sexta-feira, 6 de julho de 2012

O que faltou aos japoneses nos sobra, cara de pau


O governo japonês divulgou hoje um relatório final sobre os acidentes na usina de Fukushima e o que me impressionou foi a maneira como eles conduziram o processo. Enquanto averiguavam as causas (não para encontrar alguém para Cristo, como fazemos aqui) reconstruíam o país. Reerguiam cidades, estradas, logradouros em geral sem a tradicional roubalheira, burocracia e má fé característica de países como o nosso. Aqui, quando ocorre uma desgraça (como aconteceu em Petrópolis e Friburgo ano passado), os políticos esfregam as mãos e comemoram: - oba! É verba sem licitação para a gente "se arrumar"! E os comerciantes eufóricos sorriem de orelha a orelha: - oba! Vamos vender galões de água de 5 reais por 50.. oba.. Vamos ficar ricos...
Mas enfim....Os japoneses chegaram a conclusão que houve falha humana "cultural" no processo que envolveu as condutas durante o acidente. Concluíram que o Tsunami não pode ser responsabilizado (Como assim??? No Brasil, a seca e as chuvas são as únicas culpadas de tudo. Esses caras têm muito que aprender com o nosso povo...) e que o problema foi cultural mesmo, pois os japoneses são educados para não questionar as ordens de seus superiores, ainda que essa conduza ao desastre.
Enfim, eles teriam que aprender a questionar, ir de choque a uma questão cultural nipônica, a obediência.
Pois bem... Se o tsunami tivesse passado por aqui já teríamos resolvido o problema. O culpado era o Tsunami, as verbas já teriam todas sido desviadas e ajudariam na reeleição dos prefeitos e governadores para os próximos anos, seria aberta uma CPI que os deputados usariam para se promover como bastiões da ordem e moral, mas que não daria em nada e acharíamos um empresário para Cristo que seria demonizado pela imprensa e logo após esquecido. E, por fim, questionar é fácil para a gente. Ainda mais se envolve a ruptura com a inércia decorrente de nossa indolência natural, uma espécie de doença da alma comum por aqui. 
Afinal, para nossa desgraça, isso também é uma questão cultural.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

As pessoas e as outras pessoas


As pessoas querem que a gente odeie outros times que não sejam o nosso, mas não consigo ver inimigos a serem odiados e humilhados, mas gostos diferentes. As pessoas precisam que você compartilhe o que eles consideram belo justo, mas poucas vezes, lhe perguntam qual a sua ideia de belo e justo. As pessoas sentem necessidade de demonstrar algo que nem de longe sejam, mas se esquecem de saber se eu quero ver já que acreditar nem mesmo elas o fazem. As pessoas nos cansam e nem aceitam nosso pedido de tempo para descanso... Só no Vôlei  alguém nos leva a sério.
Acho que no facebook ou no mundo real, cada vez menos presente na vida social de tanta gente, as pessoas desejam que as conheçamos melhor e, para isso, se mostram no que são cada vez menos.
É isso. As pessoas investem para que sejamos cada vez mais idiotas perfeitos, mas esquecem que ninguém é perfeito. Logo, seremos falhos até em nossa estupidez.
E isso talvez ainda seja a esperança que nos resta.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Felizes aniversários nestas datas queridas...


Sempre dei pouca importância às datas comemorativas fossem elas quais fossem. A começar pelo meu aniversário que considero de há muito tempo uma mera formalidade que enche nosso perfil no facebook e Orkut de parabéns de muita gente que não se importa e nunca vai se importar com você, mas que se sente compelida colocar um insosso "parabéns, felicidades" na sua página da rede social.
Há muitos anos, acho que todos os dias são dias muito interessantes e isso esvai toda a graça dos chamados dias especiais. Entretanto, é importante perceber que mesmo entre todos os dias especiais, há um que é mais especial que os outros, que merece pausa, reflexão, cuidado, enfim, merece ser comemorado à moda própria. Pode ser o seu aniversário, o Natal, a Páscoa, o dia dos namorados.. sei lá. Pode ser um dia qualquer que você escolher. Que tal uma segunda-feira?  A odiada segunda-feira...
Sentado no chão brincando com meu filho caçula de bloquinhos de borracha empilhados, entre as risadas dele quando derrubava os blocos e suas caretinhas, entendi que somos o momento que vivemos. Entendi que, hoje, estou ali com ele, brincando, cuidando, mas que, amanhã, posso ser só uma sombra na lembrança dos meninos, uma fotografia numa folha, um retrato 3x4 em um documento envelhecido.
Em face dessa incerteza, tomou-me de assalto, não uma angústia, mas uma intensa vontade de escolher um dia para comemorar.
Escolhi as pessoas, escolhi o dia, desliguei o telefone, não abri a internet, sai por aí com eles para uma festa a quatro (Eu, minha esposa, Daniel, meu mais velho e Bruno, meu caçula). Sai para comemorar o melhor dia que um homem pode ter, o dia de hoje.
O mais é só especulação do que eu talvez nem sequer venha a existir.

Quinta-feira (dia 21), saio por aí para comemorar com eles o melhor 41º aniversário que um homem pode ter. Parabéns para todos nós, nestas datas queridas....

sábado, 16 de junho de 2012

A formatura e o pum


Durante anos como coordenador, diretor, professor etc em instituições de ensino superior tive que suportar as terríveis formaturas. Costumo a denominar isso como momento mais pum da nossa vida social e acadêmica. Afinal, formatura é igual a gases, incomoda todo mundo em volta, só o dono que não acha que seja tão ruim.
Nesse tipo de cerimônia, para o bem de todos, seria interessante se fosse considerado crime hediondo coisas do tipo:

- Discurso citando os coleguinhas (todos os 70, um por um), olhando para trás e fazendo vozinha de Xuxa em depoimento para o fantástico, carinha de choro e tudo mais. E o fulano, heeeiiin... sempre dedicado.... e a Fulana, heeeeiiiinnn, sempre atrasada..;
- discurso de paraninfo longos, expelindo erudição duvidosa e tentando ser engraçado;
- músicas - Campeão, vencedor... We are the champions, Você não sabe o quanto eu caminhei..., Carruagens de fogo, Can't you feel it, Acaboooou, acaboou (E o pior é que não acaba), Tchau, I have to go now, I have to go now... e outras mais que se os seus autores recebessem por direito autoral cada vez que tocassem em formaturas, os mesmos estariam pagando café para o Bill Gates. 
- atraso na entrada de formando. Acreditem.. formando não é noiva. Pode chegar na hora.
- becas quentes e desconfortáveis - ali dentro faz um calor dos infernos em qualquer época do ano.

Enfim, uma tortura para quem está ali, à espera do fim e da festa, dos comes e bebes. 
Olho essas coisas como um passado tão distante na minha história, mas que se aproxima com o crescimento dos meus filhos... dessa eu não vou conseguir fugir. 

Mas vou avisar... se tocar We are the Champions, eu subo palco, dou um acesso de loucura e faço vexame. 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Doutor é quem fez doutorado... às vezes...


Ter uma graduação antigamente era coisa de luxo. Logo após, ter especialização é que era o bicho. Mas a coisa banalizou e, na década de 90, o governo decidiu deixar correr solto a tal da especialização e focar a atenção no mestrado e doutorado. Aí a coisa ficou séria mesmo. A CAPES apertou até o pescoço e criou um sistema bem rigoroso de controle disso.
Entrar em um Mestrado ou Doutorado na final da década de 90 era o cão chupando manga. Entrentanto, como nem tudo que reluz é ouro, o governo se viu forçado a ampliar o número de vagas e receber todo tipo de trabalho para aumentar o número de mestres e doutores. E aí é que a coisa não fica mais muito séria...
pipocam teses e dissertações apresentadas Brasil afora com temas do tipo: A sexualidade dialética defronte a aporia pós-moderna da legitimação da identidade etno cultural: um estudo do símbolico do mítico regional". Ou seja, enfim,... talvez, sei lá.. bacana...legal né... huummm O trabalho trata de... enfim. sei lá.. porranenhuma. Mas o título é complexo para caramba e quem escreveu deve ser culto e inteligente de montão. Basta isso para o autor já se sentir realizado.
Quando estava no meio acadêmico com mais frequência eu costumava dizer que era a síndrome de carnavalesco cuja fantasia intitula-se "Alegria e glória, apogeu e ascensão apoteótica do deus sol athualpanah na terra dos sacríficios e louvores de Shmirraarum do Império, Arkaraam do oriente."
Enfim, significa... bem..o cara é culto para caramba e deve saber o que está falando.

sábado, 9 de junho de 2012

Liga dos anti-nada (eu sei que não se usa hífen aqui)


Vejo, nos últimos tempos, uma proliferação dos anti-qualquer-coisa: anti-flamenguistas, anti-vascaínos, anti-botafiguenses, anti-governo, anti-oposição, anti-ruralistas, anti-ambientalistas.. Enfim, no fundo, um monte de antipáticos com seus pensamentos antiquados. 
Ser anti-qualquer-coisa, ainda mais sendo anti-time de futebol é uma das coisas mais idiotas que uma pessoa pode encontrar para receber como rótulo. E olha que tem gente aos montes que cola imagem no facebook com seus gritos de ódio a isso, ódio àquilo etc. Só uma cabeça muito vazia e um intelecto muito limitado é capaz de se ocupar de fazer banner para chamar torcedor do fluminense de viado, flamenguista de negro, favelado e ladrão ou botafiguense de pobre, chorão e, esporadicamente, favelado.
É um agrupamento de preconceitos tão escrotos orquestrados por gente que soma à falta de o que fazer uma ausência total de reflexão e mesmo leitura de mundo. Pois é.. "os antis" são assim: cabeças vazias, mas  intestinos lotados que pensam por eles.
Entretanto, no embalo do modismo, deixei as críticas e minha implicância de lado e resolvi criar a liga dos anti-nada. Sou anti-nada, nada me incomoda, ou melhor, não sinto necessidade de externar nenhuma das minhas frustrações sobre ninguém que, com certeza, são do tamanho da minha capacidade de lidar com elas. 
Não sou "anti" nem aos imbecis que são anti-qualquer coisa, pois entendo que a ignorância de não se ter consciência do que se é torna-se uma bênção que a vida deu a algumas pessoas para amenizar a dor de ser o que se é.
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Ah sim... Só para constar. Fiz um uso bem particular do hífen (a ideia é enfatizar o prefixo) no texto por razões estilísticas, mas saiba que:


Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h (anti-horário), se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra (anti-inflacionário) ou se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por "r "ou "s", nesse caso, dobram-se essas letras (antissocial).

terça-feira, 5 de junho de 2012

Facebook, minha carência agora é nossa.


Já reparou como as pessoas andam carentes? Principalmente, no Facebook. Como professor há muitos anos, tenho mais de 1500 contatos e vejo uma enxurrada de publicações de gente nova lamentando estar sozinha, sem ficar com ninguém, chorando por não saber o que é namorar no inverno, implorando por uma atenção, por um carinho ou, que seja, por um breve amasso (assim se dizia na minha época. Palavra velha, né?)
Esse público de choronas (e alguns poucos chorões) lamentosas é composto basicamente por meninas novas que poderiam bem estar longe do computador resolvendo esse problema. Mas não.. estão ali entre lamúrias e postagens de "como estou só... ninguém me quer... não estou pegando ninguém.. ai de mim.. coitada de mim.. não sei o que é um carinho
Entretanto, há também as revoltadas do afeto que dizem coisas do tipo: " estou sozinha porque quero", "estou sozinha porque não tem ninguém ao meu nível e por menos eu não quero". "Aguardo alguém que me mereça". Isso se trata, obviamente, de uma baita mentira e um grito de desespero final. Algo como se dissesse: S.O.S - pelo amor de Deus, me convence de que estou errada e ainda estou "pegável". Alguém, por favor, alguém....
Desculpe-me, mas isso é postagem predominante de moças, pois rapaz com esse papo é muito estranho. Imagine seu colega chegando perto de você, homem, e se abrindo:
- pô, cara, estou assim meio estranho, carente, sentindo falta de braços em torno do meu corpo, mãos dadas, sei lá... Há muito tempo que não fico com ninguém. Sinto falta de uma boca tocando a minha e de dormir de conchinha no inverno...
- Peraí, peraí.... "véi, cê tá dano", véi?
É o mínimo que o cara vai ouvir.

... Caramba! Ô terra de gente carente esse Facebook!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ignorante por opção


Sei que minha confissão causará furor e revolta por parte de alguns colegas, mas sinto que há coisas que ficam por ser ditas. E esta é uma das que tem ficado na gaveta das minhas ideias. Depois de uma graduação, uma especialização, um mestrado, um doutorado, um monte de livros lidos, outro tanto de filmes vistos, enfim, assumo, após tanta cultura, optar por ignorar certas coisas e deixar que meus colegas mais novos (muitas vezes em espírito, não só em idade) se degladiem por mim. Cansei de sofrer...
Aos 40 anos, estou passando procuração para que me representem em causas de interesse da nação e midiáticas. Constatei isso ao ver que as pessoas discutiam um código florestal. Uns eram contra e outros também. Ruralista diziam que era uma lei ruim e ambientalistas diziam que era péssima. Enquanto o coro do facebook gritava: Veta, Dilma!
Até o presente momento não faço ideia do que era ruim ou que era bom nisso tudo. Mas a voz do facebook não é a voz de Deus? Então, Veta, Dilma! Também não entendo ainda hoje como é que dois lados opostos podem dizer a mesma coisa e ainda assim não concordarem em nada.
Agora vem aí o novo código penal... pode fumar maconha. Só não pode fumar perto de escola. Entendi... mas peraí... fumar não é queimar mato, queimar mato não é queimada? Ei... não pode. E o código florestal? Ah sim.. acho que a Dilma vetou.
Enquanto isso, começa uma nova edição de "A fazenda" que vai trazer um monte de coisas patéticas das quais não vou ficar sabendo nada assim como quase nada sei das outras edições. A não ser que eram coisas patéticas. No mais, tenho sido munido somente de um interesse meio sádico e egoísta. Acompanho a novela Cachoeiras da Paixão, com a particpaçõ de vários políticos e empresas com o patrocínio da DELTA e segui de perto as mudanças da poupança que, como sempre, são para ferrar com a gente... Peraí, peraí... Na minha poupança, não... Veta, Dilma, veta!
Ah... não dá mais...? Sacanagem!

Cansei de sofrer pela impotência diante das causas... e essa é a pior de todas, pois nem viagra ajuda.

terça-feira, 29 de maio de 2012

500 posts de vida: sobrevivendo na selva do comente o blogue abaixo


"Semi-antissocial" assumido, não gosto muito de festas nem de comemorações que acho, na maioria das vezes, um saco. Tenho minhas razões e não são poucas. A única coisa que gosto menos do que isso são as homenagens a pessoas vivas com nomes em prédios ou lugares. Aqueles locais, bibliotecas, prédio que as pessoas insistem em colocar o nome de alguém politicamente proeminente e os proeminentes homenageados nem se dignam ao menos de morrer logo após para fazer jus à homenagem. Quanta vaidade! É.. estou ficando velho e implicante. Excesso de bom senso, escassez de paciência com a vaidade do meu semelhante.
Mas estou aqui para comemorar 500 posts do saco de filó. Na verdade, mais de 500 já que esse deve ser o 503, sei lá. Já são quase cinco anos sem fazer CTRL+C e CTRL+V, sem fazer os odiáveis memes, sem colar piadinhas "chupadas" de outros sites, sem fazer o "me segue que eu te sigo", sem encher de imagens catadas na internet com gracinhas diversas, sem fazer os textos de louvor aos colegas para receber um também... Enfim, quando criei o saco de filó em 2007, queria era um espaço para escrever, trocar ideias, as minhas ideias e não aquelas copiadas dos outros, que aliás, não são minhas. 500 posts escritos de próprio punho... Ufa!
Não queria ser acompanhado porque eu o acompanho, mas porque o leitor aqui me deu a honra de abrir seu tempo para ler o que escrevi. Leio muitos blogues (muitos mesmo), mas comento poucos, muito blogueiro que eu leio, nem sabe que eu o leio e espero que assim fique porque não quero que sintam na obrigação de me ler.
Oura coisa, não resolvi monetizar, de início, o blogue porque não vivo disso, divirto-me com isso e pretendo manter afastado o dinheiro da minha diversão. Coloquei algumas propagandas e adsense do Google por insistência extrema de um amigo blogueiro. Outro dia, o Google me avisou que eu tenho uns 100 dólares para pegar em algum lugar.. Li as instruções, segui os procedimentos e nada.. desisti. Não é para isso que estou escrevendo aqui.
Mas eu posso mudar de ideia.... E se um dia eu me tornar alguém proeminente por causa do saco de filó, fiquem à vontade de batizar uma praça com o meu nome... 

Prometo até que morro depois disso... de desgosto.