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terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Cego e o oportunista

Sempre digo aos meus alunos que verdade não é nada mais senão aquilo em que a gente resolveu acreditar. Por conta desse movimento de eleições, particularmente, o que considero uma detestável necessidade, mas enfim, uma imprescindível necessidade, vimos essa máxima gritar na nossa cara todos os dias. Para ilustrar isso, sempre uso a ideia de que se alguém olha para o sol e o enxerga verde, ainda que todos ao seu redor demonstrem por A + B que não é verde, seus olhos continuarão a vislumbrar um intenso verde. 
Por vezes, as pessoas seguem vendo verde onde é vermelho, laranja, preto etc, porque, no fundo, para ela é verde e ponto final. Seus olhos não mentem. Entre aceitar o que você diz e o que os olhos dela veem, fica com seus olhos, pois o que você diz é o que o "seus" olhos veem e não os dela. Quem me garante que você não está vendo errado? 
Muitas vezes, quando alguém levanta suas armas para defender um notório canalha (coisa que não é rara na política) esta pessoa está movida por dois sentimentos: o oportunismo, afinal, no geral, ela costuma a ser tão canalha quanto seu defendido ou as coisas que seus olhos veem. Não se trata, nesse último caso, de um mentiroso, mas de alguém que está enxergando exatamente o que ele diz e não adianta fazê-lo retroceder. O seu candidato é do bem, tem boas intenções, não mente, é honesto. Os outros são do mal... enfim... Tudo aquilo que faz parte de sua verdade pessoal, as coisas em que ele optou por acreditar porque essa é a única realidade que consegue ver. 
Àqueles que enxergam (ou pensam que enxergam) caberá sempre a incerteza eterna de saber se o que vemos é o que as coisas são ou o que os nossos olhos insistem em nos mostram que sejam. Caberá sempre a dúvida de qual é o tamanho da nossa cegueira.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Cola, corrupção e outros jeitinhos desonestos de se sentir esperto


Como professor, há muito tempo tenho estratégia de deixar o aluno fazer uma folha de A4 frente e verso com o resumo da matéria para usar na hora da prova. É uma maneira de força o cara a, pelo menos, ver o conteúdo que vai cair e, ao mesmo tempo, não me aborrecer com cola. Bom, você diria, ainda resta a coisa de colar um do outro. Ah sim... Resta, mas vamos a realidade dos fatos.
Elaboro avaliações que, na imensa maioria das vezes, apelam muito mais para sua interpretação do que para o conhecimento em sua forma decorada e anotada numa folha. Se o aluno quiser colar do outro colega ao lado, isso é um fator quase inevitável. Agora, colar é um ato de desonestidade como outro qualquer e que caracteriza um desvio de caráter repreensível.
Às vezes, a gente esquece que a corrupção, a desonestidade, a falta de caráter não se dá nas grandes ações, mas em hábitos do cotidiano que corrompem e maculam desvirtuam a dignidade. Sempre pensei que isso não me afeta. Eu, como docente, estou ali, na frente, cumprindo minha função, ensinar, aplicar, corrigir, cuidar para que ele não transgrida as normas. Entretanto, não sou polícia para empreender um clima de vigilância total e terror sobre ele.
Se ainda assim, algum aluno acha que o melhor caminho é ser desonesto, ele o será e não sou eu quem vai conseguir impedir. Afinal, ali é só um aspecto da vida dele que nada mais é do que o reflexo de todos os outros. Quando sairmos dali, eu serei, por uns instantes, no máximo, um professor bobo, que deu mole e ele o mau caráter de sempre, para sempre.
No mais, a vida se encarrega de cuidar.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Erro não é ser honesto, mas esperar honestidade do outro.


Agir de forma honesta o faz sentir como um idiota? Pois é... Eu experimento essa sensação há anos. Convivendo com gente de todo tipo, em algumas situações, aprende-se que comer e coçar é só começar. Até por isso, evito até às últimas consequências (a demissão, por exemplo) a dar a primeira coçada. 
O que vejo é que o dinheiro fácil fascina e entorpece os sentidos e, depois do primeiro, o resto é banal e justificado pela consciência que é a primeira a ser comprada. Há sempre boas razões para se tornar um canalha e elas vêm encabeçadas por argumentos como, “eu mereço esse dinheiro”, “não estou fazendo mal a ninguém”, “existe gente fazendo coisa pior”, “se eu não fizer outro vai fazer...”
A lógica da desonestidade é muito eficiente para o desonesto e ele tem certeza absoluta de que suas atitudes são completamente inofensivas ao meio e legítimas, pois é assim que são as regras do jogo.. Aceite ou caia fora.
Comemorei este ano 40 anos caindo fora e pagando o preço por não possuir uma flexibilidade ética adequada ao modus operandi de alguns locais. Aprendi que não fazer o perfil, muitas vezes, é o maior elogios que podemos receber de um patrão ao ser demitido. Enfim, do mesmo modo que algumas pessoas justificam sua canalhice dizendo que todo mundo faz, assumo esse meu defeito (dificuldade de adequar-me a novas "éticas") dizendo que, afinal, defeitos, todo mundo os tem, não é?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Por quanto tempo se engana as pessoas?


É possível enganar todas as pessoas durante parte do tempo ou enganar parte das pessoas durante o tempo todo, mas uma coisa é impossível: enganar todas as pessoas o tempo todo. Vemos governos que tombam um atrás do outro e criam um efeito dominó quando se vê pela televisão que derrubar um ditador é possível. Ainda hoje, no século do individualismo, interesses coletivos se levantam em nome da liberdade. 
Em ambiente de trabalho, segue-se a mesma linha. Canalhas se revelam e caem com o tempo, enrolados na própria corda que teceram. Eles chegam, fazem seu marketing, conquistam a simpatia, ganham a confiança dos chefes que, normalmente, trazem consigo o dom de dar ouvidos às pessoas que menos merecem ser ouvidas. Ganham credibilidade e todo aquele que se levanta para gritar que "o rei está nu" (como na fábula da roupa nova do rei) é imediatamente execrado pelo púlpito conquistado pelo célebre canalha, que se não tem nenhum caráter, traz o carisma que seduz os tolos.
Cegos, todos caminham atrás deles que contam sempre com a sorte daqueles que a incompetência esqueceu de favorecer. Segue-se, então, o ápice da parábola e, logo a seguir, a queda vertiginosa e o rastro de destruição de suas ações. Todos execram seu nome e suas ações. Maldizem-no e suas gerações....
Vem um tempo de calmaria e de reestruturação. Trabalha-se muito para reerguer-se das cinzas e do rastro de danos que ele deixou. Renasce-se, então, dos escombros.
Até que um dia, surge outro canalha com um sorriso no rosto, com uma conversa sedutora. Os chefes mais uma vez fecham seus ouvidos (como sempre) e seguem o canto das sereias. O ciclo recomeça no eterno pulsar da vida...
Tudo de novo, outra vez e sempre, mas nunca o mesmo o tempo todo, pois mesmo os canalhas se revezam no ofício. É a ética amoral da classe...