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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Desculpe por te incomodar


Outro dia tive a infeliz oportunidade de precisar diretamente de um serviço público e constatei que décadas se passaram e continuo tendo um padrão ruim, lento, corrupto e ficando com a impressão bem nítida de que eu estou sendo um estorvo na vida daquela pobre criatura concursada que eu, cruelmente, incomodo no meio da tarde em sua repartição. Saio quase pedindo desculpas e por pouco não ouço: - e que isso não se repita!
Talvez eu tenha dado azar.. é comum acontecer isso comigo. Foi um mau dia...
Mas sabe que isso não é só coisa de serviço público, não? Acho que isso é do brasileiro, atender mal mesmo quando pagamos pelo serviço diretamente. Ficamos vários minutos esperando o atendimento ao telefone (já fiquei 54 minutos esperando), ficamos em pé no balcão enquanto o funcionário do cartório conversa com o colega, temos nossas correspondências retornadas porque há carteiros que não gostam de carregar volume e dizem que passaram na sua casa muitas vezes e ninguém atendeu (ainda que você estivesse lá todos os dias, o dia  inteiro). Tudo isso é serviço pago e, normalmente, caro.
Outro dia, comprei um eletrônico pela internet que veio com problema. Liguei para o atendimento e fui atendido em 1 minuto, a atendente não ficou me jogando de setor em setor, relatei o problema só uma vez, eles pediram que enviasse o produto e disseram que eu teria outro logo que eles recebessem a minha postagem. Eles não discutiram o problema ou inventaram desculpas para eu ficar no prejuízo. Simplesmente, mandaram outro produto, trocaram e pronto. Dias depois, ainda ligaram para saber se eu ficara satisfeito com a troca.
Fiquei desconfiado... Não ser enrolado, atendimento direto, ser bem tratado, empresa que se preocupa com o seu problema mesmo depois da compra...huummm NO BRASIL??? Por alguns instantes quase desisti de levar a conversa adiante com o atendente. Devia ser golpe. Belisquei-me algumas vezes, mas, naquele dia, doeu mesmo. Tem alguma coisa errada com aquela empresa.. ah tem... Cuidado com esses caras..

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Cidades esquecidas.. estados esquecidos

De tempos em tempos, viajo pelo Brasil a serviço do MEC avaliando instituições de ensino. Em termos de dinheiro, não posso dizer que isso seja altamente gratificante, mas, em termos profissionais e humanos, há uma experiência inestimável que adquirimos nesse serviço. 
Na maioria das vezes, sou designado para cidades de pequeno e médio porte do interior do país que possuem instituições a serem avaliadas. Em meio a papéis, relatório e entrevistas in loco tenho sempre tempo para conhecer um pouco mais sobre aquele lugar ao qual fui designado e, possivelmente, nunca mais voltarei. A oportunidade ali é única e eu sempre aproveito.
Do nordeste ao centro oeste e daí a região norte, conheci um Brasil de cidades que nem o Brasil sabe que existe muito bem. Cidades que estão no mapa do IBGE, mas nunca as vimos quando olhamos. Cidades em que a riqueza do garimpo contrasta com a miséria da população, é o ouro maldito. Cidades em que a saúde fica a cargo dos alunos do curso de enfermagem, pois o poder público não oferece profissionais suficiente para atender a população. Cidades de ruas de terra a cem metros do centro, cidades que só carregam o nome de cidade porque um coronel local brigou para transformar sua área de ação em uma unidade estadual e, agora, junta-se com outros coronéis para formar uma unidade federativa alegando que o estado a que pertencem é muito grande e eles são esquecidos. Mas não informam que não terão com que se sustentar e a população continuará sendo esquecida.
Quem será lembrado serão os políticos que poderão criar mais cargos para seus apadrinhados e não terão que se preocupar com os custos do estado já que a união pagará essa conta em nome da “democracia”. 
Conheci cidades esquecidas que se tornaram propriedade de um outro senhor de terras, agora caminhamos para conhecer estados esquecidos sustentados pela federação. Como se não bastassem as contas que pagamos já existentes, em nome da “democracia” ampliamos nossa dívida.


sábado, 19 de fevereiro de 2011

Tirar o jovem da rua não resolve problema nenhum, só adia.

Tenho visto alguns programas do governo que dão uma bolsa e algumas ocupações para o jovem durante o dia. Acho louvável iniciativas dessa natureza, mas me pergunto até que ponto são efetivas para resolver o problema. Se vejo essas ações de um lado, pouco vejo por parte do mesmo provedor algo no sentido de capacitar, dar uma profissão, inserir no mercado de trabalho por meio de programas de estágio e de aprendizes. Vai lá uma iniciativa ou outra, mas os programas assistencialistas não se integram bem com isso. 
Parece-me que a preocupação é mais em atender o imediato do que pensar o jovem para os próximo 5 a 10 anos. Não gosto disso. Não vejo efeito nem boas intenções nesses programas.
Todo vez que escrevo sobre isso no saco de filó (Leia a postagem sobre o bolsa família para entender melhor) sempre vem alguém ligado a militância do partido do governo dizer que não é bem assim, que o projeto prevê isso e se não está sendo feito na minha cidade, eu deveria denunciar (EU??), mas o fato é que, pelo jeito, não está sendo feito na minha cidade nem nas cidades da pessoas que conheço. Talvez eu não conheça pessoas o suficiente, talvez não conheça cidades o suficiente, talvez eu não tenha aprendido a ser hipócrita o suficiente, talvez...
Essa coisa de dar bolsa e "ocupações" para o jovem que não sejam focadas em um planejamento de geração de renda de 5 a 10 para se obter resultado me parece uma enganação que traz muito mais más do que boas intenções.


segunda-feira, 12 de abril de 2010

Tragédia no Rio - solidariedade rimando com oportunidade

Quando acontece uma desgraça anunciada como essa das chuvas no Rio de Janeiro, as TVs se apressam em mostrar o lado bom das pessoas, a solidariedade, a mão amiga (sic) e, por alguns instantes, até chegamos a acreditar que as pessoas realmente se redimiram de toda a sua maldade e indiferença com relação ao próximo. Saramago define o ser humano assim: metade maldade, metade indiferença e, logo no início do livro Ensaio sobre a Cegueira, um homem ajuda o outro que acabou de ficar cego e, quando se assegura de sua cegueira, aproveita para roubar-lhe o carro. Essa é a metade do ser humano que nos deixa com saudade da indiferença.
A tragédia que se abateu sobre o Rio foi palco disso tudo. Alguns hotéis (dos medianos aos cabeças de porcos) elevaram seus preços ao máximo para poder ganhar com aqueles que não conseguia ir para casa por causa dos alagamentos, alguns vendedores de água potável, alimentos e demais produtos do gênero aumentaram o preço de seus produtos ao topo do possível para ganhar com a impossibilidade de deslocamento. Enquanto isso, entre os escombros se acumulam policiais, bombeiros, pessoas em busca de parentes, pertences e outras tantas pessoas se valem da situação de caos para tomar posse do que está sujo de lama, mas que guarda algum valor venal.
Esse é o ser humano. 
Lembro uma vez que presenciei um acidente de caminhão e, enquanto o veículo se encontrava virado e o motorista sangrava, uma horda de miseráveis se apressava em catar a carga de latas de cerveja que havia tombado... o homem sangrava e o cheiro de óleo se espalhava com o de cerveja no ar. 
Ecce homo.... eis o homem que me deixa com saudade da metade indiferença de nossa espécie.

terça-feira, 9 de março de 2010

Rio: uma cidade mística, mística não, Tempestade

Intitulada como Ajuda do Além, o jornal o GLOBO deu a seguinte reportagem, hoje, 09/03/2010. APÓS TEMPORAL, PAES RENOVA CONVÊNIO COM MÉDIUM DA FUNDAÇÃO CACIQUE COBRA CORAL. (Leia. Contando parece piada). Para quem não sabe essa Fundação presta um serviço gratuito, mas que tem que ter convênio renovado senão não presta o serviço.. (Sei lá.. acho que não entendi isso, mas deixa quieto) e é representada por uma médium que recebe o espírito do cacique Cobra Coral que também já foi, em outras vidas, Abraham Lincoln e Galileu. Essa entidade incorporada possui poderes ao estilo Tempestade do X-Men e pode influenciar o tempo. (Sério! Eles estão falando sério).
Gostaria de prestar meu protesto contra o governo municipal do Rio de Janeiro, pois acho que deveria haver eleição para esse cargo e já apresento minhas indicações:

Para o clima


Para combater o tráfico

Para abrir latas..

Esse último, por exemplo, nos dá a segurança de que seria um funcionário que não iria coçar saco no serviço.


sábado, 7 de fevereiro de 2009

E quem manda o Abelardo embora???

Aberlardo era funcionário público e, efetuados os descontos, ganhava R$ 3.346,46 por mês para ser responsável por um setor de sua repartição. Se chegasse atrasado, receberia R$ 3.346,46 já com o IR retido na fonte. Se faltasse, vez por outra, receberia R$ 3.346,46. Se tirasse dúvidas de forma atenciosa e correta, receberia R$ 3.346,46, mas se não o fizesse... receberia o mesmo. Se fosse altamente eficiente em seu ofício, receberia R$ 3.346,46, mas se não o fizesse... receberia R$ 3.346,46....
Em nome da pessoa que ele mais amava na vida, ele mesmo, e para evitar o estresse e outros desgastes que encurtam a vida, Abelardo, olhava a por cima do monitor de computador enquanto terminava mais uma partida de paciência no PC.
Se terminasse aquela partida ganharia R$ 3.346,46 e se não terminasse, também.
...
Abelardo fazia cara de preocupado olhando para a tela do computador... não conseguia achar um maldito seis de ouro.