segunda-feira, 14 de março de 2011

Tsunami no Brasil: cada um tem o desastre natural que lhe reservam

Até agora a estimativa de mortes no Japão é de mais de 3000 pessoas entre vítimas do tsunami e do terremoto em si. Digamos que a contagem final chegue a umas 10 ou 20 mil pessoas numa perspectiva pessimista. Nada se compara ao desastre das centenas de milhares de pessoas que morrem todos os anos no Brasil porque não recebem tratamento médico adequado, em acidentes de trânsito por falta de leis que sejam cumpridas como devem ser ou em tantas situações que refletem que criamos uma classe política que se preocupa, primeiramente, em enriquecer e fazer o mesmo aos seus e depois em criar estratégias para se perpetuar no poder.
Diriam que somos culpados e temos os políticos que merecemos, pois nós os elegemos. Nós quem? Com certeza, se está falando da legião de miseráveis que sobrevive aos trancos e barrancos com as bolsas governamentais que objetivam a manutenção da miséria útil, aquele que mantém o coma, mas não deixa doente morrer.
Seria interessante saber uma estatística das mortes diretas e indiretas que nossos políticos assinam embaixo quando só defendem leis que atendem aos seus interesses e ignoram a missão de representar o povo que os elegeu.
A ideia é exatamente essa, cada um tem o tsunami que lhe cabe. No Brasil, um desastre, mas nada natural.

sábado, 12 de março de 2011

O segundo melhor ator coadjuvante da própria vida

Ariovaldo sempre fez figuração na própria vida. Foi amigo do garoto que ficou rico, foi colega daquele que virou jogador famoso, sentou ao lado do homem que apareceu na TV. Faz faculdade que escolheram para ele e conseguiu o primeiro emprego porque seu pai ajeitou  no escritório de um amigo. Casou com uma mulher que já tinha filhos feitos por outro e não animou de fazer os seus. Torcia para um time que sempre comemorava o vice campeonato todo ano. Na única oportunidade que teve de disputar uma corrida chegou em segundo, mas o terceiro era um manco que serviu como exemplo de superação e apagou sua façanha. Na loteria acertou quase todos os números quase sempre e quando acertou dividiu o prêmio com mais um milhão e meio de acertadores. Ganhou 20 reais de prêmio, apostou de novo, e perdeu os 20 reais. Um dia, atravessando a rua em que passava um carro de bombeiro para apagar um incêndio imenso, distraiu-se e foi atropelado. Não pelo caminhão, mas por uma bicicleta que seguia na contramão. Bateu a cabeça e morreu. 
No céu, foi recebido por São Pedro com a chave que foi entregue ao homem que vinha logo atrás dele e a ele, o título de segundo melhor ator coadjuvante na própria vida.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Todo altruísta ao extremo acaba se tornando um egoísta.

Conheci algumas pessoas na minha vida que eram tão altruístas que chegavam a ser egoístas. Pessoas que colocavam tão acima o ideal coletivo que sacrificaram a sua vida pessoal, a vida de sua família e mesmo o seu trabalho. Isso porque um dia assumiram para si a missão de salvar o mundo e esqueceram que o mundo começa a ser salvo quando conseguimos resguardar o nosso mundo. Não se trata de egoísmos, trata-se de equilíbrio nas forças, pois mesmo o altruísmo em excesso nos faz egoístas e acabamos descuidando de filhos, amigos, esposa e tantas outras pessoas que não optaram por assumir nossos ideais, mas que precisam de nossa atenção tanto quanto os outros.
Muitos colegas que conheci no meio acadêmico alegavam dedicar suas vidas à pesquisa, ao conhecimento, ao ensino e acabavam deixando de completamente lado a família, os amigos, mulher e filhos. Altruísmo? Não. Egoísmo, pois quando se faz uma escolha dessa natureza só se pensa em si mesmo e esquece que nossas decisões são norteadas por variáveis que não mais nos pertencem. E onde fica a liberdade? 
Certa vez, li que liberdade é uma mentira, pois liberdade é o direito de escolher em que prisão queremos viver. Podemos escolher, o que não podemos é fazer com que nossas escolhas se tornem a prisão compulsória de outros que dependem de nós.

sábado, 5 de março de 2011

O inusitado do inusitado, colocando toda uma geração a perder

Minha profissão me traz coisas interessantes e quando acho que já vi de tudo, sempre tem um pouco mais para se ver. Quando acho que esgotou o repertório de coisas esdrúxulas, eis que vem sempre mais uma. Sou professor e diretor em uma instituição de ensino superior. Lido com alunos de diversos níveis sociais e origens e o que mais me chama a atenção é como estamos educando uma classe média alta que chega aos cursos para aqueles de maior poder aquisitivo.
Encaram jogar tinta e intoxicar um colega que vai parar no hospital como normal, uma brincadeira. Veem como uma farra saudável (sic) passar fezes e urina com água de esgoto na cara dos calouros, pois é assim mesmo que se faz com quem entra. Acham bacana ameaçar alunos novos de agressão exigindo dinheiro... Acham a barbárie normal e parte da sociedade. Roubar e extorquir é parte da tradição.
Entender isso demanda entender a origem desses alunos. Não é raro o caso de pais que vem aos diretores pedir o que se pode fazer pelo seu filho que ficou reprovado porque apesar de só estudar e ter dinheiro dos pais à vontade, além de, normalmente, um carro novo, não consegue fazer com o mínimo de decência e dignidade a única tarefa que lhe compete na vida, naquele momemnto, e ficam reprovados ou em dependência. Entendo isso como algo ligado a duas razões: falta de caráter, pois não dá valor a oportunidade que tem ou burrice mesmo. Qualquer uma das duas o deveria excluir do lugar que ocupa.
Já vi situações de pais que foram atrás de policiais para oferecer dinheiro para não autuar os filhos por algum crime num insensato ato de demonstração de que a lei é para o pobres, a eles, filhos do dinheiro, tudo pode. Essa é a elite de nosso pais, os futuros médicos, dentistas, veterinários.... Lamentavelmente, assisto a essa nau de insensatos impotente, com a depressão dos que veem as coisas rumarem para o pior dos caminhos.

quarta-feira, 2 de março de 2011

O mais legal do carnaval é que quem viu um, viu todos

Se a gente pegar um vídeo do carnaval da Bahia, do Rio e de qualquer lugar de há dez anos atrás passa por uma festa desse ano ou de qualquer ano. As reportagens no jornal Hoje de como curar ressaca com opinião de médicos e nutricionistas são as mesmas. Só mudam as caras... As notícias do carnaval de Pernambuco com gente balançando sombrinhas e bonecos gigantes cujas histórias são repetidas todo ano outro vez, de novo.
O carnaval de São Paulo se contentando em ser uma espécie de série B em relação ao Rio e as TVs mais underground (tipo Rede TV) transmitindo aqueles bailes esquisitos com gente famosa e gente que quer ser famosa pegando algum famoso.
E os comentários técnicos dos desfiles de escolas de samba no Rio feitos direto do sambódromo? O que é aquilo gente? Passar a noite toda descrevendo desfile de escola de samba é um castigo que só não é pior do que passar a noite toda ouvindo alguém descrever escola de samba.
No fim, o balanço do feriadão com o número de mortos nas estradas federais e estaduais... Enfim, começa o ano e voltamos a nossa programação normal.
Sou eu que envelheci ou esse troço é um saco mesmo?

P.S.: É impressão minha ou esse cara da foto está pegando o maior travesti pensando que é mulher?

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Precisamos passar por experiências idênticas para aprender?

Dizem que inteligente é quem aprende com os próprios erros e sábio é aquele que aprende com os erros dos outros. Escrevo isso por causa de um comentário de uma amiga de internet (Luisa) deixado no Saco de filó, outro dia, e que me fez pensar bastante. Dentre as palavras dela, uma frase me chamou atenção: "...é preciso passarmos por muitas experiências idênticas, para termos consciência..."
Pensei nisso, várias vezes no dia e constatei que é fato. Experiências são repetidas em sua essência. Não creio haver mais do que 2 ou 3 experiências diferentes em toda a vida quando se trata de sua essência. A traição, a mentira, o logro, a dano pessoal são formas de variantes de uma mesma ideia, tudo gira mais ou menos interligado entre si. Quando caímos no mesmo erro é porque ignoramos que, na essência, esse engano era igual ao outro que acabamos de cometer.
E a vida é engraçada, pois nos expõe repetidamente ao estímulo para que se fixe o entendimento. E quando superamos e achamos que cessou o processo, reinicia-se com uma nova variável do mesmo fato. Como se nos dissesse: olha, isso também pode acontecer do mesmo jeito por esse caminho, entendeu?
Sim. Entendemos. Só isso?
Não. Respire fundo que daqui a pouco tem mais. Uma (ou várias) oportunidades de aprender em um mesmo dia. Todas elas somadas nos dão a leitura do mundo e das coisas que são realmente relevantes durante essa curta passagem por aqui.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Seios, peitos e outras coisas que tiram a atenção

A relação dos homens com os seios é a mais primitiva que existe. Ela remonta o primeiro contato que temos com a ideia de alimento e proteção assim que nascemos. Logo nos primeiros dias de vida e durante algum tempo, aquela coisa redonda com um mamilo no meio é a nossa razão de viver. Acordamos e dormimos, muitas vezes com a boca aberta e grudados nos seios. É o nosso primeiro prazer intenso
O tempo passa e começamos a entender que há coisas mais gostosas do que leite de peito, Nescau, por exemplo. O peito perde o sentido de alimento, mas continuamos repousando a cabeça nele quando queremos consolo da mãe.
Na adolescência, aquelas belas montanhas são símbolos do prazer ainda intocável. Nas capas das revistas masculinas, seios aos montes atraem os olhares da macharia. O foco é outro, mas a essência é a mesmo, o prazer. As mulheres exibem seus seios com ou sem silicone, símbolo máximo das fêmeas da nossa espécie como se dissessem: veja! Sou uma boa fêmea. Posso oferecer conforto e prazer como sua mãe o fazia, mas dessa vez, muito melhor.
E os olhos do homem mergulham nos decotes de verão passam na sua frente. São olhares gulosos, mas não indecentes, são olhares que nasceram em um desejo inconsciente(hoje), mas que nasceu junto com o seu primeiro choro.
Dessa forma, mulheres, não esperem que os seus decotes passem despercebidos por algum homem. Por mais que você não note, sempre há alguns olhares que roubam um pedaço dos seus dotes.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A milenar arte de contornar o incontornável

Lidar com gente que é essencialmente "do contra" é uma arte, vale uns 10 pontos no ranking para ir ao céu. Se o cara é seu superior hierárquico na empresa e você é obrigado a praticar essa arte todos os dias, o fator paciência lhe garante mais 1500 pontos, o que em termos de pontuação para ir ao céu já lhe garante uma vaguinha certa perto da casa de algum santo ou no mesmo condomínio em que Jesus tem casa de praia. Daí surgirem as estratégias para contornar o incontornável. Se você quer que uma coisa saia, diga que aquilo não é importante e não precisa sair... para contrariar e fazer valer a autoridade, ele dirá que é importante e precisa sair o mais breve. Pronto! A ideia era implantar determinada coisa, está feita. Se você cair na besteira de enfatizar a importância, aquilo não vai sair, porque ele não foi o autor da consideração. Chamo a isso de síndrome de Julien (o rei lêmure da desenho Pinguins de Madagascar). 
Outra estratégia é a ação do espelho. Construa um discurso de modo que a sua estrutura remeta sutilmente ao fato de que foi ele quem deu a ideia e, no final, utilize um mesmo tempo gasto no discurso para elogiar as intercessões dele no projeto (mesmo que toscas e irrelevantes). Faça o discurso parecer que é dele. Engolido pela própria vaidade, ele vai se empenhar na execução das coisas, pois é como um filho para ele ou uma gueixa a lhe acariciar e massagear seu ego.

Conclusão: Contornar o incontornável é difícil, mas sempre temos a nosso favor a vaidade que emburrece e cega.
Tenha uma boa semana!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Tirar o jovem da rua não resolve problema nenhum, só adia.

Tenho visto alguns programas do governo que dão uma bolsa e algumas ocupações para o jovem durante o dia. Acho louvável iniciativas dessa natureza, mas me pergunto até que ponto são efetivas para resolver o problema. Se vejo essas ações de um lado, pouco vejo por parte do mesmo provedor algo no sentido de capacitar, dar uma profissão, inserir no mercado de trabalho por meio de programas de estágio e de aprendizes. Vai lá uma iniciativa ou outra, mas os programas assistencialistas não se integram bem com isso. 
Parece-me que a preocupação é mais em atender o imediato do que pensar o jovem para os próximo 5 a 10 anos. Não gosto disso. Não vejo efeito nem boas intenções nesses programas.
Todo vez que escrevo sobre isso no saco de filó (Leia a postagem sobre o bolsa família para entender melhor) sempre vem alguém ligado a militância do partido do governo dizer que não é bem assim, que o projeto prevê isso e se não está sendo feito na minha cidade, eu deveria denunciar (EU??), mas o fato é que, pelo jeito, não está sendo feito na minha cidade nem nas cidades da pessoas que conheço. Talvez eu não conheça pessoas o suficiente, talvez não conheça cidades o suficiente, talvez eu não tenha aprendido a ser hipócrita o suficiente, talvez...
Essa coisa de dar bolsa e "ocupações" para o jovem que não sejam focadas em um planejamento de geração de renda de 5 a 10 para se obter resultado me parece uma enganação que traz muito mais más do que boas intenções.