segunda-feira, 6 de junho de 2011

A capacidade de mobilização em prol de uma cidade

Em 22 de janeiro de 2011, a revista nrote-americana Newsweek publicou uma reportagem sobre cidades nos EUA que apresentavam um declínio de população. Entre elas havia a cidade de Grand Rapids no estado de Michigam. Concluía o repórter: Grand Rapids not just sick, it's dying, Grand Rapids Não está só doente, está morrendo. 
Em tempos de tribunais em moda, cabia um processo de danos morais que alegasse que a cidade sofreu um dano de imagem que gerou um prejuízo de milhoes de dólares. Isso sem falar em milhares de cartas e emails desaforados para a imprensa e, por fim, a declaração da jornalista que escreveu a matéria como “personna non grata” pela câmara de vereadores.
Entretanto, não foi isso que aconteceu. No último dia 22 de maio, eles mobilizaram recursos, patrocínio e muitas pessoas e setores da cidade para fazer um clip da música American Pie, de Don Mc Lean (um clássico dos anos 60). Li no kibe loco e fui atrás de mais informações sobre o clipe. Fiquei impressionado com a capacidade de mobilização deles.
Em um anti-americanismo completamente fora de contexto são tecidas milhões de críticas aos americanos. Crítica de muita gente que nunca botou os pés nos EUA e só fala do que ouviu falar. Quando estive lá aprendi que era um país como qualquer outro, cheio de qualidades e defeitos. Porém, duas coisas me chamaram atenção: eles possuem um senso de coletividade e uma capacidade de mobilização que talvez nunca vejamos por aqui.
Fiquei com vontade de conhecer Grand Rapids.
Experience Grand Rapids.. It sounds great now...

Vale a pena assistir

sábado, 4 de junho de 2011

Feio por fora e por dentro também

Muito se fala de beleza interior e isso já gerou até piadas do tipo “quem gosta de beleza interior é decorador”e vai por aí. Falou-se de pessoas belas que são feias por dentro ou de pessoas feias que são belas em seus sentimentos. Disso tiraram clássicos das histórias ocidentais como a Bela e a fera ou mesmo a história do Quasímodo, o corcunda de Notre Dame. Mas o fato é que ninguém abordou as pessoas que conseguem ser feias por fora e muito piores por dentro. É claro que conceitos como o de beleza são altamente variáveis de pessoas para pessoas, de época para época e de cultura para cultura. Entretanto, há pontos relativamente universais em alguns casos. 
Até hoje não conheci uma cultura que achasse bonita uma pessoa completamente vesga, nariguda, com sobrancelhas da largura de um dedo polegar, verruga no nariz, orelhuda e sem dentes. Isso é universal. Não encontramos pessoas assim por aí pela rua todo o tempo, mas lidamos com pessoas, às vezes, que fogem um pouco ao padrão estético e ouvimos observações do tipo: - caramba, como o fulano é feio! Aí, você, que está muito acostumado com a cara da pessoa, diz: - Ah.. acho que nem tanto.
Mas tudo isso é para dizer que conheci pessoas bonitas e feias fisicamente, mas o que me impressionou eram pessoas que independente de uma coisa ou outra trazia em si sentimentos tão mesquinhos, raiva, maldade, rancor, sentimento de vingança que, quando bonitas ficavam feias, e quando feias nos davam a certeza de que aquela cara feia que nos olhava nem era tão feia se comparássemos com o que trazia aquele coração.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Estamos prontos para amar o "imperfeito"?

Filhos são a maior lição de amor incondicional que a vida nos dá. A verdade é que ninguém quer filho doente mental, deficiente físico ou com um déficit intelectual, ou mesmo homossexual, ou feio... Enfim, trabalhamos com um padrão socialmente programado de filhos belos, inteligentes, perfeitos, heterossexuais e bem sucedidos na vida quando adulto se tornarem. Mas isso é um padrão, não uma realidade. 
O fato é que a vida nos dá filhos fora desse padrão exatamente para aprendermos que as limitações ou as diferenças são lições de amor. Amar o que é belo e perfeito é muito fácil, amar o amigo é muito fácil, difícil é amar o inimigo, é amar o feio, o imperfeito, o que margina ao padrão de ideal.
Mas a vida prega peças e nos ensino que se não estamos preparados para amar o que foge ao padrão, definitivamente, não estamos preparados para amar ninguém. Condicionamos a capacidade de se doar a um padrão preparado pela sociedade e que nos foi imposto desde tempos em que nem sabíamos o que era padrão ou sociedade.
Mas é assim. Digo isso, por que me choquei quando vi um juiz da infância dizendo na TV que o maior entrave para adoção são as exigências que as pessoas fazem e entre elas, chocou a de não quererem crianças negras ou que apresentem algum problema. Querem um "produto" perfeito, senão devolvem. Fico pensando... será que quem exigem tanto tem direito de adotar alguém? Acho que não.
Mais ou menos assim seguem as coisas com os filhos... Todos querem filhos biológicos perfeitos dentro de padrão de qualidade socialmente aceito desde o nascimento até sempre. Mas as coisas não são assim.

Eu sempre me pergunto, será que as pessoas estão preparadas para amar alguém?
Não sei, não sei mesmo.

sábado, 28 de maio de 2011

Kit-Gay(?): Tudo é uma questão de como se fala

A polêmica da semana foi o veto da presidente Dilma ao Kit educacional contra a homofobia, logo apelidado de Kit-Gay. Acho que se o objetivo era escrachar, chegamos a um passo de denominar o material de Kit-Viado, Kit-Bicha ou mesmo Kit-Baitola para atender ao regionalismo que o termo tem e não excluir os nossos amigos do Nordeste. 
O problema em questão, definitivamente, não é o que se fala, mas como se fala e a quem se fala. No meio da discussão não me ficou claro a quem se destinava propriamente o Kit. A Crianças? Aos adolescentes? Aos professores e educadores? Não entendi direito e por isso não me perderia em especulações sobre o público-alvo do material. Vou à questão central: o que se fala.
Acho que devemos abordar todos os assuntos na escola: homossexualismo, drogas, pedofilia, crise econômica. Enfim, escola é espaço de livre pensamento e formação. O problema é a maneira como isso está sendo abordado: "- Olha, hoje, vamos falar sobre os homossexuais." "Olha, Não pode discriminar, não pode debochar, não pode olhar estranho, pois eles são seres humanos..."
Não conheço o kit muito além do que a mídia apresentou, como já disse antes, mas essa me parece a pior metodologia para se abordar a questão. O tema tem que surgir espontaneamente e abrir o debate que não deve se estender como um gancho para o professor de uma matéria ou de outra em seu conteúdo. Todavia, a questão é: Como lidar com isso quando muitos dos professores trazem consigo um baita preconceito porque sua religião ou seja lá o que for diz que Deus disse (em pessoa para um cara que escreveu isso em um livro) que homossexuais são anormais? Ou quando o aluno chega em casa e vê o pai emitindo esse tipo de opinião?
Desse jeito, não dá. O preconceito tende a diminuir sim (como tem sido desde que eu lembro em minha adolescência até hoje, já há uns 30 anos nisso), mas reduziu na medida em que fatos relacionados ao tema começaram a emergir na mídia e no dia-a-dia das pessoas. O debate brota naturalmente disso e aí está a deixa para se falar naturalmente do fato.
E, para aqueles que abominam o homossexualismo, vai uma dica: - Olha, se seu filho (ou filha) tiver tendências homossexuais, ele(a) será, independente de você querer ou não. 
Dessa forma, trabalhe para que ele não seja um canalha ou para que não julgue as pessoas por sua cor, religião ou opção sexual. No mais, não podemos interferir muito.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Falar errado é certo, e certo é certo, certo? A polêmica do MEC e o tal livro didático....

Prometi a mim mesmo não me pronunciar sobre a polêmica do tal livro didático aprovado pelo MEC que trazia uma abordagem das variações da língua para apresentá-las como um contraste à norma culta. O ruim de ser especialista em um assunto é abrir um tema para discussão e expor- se aos argumentos de gente que, quando muito, foram alunos medianos na escola ou escreviam redações sobre minhas férias ao voltarem das aulas e, de lá para cá, pouco se acresceu a sua produção intelectual além disso.
Como dizia minha orientadora de doutorado, isso é café requentado. A imprensa escolheu um assunto para vir à tona que já é ponto pacífico entre quem estuda o idioma mesmo, de verdade. A língua possui variações que não podem ser ignoradas no processo de aprendizagem de um idioma. Em momento algum, pareceu-me que o livro ensina a falar assim, até por que, assim,  muita gente já vai para escola sabendo. Entretanto, fez-se uma tempestade em copo d'água com uma coisa que foi mal lida, mal interpretada e mal divulgada.
Pessoalmente, em um livro escrito por mim, eu não abordaria a variante popular para fins de contraste, mas isso seria uma opção minha como aquela foi a dos autores e considero-a legítima, pois trata-se de uma metodologia, uma abordagem com suas vantagens e desvantagens. Assim como a que eu adotaria se tratasse do caso em um trabalho meu.
Entre graduação até doutorado, tenho vinte anos de estudo intenso de Língua Portuguesa, sua gramática e variações e toda vez que se levanta uma questão linguística pela mídia vejo a coisa sendo discutida de forma tão imatura, tão sensacionalista, tão tola que opto por pegar meu tempo de estudo e meus títulos e deixá-los bem guardados. De onde só saem para os cerimonais das formaturas no final dos anos.
Acho que estou ficando velho, acho que estou ficando cada vez mais sem paciência.
***
Nesses anos todos, acostumei-me com a variação da língua, só não me acostumei com políticos que multiplicam seu patrimônio por vinte em apenas quatro anos... Sabe que isso é uma coisa com que ainda não me acostumei... Mas ainda sou novo (40 anos). Um dia, quem sabe, eu acabo achando normal.

sábado, 21 de maio de 2011

Palocci e o milagre da multiplicação dos "peixes"

A semana começou agitada com a reportagem nos jornais de que o ministro da casa civil , Antônio Palocci, aumentou seu patrimônio em 20 vezes nos últimos 4 anos. Os leitores de pouca fé (conhecidos como bules - trocadilho escrotinho, né!) logo se revoltaram e levantaram suspeitas sobre a idoneidade de nosso ministro sobre o qual pesa uma ou outra denúncia de irregularidade. Mas nada que tenha dado em alguma coisa. Ora, ora... Há precedentes na história. Cristo multiplicou os peixes e ninguém ficou levantando acusações de que tenha conseguido tais peixes com tráfico de influência. Nem se cogitou em CPI, pois para Deus, as explicações de Cristo de que o dinheiro dos peixes fora adquirido com palestras e consultoria em Jerusalém foram plenamente satisfatórias. E agora querem pegar o Palocci para Cristo? Ai, Jesus!
Convenhamos, nada mais normal do que multiplicar 20 vezes o patrimônio em 4 anos. Há livros que ajudam a fazer isso como “Ganhe o seu primeiro milhão”, “Fique milionário”, “Pai rico, filho miolionário e ministro com grana para caralho”... Podemos condenar uma pessoa só porque ela lê livros de auto-ajuda? Até devíamos, mas não podemos. Isso é um fato.
Entretanto, tudo se esclarecerá e o ministro aparecerá com todas as notas de recebimento dos últimos 4 anos que explicam a ampliação de patrimônio e cujas cópias servirão para passar na cara daqueles que levantam a suspeita de que esse dinheiro veio de tráfico de influência e mais um tanto de atividades ilícitas. Por enquanto, sua palavra basta para equipe do governo. E essa corja de maledicentes que aguardam o aparecimento de todas as notas, uma a uma servirão de chicote a eles... aguardem.
Mas sugiro que aguardem sentados, pois, de pé, cansa.

P.S.: Aí você vem e diz: - mas peraí, Cristo multiplicou os peixes para dividir, o Palocci multiplicou e ficou com tudo para ele... E eu respondo: Lá vem você com detalhes, hein! Lá vem você... 

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A palavra escrota é muito escrota

Escrota é a palavra mais escrota que eu conheço. Sempre fiquei pensando se não é pela associação do sentido ao referente. Afinal, escroto é um negócio escroto. Aliás, órgãos sexuais são coisas que ficam bem escondidinhas exatamente por sua carência de atributos estéticos. Beleza fica no corpo como um todo, no rosto e não lá, embaixo, escondido. Onde deus definitivamente optou pelo funcional e não pelo estético, dispensou o arquiteto e deixou o engenheiro por conta da obra.
De outra forma, se primasse pela beleza, ficaria onde fica hoje o seu rosto e estaria em sua carteira de identidade estampada, lá.. para todo mundo ver. Mas o fato é que a palavra escroto ganhou uma conotação tão genérica que se expandiu para categorias. Outro dia eu ouvi o termo, fulano é um subescroto (sem hífen mesmo). Caramba, imagina o que é ser subescroto. É ser algo (ou alguma coisa) que precisa se esforçar para ser escroto quando melhorar de padrão existencial. Enfim, é o fim.
Eu gosto mesmo é da palavra coisa. Serve para qualquer coisa (viu). Expressa ideias quando temos uma coisa a dizer ou vira objetos quando perdemos uma coisa ou compramos uma coisa. São sentimentos quando dá uma coisa dentro do peito ou vira verbo quando vemos alguém com um negocinho (essa é minha segunda palavra preferida) na mão coisando algo.
Enfim, coisa é tudo que precisamos quando vamos dizer uma coisa. Coisa é a coisa mais útil que existe.
Só não me agradam as coisas escrotas... essas não.

P.S.: As bochechas do Fofão sempre pareceram indecentes...rs Escroto, né...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Poder e tesão, os velhinhos estão à solta!

Nem sei se digo que primeiro veio o Berlusconi, mas nos últimos tempos sim, acho que foi um dos mais badalados. Agora o presidente do FMI, Strauss-Kahn. Amanhã, outro poderoso que nos faz chegar a conclusão de que os velhinhos da geração pós-viagra, estão com tudo em cima (sic), literalmente.  É escândalo sexual atrás (sic de novo) do outro.
O que eu não entendo bem é essa história de vítima de agressão sexual. É um tipo de estupro ou se trata de um sexo consentido, mas seguido de agressão? Nesse mundo politicamente correto, fica difícil entender o que querem dizer de vez em quando. Outra coisa que não entendo é o foco. Sexo é bom! Ninguém pensa diferente (acho que não), mas há um monte de outras coisas na vida bem boas, viu! E como passar do tempo, não perdemos o interesse por sexo, mas a maturidade vai abrandando aquele tesão descontrolado da juventude. Começamos a gostar de sexo, mas o que carregamos no meio das pernas não é mais o centro do universo, faz parte do universo, mas não é o centro.
Aí, dois homens plenos de poder, ricos, com milhões de coisas para lhes dar prazer também se envolvem em um escândalo meio adolescente. Um fazendo suruba com prostitutas novinhas, outro tentando dar uns pegas à força numa camareira de hotel...? Esses coroas são um perigo! Apertem os cintos, os velhinhos piraram.

P.S.: E ainda tem vaga especial para estacionar e não pegam fila no banco e no mercado. 
Sabe de uma coisa... Acho que quero ficar velho logo. 

sábado, 14 de maio de 2011

Ter nome estranho é estranho

Se ter nome estranho, não deixa de ser estranho ter nome normal escrito de forma estranha. Explico. Na minha profissão, lido com listas de nomes  diferentes a cada semestre. Vejo nomes os mais esdrúxulos possíveis e fico pensando como deve ser passar a vida inteira ouvindo as pessoas dizerem “hã?” depois de ouvirem seus nomes.  Além de ter que ouvir as comparações mais bizarras possíveis do seu nome com alguma coisa.
- Como você se chama? 
- Danone. 
- hã? Igual ao iogurte?

- Qual é o seu nome?
- Exaustor.
- Hã? Exaustor igual ao da cozinha.
- Não. Aquilo é exaustor. Eu sou egzáustor.
- hã.

Aí você pensa: deve ter sido gravidez indesejada. Ninguém coloca um nome desse por inspiração em um filho. Mas de lista de nomes esquisitos o mundo está cheio. O que me chama a atenção atualmente são os nomes básicos que as pessoas complicam só para parecer esquisito. Acho que isso vem de uma necessidade absurda de ser diferente. O que também cria um constrangimento para o cara passar a vida toda explicando como que se escreve o nome dele.
- Como é o seu nome?
- Ana. Mas, por favor, com dois N e H no fim.

- Como você se chama?
- Claudio com K, dois L e Y.

Caramba!!!
Meus dois filhos se chamam Daniel e Bruno. Pensei em nomes bem simples para não gerar quase possibilidade nenhuma de estragar o nome dos meninos e forçá-los a passarem a vida toda tendo que explicar como se escrevem seus nomes.
Cuidado apropriado já que a mãe chama Camilla com dois L.