segunda-feira, 25 de maio de 2015

O médico, a faca e a estupidez

Às vezes, me assusta o rumo que as coisas tomam. Outro dia, vi uma pessoa argumentando que só se impressionaram com o assassinato do médico na lagoa porque ele era branco, classe média e morava na zonal sul. Afinal, milhares (sic) de pessoas morrem nas mesmas condições na zona norte dessa forma e ninguém fala nada (sic). 
Acho esse discurso tortuoso e de um preconceito às avessas. É como se legitimássemos o crime contra um grupo porque outros grupos sofrem coisas piores. Acho bizarro essa maneira de pensar e nem vale a pena argumentar com quem levanta essa ideia. Não vale a pena gastar o latim.
É lamentável a morte de quem quer que seja sob ato de violência e esses argumentos são vazios. Se a polícia agiu, devemos dar os parabéns e cobrar que assumam essa postura em todas as regiões do Rio e não a criticar com acusações racismo ou outra coisa. 
Lembro que, no 11 de setembro, alguns colegas levantavam a bandeira de que não devíamos lamentar as mortes no World Trade center, pois os EUA também causavam mortes mundo afora (sic) e ninguém lamentava... A história se repete em um discurso vazio que se pretende lógico, mas na verdade, é o discursinho da vingança, do revanchismo, da forra... Não compro isso. Mas me assusta muita gente boa comprando.
Definitivamente, abrimos mão de pensar e, na ausência do que comentar como produtivo à discussão, deveríamos optar pelo velho, bom e  tradicional silêncio.
Mas como dizem meus alunos.. "só que não"

Tempus arduus
Domine misere nobis

Nenhum comentário: