sexta-feira, 3 de maio de 2013

Todo político sempre deseja o bem estar do povo


Nunca tive dúvidas de que qualquer político, mesmo os mais vis e torpes representantes do povo(??) deseje o bem estar das pessoas. Até porque isso lhes daria mais tempo no poder. Segundo Maquiavel, o fim das ações de quem está no poder é fazer tudo para continuar no poder (independente do que seja o "tudo").
Entretanto, esses mesmos políticos não atingem esse objetivo por duas razões muitos simples: falta-lhes competência e tempo. Competência para colocar em ação os projetos, pois para chegar aonde chegaram precisam fazer pactos com deus e o diabo e, quando assumem, o seu raio de ação é pouco para pagar as contas que herdou para a eternidade. São obrigados a nomear em compensação dos favores ($$) que obtiveram para realizar suas campanhas, são obrigados a seguir as regras de quem bancou seus panfletos, afinal, se não o fizerem, podem desistir de um segundo mandato.
Falta-lhes tempo também, pois 4 anos é muito pouco tempo para que possam enriquecer a si mesmo e aos seus, costurar acordos que compensem aos que o fizeram chegar ali e que o manterão também no poder, driblar imprensa (ou comprá-la. O que é mais usual), driblar a justiça (ou comprá-la. O que é também mais usual) e armar todos os conchavos que permitam a eles uma vida de rei durante e depois do mandato. Em meio a uma agenda tão atribulada, que tempo existe para fazer alguma coisa a mais?
Entendemos as Vossas Excelências e pedimos desculpa se alguma vez os acuamos por decisões de interesse do povo. Lamentamos que nossa intromissão desconhecesse seus limites humanos e sua agenda de trabalho. Perdoia-nos, pois, quando votamos, não sabemos o fazemos.
Não sabemos mesmo.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Quanto vale o profissional?


Outro dia um colega do curso de enfermagem, onde leciono comunicação e expressão, estava indignado. Ele dizia ter um processo trabalhista contra determinada empresa e que o advogado lhe cobrara 30% do que ele iria receber e explicou que isso era padrão. Dias depois o advogado lhe procurou para pedir se ele conseguia uns exames para ele (o advogado), obviamente, de graça. Ele não pensou duas vezes e disse:
- Olha, de graça não dá. Mas o que eu posso fazer é o seguinte: uma pessoa normal tem 70 quilos, você tem uns 110, eu faço um cálculo proporcional e te cobro com base no que uma pessoa do seu peso pagaria.
Ao que o advogado retrucou:
Ué, mas não é o mesmo exame?
E ele respondeu:
- Sim.. mas não era o mesmo processo?

Na verdade, não fica uma crítica ao advogado, mas um questionamento de quão pouco a saúde e a educação valem nesse país. Imagina se o professor cobrasse em função da limitação do aluno. Olha, você sabe muito pouco do conteúdo, vou ter que cobrar mais caro. Claro que seria um absurdo, mas a questão é: Por que dois setores de vital importância em uma sociedade são tão desmerecidos?
São quarenta anos de estrada e sinto-me seguro para dizer que educação e saúde são as duas coisas mais esculhambadas nesse país.
São temáticas bissextas... aparecem de quatro em quatro anos e logo desaparecem para reaparecer daqui a 4 anos.

Nível federal, estadual e municipal... Brasil , alcançando a isonomia da esculhambação!

domingo, 17 de março de 2013

Nosso desgaste de cada dia... o desnecessário permanente.


Gosto de me reler. Olhar para trás e tentar ver tudo pelo que lutei e avaliar o quanto cada gota de suor valeu a pena ou não. Nesse processo, mergulho numa viagem de critérios e julgamentos pessoais para constatar quase sempre a mesma coisa: muito pouca coisa vale a pena.
As discussões que poderiam ser evitadas, as desavenças que poderiam ser contornadas, os dissabores que custaram a dissolver na boca. Tudo isso, fruto de uma necessidade estranha de nos posicionar, ou de posicionar as coisas em um mundo em que tudo assume a ordem decorrente do balanço da terra. Você pode até colocar no lugar, mas quando girar, muda tudo.
Hoje entendo melhor as pessoas e fico assistindo às lutas tão iguais e tão diferentes das minhas. Penso que eu poderia dizer o quanto aquilo não vale a pena, mas entendo que, assim como aconteceu comigo, só o tempo faz entender.
Atualmente, penso muito nisso toda vez que vejo esse embate entre religiosos e grupo de defesas dos direitos dos homossexuais e simpatizantes da causa. Não me encontro em nenhuma das duas categorias e, por isso, consigo ver a questão de ângulo claro o suficiente para afirmar: quanta perda de energia, quanto desgaste desnecessário… E, quanto tempo será necessário para que percebam isso?

Que tal cada um na sua cuidando de sua vida e seguindo em frente cada um com seu "cada um"? Um declaração simples:


Religiosos: Olha gente, a gente não concorda com o que vocês fazem, mas como cada um sabe de si, então, vamos seguir em frente gastar energia com o que é realmente importante. Deixa quieto.

Grupos GLBT: Pois é. Não restringindo nosso direito como cidadão. Tudo bem. Vocês podem pensar o que quiserem ainda que não concordemos em nada com isso.

Pronto. Resolvido.


As pessoas não fazem ideia de como essa existência é curta... Mas farão um dia. E, nesse turbilhão todo, sempre fico pensando quanto de coisas que não valem a pena tenho eu vivido agora e que só o tempo vai me mostrar.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Feliz "seu" dia! Feliz "nosso" dia....

Não sei até que ponto os dias comemorativos servem para alguma coisa além das mensagens no facebook e nas reportagens de TV. Acho legal dia dos pais, da mulher, dos avós, das crianças, do amigo,  dos idosos, dos professores. Enfim, acho bacana parar e dar parabéns com um post na rede social ou com uma propaganda na TV, mas sabe que meu sonho mesmo é um mundo em que todo dia é dia de todos, da mulher, das crianças, dos adultos, dos gays, dos heteros, dos negros e dos brancos, dos amigos, porque, na verdade, todo dia era para ser de todos. Todo dia era dia de ser celebrada a diversidade, o respeito ao próximo, a dignidade, o valor de cada um nesse grande tabuleiro da vida.
Nesse dia, nós nos olharíamos nas ruas e abriríamos um grande sorriso como se disséssemos ao nosso colega que passa: feliz seu dia e obrigado por contribuir para que o mundo em que vivemos seja cada vez um mundo mais humano. É um sonho... e, como dizia o poeta, podem dizer que sou um sonhador, mas não sou o único e espero que um dia você se junte a nós. 
Por enquanto ficamos com as celebrações isoladas que ilustram o nosso egoísmo, mas que sempre servem para lembrar o quanto temos que melhorar como pessoas. Antes de abrir alguma crítica a essa humilde reflexão fiquem sabendo que não quero que acabem os dias comemorativos. Só quero que eles sejam sinceros, verdadeiros e aconteçam todos dias.

sexta-feira, 1 de março de 2013

A blogueira, Deus-Fidel e a liberdade esquecida

Passei por uma banca da rodoviária no Rio na quarta-feira e vi a capa da VEJA. Sim. Eu vi a capa da veja e confesso ainda que isso coloque minha credibilidade intelectual toda por terra uma vez que vivemos em uma época que, para ser intelectual e politizado, basta dizer que se odeia a VEJA. Não precisa ser nem alfabetizado direito, basta dizer: odeio a VEJA. Mas eu pequei e li a capa da VEJA. Mea culpa, mea culpa... Se disser odeio a Globo, então... Garante uma coluna em um jornalzinho universitário com título sugestivo tipo "luta vermelha" com foicinha e martelinho. Ah sim.. Que pode ser visualizado no iPad. Atroz contradição.
A reportagem principal trata da blogueira cubana Yoani Sánchez com o título A BLOGUEIRA QUE ASSUSTA A TIRANIA. Essa mulher ficou conhecida mundialmente por denunciar as mazelas do regime cubano, um regime político que é visto pela esquerda-radical-doutrinária como o novo Eden, tudo é perfeito e o que dá errado por lá é culpa dos EUA. Sem exceções... o inferno são, definitivamente, os outros. 
O que me surpreendeu foi a violência e autoritarismo com que foram feitas as manifestações. Gritos, invasão de sala, restrição de acesso, ou seja, violando-se toda a liberdade de expressão de alguém que cometeu o maior dos crimes: discorda de Deus-Fidel. Para os manifestantes, todo aquele que discorda da verdade absoluta comunista é um agente americano anti-sonho-comunista, mas aquele que concorda garante vaga no panteão dos “santos” da causa vermelha. Um lugar confortável ao lado de Stalin, Trotstky, Lenin, Hugo Chavez e outras entidades desprovidas de todo o erro e pecado. 
As pessoas substituem uma religião por outra e não se dão conta que a que criticam por que cega, é tão nociva quanto a nova que cala. 
Entretanto, eles esqueceram que se fosse lá, em Cuba, o seu paraíso pessoal, uma manifestação como aquela, terminaria em prisão, agressão, repressão e represálias diversas... Questionados sobre isso, alguns manifestantes disseram que, em Cuba, eles não precisariam fazer essa manifestação. 

Isso é verdade, afinal, reprimir quem pede liberdade de expressão, por lá, é monopólio do estado.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Rótulos, para que te quero?


Vejo como é engraçada essa necessidade do ser humano de identificação com alguma coisa, uma ideologia, um grupo, uma tendência, enfim, uma qualquer coisa que o torne diferente, fazendo-o igual aos outros. Eis o grande paradoxo: a buscar da diferenciação sendo cada vez mais igual aos outros.
E batem no peito: sou comunista, sou capitalista, sou ateu, sou cristão, sou negro, sou branco, sou homo, sou hetero, sou um time de futebol, sou X, mas não sou Y. Y são errados de acordo com o que pensam o Xs como eu. Os Xs estão certos por isso sou um X.
As pessoas não esquecem que não somos nada, estamos tudo. Somos um processo e nunca um produto finalizado. Mas mesmo assim, para alimentar sua arrogância continuam batendo no peito e colando seu rótulo favorito. Isso quando não se contentam com ele e dedicam sua vida a enaltecer seu rótulo pela depreciação do outro. O que constitui exercício cotidiano na grande maioria.
Esse é o ponto que em que a prepotência engole a maturidade, pois quanto mais amadurecemos passamos a entender melhor o outro, suas necessidades e dores. Assim como as nossas dores. A maturidade nos dispensa da necessidade de convencer o outro de que o que ele acredite que está errado e de que o que nos acreditamos é o único correto pensar.
O problema é que a vida traz dias e dias só trazem aprendizagem e crescimento quando nos dispomos a recebê-los. A maturidade não é compulsória, é opcional.

Ah sim... antes que me esqueça... O nosso único rótulo legítimo e inalienável é "futura comida de vermes".

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O que vale é a intenção...

Neymar (Jogador de futebol milonário):
 - E aí, gata? Tem compromisso para hoje à noite?
Mulher: - Gente!!!! Lindo... Que sonho! Não acredito. Que gato, dando em cima de mim. Me belisca que eu estou sonhando.

Neymar (o mesmo, mas flanelinha)
- E aí, gata? Tem compromisso para hoje à noite?
Mulher: - Gente!!! Garoto sem noção!!! Com esse cabelo igual a um galinho garnizé... mirradinho. Aff.. sem noção esse menino. Vê se se enxerga, garoto! Não sou pro seu bico não... vai ter que comer muito arroz e feijão. Sem noção...


Moral da história: o que diferencia assédio de cantada é a conta bancária do proponente.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A renúncia do Papa e muito a se pensar....


Há alguns minutos, uma agência de notícias italiana, anunciou que o Papa Bento XVI irá renunciar no final de fevereiro. Se isso for verdade mesmo, o grande líder da igreja católica acabou de ganhar um grande admirador, eu.
O que vi até hoje foram pessoas que, mescladas a "carguinhos" e "titulozinhos" em empresas ou no poder público, eram capazes de mentir, tramar, ludibriar quem quer que fosse, amigos, colegas, parentes, seja quem for, para ficar no cargo com a expectativa do para sempre. Na espera de morrer atrás daquela mesa e de todo o poder que pensa que tem.
O sumo pontíficie abriu mão de tudo. 
Ele declarou, mas seja qual razão for, que é hora de parar uma vez que 85 anos é muita idade para um homem seguir naquela função. E jogou a toalha, o poder, o influência… Talvez se retire para uma casinha em sua terra natal, talvez mude-se para um retiro de clérigos onde poderá passar o resto (e nesse caso não é muito mesmo) de sua existência longe de toda essa luta, ganância, ardilosidade. Talvez, ele tenha cansado, talvez… 
Que nos sirva sempre de lição…
Amem.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Psicologia da culpa - a tragédia do Sul

Ontem, minha esposa comentou comigo que deveria ser imenso o sentimento de culpa que as pessoas que se envolveram na tragédia de Santa Maria deveriam estar sentindo. A seguir, na TV, vinham notas de todas as partes (prefeitura, empresários, pessoas da organização do evento, os caras da banda etc..) repassando a culpa um para o outro e buscando justificativas para isentá-los de qualquer responsabilidade. 
Pois é isso. A culpa é um sentimento secundário. O que prevalece no primeiro momento é o instinto de autopreservação. É o famoso tirar o corpo fora uma vez que estar associado a essa tragédia é uma mancha para o resto da vida e a punição poderá ser dura dada a repercussão mundial do fato. 
Primeiro busca-se a isenção do envolvimento com a tragédia de todas as maneiras legais (e até ilegais) e posteriormente, algumas (e não muitas) pessoas sentem o sentimento de culpa. Eu disse algumas, pois a maioria acaba se convencendo de que foi uma fatalidade que aconteceu com ele, mas que poderia ter acontecido com outro em qualquer lugar e que tudo que ele poderia fazer ele fez. 
E esse raciocínio costuma a amenizar qualquer sentimento de culpa pois, de fato, culpar-se a vida toda por uma fato ocorrido ajuda pouco a resolver o problema. Na verdade, só piora. E munidas todas as partes de bons advogados de defesa, que com certeza não tiveram seus filhos ou entes queridos mortos no incêndio da boate Kiss, eles sairão pela porta da frente e os grandes culpados serão penalizados exemplarmente pela justiça: 

...o porteiro, o homem que vendia amendoim e o servente da boate.

Esses sim... malditos criminosos desalmados que devem pagar por seus delitos!