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domingo, 9 de maio de 2021

Permitir-se é um exercício de autocompaixão

As pessoas confundem a história de se permitir com se comprometer e, muitas vezes, diante de uma aquisição patrimonial, pensam "ah, eu trabalho, tanto, eu mereço" e acabam se encalacrando em dívidas. Permitir-se não é bem isso ou não só isso. Vamos, então, pegar essa lógica e aplicar a nossas emoções. 

Entendemos que sentir raiva, sentir mágoa, sentir ódio, sentir tristeza entre tantos "sentires" são ruins. E de fato, por muito tempo, são mesmo. Aprendemos que não devemos nos deixar invadir por esses sentimentos e devemos ser algo impassível diante dos fatos e imunes aos tais sentimentos negativos. Entretanto, buscar uma imunidade aos sentimentos negativos é procurar uma blindagem contra a nossa condição humana já que os sentimentos apresentados são dois lados da mesma moeda: ódio/amor, tristeza/alegria, mágoa/gratidão. 

Não há como ser imunes ou blindados a isso e nossa existência é o eterno pender entre os extremos em busca do equilíbrio. Contudo, buscando uma pseudo elevação espiritual momentânea somos condicionados ao fato de que devemos sentir amor, alegria e gratidão o tempo todo e jamais ódio, tristeza e mágoa em momento algum. Somos condicionados a negar nossa condição de seres imperfeitos e em primitivo desenvolvimento espiritual. 

Acho engraçado quando alguém fala "ah eu sou imperfeito" ou "eu tenho meus defeitos"... Uma constatação que, a meu ver, expressa uma falsa humildade já que enuncia o óbvio ululante. Sim. Eu sou humano. Ponto final.

É óbvio que não devemos deixar que sentimentos como ódio, mágoa, tristeza nos invadam e assumam o controle de nosso tempo e ações. Mas também, deixar que sejamos tomados de uma nuvem de amor, alegria e gratidão 100% do tempo nos criaria uma alienação em mundo que não é de amor, alegria e gratidão. Isso geraria em curto tempo um nível de frustração absurda porque o mundo não está nem aí para seu empenho e vai lhe dar o que ele quiser e não o mesmo que você deu. "Poxa, eu fui tão do bem, mas me trataram assim… ". É isso… acostume-se.

Ah, mas se todos mudarem de comportamento o mundo melhora. Sim... ideia óbvia. Agora só falta você convencer os outros 7 bilhões de pessoas no planeta a adotarem o seu projeto de paz e amor. Boa sorte na sua missão. Mas não vale se frustrar...

Por isso, se permita, mas não se contamine. É normal sentirmos raiva, tristeza, ódio, rancor durante algum tempo diante de situações da vida. São monstros que não têm como ser banidos da noite para o dia de nossa história. Temos sempre duas opções nesses cenários: deixá-los do lado de fora enquanto eles esmurram a porta ou deixá-los entrar para um café e vermos que não são tão assustadores quanto parecem quando esmurravam a porta lá fora. Terminado o café, nós os conduzimos até a porta e nos despedimos, porque ali, eles não podem morar.

Temos que ter compaixão com nós mesmos e anular o discurso acusatório de que não podemos sentir ódio, não podemos sentir raiva, não temos que estar tristes, não podemos desejar por uns instantes que alguém morra. Sim. Podemos. O que não podemos é deixar que esse sentimento se instale por longo prazo, ele está ali só para um café, só para nos darmos conta de nossa condição existencial e nos permitir ser humano com todas suas fraquezas e imperfeições.

Terminou o café, acompanhe até a porta e se despeça. Afinal, foi só um café.

E não se esqueça: ele vai voltar. Mas que seja sempre só para um café.

 

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

O médico e a atitude estúpida

Penso que pessoas com dificuldade em interpretação de texto não deveriam ler as linhas a seguir... Não se trata de uma defesa nem do médico nem do José Dirceu...

O que eu acho mais curioso nas redes sociais é o constante desejo de vingança disfarçado de reparação moral (sic). Primeiro, lembro o caso do ex-ministro José Dirceu. O cara tem uma história política e, no final da carreira, quando tudo ia bem, ele deu mole e vazou uma série de sujeiras dele...  Nada estranho ao mundo político, foram coisas como compra de votos e desvio de dinheiro público e outras do gênero. Enfim, ele foi condenado 23 anos (sem contar o tempo de condenação pelo mensalão - mais 10 anos). O cara tem 70 anos, isso significa que ele ficaria preso até 93 anos pelo menos... Eu vi pessoas esbravejando na internet que tinha que mofar na cadeia e morrer lá etc... Considerando que ele deve ter mais uns 10 anos de vida saudável pela frente... é provável que ele fique mais tempo preso do que o tempo que tem de vida. (Aviso de ironia. Sei que não é factual essa afirmativa).

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Curtas histórias II - O mal que carrego em mim

Naquele empresa, todos buscavam o sucesso a qualquer custo. Cargos, gratificações, e até quem sabe, um prédio que levasse seu nome como homenagem em vida. Afinal, não se esperaria a morte, pois a vaidade tem que ser alimentada em vida. A morte cessa sua fome, ou a faz vã.
Ele destoava daquele teatro. Não conseguia lutar por cargos, gratificações, honrarias. Sua vaidade já era nutrida pela satisfação plena de ser como se é e não como o meio o queria. Entretanto, o seu modo de ser incomodava e não tardou para que articulassem sua expulsão, afinal, todo o seu desinteresse era a maior manifestação da "soberba de sua humildade". Pois, então, depois de fazerem de sua vida algo perto do inferno por um tempo, eles o expulsaram.
Na saída, contemplavam satisfeitos os passos do homem que se afastava alongando sua sombra. No coração não carregava ódio pelo mal que lhe fizeram, mas a certeza de que saíra como entrara e não caberia rancor contra aqueles que estavam eternamente condenados a serem o que eram.

Moral da história: Não é ruim o mal que fazem conosco, ruim é o que deixamos que esse mal nos faça. Aquele que cultiva a maldade carrega consigo a maior punição que se pode impingir a um espírito: ser o que ele é até o fim dos dias. 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Trocando de lugares

É muito complexo entender onde o desejo de justiça e igualdade proclamado por grupos ideologicamente engajados se confunde com ressentimento e desemboca em vingança contra outra classe. Olho isso com cautela sempre. Parece-me que é da natureza humana a ideia de promover no outro a mesma dor que nos impingiram como se essa dor aplicada ao outro aliviasse a nossa e nos reparasse de alguma forma. Acho que é essa a lógica da pena de morte.

Quando crianças e tomamos um tapa do colega, apressamo-nos em dar outro. Isso não é defesa, é agressão. E quando o colega nos diz não doeu, apressamo-nos novamente em dar outro mais forte até que doa. Isso é um sentimento primitivo de impingir mais dor do que nos foi impingida com a ilusão de se fazer justiça.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ódio e intolerância em nome de Deus

Tenho poucas oportunidades de ler blogs, mas sempre que o tenho, faço com prazer. Gosto de ver o que pensam e escrevem e, principalmente, como escrevem alguns blogueiros. Outro dia, passeava pelo DiHITT, uma rede social de blogueiros, e me deparei com uma série de blogs (não vou promovê-los aqui dando nome) com significativa projeção entre os usuários e que pregavam através de artigos que gays eram os responsáveis pela AIDS, que eram responsáveis pelas doenças venéreas e que tinham desequilíbrio mental, por isso, apresentavam o maior índice de suicídio. Os dados eram sempre duvidosos ou de fontes questionáveis, mas estavam sempre lá. E no final, sempre a mensagem. Deus não gosta de gays, por isso criou o homem e a mulher. 
Não sou gay, não tenho parentes gays (não que eu saiba), mas tenho (e sempre tive) alguns colegas de trabalho gays. Aliás, bons profissionais e que não se aproximam nem de longe do estereótipo evangélico do aidético, doente mental suicida rejeitado por Deus.
O fato é que algumas pessoas se arrogam uma espécie de procuração para falar e assinar em nome de Deus e saem despejando as suas frustrações, inclusive sexuais, sobre todos e tudo. Dedicam-se a atacar com feroz fervor como se num grito interno sufocasse sua sexualidade confusa e reprimida e o ataque abrandasse a dor de não ser o que se queria ser, de se viver o que se queria viver.
Não acredito que gays sejam aidéticos, doentes mentais suicidas rejeitados por Deus, aliás, acredito que se existe um Deus, ele teve a sabedoria de dar uma vida para cada um para que cada um tomasse conta da sua e fizesse menos julgamentos. E, por fim, para arrematar, mandou o filho dele para a terra para ensinar que acima de qualquer coisa deve haver um sentimento forte entre os homens: amor e, consequentemente, a  TOLERÂNCIA daqueles que sabem amar o próximo.


Em tempo: Quando a sexualidade do outro nos incomoda a fim de nos mobilizarmos é sinal de que há algo incômodo com a nossa sexualidade. Isso é para se pensar.

Em tempo 2: ah sim.. o mesmo preconceito que se "justifica" contra gays aponta suas armas, a seu tempo, para negros, pobres, judeus, ciganos, suburbanos... Preconceito é ódio enlatado no peito e só muda de alvo...