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segunda-feira, 25 de maio de 2015

O médico, a faca e a estupidez

Às vezes, me assusta o rumo que as coisas tomam. Outro dia, vi uma pessoa argumentando que só se impressionaram com o assassinato do médico na lagoa porque ele era branco, classe média e morava na zonal sul. Afinal, milhares (sic) de pessoas morrem nas mesmas condições na zona norte dessa forma e ninguém fala nada (sic). 
Acho esse discurso tortuoso e de um preconceito às avessas. É como se legitimássemos o crime contra um grupo porque outros grupos sofrem coisas piores. Acho bizarro essa maneira de pensar e nem vale a pena argumentar com quem levanta essa ideia. Não vale a pena gastar o latim.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Psicologia da culpa - a tragédia do Sul

Ontem, minha esposa comentou comigo que deveria ser imenso o sentimento de culpa que as pessoas que se envolveram na tragédia de Santa Maria deveriam estar sentindo. A seguir, na TV, vinham notas de todas as partes (prefeitura, empresários, pessoas da organização do evento, os caras da banda etc..) repassando a culpa um para o outro e buscando justificativas para isentá-los de qualquer responsabilidade. 
Pois é isso. A culpa é um sentimento secundário. O que prevalece no primeiro momento é o instinto de autopreservação. É o famoso tirar o corpo fora uma vez que estar associado a essa tragédia é uma mancha para o resto da vida e a punição poderá ser dura dada a repercussão mundial do fato. 
Primeiro busca-se a isenção do envolvimento com a tragédia de todas as maneiras legais (e até ilegais) e posteriormente, algumas (e não muitas) pessoas sentem o sentimento de culpa. Eu disse algumas, pois a maioria acaba se convencendo de que foi uma fatalidade que aconteceu com ele, mas que poderia ter acontecido com outro em qualquer lugar e que tudo que ele poderia fazer ele fez. 
E esse raciocínio costuma a amenizar qualquer sentimento de culpa pois, de fato, culpar-se a vida toda por uma fato ocorrido ajuda pouco a resolver o problema. Na verdade, só piora. E munidas todas as partes de bons advogados de defesa, que com certeza não tiveram seus filhos ou entes queridos mortos no incêndio da boate Kiss, eles sairão pela porta da frente e os grandes culpados serão penalizados exemplarmente pela justiça: 

...o porteiro, o homem que vendia amendoim e o servente da boate.

Esses sim... malditos criminosos desalmados que devem pagar por seus delitos!

quarta-feira, 14 de março de 2012

Sem condições de viver em sociedade


Eu até entendo (mas não justifico) uma pessoa, em um ato de descontrole, matar a outra. Uma briga, uma arma, uma discussão, uma ameaça, um confronto, um descontrole, um tiro, um morto. Isso é o ser humano. Agir por impulso sob forte emoção. Depois ver a besteira que fez.
Entretanto, o que me assusta não são esses casos, mas aqueles premeditados. Recentemente, vi um caso nos jornais de um casal que planejou, comprou o álcool, comprou a corda, comprou o isqueiro, escolheu o melhor momento, aproximou-se de um morador de rua, amarrou-o a um poste, jogou álcool e ateou fogo em seu corpo. 
Houve também o casos dos moradores de rua de Brasília que vêm sendo assassinados. Tiros na cabeça. Simples, fácil e rápido. Uma amostra da evolução no processo de execução em uma cidade que nos anos 90 teve por tradição queimar moradores de rua vivo. Pois sim.. até os carrascos evoluem.
Não entendo (e muito menos justifico) uma pessoa planejar, se organizar, adquirir os recursos necessários, preparar, colocar o plano em ação, enfim, estruturar em detalhes a sua barbárie com requintes e cuidados que deixariam Jack, o estripador, parecendo um animador de festa infantil.
Há coisas na vida que não possuem explicação, nem perdão. Trata-se de pessoas completamente inaptas ao convívio social. Seres desequilibrados e dotados de um potencial de maldade que os torna uma ameaça ao meio. Infelizmente, como solução, só mesmo uma cela com uma pequena portinha para passar um prato de comida e não oferecer ameaça aos carcereiros.

Agora, se tem mais gente achando normal agir assim, eu assumo: eu é que não tenho mais condição de conviver em sociedade.

sábado, 5 de novembro de 2011

Um golpe de internet - não é piada, é sério

Não existem mais bandidos como antigamente. Recebi um e-mail de fraude outro dia, um daqueles que diz que você tem um débito na receita federal e, sinceramente, fiquei decepcionado. A baixa qualidade no sistema educacional brasileiro já afeta nossos bandidos de internet que comentem crimes contra a ordem e contra a Língua Portuguesa. Esperava-se que os bandidos de internet tivessem um nível cultural melhor, mas fiquei assombrado com mais um email cheio erros de Português. Não me contive, devolvi-o ao golpista com as devidas correções e com uma bibliografia complementar para melhorar sua escrita.
Ainda não obtive resposta...


  1. Suspensão é escrito com S, pois vem do verbo suspender e, normalmente, palavras derivadas de verbos em –DER geram substantivos em S (Por exemplo, Ascender - ascenSão / Proceder - procesSo / Conceder - concesSão / Ceder - cesSão...). Senhor bandido, suspensão não se escreve com Ç, por favor, revise seu texto.
  2. Acento grave indicativo da crase antes de verbo não existe. A crase é o fenômeno de junção entre uma preposição (a) e um artigo (a). Verbos não recebem artigos antes, pois, primeiramente, se o recebem, tornam-se substantivos por um processo de derivação imprópria. Logo, Senhor bandido, a forma é PROVIDÊNCIAS A TOMAR. (sem acento grave) já que o verbo aqui opera com tal (indicador de evento). Além do mais, se ainda considerássemos a possibilidade de ser um susbtantivo, temos que levarem conta que verbos derivam substantivos masculinos e nunca femininos (o falar, o saber, o dizer...) e, como sabemos, senhor bandido, não há crase antes de palavras masculinas.
  3. Senhor bandido, entendi o seu problema de regência (crase) e de ortografia, mas quero acrescentar que o senhor deve prestar atenção às orações adverbiais antecipadas (no caso, uma adverbial condicional), pois elas sempre pedem vírgulas que as separe das orações principais. Ex. Se não funcionar, clique aqui...
    É por isso que o cara virou bandido... a culpa é da educação.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Só não me ensinaram o essencial..


Ensinaram-me, na escola, que a esquerda era correta, mas a direita era corrupta. Disseram-me que os livros e os autores de esquerda traziam a verdade sobre os fatos que a direita tentava esconder. Contaram-me que quem matava, torturava, prendia e aterrorizava era a direita, a esquerda agia heroicamente por uma causa, independente de quê e de quem fosse essa causa. E mesmo do que fosse necessário fazer.
Diziam-me que, quando a esquerda chegasse ao poder, aí sim, teríamos igualdade social e um governo atuando pelos interesses do povo. Aí sim, teríamos o retorno ao Éden, mas, dessa vez, sem cobras e sem a impetuosidade da Eva. 
Doutrinaram-me, na escola, a crer que a única salvação era a esquerda. Diziam que os jornais como os da Globo são propagadores da mentira e da infâmia. Entretanto, eu poderia encontrar a verdade nos folhetos mimeografados dos movimentos estudantis ou dos partidos de esquerda. Lá sim, estava a verdade e aquele que a aceitasse teria a vida eterna e poderia carregar um crachá de intelectual.. Mesmo que nunca tivesse lido um livro sequer.
Enfim, incutiram-me a ideia de que só havia inteligência na esquerda. A direita era burra e truculenta.

Só não me ensinaram quem era a esquerda e quem era a direita.

sábado, 30 de julho de 2011

Entendendo a lógica perversa do maluco da Noruega

Para início de conversa, ele não é maluco. Esse rótulo só interessa ao advogado dele. Entende-se por louco uma pessoa que rompe com a realidade e passa a agir em função de um universo pessoal que se bate com o real. Ou seja, para o louco, dinheiro pode ser rasgado, cocô pode ser comido sem problemas, pois não se trata de atitudes que violem as leis naturais do universo dele. O que rege o universo do real não lhe importa, pois ele o nega e mesmo o desconhece.
O problema é que o terrorista atirador da Noruega representa uma parcela do pensamento direitista da Europa que acredita, mesmo contra todas as provas científicas que negros, mestiços, judeus e homossexuais são a causa de todas as desgraças do seu continente. Encontraram um culpado para seus problemas e batem nessa tecla há séculos. Esse pensamento já derrubou o velho continente e o enfiou em guerras dezenas de vezes.
Mas digo tudo isso por que o que me preocupa não é o maluco(sic) terrorista atirador da Noruega, nem o pensamento tacanho de uma extrema direita estúpida do velho mundo, mas o cidadão comum, classe média, nível de instrução média, raciocínio médio que compõe a imensa maioria de eleitores e que a cada ano aceita sem pensar a lógica perversa e torta do famoso aforismo “o inferno são os outros”.
O caso da Noruega destrói algumas vidas e expõe a ponta de um iceberg, o cidadão que aceita a extrema estupidez direita vota e destrói milhares de vidas, promove facínoras, legitima ditadores e sustenta os regimes autoritários que afundam as nações e a humanidade na escuridão e no atraso. 


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Você sabe o que quer dizer aporia?

Acabei de assistir a Tropa de Elite 2. Pois é.. não vou contar a história do filme e nem dizer que o mocinho morre no final, pois é um filme em que os limites do mocinho e do bandido se confundem. Demorei a assistir uma vez que com criança pequena em casa, pouco tempo resta para sentar em frente a uma TV e assistir a um filme com calma e atenção. Mas os meus pequenos concederam a mim e minha esposa a graça de fazermos tal proeza ontem à noite. Sou-lhes grato por isso. 
O filme pode ser definido como um ícone da aporia que é uma palavra grega que expressa uma situação de impasse, sem saída, contradição que nos deixa sem rumo. Melhor do que o primeiro filme da série, gera um impasse pela maneira como mostra uma estrutura cancerígena da corrupção no poder e acentua a impunidade. 
Ao contrário de filmes como aqueles em que o bem vence o mal e nos deixam com a vontade de que a vida real fosse assim, terminamos, após assistir ao filme Tropa de Elite 2, com a amarga sensação de que não merecíamos que a vida real fosse assim. O que fazer? Pois é.. É aí que entra a aporia. Bate uma sensação de “sem saída” e nem os “mocinhos” nos asseguram que estamos bem acompanhados.
Pois é... Aporia. Se não assistiu ao filme faça-o e entenda melhor o que eu tento dizer no curto espaço de uma postagem. O BOPE, as milícias, os políticos, o sistema que eu sustento com 4 meses anuais do meu trabalho me arremessaram, por via da “ficção(?)” na cama com o amargo gosto de aporia.
No final, um político discursa no conselho de “ética” da câmara em Brasília sob a acusação de envolvimento com o crime organizado e sentimos que aquela história de "a vida imita a arte" dói quando acontece no nosso quintal. 
Acordei pela manhã, escovei os dentes, mas o gosto ainda persiste... Procuro um chiclete... Mas de nada adiantará. O gosto persistirá.

sábado, 10 de julho de 2010

Caso Bruno: Tá legal, tá bom.. mas dá para falar de outra coisa também?

Um policial matador, um bando de puxa-sacos parasitas capazes de fazer qualquer coisa para continuar na aba de um jogador famoso, um garoto pobre que se encheu de dinheiro com o futebol, uma garota de programa de fazia pornô grávida tentando achacar esse jogador, uma mãe de garota de programa que não a via há anos querendo a guarda de um bebê que vale um bom dinheiro de pensão, um pai de garota de programa envolvido com estupro de menores... Acho que já sabemos tudo que precisávamos saber obre o caso Bruno.
Entretanto, assim como o caso dos Nardonis, a TV repete, repete, repete e repete à exaustão a mesma história com comentários de advogados especializados em direito penal, peritos usando luminol para achar sangue e delegados com mais de 20 anos de policial demonstrando comoção diante das câmeras como se aquele fosse o crime mais bárbaro que ele já viu. As imagens de helicóptero narrando a saída da delegacia, a chegada ao aeroporto, a entrada na prisão... ufa!
Está pronto o teatro que vem substituir o fiasco da seleção brasileira. Nem esquentou a história do fracasso do Dunga na África do Sul e já apareceu essa do fracasso humano do Bruno que aparece de manhã, de tarde e de noite... Almoçamos com Eliza Samúdio, tomamos café com o Macarrão, jantamos com Bruno...
É nessas horas que alguém precisa dizer a imprensa: tá muito bom, muito legal, mas vamos falar de outra coisa?
...

Enquanto isso o projeto Ficha Limpa é estuprado, agredido e assassinado pelo senador Heráclito Fortes e os políticos esperam outubro para garantirem mais 4 anos para estuprar, agredir e assassinar nossa pátria mãe tão distraída.






quarta-feira, 24 de março de 2010

De frente para o crime - caso Nardoni em metáforas

"Está lá o corpo estendido no chão, em vez de rosto, uma foto de um gol, em vez de reza, uma praga de alguém. E um silêncio servindo de amém./ O bar mais perto de pressa lotou, malandro junto com trabalhador, um homem subiu na mesa do bar e fez discurso pra vereador..."

Há uns dois anos toquei nessa questão e toco de novo. O que leva uma pessoa que trabalha, estuda, tem compromissos sociais etc a deixar sua casa em uma manhã, logo próximo ao horário do almoço, pegar ônibus, metrô, gastar dinheiro, andar, sentir calor com esse tempo maluco ou tomar chuva com as pancadas dessa época do ano a ir para a porta de um fórum só para gritar "justiça, justiça...." Pela televisão vi que havia gente até com banquinho para encontrar um bom lugar de onde pudesse gritar "justiça, justiça", ser filmado pela TV e ser ouvido por quem quer que seja.
Não entendo a motivação disso tudo. Não prego a indiferença, muito pelo contrário, mas essa mobilização me parece algo tão sem sentido, tão sem rumo. Ao chegar em casa, depois de sua manifestação de indignação, ficam indignados também com as atitudes do Dourado no BBB, ou com as traições do Marcos na novela. Trocamos o banquinho pela poltrona, trocamos as câmeras pelo anonimato das paredes de nossa casa e mantemos a torpe "solidariedade" sem sentido que move a tanta gente para a janela de frente pro crime. A música de João Bosco e Aldir Blanc nunca foi tão atemporal.

"Sem pressa foi cada um para o seu lado, pensando numa mulher ou num time. Olhei o corpo no chão e fechei minha janela de frente pro crime. Veio o camelê vender anel, cordão, perfume barato. baiana pra fazer um bom churrasco de gato..."

sábado, 14 de novembro de 2009

Um erro justificando o outro: a lógica do calhorda


Não é de hoje que vejo que uma canalhice serve para justificar a outra aqui no Brasil, que, no senso comum, um erro serve para atenuar outro como se fosse algo que flui dentro de uma lógica perversa e amoral. Quando temos um crime (principalmente de corrupção), logo aparece alguém para dizer que o cara foi bode expiatório, que tem gente fazendo pior por aí e não dá em nada. Enfim, absolvido porque existe um ladrão maior que ele. Isso é o que chamo de jurisprudência da "calhordice".
Aparece um para dizer que fulano empregou parente, mas sicrano é bem pior porque empregou mais parentes. Logo, por que o escândalo? Surge outro para dizer que o bandido estuprava e logo outro mostra um pior que estuprava e matava.
E assim, segue-se numa eterna repetição do erro maior redimindo o menor. Chega-se, então, a uma conclusão cruel, porém, prática. Se for cometer um crime, assegure-se de que próximo a você há um ato mais vil. Dessa forma, a absolvição é compulsória.


sábado, 6 de dezembro de 2008

Eu sou trabalhador, seu Doutor. E outras palavras que redimem

O que me impressiona no criminoso é a capacidade que tem de negar. Nega tanto que convence advogado, populares, o júri e até ele mesmo de que é inocente.
Se há testemunhas, não
estava claro; se estava claro, não viram direito; se viram direito; o crime foi por legítima defesa. Mas legítima defesa??? Foi um roubo seguido de morte, latrocínio? Pois, então, a legítima defesa de não morrer de fome. Mas foi um carro que foi roubado!!! Pois então, roubara o carro para procurar algo para comer... Não havia um lugar sequer por ali que desse para ir á pé... e dinheiro para o ônibus não tinha. Pobre vítima do sistema.
O fato é que o rapaz era trabalhador e não merecia ser preso.


Pois sim...trabalhador do tráfico
.

Mas trabalhador em um mundo onde só lhe deram essa oportunidade. Coitado.


A família da vítima já começava a se compadecer do bandido...
O rapaz é trabalhador... mais uma vez e todos na sala se sentiam vagabundos diante daquele injustiçado trabalhador. O rapaz, em face de todas as acusações, curvava as sobrancelhas para cima e esboçava uma lágrima que escorria pelo rosto como água cristalina pela pedra.

Trabalhador
.. repetia o homem.


Todos já entendiam tudo e sentiam até uma ponta de raiva da promotoria.
Como é que pode? Acusar um trabalhador.... promotor canalha.

O rapaz é trabalhador... ecoou por fim.
E todos os males se desfizeram... abriram-se a portas do céu, mais um novo anjo voava por lá...
Um anjo trabalhador...



Em tempo: Tem gente que acha que existem palavras que redimem de todos os pecados... E o pior é quando soa o coro nessa nau dos insensatos. Quando pretendem isentar alguém e colocá-lo acima de qualquer suspeita, dizem: Ele é trabalhador, ele é pai de família, ele é um homem de Deus....

E esquecem que trabalhadores, pais da família e homens de Deus, entre outros, também cometem crimes.

sábado, 19 de julho de 2008

Nardonis, Vales e Petróleos... ahhhhhh

Chego em casa moído de cansaço, tiro os sapatos que trazem os dedos tão unidos que parecem um massa única de carne. Aos poucos, desvencilho-me dos problemas que arrastei do trabalho para não contaminar o meu sacrossanto lar. Tiro a camisa para fora da calça. Arreganho os dedos dos pés... ahhhhhh
Ligo a Tv e vejo um grupo de pessoas que passou a noite na porta do prédio de um casal que está sendo acusado de assassinar uma menininha, crime bárbaro. O grupo estava sentado em banquinhos, havia levado seu lanche e aguardava ansioso o momento de gritar; assassino, lincha, no ápice desse evento público singular em suas vidas. O casal entrou pela porta dos fundos... ahhhhh, ecoa como um hino de decepção.
No canal seguinte, um grupo de pessoas entra em uma instalação da Cia Vale do Rio Doce e destrói tudo, quebra móvel, interrompe passagem, entoa palavras de ordem contra o imperialismo ianque... morte a George Bush. No jornal impresso do dia seguinte, aparecem em sofás com bandeiras da vitória nas mãos até a chegada da ordem de desocupação de um juiz... Ahhhhh, ele é um agente das classes dominantes, um monstro preconceituoso...
Enquanto isso, um grupo de estudantes bloqueia as portas de um prédio da Petrobrás pedindo que as reservas sejam definidas como patrimônio nacional e não interessa que estejam há abaixo da camada de sal no oceano... Isso é fundo pra caramba! Só podem ser tocadas por mão (sic) brasileiras. Ahhhhhhh ! O petróleo é nosso. Entoam os gritos de ordem. Com mais de 50 anos de atraso.
Vejo que envelheci... ou o tempo me trouxe algo que ainda não sei...
Um dia, disseram-me que quem não é revolucionário aos 20 é insensível, mas quem o é depois dos 35 é um insensato. Quando ouvi essa afirmativa pela primeira vez e era um revolucionário, achei-a absurda, cruel, retrógrada.... Até mesmo, imperialista ianque.
Hoje...., ahhhh...
Hoje, eu arreganho os dedos recém-suados saídos do sapato...
Tava apertado.

Em tempo: Antes que comece o meu linchamento, devo dizer que acho muito importante a participação em todo tipo de movimento. E fico feliz que sempre existam pessoas dispostas a isso como eu o fui um dia. Por favor, façam minha parte, movimentem-se por mim. Eu já me movimentei muito pelos colegas que arreganhavam os dedos espremidos por um dia de trabalho intenso... agora é minha vez... Ahhhhhh! Coisa boa!