segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Nós educamos uma geração incapaz de ouvir


Aqui fica um mea culpa (expressão latina para se assumir responsabilidade sobre algo) perante todos. Oficialmente nesse ano, após mais de 22 anos de magistério, percebo que a minha geração deixou um torpe legado a geração que nos sucedeu: a incapacidade de ouvir.
Nascemos numa geração (anos 70) em que aprendemos que tínhamos que nos policiar ao dizer algo, pois havia coisas que só poderiam ser ditas entre as 4 paredes de sua casa. E mesmo assim, carecia ter cuidado, pois até as paredes tinham ouvidos e uma discordância política poderia acabar em problemas significativos.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Historietas banais - a bolsa das ideias

Entra um homem em uma fila pequena. Aguarda e chega sua vez. Um atendente anotando em um papel lhe pergunta:

- Em que posso ajudar?

[homem cheio de boas ideias]
- Tenho grandes e boas ideias para buscar o bem comum ? Sei os caminhos as fórmulas para um tudo melhor.

Atendente
- E o que você já fez pelo bem comum?

[homem cheio de boas ideias]
- Ainda nada, ou só o pouco que esteve ao meu alcance, mas pretendo fazer se me derem essa oportunidade. Responde levemente envergonhado, mas firme.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Trocando de lugares

É muito complexo entender onde o desejo de justiça e igualdade proclamado por grupos ideologicamente engajados se confunde com ressentimento e desemboca em vingança contra outra classe. Olho isso com cautela sempre. Parece-me que é da natureza humana a ideia de promover no outro a mesma dor que nos impingiram como se essa dor aplicada ao outro aliviasse a nossa e nos reparasse de alguma forma. Acho que é essa a lógica da pena de morte.

Quando crianças e tomamos um tapa do colega, apressamo-nos em dar outro. Isso não é defesa, é agressão. E quando o colega nos diz não doeu, apressamo-nos novamente em dar outro mais forte até que doa. Isso é um sentimento primitivo de impingir mais dor do que nos foi impingida com a ilusão de se fazer justiça.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Não da guarda, mas anjos "de" guarda...

Sim. Existem anjos "de" guarda. Quanto aos anjos da guarda, não tenho tanta certeza. Acho pouco provável que a espiritualidade tenha colocado alguém de plantão para ficar lhe dando ideias boas o tempo todo e protegendo das furadas em que você entra. Prova disso é que, numa breve lembrança, você deve recordar uma série ideias erradas que teve e que o levaram a umas "encrencas" inimagináveis.
Pois então. Não somos tão especiais assim para termos uma cobertura 24 horas, do tipo seguro de automóvel. Deixar-nos errar faz parte da aprendizagem.
Mas já reparou como, em situações críticas da vida, costuma aparecer alguém para dar uma força. Às vezes, nem sempre do tamanho da força que precisávamos, mas na medida certa para a gente ganhar "galeio" e conseguir energia para cobrir o restante que faltava?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Tretas no Face: um espelho da nossa vaidade

A medida da certeza das nossas ideias é proporcional ao desinteresse que temos de convencer os outros de que estamos certos. Explico. Quanto mais eu tenho certeza de alguma coisa e essa alguma coisa está bem resolvida na minha cabeça, todo discurso de convencimento é uma perda de tempo, ainda mais quando a outra pessoa não está disposta a ouvir (entenda ouvir como parar, pensar, relacionar, entender...)

sábado, 30 de janeiro de 2016

Vivendo e desaprendendo... emburreci mesmo

Às vezes, penso que emburreci ou talvez sempre tenha sido sempre muito burro e não me dado conta de tal fato. A maturidade me faz apostar cada vez mais na segunda hipótese.
Vi o governo divulgar outro dia na TV que liberaria um incentivo para o crescimento da economia de 96 bilhões de reais em 2016. E várias pessoas (do governo, é óbvio) diziam sobre o quanto isso era bom, pois os recursos não viriam dos cofres necessariamente do erário, mas do FGTS, quer dizer, do meu cofre quando fui funcionário da iniciativa privada e todos que ainda o são.
Pois bem. Há coisa de um mês, assistindo a uma discussão de economistas (tanto aliados das ideias do governo quanto contrários) na TV, dados mostravam que o mesmo governo havia cortado 120 bilhões em incentivos para economia nos últimos 12 meses... Isso era um consenso entre eles, independente de suas visões políticas. Suponho que sabiam o que estava falando e que tinham base para suas afirmativas.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Um privilégio para chamar de seu

Muitas vezes, escondemo-nos por trás do que chamamos de direito. Na maioria das vezes, eles são, na verdade, privilégios espúrios desejáveis. Entretanto, criando alguns direitos para restabelecer a igualdade estamos privilegiando um grupo. Isso é uma forma patente de ser desigual. Eis o paradoxo dos paradoxos. Para sermos iguais termos que ser diferentes porque as pessoas são diferentes. Confuso, não?
Recuso-me a mencionar qualquer um dos "direitos" que considero privilégios para não acirrar os ânimos e abrir debates daqueles que tem a eterna pretensão de guardiões do bem e do justo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Da barganha à pirraça - a torpe lógica humana

A relação que o homem possui com o conceito de divindade, muitas vezes, é oscilante entre a ingenuidade das cobranças (Poxa, Deus, eu fui tão bom, porque isso foi acontecer comigo. Fui tão fiel e ganhei isso em troca...) ou troca de favores (Se eu conseguir ganhar na loteria vou ajudar os necessitados, se eu ficar curado, vou à Aparecida do Norte a pé...) e a imaturidade de negação de uma criança contrariada pelos pais ou que, quando não vê as coisas do jeito que ela quer, faz pirraça e diz “eu te odeio”, no caso eu não acredito em você, Deus bobo, feio, cabeça de melão.

No primeiro caso, estão muitos religiosos que fazem de sua relação com a divindade um balcão de negócios. Através de promessas, negocia-se que, se o indivíduo obtiver uma graça, em troca, faz alguma coisa "boa". Por exemplo, se eu conseguir comprar minha casa própria, vou à igreja e acendo uma vela. Ou ainda, se eu conseguir um emprego, vou rezar uma novena durante 7 dias.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Ano novo de novo?

Acho que não lido bem com períodos de término e início. No fundo, acho tudo uma chatice sem fim até porque toda hora alguma coisa está acabando e outra começando. Já há um bom tempo que desisti das festas de fim de ano em grandes grupos porque tenho sempre a sensação de replay. Sabe aqueles sonhos que se repetem e quando você percebe, pensa... caramba.. lá vou eu de novo.O torturante show da virada, todo mundo de branco e a contagem regressiva com a imagem dos fogos de Copacabana são tão chatas quanto à musiquinha do domingo maior que anuncia uma segunda-feira daqui a pouco. Antigamente, ainda havia uma tela sem nada com uma voz ao fundo: “faremos uma pausa em nossa programação...” Penso que aquilo foi a causa de inúmeros suicídios.