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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Cidades esquecidas.. estados esquecidos

De tempos em tempos, viajo pelo Brasil a serviço do MEC avaliando instituições de ensino. Em termos de dinheiro, não posso dizer que isso seja altamente gratificante, mas, em termos profissionais e humanos, há uma experiência inestimável que adquirimos nesse serviço. 
Na maioria das vezes, sou designado para cidades de pequeno e médio porte do interior do país que possuem instituições a serem avaliadas. Em meio a papéis, relatório e entrevistas in loco tenho sempre tempo para conhecer um pouco mais sobre aquele lugar ao qual fui designado e, possivelmente, nunca mais voltarei. A oportunidade ali é única e eu sempre aproveito.
Do nordeste ao centro oeste e daí a região norte, conheci um Brasil de cidades que nem o Brasil sabe que existe muito bem. Cidades que estão no mapa do IBGE, mas nunca as vimos quando olhamos. Cidades em que a riqueza do garimpo contrasta com a miséria da população, é o ouro maldito. Cidades em que a saúde fica a cargo dos alunos do curso de enfermagem, pois o poder público não oferece profissionais suficiente para atender a população. Cidades de ruas de terra a cem metros do centro, cidades que só carregam o nome de cidade porque um coronel local brigou para transformar sua área de ação em uma unidade estadual e, agora, junta-se com outros coronéis para formar uma unidade federativa alegando que o estado a que pertencem é muito grande e eles são esquecidos. Mas não informam que não terão com que se sustentar e a população continuará sendo esquecida.
Quem será lembrado serão os políticos que poderão criar mais cargos para seus apadrinhados e não terão que se preocupar com os custos do estado já que a união pagará essa conta em nome da “democracia”. 
Conheci cidades esquecidas que se tornaram propriedade de um outro senhor de terras, agora caminhamos para conhecer estados esquecidos sustentados pela federação. Como se não bastassem as contas que pagamos já existentes, em nome da “democracia” ampliamos nossa dívida.


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Daniel e a água

Às vezes, a ingenuidade de um comentário diz tudo que seria politicamente incorreto expressar em mil palavras. Meu filho (quase 3 anos) costuma sentar ao meu lado para ver TV. E fica lá, quietinho, até durante os comerciais. Ele, que gosta muito de água (praia, piscina..), ficava sempre prestando atenção naqueles comerciais que promovem as afiliadas da Globo pelo Brasil. Em um comercial, tocava uma musiquinha regional chatíssima e só mostrava lago, rio, praia de rio, mais lago, mais praia de rio... só isso. Cada vez que aparecia, ele dizia: papai, água... aparecia outra vez um rio e ele repetia. Lá pelas tantas, ele, que já só tinha visto e repetido água para descrever a cena, olha para mim e em tom de pergunta: papai, água? Como quem diz: água de novo, nesse raio de lugar só tem água?
É... Três anos é pouco para explicar para ele que sim. Só tem água.
Ah.. e que dá um prejuízo milionário para a federação manter um estado que arrecada tão menos do que custa.
Mas isso ele vai ter tempo para entender melhor.

É, filho, só tem água..