhã. Longe de criticar qualquer coisa, senti-me um órfão do universo místico, uma espécie de ser condenado a um mundo de concreto e sangue. Um mundo em que não há resmungos, oferendas, sinais e imagens que te afastem do fatídico destino de toda a ação... o efeito desta.
Do sentimento de orfandade, migrei para a sensação de inveja. Uma inveja pálida e raquítica, mas ainda assim, inveja. Desejo de ter um cordãozinho que me protegesse, um palavra que repetida ad nauseam me desse a certeza de estar imune ou a segurança de delinear meu futuro e meus desejos a partir de uma série de ofertas e negociações que eu fizesse com algo fantástico que abriria os caminhos para mim. Mas não tenho.
Entretanto, encontro-me com outros como eu a quem as fichas só não caíram, mas o subconsciente se delicia com filmes como X-Men, Batman, Homem-Aranha, Harry Potter... Personagens de um mundo fantástico que nos dão a sensação de que há uma alternativa ao mundo de concreto e sangue, nas telas, mas que está lá durante 2 horas e nos permite viver em paz.
7 comentários:
hogwarts tem esse no final.
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parar um pouco é mó bacana.
Já eu prefiro viver, sinceramente, no Sítio do Picapau Amarelo.
Tomar leite da vaca Moxa, conviver com um sabugo de milho que tem muito a ensinar, ouvir estórias encantadoras de uma doce vovó, deliciar-me com quitutes de uma tia maravilhosa, viajar pelo tempo e espaço com o faz-de-conta de uma boneca de pano, passear na mata morrendo de medo da Cuca e do Saci, trocar altos papos com o burro falente e ainda correr o risco de achar a galinha dos ovos de ouro.
Ah, é bom desligar, ter um tempo para dedicar para si mesmo, seja para a espirritualidade, ou reflexão.
Deve haver um sentido maior nesse mundo do que a simples relação causa-consequência imediata.
Também sinto essa inveja que você descreve, tenho que para mais tempo...
..... como sea vida de quem opina sem "tarimba" pra isso, já deu certo,né?
bjs Marcelo
..... como sea vida de quem opina sem "tarimba" pra isso, já deu certo,né?
bjs Marcelo
... acredito,sim que há algo que me move pra adiante....
tem vezes que paro e penso: "cara!como consegui superar isso?"
... mas esse algo está dentro de mim conectado ao grande universo e por isso não vejo necessidade de rituais externos e sim uma comunhão comigo mesma.
obs.: comentário na matéria certa rsrsrsrs
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