quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

É difícil ser pai, né, pai?


Outro dia, eu brincava com o meu filho de 4 anos, Daniel, e lá pelas tantas eu perguntei se ele sabia quem era a razão da minha vida. Ele não pensou e respondeu de cara: - Sei sim. Eu e o Bruno (o meu caçula). Ele me deu um beijo e disse que me amava e achava que devia ser difícil ser pai. Eu respondi que não era fácil, mas era uma coisa que mais dava sentido à minha vida. E voltamos a brincar.
Ser pai no sentido mais amplo da palavra é dividir o meu tempo com ele e entender que eles fazem parte das minhas prioridades. É sentar no chão para brincar, sair para comprar coisas juntos, conversar como gente grande, jogar videogame, brigar na hora de brigar, pedir desculpas quando nos excedemos e dar exemplos bons o tempo todo. Eles nos observam mais do que imaginamos e isso, às vezes, assusta.
Antigamente, o pai-padrão contribuía com o esperma e ali encerrava sua participação direta na paternidade. No mais, botava dinheiro em casa enquanto as mães eram as responsáveis pela educação dos filhos. A coisa, hoje, mudou. A minha geração de pai é mais comprometida e vemos isso nos shopping e pracinhas.
Temos que ter tempo para o trabalho, para o estudo, para a esposa, para os filhos... Quando sobra um pouquinho para a gente, aí sim, aproveitamos e... Damos para os filhos, pois a vida ao lado deles assume um sentido sem o qual não saberíamos mais viver.
É, Daniel, é difícil ser pai.. mas todos os dias agradeço essa oportunidade que você e seu irmão me deram de entender o que é esse nunca contentar-se de contente, esse cuidar que se ganha em se perder. Esse tão contraditório a si que é mesmo o amor. 

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sobre números e fatos


Números são feitos para demonstrarem os fatos, mas não são os fatos. Além disso, são resultados da leituras que um ser humano faz dos fatos. Sendo assim, são demonstrações de fatos resultantes de uma leitura possível de alguém. Eu sei disso e os políticos também.
Você quer saber como vai a educação? Converse com professores. Tem curiosidade sobre a situação da saúde? Bata um papo com médicos e enfermeiros. Quer mesmo ver como vai a economia? Pergunte aos comerciantes sobre suas vendas, compras e contratações. Essas sim são termômetros legítimos da economia.
Os números interessam aos partidos e a quem fica escondido por trás de telas de computador ou folhas de jornais vendo o que querem que ele veja, ouvindo o desejado e falando o esperado.
Em um mundo de mídias, perdemos o hábito de sentir o universo que nos cerca e oferecemos essa tarefa a outros para que sintam o mundo por nós. Dessa forma, evitamos a fadiga mental.. Terceirizamos a sensibilidade em nome do tempo curto dos tempos modernos e, logo, terceirizaremos a consciência em nome das ideologias pré-montadas e pré-moldadas ao nosso gosto.
Acredito que é interessante vermos os números, mas nunca devemos esquecer que eles não são os fatos. Ainda mais quando divulgados por veículos oficiais... 
Professores, médicos, enfermeiros, comerciantes são os fatos. Conversar com eles é a melhor maneira de entender o que significam os índices, se são relatos ou engodos.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Do fanatismo à cegueira - uma rota clássica


Verdade é aquilo em que nos convém acreditar e não necessariamente o que a lógica e os fatos nos mostram. Toda vez que me aventurei a questionar qualquer coisa ou situação relacionada à situação política brasileira atual, sempre recebo emails ou comentários que me chamam de alienado, desinformado e parceiro da imprensa golpista. Tenho impressão que se fosse em outra época eu seria preso, torturado e morto... Por isso, prefiro os emails desaforados de hoje.
Aliás, assim como nos regimes totalitários, hoje, no Brasil,qualquer posição contrária ao poder estabelecido deve ser combatida ao máximo. Brasil, ame-o ou deixe-o... Não era assim no tempo das fardas e coturnos? Ideologicamente, não é muito diferente hoje. O problema é que não existe a legitimação do Estado (bem que o Estado tentou com leis com a de imprensa, mas não colou).
Vejo assustado que se fosse possível haveria grupos de juventude recrutados pelo governo que usariam uniformes simulando macacões de proletariado com estrelas vermelhas no braço e queimariam livros, destruiriam jornais e rádios que ousassem questionar a grande revolução dos últimos 10 anos(???) que nos tornou a 6ª economia, um Estado que durará mil anos.. Assim como o 3º Reich na Alemanha nazista, mas que não durou duas décadas.
Teríamos crianças cantando o hino do partido nas escolas e encenando todo ano, em um dia cívico, a vinda de seu grande líder de uma cidade do nordeste para salvar o país das garras dos malvados capitalistas do norte. Jovens marchariam na rua e agrediriam "legitimamente" aqueles que fossem inimigos da revolução e, por conseguinte, do povo.
Já vimos essa história tantas vezes e teimamos em querer repetir...
Tenho medo de todo fanatismo, tenho medo de toda cegueira.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Conceitos e definições - Por um ano realmente novo

Conviver com jovem o faz manter-se sempre conectado com o jovem que você foi. Envelhecemos e distanciamo-nos da leitura daquilo que um dia teve ideias, concepções, conceitos e definições diferentes do que agora somos.
A sociedade nos oferece modelos do que é ser feliz, do que é ser bem sucedido, do que é ser bom. 
Ser feliz não é um comercial de Claybom em que todos acordam sorrindo e desenham carinhas na superfície lisa da margarina antes de passar no pão. Pessoas costumam acordar amarrotadas e as embalagens já se encontram abertas e totalmente reviradas na superfície.
Sucesso e dinheiro, realmente não são sinônimos. Se seguirmos esta equação dinheiro = sucesso encontraremos numa ponta Bill Gates (ou Warren Buffet) e na outra, pessoas como, por exemplo, Jesus (ou Budha), que até onde se sabe não deveria ter nenhuma lista de bens muito grande a se declarar na receita federal e não pode ser considerado um fracasso. Pessoalmente, acho que ambos estão longe disso.
E, finalmente, ser bom. Bom é um termo não-concluso. Ele pede um complemento. Dizer ser bom é insuficiente para definir pelo menos bom para que ou para quem. Acho que o bom é ser bom, de alguma forma, para todos. Bom filho, bom marido, bom pai, bom colega e acima de tudo, bom para si mesmo.
Carecemos um conceito de mais claro do que é ter sucesso, ser feliz, ser bom pois, em face da diversidade dessas ideias, corremos atrás do próprio rabo. Corremos, às vezes, pegamos, constatamos que é nosso, soltamos, corremos de novo, pegamos, constatamos que é nosso...

Ad infinitum et ad eternitate...

E que todos tenha um 2012 mais claro em seus conceitos e buscas.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Brasil, a 6ª economia do m(f)undo!


Os jornais divulgaram eufóricos, nessa segunda-feira (26), que somos a 6ª economia do mundo. Estamos à frente de países como a Inglaterra, Dinamarca, Suécia, Canadá, Suíça e outros países que deixamos para trás no ranking dos que produzem mais riquezas. Sabe o que isso quer dizer? Que somos a 6ª nação no mundo em capacidade de produção.
Isso também nos coloca no ranking das mais desiguais, já que o crescimento econômico nem de longe acompanha os ganhos sociais em um país que ainda acredita que com esmola se constrói a dignidade de um povo. Bolsas, vales, cotas e outras tantas maneiras de perpetuar políticos em seus cargos junto com suas quadrilhas continuam sendo recurso legítimo por aqui.
A educação, única via para o crescimento e redução das desigualdades, permanece nas mãos de partidos lotedas por aqueles que precisam vender a alma para o capeta a fim de manter o poder. A saúde se arrasta com falta de médico, medicamentos, hospitais, a eterna má distribuição de recursos, desvios, golpes... A segurança cambaleia e obriga a criação da fortalezas nas grandes cidades para que o cidadão possa se encarcerar.
Produzir riquezas sem promover ganhos sociais é o mesmo que não produzir riquezas mantendo a miséria. O Brasil não é o Sudeste de smartphone caro na mão, o sul loirinho de roupas folclóricas e rostinho rosado ou ainda, o centroeste de pickup caras com agroboys curtindo a vida. Olhem para interior do nordeste, de Minas, do Amazonas, do Acre, enfim, olhemos para além dos nossos umbigos para enxergar o Brasil do 6º PIB do planeta.

Por hora, olhemos e oremos pela Inglaterra, pela Suiça, pela Dinamarca, pela Suécia, pelo Canadá que não conseguem produzir mais riquezas do que esse gigante deitado eternamente em berço esplêndido.

Alguma coisa está realmente fora da ordem...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Disso fomos feitos


Outro dia eu tive a oportunidade de conhecer um trabalho chamado “the n**u project” por intermédio de um amigo meu, o fotógrafo Igor Alecsander, o profissional/artista mais sensível e competente do mundo da fotografia que eu tive o prazer de conhecer pessoalmente. Sugiro que acesso o site para entender melhor o que eu tenho a dizer nas linhas que se seguem (www.thenuproject.com). 
Os ensaios fotográficos são feitos com pessoas, mais exatamente, mulheres. Entretanto, existe um aspecto especial que torna o trabalho impecavelmente perfeito, são mulheres normais. Brancas, negras, morenas, velhas, novas, com cabelos lisos, outras crespos, rijas, flácidas, magras, gordinhas.. enfim, seres humanos normais que se distanciam do padrão mídia de beleza, um padrão efêmero que não nos informa que aquele é um ideal venal do corpo humano. 
Precisamos de trabalhos como esse para lembrar o que somos. Tenho certeza que se os defeitos da alma aflorassem no corpo como as rugas, celulites e estrias, as pessoas se cuidariam muito mais quando agem em seu meio, quando cultivam sentimentos mesquinhos e destrutivos, quando se inebriam de poder e agem como senhores da verdade, deuses na terra. Mas eles não aparecem e ficam ocultos por trás do belo rosto, do corpo duro, das formas rijas...
Enquanto isso, acreditamos no que vemos.
Muitos diriam que é fácil dizer isso quando se passou dos quarenta e o processo de envelhecimento é  visível e irreversível. Eu jamais refutaria tal argumento e ainda o completo: mais fácil do que dizer é entender e isso é um coisa que por mais que eu lhe diga, só o tempo irá lhe ajudar fazê-lo.

***

Em tempo
E por falar em hipocrisia, a palavra n**u deve ser lida sem os asteriscos que constituem um recurso para driblar o rastreamento de "imoralidades" do Dihitt... aliás todo o texto foi alterado para isso, pois foi bloqueado na primeira vez que foi postado. Como se vê, poucas vezes, você puderam ver um post tão pornográfico e imoral como esse.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Natal é tempo de... ter paciência e relaxar


O mundo é um imenso mais do mesmo, mas sempre com sabor diferente. Natal é um exemplo disso. Salvo as confraternizações de final do ano em empresa, gosto de quase tudo. E, mesmo assim, a minha implicância com essas festas é em decorrência da inversão da ordem das coisas. Colegas de trabalho que passam o ano todo te ferrando (tem um termo melhor, mas é grosseiro demais aqui), depois, te oferecem vinho e um jantar. Como assim??? Não é o contrário, primeiro vem o vinho e o jantar e depois.. enfim. Sou muito tradicionalista nessas coisas de relações sociais.
Mas se prepara que aí vem... Roberto Carlos, Xuxa, especiais da TV, árvores iluminadas sendo filmadas, ceias e festas nas novelas e até na Turma (argh!) do Didi. Quando você pensa que acabou, lá vem o ano novo com Faustão, Ivete Sangalo, pessoas de branco, taças de champanha, retrospectiva, fogos em Copacabana, promessas que não serão cumpridas e a virada do ano em várias partes do mundo como se você estivesse realmente interessado em saber como foi a passagem de ano em Sidney que não é a capital da Austrália como muita gente pensa.
E como golpe de misericórdia, começamos o ano na expectativa do Carnaval com os seus pré e pós-embalos carnavalescos dos quais somos salvos somente pelo coelho da Páscoa mais de um mês depois. Serão dias de muito axé, receitas para curar ressaca no jornal Hoje, coberturas do carnaval de rua no Nordeste e desfile no Rio e em São Paulo com um tradicional quebra-pau depois do resultado na terra da garoa onde o couro come antes, durante e depois da festa.
Mas é isso. Eis mais um ano que será do tamanho de sua capacidade de suportar e que trará acima de tudo, oportunidades única de aprender a sobreviver a mais um ano. Tudo isso porque, apesar de tudo, estar por aqui ainda vale bem a pena.
Aproveite!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Esperteza demais atrapalha


Assisti à final do mundial de clubes com a sensação de que não daria para Santos mesmo diante do Barcelona. Como não torço nem para um nem para outro, dessa forma, não faria diferença o resultado do jogo para mim. No fundo, eu sabia que seria um jogo bom de se ver para quem gosta de futebol.
O jogo seguia dando o previsto “ferro no Santos” e um show de bola do Barcelona com Messi à frente da tropa e eu pensava como ainda somos prepotentes quando se fala em futebol por aqui. Os telejornais insistiam em mostrar o retrospecto brasileiro (como se isso influenciasse alguma coisa) e comparar o time do Santos como do São Paulo (1992) e o do Internacional (2006) que, particularmente, eu acho bem superiores ao time do Santos atual. Mas, enfim, mídia é mídia e fazem de tudo para ganhar o torcedor.
Mas o que me chamou mais a atenção foi um lance do jogo, o quarto gol do Barcelona. Messi recebeu a bola, viu-se de cara com o goleiro do Santos e suas pernas se aproximando famintas no lance e teve milésimos de segundos para pensar “toco por baixo e driblo” ou “Me jogo e saio rolando pelo chão da grande área esperando o pênalti”.. Sinceramente, acho que essa segunda possibilidade não lhe passou pela cabeça. Driblou bonito, pulou, mandou para dentro. 4 X 0... Jogo terminado.
Cansei de ver no campeonato brasileiro, jogadores apostando na “caidinha na área”, “roladinha no chão”, “sentadinha com os braços abertos”, “companheiros correndo cima do juiz”. E quando o juiz não caía no golpe, saía sacudindo a cabeça de forma resignada.

Eis o jeitinho brasileiro que, apesar de não dar certo há décadas, ainda vigora por aqui.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Medicina: vocação hereditária?


Nessa época, eu sempre penso na multidão de rapazes e moças que entram nas salas de aula para fazerem o vestibular de instituições privadas pelo país afora. O curso mais procurado ainda é o de Medicina por cujas razões que nem mesmo os alunos sabem ao certo. Já ouvi todos os argumentos possíveis: “porque dá mais dinheiro”, “porque meu pai quer um filho doutor”, “porque minha família só tem médico” e “porque eu sempre quis desde criança”.
Vamos desmistificar as coisas. Primeiro, trabalhei com colegas médicos e percebi que muitos tinham uma vida digna, mas uma carga de trabalho bem pesada e tinham sua vida pessoal, muitas vezes, comprometida por isso. Os meninos sonham é serem dermatologistas de luxo na Barra da Tijuca...
Segundo, o que os pais querem, acreditem, nem sempre é o melhor para você. A não ser que o que ele quer é que você seja saudável e feliz.. Em termos de profissão não se deve permitir que os pais repassem as frustrações para os filhos tornando o que eles não foram.
Terceiro, se todo mundo na sua família é médico, bom para eles. Que tal ser diferente se já tem tanta gente igual? Vai ser advogado, professor, dentista, engenheiro, designer ou nem faça um curso superior já que, acredite, sua felicidade e sucesso não dependem unicamente disso.
Quarto, desde criança você quis ser médico, policial, bombeiro, cantor, artista, super herói, astronauta, cowboy, palhaço, soldado... Você até não lembra, mas quis. Entretanto, as pessoas mudam e esse argumento é fraco para justificar um curso de 6 anos e um investimento de vida desse montante.
É por causa dessa falta de reposta razoável para essa pergunta que temos uma multidão de pessoas sem vocação nenhuma para o exercício de uma profissão que se encontra no limiar do leito e do túmulo, com a vida nossa e de quem amamos nas mãos todos os dias.

Eles ainda não encontraram a resposta para a pergunta...
Enquanto isso... 

Senhor, tende piedade de nós!