quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Tenho preguiça de discordar de você

Quando somos adolescentes, discordamos até daquilo com que concordamos só para ter o prazer de discordar. Com o tempo, perdemos essa mania de achar cabelo em ovo o tempo todo. É uma necessidade de auto-afirmação característica da idade. Claro que alguns não superam isso e passam a vida inteira agindo com se fossem adolescentes, mas isso já é a tal da síndrome de Peter Pan.
O fato é que admito que, hoje, tenho uma preguiça enorme de discordar. Argumentar, falar, buscar ponto de base para seu raciocínio, aguardar que o outro entenda, conduzir a lógica da argumentação... enfim, se não for algo que pague as minhas contas. Desisto antes de começar e concordo para não esticar a conversa. Muitas vezes, minha concordância vem expressa num silêncio sepulcral e uma onomatopéia sem nenhum sentido do tipo: éééé.... Não se trata do verbo ser, é simplesmente: éééé..... com um ar desanimado e que vai se esvaindo preguiçosamente nos pouco segundos que tem de vida.
Se opinião da pessoa é algo estapafúrdia a ponto de comprometer a sua reputação ou reputação de outro, penso qual o grau de comprometimento que eu tenho com essa pessoa. Se esse grau for suficiente para eu abrir mão de meu silêncio (e de minha onomatopéia preguiçosa) eu tento mostra a ela que existem outras maneiras de ver a mesma coisa. Se ela insistir no equívoco, desisto e solto o meu célebre e definitivo: ééé...
Não preciso (e nem quero) convencer ninguém de que uma religião é melhor do que a outra, de que um partido é melhor do que o outro, de que essa filosofia é melhor do que aquela. Não quero te convencer de nada, nem mesmo de que essa minha maneira de ver as coisas é a melhor.
Bom, se você concorda comigo, fico feliz de encontrar alguém que já se cansou também de bater boca. Se não concorda comigo...
Ééé....

sábado, 8 de janeiro de 2011

A gente faz M... é nas coisas simples

Cheguei a conclusão disso quando percebi que as últimas cagadas que fiz foram em coisas simples como um adoçar um café, estacionar o carro e coisas do gênero. A Changeller explodiu por causa de um anel de vedação que deu problema e não porque esqueceram ver se vazava combustível ou não. Isso todo mundo checa, mas anelzinho de vedação que vai falhar só depois que voa não, ninguém checa. (Mas deveria, né)
Às vezes, damos show de perícia no volante durante um dia todo, mas na hora de estacionar, botamos tudo a perder quando damos uma "lenhada" do para-lama  na pilastra ou uma arranhada brava da roda de liga leve no meio fio. Pronto. O sentimento de culpa nos bate e nos sentimos o mais incompetente dos motoristas do mundo.
O fato é que quando uma ação se torna banal, desligamos o controle de qualidade e agimos com base no piloto automático. Daí as grandes cagadas. Veja os motoristas de táxi, ônibus e caminhão, por exemplo. Fazem a mesma coisa todos os dias, daí, mais propensos as mesmas cagadas todos os dias.
Até que tento dar um ar especial para para as ações a fim de que saiam bem feitas, mas é difícil ficar atento e ansioso para estacionar o carro ou colocar a quantidade certa de açúcar e café na xícara para não entornar. Ninguém fica ansioso para isso. Fica?
Entretanto, uma coisa eu aprendi. A única maneira de não bater aquela neurose do "será que eu fechei a porta" é tornar aquilo um ato único. Olhe para a maçaneta, introduza a chave, gire e retire. Veja cada momento. Faça prestando atenção e não automaticamente. 
Não tem erro. Entretanto, se você ainda tiver dúvida se fechou a porta, aí , meu amigo, vai se tratar que seu caso extrapola os parâmetros da normalidade.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Empatia é sintonizar na alma do outro

É impressionante como há pessoas que não conseguem ficar felizes ou mesmo empáticos ao que de bom acontece ao outro. Quando ouvem uma coisa que, de alguma forma, fez bem ao que lhe é próximo. Sentem uma raiva disfarçada e um rancor que escorre por palavras como: enquanto você estava assim, eu estava assim.. bem pior. Ou você faz assim, mas para mim as coisas são assim. 
São pessoas, muitas vezes, inteligentes que são incapazes de dizer: nossa, que bom! Fico feliz por você.
Nunca entendi esse rancor de algumas pessoas, mas tive grandes lições com as com que convivi na minha vida. A principal é a de aprender a ficar feliz com a felicidade do outro. Aprendi que se o outro compartilha algo comigo e traz em suas palavras alguma satisfação, essa satisfação me contamina e fico satisfeito também.
Ficar feliz com as próprias conquistas é muito fácil. Exercício de vida é se abrir para ficar feliz com as conquistas dos outros.
Penso que a estrada de todos nós é longa, mas levo numa boa que, se ainda há muita ladeira para eu subir, essa pelo menos eu já deixei para trás.
Bem para trás.
Feliz 2011! Para todos nós.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Senso incomum nacional - reveillon!

Senso comum é, como todos já devem saber, a ideia de que uma coisa vale para todos sempre ao mesmo tempo. Todo brasileiro gosta de futebol e samba, todo baiano come acarajé, todo nordestino adora forró, todo carioca vive na praia, todo paulista só sabe trabalhar e ir para Praia Grande nos feriados. 
Acreditem! Compactuar com esse pensamento é desistir de pensar por conta própria. Digo isso pois sou vítima de um senso comum terrível. Festa boa é aquele cheia de gente, muita bebida e música alta. Odeio muvucas, música alta e gente embriagada falando cuspindo. Ou seja, odeio reveillon e carnaval.
E digo ainda que o reveillon é pior, pois vem gente que você nunca viu te beijar, abraçar e dar feliz ano novo com se te conhecessem há anos. E a contagem regressiva... que coisa escrota! Estamos em horário de verão.. Conto quando? Uma hora depois para ficar mais certinho? E aquele montoeira de gente colorida acreditando fielmente que branco traz paz, calcinha vermelha traz paixão, roupa amarela traz dinheiro... Olha só pessoal: branco suja fácil, calcinha vermelha é lingerie de pomba-gira e amarelo vai te deixar igual a um sinal luminoso já que é a cor mais visualizável pelo olho humano. No mais, nada muda.
E o show da virada.. cara, que merda é aquela todo ano igual cheia de música baiana e conjuntinhos "teen" que fizeram sucesso no ano que terminou? E afinal de contas, quantas Ivetes Sangalos possui a Bahia? O estado que mais produz "Ivetes Sangalos" no mundo...
De uns anos para cá, muitos hotéis fazendas e locais de turismo do gênero estão produzindo pacotes para esse público com aversão ao senso comum. Ou seja, sem música alta, sem bebedeira, sem muvuca.. com muita tranquilidade, espaço para crianças, natureza... coisas do gênero.
Sinto-me como o Brasil em 1500.. acabo de ser descoberto. 


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Daniel e a água

Às vezes, a ingenuidade de um comentário diz tudo que seria politicamente incorreto expressar em mil palavras. Meu filho (quase 3 anos) costuma sentar ao meu lado para ver TV. E fica lá, quietinho, até durante os comerciais. Ele, que gosta muito de água (praia, piscina..), ficava sempre prestando atenção naqueles comerciais que promovem as afiliadas da Globo pelo Brasil. Em um comercial, tocava uma musiquinha regional chatíssima e só mostrava lago, rio, praia de rio, mais lago, mais praia de rio... só isso. Cada vez que aparecia, ele dizia: papai, água... aparecia outra vez um rio e ele repetia. Lá pelas tantas, ele, que já só tinha visto e repetido água para descrever a cena, olha para mim e em tom de pergunta: papai, água? Como quem diz: água de novo, nesse raio de lugar só tem água?
É... Três anos é pouco para explicar para ele que sim. Só tem água.
Ah.. e que dá um prejuízo milionário para a federação manter um estado que arrecada tão menos do que custa.
Mas isso ele vai ter tempo para entender melhor.

É, filho, só tem água..


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Dez considerações sobre o natal

1. Tem um lado ruim: tem Simone e Roberto Carlos; Mas tem um lado bom, a certeza de que só ouviremos falar em Simone e Roberto Carlos daqui a um ano.
2. Papai Noel com barba falsa e enchimento de travesseiro me deprime desde a mais tenra infância.
3. Simone cantando "deixei meu sapatinho(?) na janela do quintal" é definitivamente, piada pronta de fim ano. Dá para o papai noel deixar um ônibus no sapatinho dela.
4. Amigos ocultos significam ganhar presentes vagabundos como agendinhas de bolso
5. Confraternização de empresa: oportunidade única de se reunir fraternalmente com que fez fofoca, inventou história e te sacaneou o ano inteiro.
6. Em reuniões de família grande é a ocasião única de ver quem progrediu e quem fracassou durante o ano com base no carro que estacionaram na porta do local de reunião.
7. Eterna dúvida: Jesus ganhava dois presentes mais ou menos ou um presente bom valendo pelos dois?
8. Reportagens sobre o excesso de comidas no Natal, sobre como fazer um ceia gastando pouco, sobre compras de presentes de última hora... eita televisão criativa a nossa! Há décadas fazendo a mesma coisa.
9.Scraps disparados aos montes no seu orkut com a mesma mensagem igual para todos... Fala sério, alguém se sente lembrado com esses "FW para todos de sua lista"?
10. Troca de presentes e pessoas pensando quanto custo o que recebeu e quanto custou o que deu para dali extrair uma relação de superávit ou déficit.

Mas ainda assim, adoro Natal. Momento de lembrar daquele que veio para nos salvar: 
O décimo terceiro.


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O intermediário do chefe - o caminho mais curto entre o céu e a terra

Pouca gente se dá conta que, em toda empresa, há uma figura digna de menção nos anais do mundo corporativo, o intermediário do chefe. Ele funciona assim como uma espécie de santo que opera os pedidos que lhe fazemos junto ao Senhor Todo Poderoso que fez o céu, a terra e paga os salários de todos nós. Amém.
Ele não pode ser caracterizado como um puxa-saco. É muito simplista essa visão. Ele é muito mais do que isso, é aquele que fala com o chefe. Aquele que comunica as boas e más notícias, que oferece as boas ideias que lhe dão como se dele tivessem brotado. Esse é o emissário de tudo. Se queremos fazer um pedido, fazemo-lo ao emissário e ele passará ao chefe em uma língua que vai além da nossa capacidade de mortal de entender. 
Ele traduz nossos anseios, transfere nossos questionamentos e esperamos seu retorno do Olimpo de onde ele chega com as boas novas escritas ou faladas. Como Moisés que retorna do monte com os mandamentos escritos em pedra. Se perguntamos a ele: - falou aquele assunto com o chefe?
Ele nos olha com benevolência e piedade face a nossa condição de mortal e diz: - infelizmente, não foi dessa vez. Não houve oportunidade.
E retornamos para nossa mesa com a questão pendente enquanto o intermediário do chefe, esse ser que domina a língua dos homens e dos anjos, repousa em sua mesa e mantém devidamente afastado do chefe todo aquele que queira burlar a ordem natural das espécies e se atreva a dirigir a palavra ao grande líder.
Toda empresa tem isso. É impressionante.


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Xuxa satânica, punhal do Fofão e outras lendas urbanas


Sem saudosismo da aurora da minha vida (ao estilo de Bilac), mas sabe que, em face ao que tenho visto no novo universo de lendas urbanas, sinto uma ponta de nostalgia. Tempos em que tínhamos medo da loira do banheiro. O quê? Você nunca ouviu falar da loira de branco que aparecia no banheiro da escola? Tinha sempre um colega do vizinho do primo de alguém que deu de cara com ela.
Sempre achei que ela fosse parente de uma outra loira que dançou a noite toda com um cara e quando ele a levou para casa... Pasmem: ela morava no cemitério... brrr Caramba! Desse cara nunca mais se obteve notícias... Como ficaram sabendo da história então? Isso é a outra parte do mistério.
Na cidade onde nasci, os mais antigos juravam que um tal seu fulano, filho de dona sicrana, há muito tempo atrás fez pacto com o tinhoso e, nas noites de lua cheia, virava lobisomem. Tem até quem o visse com fio de roupa de vítima preso no dente durante o dia enquanto exibia sua aparência pálida, magra e soturna. Tudo isso somado aos maus hábitos de higiene bucal, é claro.
Na minha adolescência, dezenas de pessoas juravam que o disco da Xuxa, quando ouvido em um volume alto, ao contrário trazia palavras de adoração ao diabo. Nossa, a loirinha fez um pacto com o cão... por isso aquele sucesso todo! Huummm fazia sentido... Eu mesmo, quando a ouvi cantando Ilariê sentia um desejo incontrolável para mandá-la para o os quintos dos infernos... Deve ser isso então. Explicado. E o boneco do Fofão que trazia um punhal para rituais satânicos dentro dele: uma espécie de kit para magia negra. Quantos bonecos do fofão não foram destroçados só para saber se havia o tal punhal.
Eu nunca vi um desses, mas soube do primo de um colega do vizinho de um colega de sala meu que pegou o punhal e ficou transtornado, possuído. Por precaução, eu e um amigo deixamos o Fofão da irmã dele intacto. Não se brinca com essas coisas.
Hoje, temos os catadores de órgãos, os injetores de vírus, os perfumadores loucos, os vendedores de órgão de criancinhas que andam em Kombis, sem falar na nas apavorantes correntes de internet...
Sei lá... o pessoal pega pesado hoje.
Eu queria mesmo era um mega embate: um molequinho transtornado com o punhal do Fofão contra a Loira do banheiro... assim, transmitido pela ESPN e pela Sport TV.
Direto do Banheiro da escola.

Êta!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Grife com nome de doença dá marketing

Toda vez que eu vejo a propaganda de uma grife chamada Disritmia, eu fico pensando: caramba! Não se trata de uma doença isso? Na verdade, sim, Disritmia é um distúrbio de ritmo cerebral ou cardíaco, por exemplo. Nessa história, eu fico pensando: Já pensou se essa moda pega? É. Colocar nome de doenças/distúrbios em grifes da moda. Teríamos situações inusitadas como duas garotas conversando assim:

- Você viu aquela calça da Epilepsia?
- Aí, amiga, eu vi. Fiquei babando.
- Nossa, quando eu vi no shopping, eu tive um ataque.
- E as blusinha da Esquizofrenia?
- Nossa, achei uma loucura.
- E a sandália da Afasia?
- ... [sem palavras]
- Mas ir ao shopping sem grana é fogo, né?!
- ?
- Só tive grana para comprar uma calça da Diarréia
- Aí, que merda!

***

Enquanto isso, no SP Fashion week, os estilistas desfilam as tendências que iremos usar amanhã...
...nos hospícios e centros de apoio psiquiátrico